sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Greg Osby - Inner Circle

Greg Osby jazz
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados. Com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará neste blog algumas dicas de CDs publicadas no extinto Guia de Jazz.

Ao final de cada resenha você encontrará vídeos do YouTube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui


Greg Osby - Inner Circle (2002)


A chamada nova geração do jazz conseguiu, em um pequeno espaço de tempo, se consolidar entre os consumidores que se preocupam com uma única coisa, a música. Não importa que este ou aquele músico esteja reescrevendo um grande clássico de jazz sem se preocupar com o arranjo original. Não interessa se, muitas vezes, tudo parece estranho e sem nexo no início, mas que no final tudo se encaixará da maneira como você previa e não acreditava que poderia acontecer.

Senão, vejamos. Nos últimos anos, o jazz vem passando por várias modificações e expandindo seu horizonte e seus ouvintes. É esta estrada que músicos como o saxofonista Greg Osby, o pianista Jason Moran e o vibrafonista Stefon Harris têm trilhado.

Os três instrumentistas são o que o antigo dicionário de jazz chamaria de avant-garde. Mas isso não interessa muito, o que vale mesmo é a música. A melhor maneira para entender o que parece ser complexo é ouvi-los em ação e de preferência juntos. Vale lembrar que todos os três têm suas carreiras e discos solos.

É isso que o disco Inner Circle, lançado por Osby em 2002, proporciona. Ao lado do quinteto formado por Harris, Moran, Eric Harland (bateria) e Tarus Mateen (baixo), Osby mostra mais uma vez que é possível arriscar sem medo no universo musical do jazz. Logo na primeira música, “Entruption”, fica claro até onde eles podem ir.

O dedilhado de Moran brilha no início e abre caminho para o sax alto de Osby bater um papo com o piano. O mesmo acontece em “Stride Long”. Para recuperar o fôlego do ouvinte, o quinteto embala “All Neon Like”, composta pela cantora Bjork, e “Diary Of the Same Dream”, na qual Harris começa a aparecer.

O vibrafone brilha de verdade na estonteante “Fragmatic Deconding”, que traz uma conversa franca e sem limite entre Harris e Osby. Outra composição que vai mexer com o ouvinte é “Equalatogram”, com solos marcantes de sax, vibrafone e piano. Essa é uma daquelas faixas que é melhor ver ao vivo para ter certeza que eles realmente estão tocando o que você está ouvindo. Neste tipo de tema é possível entender porque o jazz nunca vai morrer.

Para fechar, uma composição do mestre Charles Mingus, “Self-Portrait In Three Colors”, do famoso álbum Mingus Ah Um, de 1959. Com este álbum, Osby, ao lado de Stefon Harris e Jason Moran, reafirma toda a vitalidade que o jazz e seus novos músicos têm a oferecer.

Não esqueça que craques como Miles Davis, Ornette Coleman, Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Dave Brubeck fizeram isto há cinco décadas. Já é hora de esquecer as picuinhas e preconceitos e abrir a cabeça para entender e apreciar essa nova maneira de tocar e pensar o jazz.

O trio Osby, Moran, Harris já tinha se reunido dois anos antes sob o nome de New Directions. O disco homônimo, que conta ainda com o sax tenor de Mark Shim e o baixo de Taurus Mateen, traz o grupo reinterpretando clássicos de Herbie Hancock, Wayne Shorter, Hank Mobley e Sam Rivers.