quarta-feira, 20 de março de 2019

O rei centenário

Impossível não falar sobre Nat King Cole no ano de seu centenário. Sim, é lugar comum dizer que Cole foi um dos mais bem sucedidos cantores de sua geração e que sua influência é sentida até hoje.

Apesar da morte precoce, aos 45 anos, vítima de câncer de pulmão, Cole conseguiu como poucos conquistar consumidores de jazz e de música popular. Seu piano e sua voz aveludada tinham a mesmo feitiço que encantaram brancos e negros em uma época na qual o racismo imperava.

Se não bastasse tudo isso, Cole ainda criou uma nova formação de jazz, pelo menos para a época: piano, baixo e guitarra. Ao lado do guitarrista Oscar Moore e do baixista Wesley Prince (depois substituído por Johnny Miller), o cantor deixou a bateria de lado e acabou criando uma sonoridade mais suave e acessível.

Ao cantar standards da música norte-americana como "What Is This Thing Called Love?", "Mona Lisa", "Sweet Lorraine", "The Very Thought of You" e "Route 66", "Natural Boy" e "The Man I Love", Cole parecia um anjo negro dedilhando seu piano, sempre com maestria e sua inconfundível voz aveludada, tudo muito bem "embalado" em um sorriso maroto e ternos impecáveis.

O sucesso leva Nat King Cole para a TV, em 1956. Apesar de ter ficado apenas um ano no ar, o efeito televiso aumenta ainda mais sua popularidade.

Dois anos depois, ele lança o disco Cole Español (foto ao lado), que trazia Cole cantando em espanhol canções como "Cachito" e "Quizas, Quizas, Quizas".

O sucesso foi, novamente, arrasador. Desta vez, Cole atingiu em cheio países latinos, entre eles o Brasil.

Em 1959, ele desembarcou no Brasil para uma turnê de sete dias no Rio e em São Paulo. Tocou no Maracanãzinho, no Rio, e no antigo Cine Teatro Paramount, em São Paulo.


Nat King Cole Trio: Nat com Oscar Moore (guitarra) e Johnny Miller (baixo)

Hoje, 54 anos após sua morte, o legado de Cole está espalhado por toda parte, em especial em discos tributos do guitarrista John Pizzareli, que toca com frequência no formato piano-baixo-guitarra, e da pianista canadense Diana Krall, com o disco All for You: A Dedication to the Nat King Cole Trio (foto abaixo).

Quem também dedicou disco inteiramente a Nat foi o irmão do cantor, o pianista Freddy Cole, que lançou em 2016 o disco He Was The King, o veterano guitarrista George Benson, com o disco Inspiration: A Tribute to Nat King Cole, de 2013, e, mais recentemente, o cantor Gregory Porter, com o álbum Nat King Cole & Me.

No Brasil, Nat tinha dois fãs assumidos: os cantores Dick Farney e Cauby Peixoto. Farney chegou a se apresentar nos Estados Unidos ao lado de Cole, na década de 1940.

Já Cauby gravou o disco Cauby Sings Nat King Cole, lançado em 2015, um ano antes de sua morte.  No ano seguinte, o disco venceu na categoria melhor álbum de língua estrangeira o Prêmio da Música Brasileira.

Infelizmente, o centenário do cantor fica mais pobre com a ausência da filha Natalie Cole (foto ao lado), morta aos 65 anos, em 31 de dezembro de 2015.

Em 1991, ela lançou o platinado disco Unforgettable, no qual cantava clássicos da carreira do pai.

O disco também trazia um dueto entre ela e o pai na faixa-título, uma inovação tecnológica inédita na época. Com o disco, Natalie garantiu a continuação do legado de onipresente Nat King Cole.

Ela repetiu a dose no disco Still Unforgettable, de 2008, no qual faz dueto com o pai na canção "Walkin' My Baby Back Home".

Clique aqui para ver a reportagem sobre os 100 anos do cantor exibida na GloboNews.