terça-feira, 8 de setembro de 2020

90 primaveras de Sonny Rollins

Sonny Rollins é um dos últimos de sua geração ainda vivo. É claro que agora muito menos produtivo, mas é compreensível após uma carreira de seis décadas. Curioso é notar que o saxofonista sempre é lembrado por sua trajetória, mas nenhum dos seus discos é festejado como acontece com álbuns de Miles Davis, Dave Brubeck, Charles Mingus, Herbie Hancock ou Louis Armstrong. No último dia 7 de setembro, Rollins completou 90 anos de idade.

A exceção é o disco Saxophone Colossus (1956), que traz a música "St. Thomas", com uma pegada calipso, e o trio composto por Tommy Flanagan (piano), Doug Watkins (baixo) e Max Roach (bateria). Apesar da ser ovacionado como um álbum importante de sua discografia, nenhum disco de Rollins é mais impactante que A Night At The Village Vanguard (1957).


Rollins é homenageado pelo presidente Barack Obama, em 2011


Foi a primeira vez de Rollins no Village, uma das mais importantes casa de jazz do mundo e que até hoje funciona na cidade de Nova York. Na ocasião, o jovem Rollins, com 26 anos de idade, ficou uma semana tocando no clube. Os registros do disco trazem duas formações: a principal com Wilbur Ware (bass) e Elvin Jones (bateria) e a "alternativa", com Donald Bailey (baixo) e Pete La Roca (bateria).

A formação de um trio sem o piano, que invitavelmente rouba a cena em um trio ou quarteto de jazz, faz toda a diferença nessa apresntação. O sax de Rollins está inteiro e brilhante. As frases tocadas em clássicos como "A Night In Tunisia" e "I Can’t Get Started" estão todas lá, sempre com a genialidade e o improviso do músico.


Rollins tem 7 décadas de vida dedicada ao jazz

Outro disco que é fundamental em sua carreira é The Bridge (62), em parceria com o guitarrista Jim Hall. Mais uma vez, o piano não foi escalado, e não fez falta com a presença sempre lúcida de Hall. O disco tem um ritmo mais agitado, com uma fusão muito oportuna entre sax e guitarra. O disco também marca o retorno de Rollins ao mercado fonográfico. Ele ficou três anos "apenas praticando" seu sax e procurando novos caminhos para a sua arte. Saiba mais sobre este período sabático do músico clicando Aqui

Ouça o podcast sobre o saxofonista Sonny Rollins:



Por fim, o álbum Without a Song: The 9/11 Concert (2005), gravado ao vivo em Boston. O disco tem um forte componente emocional, pois foi gravado quatro dias após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando aviões se chocaram com as Torres Gêmeas, na cidade de Nova York. Rollins morava próximo ao local do atentado quando tudo aconteceu e chegou a pensar em adiar a apresentação. Mas felizmente o concerto aconteceu e trouxe Rollins em ótima forma, acompanhado dos músicos que gravaram um ano antes o disco This Is What I Do, premiado com o Grammy de melhor disco de jazz.

Em 2011, o músico foi homenageado pelo governo dos Estados Unidos com o prêmio Kennedy Center Honors, oferecido aos mais distintos campos das artes (cinema, música, literatura, dança e artes plásticas). Na ocasião, coube ao presidente Barack Obama fazer os discurso sobre a importância de Rollins para a cultura dos Estados Unidos e o jazz. Quatro anos antes, o saxofonista já tinha ganhado o prêmio Polar Music Prize, oferecido pelo governo da Suécia.

Where or When (do disco Without a Song: The 9/11 Concert)



A Night At The Village Vanguard (lado B)



A Night At The Village Vanguard (lado A)



The Bridge



Way Out West



Munique 1992



Viena 2011



65 & 68



Homenagem no Kennedy Center Honors



Prêmio Polar Music

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