quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Paixão e faro privilegiado moveram carreira de Bruce Lundvall


Idealistas, perseverantes, visionários ou apenas trabalhadores dedicados e apaixonados pelo ofício?

Talvez um pouco de cada pode definir homens como Manfred Eicher, Alfred Lion, Francis Wolff, Creed Taylor, Norman Granz, Dave Grusin, Clive Davis, John Hammond e Bruce Lundvall

Todos eles são responsáveis por grande parte da produção jazzistica do século XX. Não é possível mensurar ou comparar um com o outro, pois cada um, em seu território, ajudou a impulsionar a carreira de um artista que apenas precisava de uma chance.

Bruce Lundvall não poderia imaginar que um dia teria em suas mãos uma das mais importantes gravadoras de jazz, a Blue Note.



Antes de chegar ao selo criado por Alfred Lion e Francis Wolff, em 1939, ele passou pela Columbia Records e a Elektra, nas quais abriu espaço para o jazz, e depois, finalmente, foi convidado pela gravadora EMI para reativar a Blue Note, que no meio da década de 1985 estava adormecida há muitos anos.

Para comemorar a ressureição da Blue Note, um concerto aconteceu em 22 de fevereiro de 1985, no Town Hall, a cidade de Nova York. 30 grandes nomes da gravadora se reuniram e mostraram a saudosos e novatos toda a força do jazz. Entre os presentes estavam Herbie Hancock, Freddie Hubbard, Kenny Burell, McCoy Tyner, Charles Lloyd, Johnny Griffin e Joe Henderson. Esse concerto foi gravado e virou o DVD One Night with Blue Note
Lundvall é fotografado com a cantora Norah Jones, uma de suas descobertas


Sob a tutela de Lundvall, a Blue Note lançou Norah Jones, Dianne Reeves, Cassandra Wilson, Bobby McFerrin e Us3. A retomada do prestígio da gravadora tem haver com a paixão que o produtor empenhou na missão que lhe foi conferida. Além dos novatos da década de 1980 e 1990, outros nomes como Joe Lovano, Greg Osby, Jason Moran, Robert Glasper, Gonzalo Rubalcaba e Terence Blanchard também se consolidaram durante esses anos como nomes importantes do jazz.

Seu legado está imortalizada em dois prêmios criados com o seu nome: Bruce Lundvall Award (criado pelo festival de jazz de Montreal) e Bruce Lundvall Visionary Award (patrocinado pela revista JazzTimes). Ambos com a missão de premiar músicos e pessoas ligadas ao jazz.

Em 2011, ele foi premiado com o Trustees Award, criado pelo Grammy, por sua imensurável contribuição à música. O vídeo com o seu discurso de agradecimento está no fim deste post. Três anos depois, uma nova horaria foi concedida ao produtor, desta vez pela Jazz Foundation of America, que o homenageou com Lifetime Achievement Award.

O trompetista Wynton Marsalis, que foi lançado por Lundvall na época em que trabalhava na Columbia Records, entregou o prêmio e fez um discurso emocionado. O músico postou o vídeo em seu site oficial.

Após 25 anos à frente da Blue Note, Lundvall se afastou para tratar do Parkinson. Em seu lugar entrou o músico Don Was, que até hoje preside a gravadora. Lundvall morreu em 2015, aos 79 anos, por complicações causadas pelo Parkinson. Em 2014, a gravadora ArtistShare publicou a biografia Playing By Ear, escrita por Ouellette, contando os principais momentos da vida do produtor.



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