quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Grammy divulga indicados para edição de 2023


A Academia do Grammy anunciou no dia 16 de novembro os indicados para a 65ª edição dos prêmios Grammy, que acontecerá no dia 5 de fevereiro de 2023. Ao todo, são 91 categorias dos mais diversos gêneros musicais, entre eles, rock, pop, blues, clássico, folk, R&B, rap, country, new age, gospel e jazz.


A categoria de jazz é dividida em cinco sub-categorias: improviso, álbum, álbum vocal, orquestra e latino. São cinco indicados em cada uma dessas categorias. Os artistas de jazz também aparecem com frequência em outras caterorias, entre elas, composição instrumental e arranjo.

A veterana cantora brasileira Flora Purim foi indicada na categoria de melhor disco de jazz latino pelo álbum If You Will. Ela concorre ao lado de Arturo O'Farrill, Danilo Pérez, Arturo Sandoval e Miguel Zénon. Essa é a terceira indicação da cantora. As duas indicações anteriores, em 1986 e 1987, foram na categoria melhor cantora de jazz.

Na edição do ano passado, o prêmio de melhor disco de jazz latino ficou com a pianista brasileira Eliane Elias, pelo disco Mirror Mirror, no qual é acompanhada pelos pianistas Chick Corea e Chucho Valdés. Essa foi a quarta indicação da brasileira, que já tinha levado o Grammy na mesma categoria, em 2016, com o disco Made in Brazil.

Na categoria melhor disco de jazz, os indicados são a baterista Terri Lyne Carrington, o baterista Peter Erskine, o saxofonista Wayne Shorter, o grupo Yellowjackets e o quarto formado Joshua Redman (sax), Brad Mehldau (piano), Christian McBride (baixo) e Brian Blade (bateria).

Em abril de 2022, na 64ª edição do Grammy, o prêmio de melhor disco de jazz foi para Skyline, do trio formado pelo baixista Ron Carter, o baterista Jack DeJohnette e o pianista Gonzalo Rubalcaba. Na mesma edição, a cantora Esperanza Spalding ficou com o prêmio de disco vocal de jazz pelo álbum Songwrights Apothecary.
Aos 80 anos de idade, Flora Purim recebe sua 3ª indicação ao Grammy


Entre os álbuns vocais, a disputa será entre as cantoras Samara Joy, Carmen Lundy e Cécile McLorin Salvant, além do grupo vocal The Manhattan Transfer e da dupla The Baylor Project. Essa foi a quinta indicação de Cécile, que já levou para casa três prêmios, o último em 2019. A cantora também concorre na categoria melhor arranjo, com a música "Optimistic Voices / No Love Dying".

Na categoria melhor solo de jazz, os concorrentes são a saxofonista Melissa Aldana, o pianista John Beasley, a parceria entre saxofonista Wayne Shorter e o pianista Leo Genovese, o saxfonista Gerald Albright, o trompestista Ambrose Akinmusire e o baterista Marcus Baylor.

O jazz também concorre na categoria filme musical, com o documentário Jazz Fest: A New Orleans Story, que conta a história de 50 anos do festival nascido na cidade conhecida como o berço do jazz. Veja abaixo os indicados nas cinco categorias do jazz.

IMPROVISAÇÃO DE SOLISTA


"Rounds"
Ambrose Akinmusire

"Keep Holding On"
Gerald Albright

"Falling"
Melissa Aldana

"Call Of The Drum"
Marcus Baylor

"Cherokee/Koko"
John Beasley

"Endangered Species"
Wayne Shorter & Leo Genovese

DISCO DE JAZZ VOCAL


The Evening : Live At APPARATUS
The Baylor Project

Linger Awhile
Samara Joy

Fade To Black
Carmen Lundy

Fifty
The Manhattan Transfer With The WDR Funkhausorchester

Ghost Song
Cécile McLorin Salvant

DISCO DE JAZZ


New Standards Vol. 1
Terri Lyne Carrington, Kris Davis, Linda May Han Oh, Nicholas Payton & Matthew Stevens

Live In Italy
Peter Erskine Trio

LongGone
Joshua Redman, Brad Mehldau, Christian McBride, And Brian Blade

Live At The Detroit Jazz Festival
Wayne Shorter, Terri Lyne Carrington, Leo Genovese & esperanza spalding

Parallel Motion
Yellowjackets

DISCO DE ORQUESTRA


Bird Lives
John Beasley, Magnus Lindgren & SWR Big Band

Remembering Bob Freedman
Ron Carter & The Jazzaar Festival Big Band Directed By Christian Jacob

Generation Gap Jazz Orchestra
Steven Feifke, Bijon Watson, Generation Gap Jazz Orchestra

Center Stage
Steve Gadd, Eddie Gomez, Ronnie Cuber & WDR Big Band Conducted By Michael Abene

Architecture Of Storms
Remy Le Boeuf's Assembly Of Shadows

DISCO DE JAZZ LATINO


Fandango At The Wall In New York
Arturo O'Farrill & The Afro Latin Jazz Orchestra Featuring The Congra Patria Son Jarocho Collective

Crisálida
Danilo Pérez Featuring The Global Messengers

If You Will
Flora Purim

Rhythm & Soul
Arturo Sandoval

Música De Las Américas
Miguel Zenón





















quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Documentário mostra Ron Carter 'em busca das notas certas'


O nome do baixista Ron Carter é ouvido desde a década de 1960, quando foi convidado pelo trompetista Miles Davis para fazer parte de seu quinteto, ao lado de Wayne Shorter (sax), Herbie Hancock (piano) e Tony Williams (bateria). Desde então, foram mais de 2 mil gravações e o reconhecimento do Guinness Book como o baixista que mais fez gravações na história da música.

Hoje, aos 85 anos, ele continua na ativa, tocando nos principais festivais dos Estados Unidos e Europa, além de manter sua verve de educador sempre altiva e pronta para disseminar conhecimento e inspirar novas gerações de músicos.

Em abril deste ano, Ron Carter venceu o Grammy na categoria melhor disco de jazz com o álbum Skyline, ao lado do baixista Jack DeJohnette e do pianista Gonzalo Rubalcaba. Um mês depois, em comemoração ao seu 85° aniversário, o baixista fez uma apresentação especial no Carnegie Hall, na cidade de Nova York (EUA). Ele tocou com o Golden Striker Trio, formado por Carter, Donald Vega (piano) e Russell Malone (guitarra), e também se apresentou no formato quarteto e octeto.

Para conhecer um pouco mais a trajetória do músico, foi ao ar nesta semana, no canal norte-americano PBS, o documentário Ron Carter: Finding The Right Notes. O nome do documentário é o mesmo da autobiogragfia escrita em parceria com o escritor Dan Ouellette, lançada em 2014.

No documentário, o baixista fala sobre o difícil início de carreira, quando sentiu o racismo ao tocar música erudita, e sua migração para os clubes de jazz. A passagem pelo quinteto de Miles Davis e as parcerias ao logo da carreira também são lembrados por Carter. Além do depoimento do músico e de um bate papo com o músico Jon Batiste, o documentário traz entrevistas com vários jazzistas, entre eles, Herbie Hancock e Sonny Rollins. Entre as músicas que são apresentadas parcialmente no documentário, estão "My Funny Valentine", “Impressions”, “Manhã de Carnaval”, “Sweet Lorraine” e “Autumn Leaves”.
Carter e o músico Jon Batiste se encontram no estúdio

Junto com o documentário, foi lançado um CD duplo com o mesmo título trazendo várias registros ao vivo nunca antes lançados. O ouvinte terá a oportunidade de ouvir o Carter tocando com o baixista Christian McBride, no National Jazz Museum, no bairro do Harlem, em Nova York, além de duetos com o guitarrista Bill Frisell, o baixista Stanley Clarke e a orquestra WDR Big Band. Ouça abaixo o disco na íntegra.

O baixista também tocou com vários músicos brasileiros, entre eles, Tom Jobim e Milton Nascimento. Com Jobim, ele gravou os discos Wave (1968) e Stone Flower (1970) e participou do tributo realizado no Free Jazz Festival, em 1993. Na ocasião, Carter estava acompanhado de Herbie Hancock, Shirley Horn, Joe Henderson, Gonzalo Rubalcaba, Harvey Mason, Gal Costa e Oscar Castro-Neves.

O músico também lançou o disco Entre Amigos (2003) com a cantora e violonista Rosa Passos. No repertório, temas da bossa nova imortalizados por João Gilberto e Tom Jobim, entre eles, "Bahia com H", "Insensatez", "Desafinado", "Caminhos Cruzados" e "Garota de Ipanema".























segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Gato Tom faz versão de tema composto por Louis Jordan


Os desenhos animados entre as décadas de 1930 e 1960 traziam, muitas vezes, o jazz em sua trilha sonora. Betty Boop, A Pantera Cor de Rosa, Perna Longa, Tom & Jerry, entre outros.

Quem também foi destaque é a filha do meio dos Simpsons, Lisa, que toca saxofone e tem como ídolo máximo o saudoso saxofonista Gengivas Sangrentas. Mas isso é uma outra história que será detalhada em breve.

Nesta postagem, os holofotes vão para o gato Tom e sua versão de "Is You Is or Is You Ain't My Baby", no episódio Solid Serenade, de 1946. A música ficou imortalizada na voz do cantor e pianista Louis Jordan, que compôs o tema ao lado de Billy Austin, em 1943. Ao longo das últimas décadas, o tema foi regravado por dezenas de músicos, entre eles, B.B. King, Diana Krall, Joe Jackson e DinaH Washington.

Abaixo você vê o episódio de Tom & Jerry e algumas versões do tema de Louis Jordan. Boa Diversão.









sexta-feira, 2 de setembro de 2022

80 primaveras de Flora Purim


A cantora brasileira Flora Purim foi uma das responsáveis por levar a nossa música para fora do país. Suas participações em álbuns de Gil Evans, Stan Getz, George Duke, Chick Corea, Miles Davis, Duke Pearson, Dizzy Gillespie, entre outros, fizeram de Flora uma embaixatriz brasileira em solo norte-americano.

Com cinco décadas de carreira, quase toda fora do Brasil, Flora tem seu nome diretamente ligado ao percussionista Airto Morreira, com quem foi casado e dividiu o palco centenas de vezes, além de participações marcantes em trabalhos de Carlos Santana e Hermeto Pascoal.

Hoje, aos 80 anos de idade, a cantora resolveu deixar a aposentadoria de lado para lançar o disco If You Will, o primeiro em 15 anos, com participações de de Airto Moreira, o guitarrista José Neto, sua filha Diana Purim nos vocais e o percussionista Celso Alberti.

O disco, gravado em São Paulo e Curitiba, durante a pandemia, traz canções inéditas e algumas regravações de músicas já lançadas pela cantora ou por Moreira, entre elas, a faixa-título, gravada em parceria com o músico George Duke, e "500 Miles High", gravada originalmente pelo grupo Return to Forever, no disco Light As A Feather (1976).

Para coroar o retorno da cantora, a revista norte-americana Jazz Times estampou na capa de sua edição de setembro a veterano brasileira, com o título Contos de uma vocalista icônica. Parabéns à Jazz Times e a Flora Purim, um patrimônio da música brasileira esquecida em seu próprio país.

Além do disco If You Will, Flora também produziu durante a pandemia o álbum da cantora Cristina El Tarran, que regravou temas da carreira de Flora. Recentemente, Cristina se apresentou ao lado do músico e compositor João Donato, em Curitiba (PR).

A última vez que Flora e Airto se apresentaram no Brasil foi em janeiro de 2022. Na época, a saúde do percussionista já era frágil, mas se agravou em maio depois que pegou uma peneumonia. O músico agora se recupera, mas ainda inspira cuidados. Diante da idade avançada de Flora, que completou 80 anos este ano, ainda não há previsão para o retorno da cantora em palcos brasileiros.







quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Lendário produtor Creed Taylor morre aos 93 anos

O produtor de jazz norte-americano Creed Taylor morreu no dia 23 de agosto, aos 93 anos. Seu legado mais marcante foi a criação das gravdaoras CTI e Impulse, na década de 1960, e sua atuação decisiva na invasão da bossa nova nos Estados Unidos.

Ao longo de 50 anos, Taylor produziu mais de 300 discos e ganhou vários Grammys. No início da década de 1960, fundou Impulse, na qual lançou grandes discos de John Coltrane, Ray Charles, Gil Evans, McCoy Tyner, Keith Jarrett e Oliver Nelson. Depois partiu para a gravadora Verve, casa de estrelas como Ella Fitzgerald, Oscar Peterson, Kenny Burrell, Jimmy Smith, Bill Evans e Wes Montgomery.
Creed Taylor dedicou grande parte da sua vida ao jazz e à bossa nova

Mas foi com o saxofonista Stan Getz, em 1964, que o produtor fez história com o disco Getz/Gilberto, apresentando a bossa nova para o mundo e conquistando o mercado norte-americano. Além do baiano João Gilberto, Taylor levou para a Verve os brasileiros Antonio Carlos Jobim, Eumir Deodato, Astrud Gilberto e Airto Moreira. O icônico disco levou quatro Grammys em 1965, entre eles, o disco do ano.

A bossa nova foi ovacionada e gravada por grandes nomes do jazz, entre eles, Miles Davis, Coleman Hawkins, Quincy Jones, Oscar Peterson, Dizzy Gillespie, Ella Fitzgerald, Cannonball Aderley, Frank Sinatra e tantos outros. E, até hoje, continua a ser regravada e interpretada em shows nos quatro cantos do planeta.

Em 1967, Taylor concretizou seu grande desejo, criar sua própria gravado, a CTI Records, um dos selos de jazz de mais importantes durante a década de 1970. Em seu catálogo, nomes como Bob James, Chet Baker, Freddie Hubbard, Herbie Hancock, Milt Jackson, Stanley Turrentine, George Benson, Gerry Mulligan, Grover Washington Jr, Art Farmer e Ron Carter.

Foi pelo CTI Records que o pianista e arranjador brasileiro Eumir Deodato lançou o disco Prelude, que trazia a faixa "Also Sprach Zarathustra", tema de Richard Strauss, imortalizado no filme 2001: Uma Odisseia no Espaço.

No início da década de 1970, Taylor lançou o disco Stone Power, de Tom Jobim. O álbum trazia temas como “Tereza My Love”,”Amparo” e “Andorinha”, e a participação de Joe Farrell (sax), Hubert Laws (flauta), Ron Carter (baixo), Airto Moreira (percussão) e Eumir Deodato (arranjos). Ele também produziu os álbuns Wave (1967) e Tide (1970).

A Snapshots Foundation está produzindo um documentário sobre o produtor, mas ainda não há data para o lançamento.













sábado, 30 de julho de 2022

Robert Altman recria magia do jazz de Kansas City


Este texto abre a série intitulada Nas Trilhas do Jazz, que destacará trilhas sonoras de filmes que têm o jazz como protagonista. No universo das trilhas de cinema, o jazz tem demonstrado ser um ótimo coadjuvante e, em alguns momentos, um personagem essencial para o desenrolar da trama.

Impossível não lembrar de Bird (1988), Por Volta da Meia Noite (1986), Whiplash (2014) e A Era do Rádio (1987). Além, é claro, dos inesquecíveis Música e Lágrimas (1954), com Glenn Miller, Ascensor para o Cadafalso (1958), com Miles Davis, Paris Blues (1961), com Duke Ellington e Louis Armstrong, Alfie (1966), com Sonny Rollins, e Tempestade de Ritmo (1943), com Lena Horne e Cab Calloway.

Recentemente, outros dois filmes também trouxeram o jazz para a telona: Chet Baker: A Lenda do Jazz (Born to Be Blue), de 2015, e A Vida de Miles Davis (Miles Ahead), de 2016. Também é importante destacar a dedicação do ator e diretor Clint Eastwood ao jazz. Além de atuar e dirigir, com frequência, Eastwood também faz parte da trilha sonora, compondo e tocando, e assumindo o papel de curador das músicas escolhidas. Filmes como Perversa Paixão (1971), Bird (1988), As Pontes de Madison (1995), Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal (1997) e Gran Torino (2008) trazem em suas trilhas grandes nomes e temas do jazz.

Um dos longas que mais marcaram os fãs de jazz é Kansas City, de 1995, dirigido por Robert Altman. O filme se passa na Kansas City da década de 1930, no Centro-Oeste dos EUA, após a Grande Depressão de 1929, época de gangsters, Lei Seca, prostitutas, blues e swing. Estrelado por Miranda Richardson, Jennifer Jason Leigh e o malvado Harry Belafonte, parte da história acontece no Hey Hey Club, uma boate e casa de jogos de propriedade de negros, onde uma pequena orquestra de jazz faz jam sessions da pesada diuturnamente.
Altman (de branco) com a banda residente do Hey Hey Club


Na banda, cada músico verdadeiro de jazz carrega a alcunha de um grande nome da história do jazz. São eles: Lester Young (interpretado por Joshua Redman), Coleman Hawkins (Craig Handy), Ben Webster (James Carter), Count Basie (Cyrus Chestnut), Mary Lou Williams (Geri Allen), Hershel Evans (David Murray), Freddie Green (Mark Whitfield) , Walter Page (Ron Carter) e Jimmy Rushing (Kevin Mahogany).

Por instrumentos temos Olu Dara (corneta); Nicholas Payton, James Zollar (trompete); Curtis Fowlkes, Clark Gayton (trombone); Don Byron (clarinete); Don Byron, James Carter, Jesse Davis, David ‘Fathead’ Newman, Craig Handy, David Murray, Joshua Redman (saxophone); Russell Malone, Mark Whitfield (guitarra); Geri Allen, Cyrus Chestnut (piano); Ron Carter, Tyrone Clark, Christian McBride (baixo); Victor Lewis (bateria) e Kevin Mahogany (vocal).

Vale lembra que na década de 1930, Kansas City era um local frequentado por feras como Count Basie, Bennie Moten, Andy Kirk e Jay McShann, tudo regado de muito swing. Na trilha sonora, temas como "Blues in the Dark", "Moten Swing" e "Solitude". Em 1998, um "volume 2" da trilha sonora foi lançada como o nome de KC After Dark - More Music from Robert Altman's Kansas City, com os mesmos músicos, mas com temas como "Harvard Blues", "Cherokee", "Froggy Bottom" e "King Porter Stomp".



JAZZ 34

A gravação do longa de Robert Altman também deu origem ao documentário Jazz 34, que traz por um pouco mais de 1h um show com 21 grandes jazzistas interpretando 15 canções de mestres como Duke Ellington, Benny e Buster Moten, Count Basie e Marie Lou Williams. Gravado nas locações do filme, dentro do clube de jazz Hey Hey, e narrado por Harry Bellafonte, o filme traz depoimentos de moradores e músicos de Kansas City sobre a atmosfera da cidade na década de 1930 e a importância dos músicos de jazz na economia local.

Durante as apresentações, o espectador terá a oportunidade de presenciar a parceria de Lester Young e Coleman Hawkins, assistida por Charlie Parker, então com 14 anos. Destaque para os os saxofonistas James Carter, Joshua Redman e Craig Handy, que colocam todos para dançar com sua "batalhas" de improvisos de tirar o fôlego, e a riquíssima reprodução do boêmio dos clubes noturnos de jazz e blues que dominavam a cena boêmia de Kansas City. Veja abaixo a íntegra de Jazz 34.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Irene Kral - Kral Space

Greg Osby jazz
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados. Com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará neste blog algumas dicas de CDs publicadas no extinto Guia de Jazz.

Ao final de cada resenha você encontrará vídeos do YouTube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui


Irene Kral - Kral Space (1977)


Certa vez li uma frase do cantor Marcelo Nova que me marcou profundamente e ao mesmo tempo me proporcionou um grande alívio, já que penso exatamente como o ex-vocalista do grupo Camisa de Vênus. “A vida é boa, mas não é justa”. Está introdução vem a calhar quando lembramos da cantora norte-americana Irene Kral.

O raciocínio é simples. A vida tem coisas maravilhosas, como por exemplos uma cantora do porte de Irene Kral. Por outro lado, a vida é injusta, já que Irene é completamente desconhecida e porque não dizer injustiçada pelo consumidor de jazz.

Ela começou a cantar no meio da década de 50, em pequenas orquestras, entre elas a do trompetista Maynard Ferguson. Com uma voz suave e forte ao mesmo tempo, a cantora conquistou um pequeno público e o respeito da crítica. Suas principais gravações aconteceram no fim de sua curta carreira, em meados dos anos 70.

Entre os discos mais importantes está Kral Space, de 1977. Aqui, ela é acompanhada de Emil Richards (vibrafone), Fred Atwood (baixo), Nick Ceroli (bateria) e Alan Broabent (piano). O CD traz Irene em seu principal habitat, as baladas. Entre elas, “Star Eyes”, “Some Time Ago” e “Once Upon Another Time”. O ouvinte também encontrará jazz suingado como “The Song Is You“, “Experiment” e “Wheelers and Dealers”.

Para terminar dois grandes momentos. O primeiro é a versão do clássico de Cole Porter, “Everytime We Say Goodbye” e em seguida a deliciosa “Small Day Tomorrow”, que para os ouvintes mais novos lembrará a canadense Diana Krall, ou seria melhor dizer que Diana Krall parece Irene Kral?

O anonimato de Irene Kral, que morreu em 1978, aos 46 anos, vítima de câncer, diminuiu um pouco em 1995, quando o ator e diretor Clint Eastwood colocou na trilha sonora do filme As Pontes de Madison duas músicas com Irene e o trio de Junior Mance. Saudações a Eastwood, que, mais uma vez, prestou um importante serviço ao jazz e a todos nós.









quarta-feira, 29 de junho de 2022

Disco traz registro inédito de Ella Fitzgerald no Hollywood Bowl


Dificilmente haveria uma maneira mais apropriada em festejar os 100 anos do Hollywood Bowl, completados em 2022, do que lançar um registro histórico e inédito da cantora Ella Fitzgerald, gravado há 64 anos no próprio Hollywood Bowl, um dos locais de concertos mais icônicos da história dos Estados Unidos.

A preciosidade gravdada em Los angeles ficou guardada todos esses anos nos arquivos pessoais do produtor Nornan Granz, criador da gravadora Verve e dos famosos concertos Jazz at the Philharmonic, que fizeram história nas décadas de 1950 e 1960.

O álbum intitulado Ella at the Hollywood Bowl: The Irving Berlin Songbook traz a cantora interpretando 15 temas compostos por Berlin. Na apresentação, que aconteceu meses depois da cantora lançar um songbook de canções de Berlin, Ella está acompanhado de uma orquestra regida por Paul Weston, que trabalhou com a cantora no sogbook.

Entre os temas, estão clássicos como "How Deep Is The Ocean”, “Cheek To Cheek,” “Top Hat,” “I’ve Got My Love To Keep Me Warm,” “Heat Wave,” e “Puttin’ On The Ritz.”

Ella Fitzgerald fez várias apresentações no Hollywwod Bowl ao logo de cinco décadas, todas com casa cheia e um público hipnotizado pela majestosa voz da First Lady of Song. A última aconteceu durante o Playboy Jazz Festival, em 1996. Mas nenhuma com uma orquestra deste porte. Diante de tantos predicados, ouvir a gravação realizada em 16 de agosto de 1958, com Ella no auge de seus 40 anos, será uma experiência inesquecível e emocionante.

BBC Vaults

Em 2010, foi lançado um outro registro importante da cantora. O álbum duplo Best of BBC Vaults traz quatro apresentações da cantora em solo britânico em diferentes momentos de sua carreira, incluíndo apresentação no Ronnie Scott's (1974) e no festival de Montreux (1977).

As gravações, muitas nunca lançadas em disco, têm no repertório temas como "One Note Samba", "Come Rain Or Come Shine", "Good Morning Heartache" e "The Man I Love". Ella é acompanhada por Tonmmy Flanagan,Joe Pass, Keter Betts e Ed Thigpen. Além do CD com 18 músicas, a edição também traz um DVD com 35 temas interpretados e registrados em vídeo.





sábado, 18 de junho de 2022

80 anos de Paul McCartney


O que falar sobre Sir Paul McCartney? Para muitos, ele é o Mozart do século XX. Sua parceria com John Lennon é sem dúvida uma das mais influentes da música do século passado. As canções vão durar para sempre, assim como acontece com as obras de Mozart, Bach, Beethoven, Duke Ellington, Chopin.......

Para quem tem menos de 60 anos, é difícil compreender o que foram os Beatles e como a música do quarteto de Liverpool mudou os rumos da música no século XX. McCarteny também conseguiu ter sucesso depois que os Beatles terminaram. Sua carreira solo tem grandes momentos e suas canções continuam tocando as novas gerações.


A aproximação com os fãs do jazz aconteceu em 2012, com o álbum Kisses on the Bottom. McCartney gravou temas que, segundo ele, foram fundamentais em sua formação. Entre as canções escolhidas estão "It´s Only a Paper Moon”, "More I Cannot Wish You”, "Always" e "Bye Bye Blackbird".

O disco gravado em Los Angeles, com supervisão do produtor Tommy LiPume, tem a participação da cantora Diana Krall, que também toca piano no álbum, e do guitarrista John Pizzarelli. Outros convidados especiais são Joe Walsh, Stevie Wonder e Eric Clapton. Na época do lançamento, o single promocional foi "My Valentine", composto por McCartney, e que ganhou um clipe estrelado por Johnny Depp.

Para celebrar os 80 anos de Paul McCartney, completados no dia 18 de junho de 2022, fica aqui a minha pequena homenagem. Veja abaixo, na íntegra, os vídeos registrados durante as gravações de Kisses on the Bottom, a íntegra de dois discos de John Pizzarelli, um apenas com músicas dos Beatles e outro com canções da carreira solo de Paul, e a coletânea reunindo grandes nomes do jazz, entre eles, Chick Corea, George Benson, McCoy Tyner e Arturo Sandoval, interpretando canções dos Beatles.









quinta-feira, 16 de junho de 2022

Após dois anos fechado, clube nova-iorquino Smoke Jazz volta maior e melhor


Depois de dois anos do início da pandemia, ainda vivemos sob a desconfiança de que ela não acabou. Os sinais estão por todas as partes, não só com a bagunça que ela fez na economia global, mas também com constantes aumentos de infectados e número de mortes.

Apesar do quadro sombrio para os próximos anos, todos sabemos que a vida tem que continuar. É sempre assim que deve ser. Temos que aprender com as dificuldades e tentar sair mais fortes, experientes e com espírito coletivo renovado.

A pandemia atingiu em cheio o setor de entretenimento e turismo, que dependem essencialmente de pessoas. Restaurantes, cinemas, teatros, exposições, shows, tudo praticamente parou durante a fase mais aguda do vírus.

Nos "acostumamos" a consumir cultura de longe e tivemos que nos contentar com lives para diminuir aquela sensação de abandono total.


Pois bem, a vida seguiu e agora temos a oportunidade de voltar a sentir a sensação de liberdade que tanto desejamos nos últimos dois anos. Um exemplo da retomada é a reabertura da casa de Smoke Jazz, na cidade de Nova York, prevista para o dia 21 de julho, com o quarteto do saxofonista George Coleman. O saxofonista também foi responsável pela reabertura da casa após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Com duas décadas de existência, o Smoke Jazz aproveitou o fechamento forçado para ampliar suas dependências e, assim, continuar oferecendo atrações de qualidade, mas agora com mais conforto. Já estão confirmados para os próximos meses shows com Bobby Watson, Louis Hayes & The Cannonball Legacy Band, Mary Stallings, Mike LeDonne, Rudresh Mahanthappa, Al Foster, Eddie Henderson e Vijay Iyer.
Casa antes da reforma abrigava cerca de 50 pessoas

A volta do Smoke Jazz deve ser festajada, é claro. Mas não podemos esquecer de centenas de locais que não tiveram a mesma sorte ou dinheiro suficiente para continuar. Foi o que aconteceu com o Jazz Standard e o 55 Bar, ambos na cidade de Nova York, o Blue Whale, na cidade de Los Angeles (EUA), El Chapultepec, em Denver (EUA), Twins Jazz, em Washington (EUA) e o argentino Notorious Bar, em Buenos Aires.

SMOKE SESSIONS

Nos últimos anos, o club Smoke Jazz tem lançado vários CDs gravados em suas dependências. Alguns títulos são registrados ao vivo, mas sem plateia, aproveitando a ótima acústica do local, outros com público e vários em estúdio, mas contanto com a supervisão e a qualidade já aferidas das gravações da Smoke Sessions Records.

Hoje, após dezenas de títulos, encontrar o nome Smoke Sessions na capa de um disco virou sinônimo de qualidade. Entre os músicos que já tiveram seus shows gravados e lançados pelo Smoke Jazz estão os saxofonistas Vicent Hering e Eddie Henderson, os bateristas Jimmy Cobb e Louis Hayes, o guitarrista Peter Bernstein e os pianistas Eric Reed e Harold Mabern.













sábado, 21 de maio de 2022

Jazz Fest: A New Orleans Story


O documentário Jazz Fest: A New Orleans Story, traz a história de 50 anos do festival nascido na cidade conhecida como o berço do jazz.

Anualmente, milhares de pessoas se dirigem ao estado da Louisiana, às margens do rio Mississippi, próxima ao Golfo do México, para celebrar a música, a comida e a cultura de uma das regiões mais pulsantes dos Estados Unidos.

São 14 palcos e uma semana de festa liderada por músicos locais e gigantes da música de diferentes gêneros, épocas, cores e propostas.

Em 1962, houve um movimento para lançar um festival semelhante ao de Newport, mas as leis de Jim Crowe, que proibiam músicos brancos e negros de se apresentarem no mesmo palco, fizeram o projeto ser engavetado até 1970, quando finalmente o festival criado por George Wein nasceu.


O documentário combina apresentações ao vivo e entrevistas realizadas durante as comemorações do jubileu do festival, em 2019, apresentando alguns dos maiores nomes da indústria da música, incluindo Jimmy Buffett, Bruce Springsteen, Katy Perry, Pitbull, Al Green, Herbie Hancock, Aaron Neville, Irma Thomas, Earth, Wind & Fire e muitos outros. Além disso, o filme também traz fotos históricas de arquivo captadas durante meio século de vida do festival.

Codirigido Oscar Frank Marshall, cinco vezes indicado ao Oscar, e Ryan Suffern, o documentário estreou no cinema dos Estados Unidos em 13 de maio. A longa história de Marshall em Hollywood inclui a produção de filmes indicados ao Oscar como Caçadores da Arca Perdida, O Sexto Sentido, A Cor Púrpura, Seabiscuit e O Curioso Caso de Benjamin Button.
Multidão se reúne para ver as atrações no palco principal do festival


O documentário lembra a destruição da cidade de Nova Orleans pelo furação Katrina, em 2005, e o renascimento do festival, com a emocionante apresentação do cantor Bruce Springsteen, que tocou pela primeira vez no evento. Na época, Springsteen estava em turnê com o disco We Shall Overcome: The Seeger Sessions, com músicas do repertório do ativista e cantor folk Pete Seeger.

Apesar de ter perdido o seu carater simplório e local, quando as pessoas saiam pelas ruas da cidade celebrando as raízes do jazz e da música de Jelly Roll Morton (1890-1941) e Buddy Bolden (1877-1931), o festival ainda oferece uma experiência inesquecível ao público. Pois a essência do jazz continua pairando em cada pedaço da cidade mais musical da América.

Para saber mais sobre o festival de Nova Orlenans, confira a matéria sobre a caixa com cinco CDs e 50 músicas gravadas ao vivo ao longo dos anos no festival, lançada pela gravadora Smithsonian Folkways. O site Nola, que traz informações sobre a cidade de Nova Orleans, fez um compilado das principais atrações do festival ao longo da cinco décadas. Leia o artigo para conhecer o destaque de cada edição e outras curiosidades.







quinta-feira, 5 de maio de 2022

JJA Jazz Awards 2022: os vencedores


Anualmente, a Jazz Journalists Association (Associação de Jornalistas de Jazz) faz uma votação para premiar os músicos que mais se destacaram no ano.

Os vencedores da 26ª edição do JJA Jazz Awards foram anunciados no dia 3 de maio. Para conhecer todos os premiados nas 35 categorias, visite o site oficial da premiação.

A principal categoria, de Músico do Ano, ficou com o cantor e pianista Jon Batiste. Ele também foi o grande vitorioso da edição deste ano do Grammy, com cinco prêmios. Na categoria Disco do Ano, o prêmio foi para o saxofonista Kenny Garrett, com o álbum Sounds From the Ancestors, da gravadora Mack Avenue.


A cantora Sheila Jordan, que completa 94 anos em novembro, ficou com o prêmio na categoria Conjunto da Obra (Lifetime Achievement Award in Jazz). Na categoria melhor Disco Histórico, que aponta lançamentos de álbuns e gravações "perdidas" de grandes nomes do jazz, nunca antes lançados, o vitorioso foi A Love Supreme: Live in Seattle, do saxofonista John Coltrane.

Entre os cantores, Kurt Elling e Cécile McLorin Salvant venceram pelo quinto ano consecutivo. Outra figura carimbada na votação do Jazz Jounalists Association é a arranjadora Maria Schneider, que mais uma vez ficou com o prêmio na categoria Arranjador. Ela faturou também como melhor Orquestra. Em 2021, Maria levou quatro prêmios, entre eles, o de melhor disco, com Data Lords.

A premiação também aponta os melhores músicos em seus respectivos instrumentos. Nesse ano, venceram nomes como James Brandon Lewis (sax tenor), Wadada Leo Smith (trompete), Mary Halvorson (guitarra), Christian McBride (baixo acústico), Vijay Iyer (piano), Johnathan Blake (bateria) e Pedrito Martinez (percussão).

A única gafe foi o prêmio de revelação, que ficou com a saxofonista chilena Melissa Aldana. Aos 33 anos de idade, ela lançou seu primeiro disco no mercado internacional em 2010, ou seja, há mais de uma década.

Concorriam ao lado de Melissa, a cantora Samara Joy e os saxofonistas James Brandon Lewis e Immanuel Wilkins.

Diferentemente de outras premiações, além dos músicos, também são premiados jornalistas e publicações relacionadas ao mundo do jazz. Entre os prêmios estão melhor revista, melhor blogue e o melhor livro. Você pode conhecer todos os vencedores no no site oficial.

Outro destaque são os Jazz Heroes, que premia pessoas que contribuiram para a divulgação do jazz. Neste ano, 28 pessoas de várias cidades dos Estados Unidos foram premiados. Conheça todos eles na página oficial.

Conheça os 26 vencedores na categoria melhor disco em todas as edições do JJA Jazz Awards awards clicando aqui.











segunda-feira, 2 de maio de 2022

International Jazz Day 2022


No dia 30 de abril de 2022, uma nova edição do International Jazz Day aconteceu. Desta vez, diferentemente dos dois últimos anos, quando as apresentações foram virtuais devido à pandemia do coronavírus, o evento foi gravado dentro do prédio das Nações Unidas (ONU), na cidade de Nova York, no local onde acontece a Assembleia Geral da ONU, mas sem presença de plateia.

Como de costume, o concerto traz artistas de diferentes nacionalidades e mantém o discurso de um mundo sem fronteiras e de uma comunidade internacional guiada pela tolerância e pela solidariedade entre os povos. Mais uma vez, o lendário pianista Herbie Hancock, que completou 82 anos em 12 de abril, foi o mestre de cerimônia.

Entre os músicos que se apresentaram estão o pianista Joey Alexander (Indonésia), a cantora Youn Sun Nah (Coreia do Sul), a gaitista Grégoire Maret (Suíça), o harpista Edmar Castañeda (Colômbia), o percussionista Pedrito Martínez (Cuba), o pinaista Tarek Yamani (Líbano), o clarinetista Kinan Azmeh (Síria), a baixista Linda May Han Oh (Austrália), o indiano Zakir Hussain, a pianista Hiromi Uehara (Japão) e a saxofonista Erena Terakubo (Japão)

Os músicos norte-americanos foram a maioria. Entre eles, o pianista John Beasley, o baixista Marcus Miller, as cantoras Lizz Wright e Shemekia Copeland, o guitarrista Mark Whitfield, os cantores Jose James e Gregory Porter, os trompetistas Jeremy Pelt e Randy Brecker, os bateristas Brian Blade e Terri Lyne Carrington, e os saxofonistas Ravi Coltrane e David Sanborn.



O Brasil foi representado pelo pianista santista Helio Alves, que está radicado nos Estados Unidos desde a década e 1990. Ele já gravou e excursionou com grandes nomes da música como Joe Henderson, Yo-Yo Ma, Paquito D’Rivera, Airto Moreira, Gal Costa e Joyce Moreno. O pianista mergulhou no universo do jazz depois que uma temporada na Berklee College of Music, nos Estados Unidos.

Entre os temas interpretados estão "Walk Until I Ride", "Georgia on My Mind", "Lovely Day", "Smile", "Throw It Away", "Aleluia", "On My Way to Harlem" e "Imagine", de John Lennon, que fechou a noite.

Abaixo você encontra a íntegra de algumas edições passadas, que aconteceram em Melbourne-Sydney (2019), São Petersburgo-Rússia (2018), Havana-Cuba (2017), Washington-EUA (2016), Paris-França (2015), Osaka-Japão (2014), Istambul-Turquia (2013) e Paris-França (2012). Também está disponível a edição de 2020, que foi inteiramente virtual.















sexta-feira, 22 de abril de 2022

JJA Jazz Awards 2022: os indicados


Anualmente, a Jazz Journalists Association (Associação de Jornalistas de Jazz) faz uma votação para premiar os músicos que mais se destacaram no ano. Os indicados para a 26ª edição foram anunciados no mês de abril, e os vencedores serão conhecidos no dia 3 de maio.

Os músicos com mais indicações nesta edição são o trompetista Wadada Leo Smith e o saxofonista Charles Lloyd. Para ver todos os indicados nas 35 categorias, visite o site oficial da premiação.

Entre os prêmios mais cobiçados estão o de Conjunto da Obra, que sempre destaca um músico com mais de 50 anos de carreira, Músico do ano e disco do ano.

Os concorrentes na categoria músico do ano são o cantor e pianista Jon Batiste, Wadada Leo Smith, o guitarrista Pat Metheny, William Parker e o saxofonista James Brandon Lewis. Batiste foi o grande vitorioso da edição deste do ano Grammy, com cinco prêmios.

Na categoria de disco do ano, além de Lewis (Jessup Wagon) e Smith (The Chicago Symphonies) também estão no páreo o William Parker (Trencadis – A Selection from Migration of Silence Into and Out of The Tone World), os saxofonistas Kenny Garrett (Sounds from the Ancestors) e Charles Lloyd and the Marvels (Tone Poem) e a cantora Jazzmeia Horn (Dear Love). No ano passado, o prêmio de disco do ano ficou com a arranjadora Maria Schneider Orchestra, com o disco Data Lords.

Os veteranos que concorrem ao prêmio de Conjunto da Obra são o baixista Roscoe Mitchell, os saxofonistas Charles Lloyd e Marshall Allen, a pianista Toshiko Akyoshi, o baixista William Parker, o trompetista Wadada Leo Smith (foto abaixo) e a cantora Sheila Jordan. Na última edição do prêmio, o vitorioso nesta categoria foi baixista o Ron Carter, que completará 85 anos no dia 4 de maio.

A premiação também tem a categoria melhor disco histórico, que aponta lançamentos de álbuns e gravações "perdidos" de grandes nomes do jazz, nunca antes lançados.

Neste ano, os indicados são John Coltrane (A Love Supreme: Live in Seattle), Roy Brooks (Understanding), Hasaan Ibn Ali (Metaphysics: The Lost Atlantic Album), Roy Hargrove & Mulgrew Miller (In Harmony) e Lee Morgan (The Complete Live at the Lighthouse).

Diferentemente de outras premiações, além dos músicos, também são premiados jornalistas e publicações relacionadas ao mundo do jazz. Entre os prêmios estão melhor revista, melhor blogue e o melhor livro. Você pode conhecer todos os indicados no no site oficial.

Outro destaque são os Jazz Heroes, que premia pessoas que contribuiram para a divulgação do jazz. Neste ano, 28 pessoas de várias cidades dos Estados Unidos foram premiados. Conheça todos eles na página oficial.

Conheça os 25 vencedores na categoria melhor disco em todas as edições do JJA Jazz Awards awards clicando aqui.













segunda-feira, 11 de abril de 2022

Documentário traz o mitológico clube londrino Ronnie Scott


Todos os caminhos levam ao Ronnie Scott's, em Londres. O número 47 da Frith Street, no Soho, é o local preferido de jazzistas e fãs de jazz desde 1965.

A casa leva o nome do seu dono, o saxofonista britânico Ronnie Scott, que idealizou o local com o também saxofonista Pete King. Os dois abriram a casa em 30 de outubro de 1959, na 39 Gerrard Street, no Soho, onde ficou até 1965, quanto mudou para a Frith Street.

Desde então, a meca do jazz na capital britânica continua de pé oferecendo shows de qualidade e uma atmosfera que envolve o público e torna a experiência de ver uma apresentação ao vivo ainda mais marcante.

Por aqui passaram todos os gigantes do jazz, entre eles, Miles Davis, Chet Baker, Nina Simone, Count Basie, Ella Fitzgerald, Thelonious Monk, Oscar Peterson, Ben Webster e Dizzy Gillespie. Algumas dessas apresentações foram registradas pelo fotógrafo Freddy Warren.

Parte do seu acervo pode ser visto no livro Ronnie Scott's 1959-69, que traz fotos de Miles Davis, Art Blakey, Stan Getz, Zoot Sims, Duke Ellington, Nina Simone, entre outros.

A casa também ficou marcada por ser o último local onde o guitarrista Jimi Hendrix tocou, em 16 de setembro de 1970. Dois dias depois de subir, de surpresa, no palco do Ronnie Scott's para fazer uma pequena jam com Eric Burdon and War, o guitarrista morreu aos 27 anos.

Em 2005 a casa foi vendida para os empresários Sally Greene e Michael Watt por 4 milhões de libras. Após uma ampla reforma, o Ronnie Scott reabriu mais moderno e "menos" charmoso aos olhos dos antigos frequentadores. Mas, até hoje, mantém uma programação pujante. Em abril de 2022, entre as atrações, estão Melisa Aldana, Dee Dee Bridgewaters e Yellowjackets.

O Ronnie Scott's também foi palco de um show fechado dos Rolling Stones, em dezembro de 2021. Mick Jagger, Ron Wood e Keith Richards se reuniram para homenagear o baterista Charlie Watts, que morreu em agosto de 2021, aos 80 anos. Watts era um fã de jazz e gravou alguns álbuns exclusivamente tocando jazz. Na plateia estavam apenas familiares dos músicos, além da presença do ex-baixista Bill Wayman.

Outro momento marcante aconteceu em fevereiro de 2014, com a apresentação do cantor Prince. O show foi acompanhado por uma plateia de estrelas, entre elas, a ex-modelo Kate Moss, o músico Noel Gallagher e a cantora Adele
Scott e seu saxofone fazem posse em frente ao mitológico clube de jazz


No início de 2022, foi lançado o documentário Ronnie's. Dirigido pelo documentarista britânico Oliver Murray, o filme mostra o nascimento da casa, conta histórias curiosas e traça um perfil do saxofonista Ronnie Scott, que morreu em 1996, aos 69 anos.

O corpo do músico foi encontrado em seu apartamento, em Londres, com um copo de álcool e comprimidos ao lado. Desde um operação no dente mal sucedido, o músico não conseguiu mais tocar direito seu saxofone e a depressão que já fazia parte de sua vida ficou ainda mais aguda.

Além de dezenas de trechos de apresentações de músicos do quilate de Oscar Peterson, Sonny Rollins, Buddy Rich, Ella Fitzgerald, Miles Davis Sarah Vaughan, Chet Baker entre outros, o documentário traz depoimentos de quem vivenciou a história da casa de jazz londrina, entre eles, o produtor Quincy Jones, o saxofonista Sonny Rollins, o crítico de jazz John Fordham e familiares do Scott. Esse não é o primeiro documentário sobre o Ronnie Scott. Em 1989, Fordham escreveu e narrou um documentário em parceria com o canal BBC. Você pode vê-lo abaixo, na íntegra, sem legendas.

























segunda-feira, 4 de abril de 2022

Grammy 2022 - Os vencedores


Os vencedores da 64ª edição dos prêmios Grammy foram revelados no dia 3 de abril, em uma cerimônia na cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos.

O grande vencedor da noite foi o músico Jon Batiste (foto), que levou cinco prêmios (música americana tradicional, performance de música americana tradicional, trilha sonora original, melhor vídeo e disco do ano). O disco vitorioso do músico é We are, que mistura jazz, R&B, o soul e rap.

Em entrevistas para divulgar o álbum, Batiste disse que Duke Ellington, seu maior ídolo, certa vez falou que é preciso descategorizar os gêneros musicais. "Foi isso que decidi fazer”, afirmou o músico.

Além dos quatro prêmios por We Are, o músico conquistou o Grammy pela trilha sonora do filme Soul, que foi composta por Batiste, Trent Reznor e Atticus Ross. A trilha já tinha ganhado o Oscar e o Globo de Ouro algumas semanas antes.



O disco Love For Sale, parceria entre Tony Bennett & Lady Gaga, conquistou apenas um Grammy, na categoria melhor álbum tradicional pop vocal. O pianista Chick Corea ganhou um prêmio pôstumo na categoria improviso solo de jazz, pela faixa Humpty Dumpty (Set 2), do disco Akoustic Band Live (Chick Corea, John Patitucci & Dave Weckl).

Na categoria disco de jazz, o prêmio ficou com Skyline, trio formado pelo baixista Ron Carter, o baterista Jack DeJohnette e o pianista Gonzalo Rubalcaba. A cantora Esperanza Spalding ficou com o prêmio de disco vocal de jazz pelo álbum Songwrights Apothecary Lab. É a terceira vez que ela conquista o prêmio nessa categoria.

O melhor disco de big band ficou com For Jimmy, Wes And Oliver, do baixista Christian McBride. A categoria de jazz fecha com o melhor disco de jazz latino.

A brasileira Eliane Elias ficou com o prêmio pelo disco Mirror Mirror, no qual ela é acompanhada pelos pianistas Chick Corea e Chucho Valdés. Essa foi a quarta indicação da brasileira, que já tinha ganho um Grammy na mesma categoria em 2016 com o disco Made in Brazil.

Destaque também para o prêmio na categoria melhor composição instrumental, vencido pelo pianista Lyle Mays, que morreu em 2020, aos 66 anos. o tema vencedor foi "Eberhard", uma composição de 13 minutos em homenagem ao baixista alemão Eberhard Weber, um dos compositores favoritos do pianista.















domingo, 3 de abril de 2022

Wayne Shorter vira nome de rua em Newark


O saxofonista Wayne Shorter será homenageado no próximo dia 29 de abril por sua cidade natal Newark, que fica no Estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos. O nome do músico vai substituir a atual rua Park Place.

O local também é a casa da rádio WBGO, uma das estações de jazz mais importantes da costa leste dos EUA. Após a inauguração, a Wayne Shorter Way vai se encontrar com a Sarah Vaughan Way. A cantora é outra jazzista nascida na cidade.


Shorter, de 88 anos, mora na costa oeste dos EUA e participará do evento via satélite. Nos últimos anos, sua saúde piorou e o músico deixou de participar de festivais, após 50 anos rodando o mundo. A mulher do músico é a brasileira Carolina, com quem está casado há quase 30 anos.

Wayne Shorter tem um retrospecto de respeito no mundo do jazz. Ele despontou no Jazz Messengers, do baterista Art Blakey, no início dos anos 60, logo depois foi convidado por Miles Davis para fazer parte de seu quinteto, que contava ainda com Herbie Hancock, Ron Carter e Tony Williams, entre 64 e 70.

No início do jazz fusion, Shorter criou, ao lado de Joe Zawinul e Miroslav Vitous, o Weather Report, que mais tarde teria a participação do baixista Jaco Pastorius. Desde então, o saxofonista tem trabalhado em discos solos e participado de outros projetos.
Shorter e o trio formado por Brian Blade, Danilo Perez e John Patitucci


Em 1975, Shorter lançou o disco Native Dancer ao lado do cantor Milton Nascimento. O álbum trazia várias composições de Milton, entre elas, "Ponta de Areia", "Tarde" e "Milagre dos Peixes". Participaram das gravações os brasileiros Wagner Tiso (teclados), Robertinho Silva (bateria) e Airto Moreira (percussão). O disco também conta com o pianista Herbie Hancock, velho conhecido do saxofonista.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o saxofonista disse que o disco "é importante porque mostra como aproximar duas visões da música sem que nenhuma delas seja submissa à outra. Nós não queríamos que Milton imitasse o jazz, e eu não conseguiria imitar o Milton. Conseguimos fazer algo muito complementar".

Durante a entrevista, o cantor falou de uma situação inusitada com o cantor do grupo Earth Wind and Fire, Maurice White. "Quase 10 anos depois do lançamento do disco, eu estava em Los Angeles e um cara na piscina me chamou. Fui ver o que era. Era o Maurice White, que disse que me chamou para me agradecer. Disse que a banda dele nasceu após ele ouvir as sessões de gravação do Native Dancer", lembrou Milton.
Placa com o nome do saxofonista é inaugurada em Nova Jersey


Em 2019, Shorter venceu seu último Grammy com o disco Emanon, álbum triplo no qual é acompanhado por Danilo Perez (piano), John Patitucci ( baixo) e Brian Blade (bateria). A Orpheus Chamber Orchestra também participa de algumas faixas. O saxofonista foi indicado 21 vezes e levou para casa 11 prêmios Grammy. O trio também acompanhou Shorter no disco Without a Net (2013). O tema "Orbits" ficou com o Grammy de melhor improvisão solo de jazz.

Antes de seu nome virar rua, o saxofonista recebeu outras três homenagens pelo conjunto da sua obra: NEA Jazz Masters Award (1998), the Grammy Lifetime achievement Award (2015) e o Polar Music Prize (2017).