sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Jerry Bergonzi - Tenorist

Jerry Bergonzi jazz
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Jerry Bergonzi - Tenorist (2007)

Um bom começo para falar do trabalho do saxofonista norte-americano Jerry Bergonzi é citar uma resposta dada pelo saudoso Michael Brecker. Perguntado sobre como se sentia sendo o rei dos saxofonistas tenores, Brecker não hesitou e soltou a seguinte resposta:

“Eu não sei. Você tem que perguntar isto a Jerry Bergonzi”. Diante de um fato desses, você deve estar pensando que o tal Bergonzi deve saber, pelo menos, tirar algumas notas do sax.

Mais do que isto, o saxofonista tenor radicado em Boston, além de ser um músico excepcional, escolheu priorizar sua carreira de professor a conquistar uma legião de fãs. Apesar da escolha, nos últimos anos, Bergonzi tem conseguido chamar a atenção de um público maior.

No disco Tenorist, seu segundo trabalho pela gravadora Savant, o saxofonista tem ao seu lado um convidado mais que especial, o guitarrista John Abercrombie, além do baixista Dave Santoro e do baterista Adam Nussbaum.

A eloquência do sax de Bergonzi pode ser ouvida em temas como “Table Steaks”, “Simultaneous Looks” e “Czarology”, esta com uma pitada de música latina. Para quem ainda não se convenceu do que o músico é capaz, basta prestar atenção nos arranjos criados pelo saxofonista para as baladas “Mesha”, de Kenny Dorham e “Pannonica”, de Thelonious Monk, com destaque para a guitarra de Abercrombie.

O guitarrista norte-americano também divide as atenções do ouvinte em “Creature Feature”. Outro destaque é “With Reference”, na qual Bergonzi utiliza o overdubbed, duplicando assim o som de seu sax e remetendo os iniciados no jazz à inesquecível parceria entre os saxofonistas Lee Konitz e Warne Marsh, nos anos 50.

Para terminar, mais uma saborosa história com Michael Brecker. Perguntado se o saxofonista praticava diariamente o seu sax, Brecker soltou a seguinte frase: “Enquanto Jerry Bergonzi estiver por aí, nenhum saxofonista tenor pode deixar de treinar”. Alguém quer mais algum bom motivo para conhecer a música do senhor Bergonzi?