Que sorte a nossa de vivermos na mesma época do guitarrista norte-americano Pat Metheny, que em 2024, no dia 12 de agosto, completou 70 anos de idade.
O impacto de vê-lo ao vivo é privilégio de quem, como nós, pode testemunhar um dos músicos mais talentosos de todos os tempos. Com 50 anos de carreira e 20 Grammys na bagagem, Metheny influenciou várias gerações de guitarristas e continua encantando com seu talento e, principalmente, humildade.
A guitarra de Metheny é reconhecida na primeira nota. Seu jeito único de tocar, a afinação, a guitarra sintetizada, o toque sem palheta, a energia e, acima de tudo, a criatividade e talento de escrever melodias fizeram de Metheny um músico único.
Desde o seu primeiro álbum, Bright Size Life (1975), lançado pela gravadora ECM, ao lado de Jaco Pastorius (baixo) e Bob Moses (bateria), aos 21 anos de idade, a inquietação e criatividade das composições do guitarrista já apareciam. De lá para cá, foram mais de 30 álbuns e diferentes parcerias com músicos de tão criativos quanto ele.
A parceria mais longeva foi com o pianista Lyle Mays, com quem tocou por quatro décadas no Pat Metheny Group, lançando os discos mais festejados de sua carreira, entre eles, Offramp, Still Life Talking, As Falls Wichita, So Falls Wichita Falls, Letter From Home e American Garage. O grupo também contava com o baterista Paul Wertico e o baixista Steve Rod.
O músico lançou uma dezenas de álbuns acústicos que mostram um lado mais introspectivo, mas não menos interessante e inspirador. Desde o primeiro acústico, New Chautauqua (1977), até o último, Moondial (2024), os violões de seis ou 12 cordas acompanham o músico em uma viagem musical que transporta o ouvinte a diferentes lugare, paissagens e épocas.
No decorrer da carreira, fez grandes parcerias, entre elas, com os baixistas Charlie Hadden, Dave Holland e Richard Bonna, os guitarristas Jim Hall e John Scofield, os bateristas Roy Haynes e Jack DeJohnette, o pianista Brad Mehldau, o vibrafonista Gary Burton, o percussionista Nana Vasconcelos e os saxofonistas Michael Brecker, Ornette Coleman e Chris Potter.
A relação de Metheny com o Brasil é muito forte. Além do rápido namoro com a atriz Sonia Braga, muitas críticos de jazz sempre remetem o som de Metheny ao do guitarrista mineiro Toninho Horta, que fez história gravando o clássico disco Clube da Esquina, de Milton Nascimento. Pat já declarou sua admiração por Horta várias vezes.
Outro momento importate de Metheny com o Brasil é a apresentação no Carnegie Hall, em 1994, na cidade de Nova York, ao lado de Tom Jobim, durante o concerto em comemoração aos 50 anos da gravadora Verve. Esta foi a última apresentação da carreira de Jobim, que morreria meses depois também na cidade de Nova York. Na ocasião, eles interpretaram "Garota de Ipanema", "Insensatez" e "Desafinado".
A música do guitarrista muitas vezes traz um clima de trilha sonora, com diferentes timbres, coros, arranjos e harmonias. Metheny já escrevue para filmes, mas não é algo que parece atrai-los, já que ele não precisa fazer especificamente uma trilha de cinema para que sua música soe assim. Em 1985, ele compôs a trilha do filme A Traição do Falcão (The Falcon and the Snowman) ao lado do pianista Lyle Mays. Mas a trilha ficou famosa graças à participação do cantor David Bowie na faixa tema "This is Not America", que fez grande sucesso nas rádios na década de 1980.