quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Lee Morgan - The Sidewinder

Johnny Griffin - A Blowin' Session
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados. Com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará neste blog algumas dicas de CDs publicadas no extinto Guia de Jazz.

Ao final de cada resenha você encontrará vídeos do YouTube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui


Lee Morgan - The Sidewinder (1963)


O trompetista Lee Morgan iniciou sua carreira profissional com 15 anos, tocando com Dizzy Gillespie e, depois, foi recrutado pelo baterista Art Blakey, na década de 1950, para fazer parte dos The Jazz Messengers, ao lado do saxofonista Wayner Shorter, do pianista Bobby Timmons e do baixista Jymie Merritt.

Em carreira solo, ele foi imortalizado com o grande disco de sua carreira: The Sidewinder, lançado pela gravadora Blue Note em dezembro de 1963, ou seja, há 60 anos. Aqui, Morgan recrutou um quarteto de respeito para acompanhá-lo: Billy Higgins (bateria), Barry Harris (Piano), Bob Cranshaw (baixo) e um novato no sax tenor, o lendário Joe Henderson. Com um time desses, o trompetista deixou fluir um hard bop de primeira.

Na faixa-título, a integração do sax de Henderson e o trompete de Morgan já valeria cada centavo do disco, mas a música ainda traz todo o suingue e habilidade de Higgins na bateria. Em “Totem Pole”, mais uma vez, Henderson rouba a cena em uma melodia que mistura o jazz e alguns elementos da música latina. Já “Hocus Pocus” traz a junção de piano e trompete que lembra a levada de “Cantaloupe Island”, com Herbie Hanconck e Freddie Hubbard.

Lee Morgan pode ser “responsabilizado” como um dos primeiros músicos de jazz a tocar o que hoje conhecemos como acid jazz. As notas de seu trompete e o ritmo do piano têm uma característica de vanguarda. Hoje em dia, apesar de não tocarem trompete, um dos seguidores do estilo de Morgan é o trio Medeski, Martin & Wood, que produz seus discos com um toque de nostalgia e modernidade ao mesmo tempo.

Apesar de ter morrido prematuramente aos 33 anos (assassinado a tiros pela namorada), em 1972, Morgan marcou seu nome entre os grandes do jazz. Ele é considerado até hoje o sucessor do também trompetista Clifford Brown, de quem foi aluno, e também teve uma morte prematura, aos 25 anos de idade, em um acidente de carro, em 1956.

Para quem quer conhecer um pouco mais a vida do músico, vale a pena assistir ao documentário I Called Him Morgan, de 2016, do cineasta sueco Kasper Collins. O filme destaca a relação do trompetista com sua mulher, Helen Morgan, que assassinou o músico no clube Slugs’ Saloon, de East Village, na cidade de Nova York. A produção tem como mote uma entrevista (apenas o áudio) de Helen gravada um mês antes de sua morte, na qual fala com uma sinceridade comovente sobre a vida ao lado do trompetista e o trágico assassinato.

Outro disco imperdível do trompetista é Live at the Lighthouse, gravado ao vivo no lendário The Lighthouse, em Hermosa Beach, na Califórnia (EUA), entre os dias 10 e 12 de julho de 1970. Ao seu lado, estão o saxofonista Bennie Maupin, o pianista Harold Mabern, o baixista Jymie Merritt e o baterista Mickey Roker, interpretando quatro temas com duração média de 16 minutos cada faixa.

Em 2021, a gravadora Blue Note lançou uma caixa com 8 CDs contento todas as apresentações na íntegra, somando 33 temas, das três noites protagonizadas por Morgan no Lighthouse. Um registro histórico e imperdível para “entender” todo o talento do trompetista.







sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Grammy 2024: os indicados


A Academia do Grammy anunciou no dia 10 de novembro os indicados para a 66ª edição dos prêmios Grammy, que acontecerá no dia 4 de fevereiro de 2024. Ao todo, são 94 categorias dos mais diversos gêneros musicais, entre eles, rock, pop, blues, clássico, folk, R&B, rap, country, new age, gospel e jazz.


A categoria de jazz é dividida em seis sub-categorias: improviso, álbum, álbum vocal, orquestra, latino e alternativo. Neste ano, o jazz ganhou uma nova sub-categoria chamada de Alternative Jazz Album, que traz indicados discos que têm "pitadas de jazz". Entre os indicados nesta nova categoria estão Meshell Ndegeocello, Kurk Elling & Charlie Hunter e Cory Henry. São cinco indicados em cada categoria. Os artistas de jazz também aparecem com frequência em outras categorias, entre elas, composição instrumental e arranjo.

O destaque deste ano é, novamente, o cantor, pianista e arranjador Jon Batiste, que teve a proeza de ser indicado em seis categorias diferentes, entre elas, as três mais importantes: gravação do ano, disco do ano e canção do ano. Ele também concorre na categoria melhor performance de jazz, pela música "Movement 18' (Heroes)", do disco World Music Radio.

Há dois anos, Batiste levou cinco prêmios Grammy (música americana tradicional, performance de música americana tradicional, trilha sonora original, melhor vídeo e disco do ano). O disco vitorioso do músico foi We are, que mistura jazz, R&B, o soul e rap. Além dos quatro prêmios por We Are, o músico conquistou em 2022 o Grammy pela trilha sonora do filme Soul, que foi composta por Batiste, Trent Reznor e Atticus Ross. A trilha também levou o Oscar e o Globo de Ouro algumas semanas antes.
Jon Batiste volta a concorrer em várias categorias, entre elas, gravação do ano

Na categoria melhor disco de jazz, estão a saxofonista Lakecia Benjamin, o baixista Adam Blackstone, o pianista Billy Childs, o guitarrista Pat Metheny e o pianista Kenny Barron. Na edição do ano passado, o melhor disco de jazz ficou com a baterista Terri Lyne Carrington.

Destaque para a jovem Lakecia Benjamin, que participou do Festival MIMO, no Brasil, em maio de 2023. Produzido por Lyne Carrington, o álbum traz a saxofonista ainda mais livre e eclética, mostrando que ela continuará sendo onipresente com sua música desafiadora e ao mesmo tempo acessível.

Na categoria melhor disco de jazz latino, teremos um embate entre três artistas brasileiros: Eliane Elias, Ivan Lins e Luciana Souza & Trio Corrente (foto abaixo). É a primeira vez que três músicos do Brasil disputam a mesma categoria no Grammy.

No ano passado, o melhor disco de jazz latino ficou com o pianista Arturo O'Farrill & The Afro Latin Jazz Orchestra. O último brasileiro a ganhar o Grammy foi a pianista Eliane Elias, com o disco Mirror Mirror, em 2022, na categoria melhor disco de jazz latino. Essa é a sexta indicação de Eliane.

Vale um destaque especial para o encontro da cantora Luciana Souza com o Trio Corrente. Morando há décadas nos Estados Unidos, Luciana é a mais respeitada cantora brasileira no exterior, entregando com frequência grandes álbuns. Desta vez, o formato de trio (piano, baixo e bateria) deixou sua técnica vocal ainda mais evidente. No cardápio, temas de Tom Jobim, Dorival Caymmi, Djavan e Paulinho da Viola.

Entre os cantores, o melhor disco de jazz vocal será disputado entre Patti Austin, Esperanza Spalding (parceria com Fred Hersch), Gretchen Parlato (parceria com Lionel Loueke), Cécile McLorin Salvant e Nicole Zuraitis. Na edição do ano passado, o melhor disco de jazz vocal ficou com a cantora Samara Joy.

A categoria tem competidoras de peso, como Cécile e Esperanza, que já ganharam o prêmio mais de uma vez. A veterana Patti Austin também já tem um Grammy de melhor disco de jazz vocal, e desta vez tem a seu favor o repertório de Ella Fitzgerald. Correndo por fora, está Gretchen Parlato e seu belíssimo disco ao lado do guitarrista africano Lionel Loueke.

Por fim, a nova categoria do jazz tem entre seus indicados a deliciosa parceria entre o cantor Kurk Elling e o guitarrista Charlie Hunter. A dupla já tinha sido indicada na categoria melhor disco de jazz vocal em 2022, mas não levou. Agora, eles repetem a dose, com a mesma mistura de soul, funk, r&b e jazz. Ouvir Elling usando todo o seu domínio vocal em melodias não jazzísticas é uma experiência enriquecedora. Merece, e muito, levar o prêmio.

O jazz também concorre na categoria Best Album Notes, com o disco Evenings At The Village Gate: John Coltrane With Eric Dolphy (Live), que traz textos do premiado jornalista de jazz Ashley Kahn. Outra categoria fora do jazz, mas com músicos de jazz, é a Best Classical Compendium, que tem indicado o álbum Sardinia, do saudoso pianista Chick Corea.

IMPROVISAÇÃO DE SOLISTA


Movement 18' (Heroes)
Jon Batiste

Basquiat
Lakecia Benjamin

Vulnerable (Live)
Adam Blackstone Featuring The Baylor Project & Russell Ferranté

But Not For Me
Fred Hersch & Esperanza Spalding

Tight
Samara Joy

DISCO DE JAZZ VOCAL


For Ella 2
Patti Austin Featuring Gordon Goodwin's Big Phat Band

Alive At The Village Vanguard
Fred Hersch & Esperanza Spalding

Lean In
Gretchen Parlato & Lionel Loueke

Mélusine Cécile McLorin Salvant

How Love Begins
Nicole Zuraitis

DISCO DE JAZZ


The Source
Kenny Barron

Phoenix
Lakecia Benjamin

Legacy: The Instrumental Jawn
Adam Blackstone

The Winds Of Change
Billy Childs

Dream Box
Pat Metheny

DISCO DE ORQUESTRA


The Chick Corea Symphony Tribute - Ritmo
ADDA Simfònica, Josep Vicent, Emilio Solla

Dynamic Maximum Tension
Darcy James Argue's Secret Society

Basie Swings The Blues
The Count Basie Orchestra Directed By Scotty Barnhart

Olympians
Vince Mendoza & Metropole Orkest

The Charles Mingus Centennial Sessions
Mingus Big Band

DISCO DE JAZZ LATINO


Quietude
Eliane Elias

My Heart Speaks
Ivan Lins With The Tblisi Symphony Orchestra

Vox Humana
Bobby Sanabria Multiverse Big Band

Cometa
Luciana Souza & Trio Corrente

El Arte Del Bolero Vol. 2
Miguel Zenón & Luis Perdomo

DISCO DE JAZZ ALTERNATIVO


Love In Exile
Arooj Aftab, Vijay Iyer, Shahzad Ismaily

Quality Over Opinion
Louis Cole

SuperBlue: The Iridescent Spree
Kurt Elling, Charlie Hunter, SuperBlue

Live At The Piano
Cory Henry

The Omnichord Real Book
Meshell Ndegeocello

DISCO INSTRUMENTAL CONTEMPORÂNEO


As We Speak
Béla Fleck, Zakir Hussain, Edgar Meyer, Featuring Rakesh Chaurasia

On Becoming
House Of Waters

Jazz Hands
Bob James

The Layers
Julian Lage

All One
Ben Wendel

MELHOR ARRANJO INSTRUMENTAL E VOCAL


April In Paris
Gordon Goodwin, arranger (Patti Austin Featuring Gordon Goodwin's Big Phat Band)

Com Que Voz (Live)
John Beasley & Maria Mendes, arrangers (Maria Mendes Featuring John Beasley & Metropole Orkest)

Fenestra
Godwin Louis, arranger (Cécile McLorin Salvant)

In The Wee Small Hours Of The Morning
Erin Bentlage, Jacob Collier, Sara Gazarek, Johnaye Kendrick & Amanda Taylor, arrangers (säje Featuring Jacob Collier)

Lush Life
Kendric McCallister, arranger (Samara Joy)























quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Joshua Redman viaja pelas paisagens da América


Depois de uma temporada tocando ao lado dos velhos camaradas (Brad Mehldau, Christian McBride e Brian Blade) e de uma breve turnê pela América Latina, o saxofonista Joshua Redman lançou em setembro seu mais novo disco: Where Are We, o primeiro lançado pela tradicional gravadora de jazz Blue Note, e o primeiro com músicas cantadas.

Após três décadas de carreira, Redman tem ao seu lado uma cantora, no caso, Gabrielle Cavassa, que não conseguiu ofuscar o sempre preciso sax do músico. A escolha do repertório é toda voltada para temas que tem alguma cidade dos Estados Unidos no título, entre elas, Chicago, Philadelphia, Phoenix, Nova Orleans e Alabama.

Redman escalou Joe Sanders (baixo), Aaron Parks (piano) e Brian Blade (bateria) para este itinerário pelas paisagens norte-americana. As músicas cantadas dominam o álbum, mas as composições instrumentais também têm espaço por aqui, entre elas, “Manhattan”, com a participação do guitarrista Peter Bernstein, “Baltimore” e “Alabama”, composta por saxofonista John Coltrane, em 1963, considerado uma das obras-primas do saxofonista.

A voz de Cavassa ecoa de diferentes maneiras durante as canções. Na bela “By The Time I Get To Phoenix”, gravada por Johnny Rivers, Cavassa aparece na quantidade suficiente (2 minutos) e certeira para a se alinhar ao envolvente background proporcionado pelo quarteto.
Redman ao lado da cantora Gabrielle Cavassa e do seu trio (Parks, Blade e Sanders)

O jeito despretensioso de Cavassa casa com perfeição com a balada “Do You Know What It Means To Miss New Orleans”, que conta ainda com o solo de trompete de Nicolas Payton. O disco também traz as versões de “Streets of Philadelphia”, de Bruce Springsteen, com participação do guitarrista Kurt Rosenwinkel, e “Chicago Blues”, de Count Basie, com o suave toque do vibrafonista Joel Ross, e “After Minneapolis”, composição do próprio saxofonista, que escreveu o tema pouco depois da morte de George Floyd, em 2020, que foi estrangulado por um policial.

Para fechar, a badala acústica “Where Are You” deixa aquele gostinho de quero mais para o ouvinte démodé que ainda tem o saudável hábito de ouvir um álbum do início ao fim. Garanto que não será sacrifício algum separar exatos 60 minutos para ouvir Redman e companhia.



segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Violões de Lubambo e Pinheiro, finalmente, se encontram


A tradição do violão brasileiro vem lá dos tempos do Garoto, Luiz Bonfá, Laurindo Almeida, Baden Powell e Paulinho Nogueira, nas décadas de 1950 e 1960, e continuou no decorrer das décadas seguintes (Sebastião Tapajós, Turíbio Santos, Paulo Bellinati, Egberto Gismonti, Raphael Rabello, Yamandu Costa, Duo Assad e Ulisses Rocha), e manteve o ritmo após a mudança de século (Diego Figueiredo e Marcel Powell).

E aqui estamos nós, mais uma vez, festejando um daqueles encontros musicais necessários, de dois violonistas 100% brasileiros, um carioca (Romero Lubambo) e outro paulistano (Chico Pinheiro).

A admiração mútua foi o estopim para o disco Two Brothers, lançado pela gravadora norte-americana Sunnyside. O duo de violões, sem acompanhamentos, deixou o álbum ainda mais virtuoso, mas sem ser chato ou rebuscado.

Outro ingrediente é o repertório eclético escolhido por eles, que vai de Henry Mancini (“Sally’s Tomato”) a Billie Eilish (“My Future”). Mas um disco com músicos brasileiros, é claro, não deixaria de fora nomes tupiniquins de peso, entre eles, Tom Jobim (“Red Blouse” e “Wave”), Djavan ("Aquele Um") e Chico Buarque (Morro Dois Irmão e “Samba e Amor”).
Lubambo e Pinheiro mesclam repertório eclético e moderno


O dedilhado elegante aparece tanto no violão como na guitarra, e pode ser apreciado com mais detalhes se escutado em fones de ouvido, com o violão de Lubambo do lado esquerdo e a guitarra/violão de Pinheiro à direita.

Além dos compositores citados, o álbum também traz a parceria de Lennon e McCartney (“For No One”), a preciosa composição do pianista Bill Evans (“Waltz for Debby”), o mestre “das trilhas sonoras”, Michel Legrand (“Windmills of Your Mind), do filme Crown, o Magnífico (1968), a negritude de Stevie Wonder ("Send One Your Love”) e o não menos talentoso cantor Sting (“Until”), da trilha sonora do filme Kate & Leopold (2001).

A notícia ruim deixamos para o fim do texto, é claro. Os dois músicos têm carreiras internacionais sempre em alta e muito concorridas, ou seja, estão normalmente ocupados para dar uma escapada para esta parte do globo.

Mas não pense que é por falta de vontade, pelo contrário, Lubambo e Pinheiro sabem muito bem de onde vieram e não renegam suas origens, por ouro lado, também sabem que a música instrumental brasileira continuará a ser pouco reconhecida no país onde foram paridos.





sexta-feira, 14 de julho de 2023

NEA Jazz Masters ganha quatro novos membros em 2024


A National Endowment for the Arts (NEA) divulgou os nomes dos escolhidos para a edição de 2024 do NEA Jazz Masters. São eles: Terence Blanchard (trompetista), Willard Jenkins (escritor e produtor), Amina Claudine Myers (cantora e pianista) e Gary Bartz (saxofonista) A cerimônia acontecerá em 13 de abril de 2024, no John F. Kennedy Center for the Performing Arts, na capital Washington (EUA).

Em 2023, os vencedores foram a violinista Regina Carter, o saxofonista Kenny Garrett, o baterista Louis Hayes, e a ativista Sue Mingus. Na página oficial da entidade, você encontra mais informações sobre os premiados de 2024.

Desde 1982, cerca de 170 personalidades, entre músicos, compositores, arranjadores, jornalistas, radialistas e escritores, receberam a honraria batizada de NEA Jazz Masters. Nomes como Count Basie, Sonny Rollins, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Sarah Vaughan, Chick Corea, Ella Fitzgerald, Pat Metheny e Dan Morgenstern já foram premiados pela NEA.

Dedicação e talento são reconhecidos com o prestigioso prêmio do NEA


O mais veterano a entrar para esse seleto grupo em 2024 é o saxofonista Gary Bartz, que em 2024 completará 84 anos. O músico tem no currículo centenas de gravações, incluíndo discos solos e participações em álbuns de outros músicos. No início de carreira, na década de 1960, o saxofonista norte-americano tocou na banda Art Blakey's Jazz Messengers, comandada pelas baquetas de Blakey. Ele também tocou com o pianista McCoy Tyner, o baixista Charles Mingus e com o trompetista Miles Davis, na década de 1970.

Os dois "novatos" da turma são o trompetista Terence Blanchard, de 61 anos, e o escritor Willard Jenkins, de 74 anos. Nas últimas três décadas, Blanchard tem usado sua criatividade musical em diferentes projetos. No início, fez parceria com o saxofonista Donald Harrison, com quem tocou na banda Art Blakey's Jazz Messengers. Logo depois, começou uma longa parceria como o cineasta Spike Lee, compondo trilhas sonoras para filmes do diretor norte-americano, entre eles, Malcolm X, Do The Right Thing, Jungle Fever, BlacKkKlansman e Da 5 Bloods.

Já Jenkins tem trabalho em diferentes áreas, com destaque para direção artística de shows e festivais, entre eles, o Tri-C JazzFest, BeanTown Jazz Festival, Tribeca Performing Arts Center e DC Jazz Festival. Recentemente, publicou o livro Ain't But a Few of Us: Black Music Writers Tell Their Story.

A compositora, pianista e educadora Amina Claudine Myers, de 81 anos, foi professora de música no ensino fundamental e tem forte influência da música gospel em seu repertório. Após mudar para a cidade de Nova York, na década de 1970, compôs para várias peças de teatro e trabalhou como assistente musical em produções da Broadway.







VEJA ABAIXO TODOS OS VENCEDORES DO NEA JAZZ MASTERS


1982: Roy Eldridge, Dizzy Gillespie e Sun Ra
1983: Count Basie, Kenny Clarke e Sonny Rollins

1984: Ornette Coleman, Miles Davis e Max Roach
1985: Gil Evans, Ella Fitzgerald e Jonathan Jones

1986: Benny Carter, Dexter Gordon e Teddy Wilson
1987: Cleo Patra Brown, Melba Liston e Jay McShann

1988: Art Blakey, Lionel Hampton e Billy Taylor
1989: Barry Harris, Hank Jones e Sarah Vaughan

1990: George Russell, Cecil Taylor e Gerald Wilson<
1991: Danny Barker, Buck Clayton, Andy Kirk e Clark Terry

1994: Louie Bellson, Ahmad Jamal e Carmen McRae
1995: Ray Brown, Roy Haynes e Horace Silver

1996: Tommy Flanagan, Benny Golson e J.J. Johnson
1997: Billy Higgins, Milt Jackson e Anita O'Day

1998: Ron Carter, James Moody e Wayne Shorter
1999: Dave Brubeck, Art Farmer e Joe Henderson

2000: David Baker, Donald Byrd e Marian McPartland
2001: John Lewis, Jackie McLean e Randy Weston

2002: Frank Foster, Percy Heath e McCoy Tyner
2003: Jimmy Heath, Elvin Jones e Abbey Lincoln

2004: Jim Hall, Chico Hamilton, Herbie Hancock, Luther Henderson, Nat Hentoff e Nancy Wilson
2005: Kenny Burrell, Paquito D'Rivera, Slide Hampton, Shirley Horn, Artie Shaw, Jimmy Smith e George Wein

2006: Ray Barretto, Tony Bennett, Bob Brookmeyer, Chick Corea, Buddy DeFranco, Freddie Hubbard e John Levy
2007: Toshiko Akiyoshi, Curtis Fuller, Ramsey Lewis, Dan Morgenstern, Jimmy Scott, Frank Wess e Phil Woods

2008: Candido Camero, Andrew Hill, Quincy Jones, Tom McIntosh, Gunther Schuller, Joe Wilder
2009: George Benson, Jimmy Cobb, Lee Konitz, Toots Thielemans, Rudy Van Gelder e Snooky Young

2010: Muhal Richard Abrams, George Avakian, Kenny Barron, Bill Holman, Bobby Hutcherson, Yusef Lateef, Annie Ross e Cedar Walton
2011: Hubert Laws, David Liebman, Johnny Mandel, Orrin Keepnews e Marsalis Family (Ellis Marsalis, Jr., Branford Marsalis, Wynton Marsalis, Delfeayo Marsalis e Jason Marsalis

2012: Jack DeJohnette, Von Freeman, Charlie Haden, Sheila Jordan e Jimmy Owens
2013: Mose Allison, Lou Donaldson, Lorraine Gordon e Eddie Palmieri

2014: Jamey Aebersold, Anthony Braxton, Richard Davis e Keith Jarrett
2015: Carla Bley, George Coleman, Charles Lloyd e Joe Segal

2016: Gary Burton, Wendy Oxenhorn, Pharoah Sanders e Archie Shepp
2017: Dee Dee Bridgewater, Ira Gitler, Dave Holland, Dick Hyman e Lonnie Smith

2018: Pat Metheny, Dianne Reeves, Joanne Brackeen e Todd Barkan
2019: Bob Dorough, Abdullah Ibrahim, Maria Schneider e Stanley Crouch

2020: Bobby McFerrin, Roscoe Mitchell, Reggie Workman e Dorthaan Kirk
2021: Terri Lyne Carrington, Albert “Tootie” Heath, Henry Threadgill e Phil Schaap

2022: Stanley Clarke, Billy Hart, Cassandra Wilson e Donald Harrison, Jr
2023: Regina Carter, Kenny Garrett, Louis Hayes e Sue Mingus

2024: Gary Bartz, Terence Blanchard, Amina Claudine Myers e Willard Jenkins
2025:

terça-feira, 27 de junho de 2023

Count Basic - Live


Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui.

Count Basic - Live (1997)


Na década de 1990, o cenário do jazz ganhou duas novas vertentes, a primeira, o smooth jazz, que trazia um som mais pop, e a segunda, o acid jazz, que tem nos samples e nos metais a base de seu ritmo. Essas duas "novas maneiras" de tocar jazz só ajudaram o gênero a se atualizar e a trazer um novo público. Uma das bandas que mais se destacou neste novo cenário foi o Count Basic, um conjunto liderado pelo guitarrista austríaco Peter Legat e pela cantora norte-americana Keli Sae.

Seu som pode ser comparado a banda inglesa Brand New Heavies. Um bom início para conhecê-la é o disco gravado ao vivo em Viena, Count Basic Live. Neste quarto CD, é possível ouvir toda a energia da banda de Peter Legat, o compositor das músicas e a base de todas as canções com sua guitarra wah-wah no habitat predileto do grupo, o palco.

O disco é uma coletânea com músicas de vários álbuns lançados pelo grupo. O CD abre com a contagiante “Is It Real”. Logo depois, a instrumental “Sweet Luis” traz a sutileza de Legat na guitarra. Seu toque é uma mistura de George Benson com Lee Ritenour. Como todas as bandas, o Count Basic também tem o seu hit, “Joy and Pain”, uma levada com muito suingue e a voz afinada de Keli Sae.

Outra grande canção é “Movin’ In the Right Direction”, nome de um dos discos da banda. Em “Happy”, a cantora Sae aproveita o momento para apresentar a banda ao público, entre eles estão o baterista Dirk Erchinger, o trompetista Bumi Fian e o percussionista brasileiro Laurinho Bandeira. A banda brilha pra valer na faixa instrumental “Animal Print”, com destaque para o trombone de Christian Radovan e o baixo de Willi Langer. Kelli Sae ainda é destaque em “Got To Do” e “Jazz In the House”.

É impossível não salientar a firmeza e o talento de Peter Legat e sua guitarra. Como um maestro, ele dá um show na singela melodia de “M.L. In the Sunshine”. É de arrasar. Count Basic normalmente não agrada aos fãs tradicionais de jazz que têm um certo preconceito com o smooth jazz e o acid jazz. Mas não se deve simplesmente rotular este ou aquele som de bom ou ruim. É preciso, acima de tudo, ouvir a competência musical e a criatividade dos músicos. Neste quesito, e sem uma visão saudosista dos antigos mestres do jazz, Count Basic vai agradar a qualquer pessoa que tem como principal filosofia ouvir boa música.



quarta-feira, 31 de maio de 2023

JJA Jazz Awards 2023: os vencedores


Anualmente, a Jazz Journalists Association (Associação de Jornalistas de Jazz) faz uma votação para premiar os músicos que mais se destacaram no ano. Em 2023, a 27ª edição do JJA Jazz Awards premiou a baterista Terri Lyne Carrington nas categorias melhor jazzista e melhor álbum (New Standards Vol. 1).

O disco da baterista superou os álbuns da cantora Cécile McLorin Salvant (Ghost Song), do saxofonista Miguel Zenón (Música De Las Américas), e do multinstrumentista Tyshawn Sorey (Mesmerism). No ano passado, o prêmio de disco do ano ficou com o saxofonista Kenny Garrett, com o álbum Sounds From The Ancestors. O mesmo disco de Carrington, que traz apenas composições criadas por mulheres, já tinha conquistado o Grammy deste ano na mesma categoria.

Além do quarteto formado por Kris Davis (piano), Linda May Han Oh (baixo), Nicholas Payton (trompete) e Matthew Stevens (guitarra), Carrington convidou vários convidados para acompanhá-la, entre eles, Ambrose Akinmusire, Melanie Charles, Ravi Coltrane, Val Jeanty, Samara Joy, Julian Lage, Michael Mayo, Elena Pinderhughes, Dianne Reeves, Somi e a percussionista brasileira Negah Santos.

Na categoria Conjunto da Obra, que sempre destaca um músico com mais de 40 anos de carreira, o vencedor foi o saxofonista Charles Lloyd, que superou o pianista Keith Jarrett e os saxofonistas George Coleman e Wadada Leo Smith. Em 2022, o vitorioso nesta categoria foi a cantora Sheila Jordan. Lloyd completou 85 anos em março.

O pianista Ahmad Jamal, que morreu no último dia 16 de abril, aos 92 anos, levou o prêmio na categoria melhor disco histórico, que aponta lançamentos de álbuns e gravações "perdidos" de grandes nomes do jazz, nunca antes lançados. O disco Emerald City Nights: Live at the Penthouse traz gravações inéditas do pianista gravadas ao vivo no clube de jazz Penthouse, em Seattle, Washington (EUA), entre 1963 e 1968, com diferentes formações de trios com os baixistas Richard Evans e Jamil Nasser e os bateristas Chuck Lampkin, Vernel Fournier e Frank Gant.
Terri Lyne Carrington ficou com os prêmios de artista do ano e melhor álbum


Diferentemente de outras premiações, além dos músicos, também são premiados jornalistas e publicações relacionadas ao mundo do jazz. Entre os prêmios estão melhor revista, melhor blogue e o melhor livro. Você pode conhecer todos os indicados no no site oficial.

Outro destaque são os Jazz Heroes, que premia pessoas que contribuiram para a divulgação do jazz. Neste ano, 36 pessoas de várias cidades dos Estados Unidos foram premiados. Conheça todos eles na página oficial.

Conheça os 25 vencedores na categoria melhor disco em todas as edições do JJA Jazz Awards awards clicando aqui.

CONJUNTO DA OBRA
Charles Lloyd

MÚSICO
Terri Lyne Carrington

REVELAÇÃO
Samara Joy

COMPOSITOR
Miguel Zenón

ARRANJADOR
Maria Schneider

DISCO
New Standards Vol. 1 — Terri Lyne Carrington (Candid)

DISCO HISTÓRICO
Emerald City Nights: Live at the Penthouse — Ahmad Jamal (Elemental Music)

GRAVADORA
Smoke Sessions

PRODUTOR
Zev Feldman

CANTOR
Kurt Elling

CANTORA
Samara Joy

GRUPO VOCAL
The Manhattan Transfer

ORQUESTRA
Arturo O’Farrill Afro Latin Jazz Orchestra

CONJUNTO
Christian McBride’s New Jawn

DUETO
Fred Hersch and Esperanza Spalding

TROMPETISTA
Jeremy Pelt

TROMBONISTA
Steve Turre

METAIS
Steven Bernstein (slide trompete)

SOPROS
Roscoe Mitchell

SAXOFONISTA ALTO
Immanuel Wilkins

SAXOFONISTA TENOR
Charles Lloyd

SAXOFONISTA BARÍTONO

James Carter

SAXOFONISTA SOPRANO
Dave Liebman

CLARINETISTA
Anat Cohen

FLAUTISTA
Nicole Mitchell

GUITARRISTA
Bill Frisell

BAIXISTA
Linda May Han Oh

BAIXISTA ELÉTRICO

John Patitucci

VIOLINISTA/HARPA/CELLO
Tomeka Reid

PIANISTA
Emmet Cohen

TECLADISTA
Robert Glasper

PERCUSSIONISTA
Zakir Hussain

VIBRAFONISTA
Joel Ross

BATERISTA
Brian Blade





sexta-feira, 26 de maio de 2023

Após seis décadas, sax de George Coleman ainda emociona


A ficha corrida deste senhor de 87 anos inclui parcerias com Ray Charles, B.B. King, Max Roach, Charles Mingus, Herbie Hancock e Miles Davis.

Após seis décadas de carreira, o saxofonista George Coleman continua na ativa, mostrando aos mais jovens que a arte do jazz não tem tempo nem espaço pré-estabelecidos. Ela apenas flui entre os dedos, bocas e mentes e mantém vivo veteranos músicos.

Para entender um pouco mais a verdadeira essência do jazz, nada melhor do que ouvir um dos craques do time, o senhor Coleman comandando o quarteto composto por Spike Wilner (piano), Peter Washington (baixo) e Joe Farnsworth (bateria), gravado ao vivo (sem plateia) em março do ano passado, dentro do aconchegante clube de jazz nova-iorquino Smalls.

O álbum Live at Smalls Jazz Club traz oito temas, quase todos com mais de 8 minutos de duração cada um, que mostram como o improviso e a conexão entre os músicos são a perfeita tradução do jazz.

Temas como “Four”, de Miles Davis, “My Funny Valentine”, de Rodgers & Hart, e “Nearness of You”, de Hoagy Carmichael, são interpretados com maestria pelo quarteto. O sax tenor de Coleman é encorpado, preciso e naturalmente solto, mesmo não sendo uma apresentação “100% ao vivo”.

O disco ainda guarda outras preciosidades como, “New York, New York”, imortalizada na voz de Frank Sinatra, “Meditation”, composta por Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça, e regravada dezenas de vezes, incluindo Sinatra, e “At Last”, tema mundialmente conhecido com a cantora Etta James.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Jazzificada, Rickie Lee Jones entrega tudo em novo álbum


E já se passaram quatro décadas desde que a cantora norte-americana Rickie Lee Jones ganhou seu primeiro Grammy na categoria revelação. De lá para cá, a vida da cantora foi uma verdadeira montanha russa, incluindo um tumultuado relacionamento com o cantor Tom Waits e um mergulho nas drogas que atrapalharam sua promissora carreira.

Mas, apesar de tudo, seu talento latente a manteve produzindo, compondo e lançando discos durante as três décadas após sua estreia, no fim dos anos 70. Em 2021, a trajetória da cantora foi esmiuçada na autobiografia Last Chance Texaco: Chronicles of an American Troubadour, com histórias cheias de personagens interessantes e um roteiro pronto para várias temporadas de uma série, que certamente se tornaria cult. Agora, aos 68 anos, a cantora lança um novo disco, desta vez, totalmente dedicado ao jazz chamado Pieces of Treasure, com a produção do veterano Russ Titelman, que trabalhou com pesos pesados da música, entre eles, Eric Clapton, Steve Winwood, Brian Wilson, Ry Cooder e Milton Nascimento.

As 10 músicas “empacotadas” em um disco de apenas 34 minutos é a trilha sonora perfeita para se ouvir em um daqueles clubes de jazz escuros, esfumaçados e pequeninos encontrados em metrópoles como Nova York, Tóquio, Pequim, São Paulo, Buenos Aires ou Paris. A voz quase infantil da cantora - fãs da Bjork irão adorar - continua fazendo toda a diferença, mas agora com um timbre mais melancólico. Temas como “All the Way”, “Nature Boy”, “One For My Baby” e “September Song” são interpretados com delicadeza e urgência quase palpáveis.

A formação de quarteto, com Rob Mounsey (piano), Russell Malone (guitarra), David Wong (baixo) e Mark McLean (bateria), traz o background ideal para as canções escolhidas, na sua maioria das décadas de 1930, 1940 e 1950.

Destaque para as versões de “There Will Never Be Another You” e “Here’s That Rainy Day”, imortalizadas nas vozes de Chet Baker e Nat King Cole, respectivamente, “Just in Time”, gravada pela cantora Nina Simone, em 1962, e aqui acompanhada pelo vibrafone de Mike Mainieri, e o dueto da cantora com a guitarra de Malone na deliciosa “On The Sunny Side Of The Street”.

Durante entrevista para divulgar o álbum, a cantora declarou que o intérprete pode se colocar no lugar de qualquer música, como um ator, e torná-la tão real quanto qualquer coisa que ele mesmo tenha escrito.

“Não estou aqui para honrar o legado da música. Estou aqui para torná-la minha. A música não é sacrossanta. É o cantor que lhe dá vida, e cada novo cantor que o faz tem o mesmo direito de cantar”, filosofou a cantora.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

JJA Jazz Awards 2023: os indicados


Anualmente, a Jazz Journalists Association (Associação de Jornalistas de Jazz) faz uma votação para premiar os músicos que mais se destacaram no ano. Em 2023, acontece a 27ª edição do JJA Jazz Awards, que tem entre os indicados nomes como Keith Jarrett, Miguel Zenón, Mary Halvorson e Cécile McLorin Salvant.

Os músicos com mais indicações nesse ano são a baterista Terri Lyne Carrington e os saxofonista Miguel Zenón (foto) e Charles Lloyd. Para ver todos os indicados nas 35 categorias, visite o site oficial da premiação.

Entre os prêmios mais cobiçados estão o de Conjunto da Obra, que sempre destaca um músico com mais de 50 anos de carreira. Os veterano sindicados neste ano nesta categoria são os saxofonistas Charles Lloyd, George Coleman e Wadada Leo Smith, e o pianista Keith Jarrett. Na última edição do prêmio, o vitorioso nesta categoria foi a cantora Sheila Jordan, que completará 95 anos no dia 18 de novembro.

Os concorrentes na categoria músico do ano são a baterista Terri Lyne Carrington, os saxofonistas Charles Lloyd e Miguel Zenón, e a guitarrista Mary Halvorson.

Na categoria de disco do ano, estão no páreo a cantora Cécile McLorin Salvant (Ghost Song), Miguel Zenón (Música De Las Américas), Terri Lyne Carrington (Tone Poem) e o multinstrumentista Tyshawn Sorey (Mesmerism). No ano passado, o prêmio de disco do ano ficou com o saxofonista Kenny Garrett, com o disco Sounds From The Ancestors.
A premiação também tem a categoria melhor disco histórico, que aponta lançamentos de álbuns e gravações "perdidos" de grandes nomes do jazz, nunca antes lançados.

Neste ano, os indicados são Charles Mingus (The Lost Album from Ronnie Scott’s) , Ahmad Jamal (merald City Nights: Live at the Penthouse) , Elvin Jones (Revival -Live At Pookie’s Pub) e Miles Davis (That’s What Happened (1982-1985): The Bootleg Series, Vol.7).
Terri Lyne Carrington concorre em cinco categorias


Diferentemente de outras premiações, além dos músicos, também são premiados jornalistas e publicações relacionadas ao mundo do jazz. Entre os prêmios estão melhor revista, melhor blogue e o melhor livro. Você pode conhecer todos os indicados no no site oficial.

Outro destaque são os Jazz Heroes, que premia pessoas que contribuiram para a divulgação do jazz. Neste ano, 36 pessoas de várias cidades dos Estados Unidos foram premiados. Conheça todos eles na página oficial.

Conheça os 25 vencedores na categoria melhor disco em todas as edições do JJA Jazz Awards awards clicando aqui.

CONJUNTO DA OBRA

George Coleman
Keith Jarrett
Charles Lloyd
Wadada Leo Smith

MÚSICO DO ANO

Terri Lyne Carrington
Mary Halvorson
Charles Lloyd
Miguel Zenón

REVELAÇÃO DO ANO

Zoh Amba
Isaiah Collier
Samara Joy
Immanuel Wilkins

COMPOSITOR DO ANO

Mary Halvorson
Wadada Leo Smith
Tyshawn Sorey
Miguel Zenón

ARRANJADOR DO ANO

John Beasley
Steven Bernstein
Terri Lyne Carrington
Jim McNeely
Maria Schneider
Miguel Zenón

DISCO

Ghost Song — Cécile McLorin Salvant (Nonesuch)
Música De Las Américas — Miguel Zenón (Miel Music)
New Standards Vol. 1 — Terri Lyne Carrington (Candid)
Mesmerism — Tyshawn Sorey Trio (Yeros7 Music)

DISCO HISTÓRICO

The Lost Album from Ronnie Scott’s — Charles Mingus (Resonance)
Emerald City Nights: Live at the Penthouse — Ahmad Jamal (Elemental Music)
Revival (Live At Pookie’s Pub) — Elvin Jones (Blue Note)
That’s What Happened (1982-1985): The Bootleg Series, Vol.7 — Miles Davis (Legacy Recordings)

GRAVADORA

Blue Note
ECM
Pi Recordings
Pyroclastic
Smoke Sessions

PRODUTOR

David Breskin
Terri Lyne Carrington
Zev Feldman
Matt Pierson

CANTOR

Kurt Elling
Giacomo Gates
José James
Gregory Porter

CANTORA

Samara Joy
Cécile McLorin Salvant
Catherine Russell
Veronica Swift

GRUPO VOCAL

Duchess
The Manhattan Transfer
The Royal Bopsters

ORQUESTRA

Arturo O’Farrill Afro Latin Jazz Orchestra
Maria Schneider Orchestra
Sun Ra Arkestra

CONJUNTO

Bill Frisell Four

Charles Lloyd Trio Christian McBride’s New Jawn
Redman Mehldau McBride Blade
Tyshawn Sorey Trio
Miguel Zenón Quartet

DUETO

Fred Hersch and Esperanza Spalding
Gonzalo Rubalcaba and Aymée Nuviola
Kaja Draksler and Susana Santos Silva
Natalie Cressman and Ian Faquini
Jane Ira Bloom and Mark Helias

TROMPETISTA

Ambrose Akinmusire
Tom Harrell
Wynton Marsalis
Jeremy Pelt
Wadada Leo Smith

TROMBONISTA

Michael Dease
Marshall Gilkes
Wycliffe Gordon
Ryan Keberle
Steve Turre

METAIS

Bob Stewart (tuba)
Marcus Rojas (tuba)
Theon Cross (tuba)
Steven Bernstein (slide trompete)

SOPROS

Scott Robinson
Roscoe Mitchell
Chris Potter

SAXOFONISTA ALTO
Kenny Garrett
Bobby Watson
Immanuel Wilkins
Miguel Zenón

SAXOFONISTA TENOR
Melissa Aldana
Charles Lloyd
Chris Potter

SAXOFONISTA BARÍTONO

James Carter
Brian Landrus
Scott Robinson
Lauren Sevian
Gary Smulyan

SAXOFONISTA SOPRANO
Jane Ira Bloom
Dave Liebman
Branford Marsalis
Sam Newsome

CLARINETISTA

Anat Cohen
Ben Goldberg
Todd Marcus
Ken Peplowski
Jason Stein

FLAUTISTA

Jamie Baum
Charles Lloyd
Nicole Mitchell

GUITARRISTA

Bill Frisell
Julian Lage
Mary Halvorson

BAIXISTA

Ron Carter
Linda May Han Oh
Christian McBride
William Parker

BAIXISTA ELÉTRICO

Stanley Clarke
Melvin Gibbs
John Patitucci
Esperanza Spalding
Steve Swallow
Victor Wooten

VIOLINISTA/HARPA/CELLO

Regina Carter
Sara Caswell
Mark Feldman
Tomeka Reid

PIANISTA

Kenny Barron
Emmet Cohen
Kris Davis
Brad Mehldau
Gonzala Rubalcaba

TECLADISTA

Brian Charette
James Francies
Robert Glasper
John Medeski
Craig Taborn

PERCUSSIONISTA

Rogerio Boccato
Kahil El’Zabar
Zakir Hussain
Pedrito Martinez

VIBRAFONISTA

Sasha Berliner
Patricia Brennan
Joe Locke
Joel Ross

BATERISTA

Brian Blade
Johnathan Blake
Terri Lyne Carrington
Rudy Royston
Tyshawn Sorey
Jeff “Tain” Watts















quinta-feira, 4 de maio de 2023

International Jazz Day 2023


No dia 30 de abril de 2023, aconteceu a 12ª edição do International Jazz Day, que tem o objetivo de celebrar o jazz e promover a união de músicos de diferentes nações. No ano passado, as apresentações aconteceram dentro do prédio das Nações Unidas (ONU), na cidade de Nova York, no local onde acontece a Assembleia Geral da ONU, mas sem presença de plateia.

Desta vez, não houve um concerto único ou um local específico para as apresentações, pelo contrário, elas aconteceram em 13 cidades diferentes (Rio de Janeiro, Casablanca, New York, Pequim, Johanesburgo, Paris, São Francisco, Viena, Washington, Beirute, Fairbanks, Honolulu e Marondera), espalhadas ao redor do globo.

Como de costume, além do tradicional mestre de cerimônia, o lendário pianista Herbie Hancock, que completou 83 anos em 12 de abril, participaram artistas de dezenas de nacionalidades, entre eles, Cyrille Aimée (França), Ambrose Akinmusire (EUA), Thana Alexa (Croácia), Tom Gansch (Áustria), Sérgio Mendes (Brasil), Thandi Ntuli (África do Sul), Antonio Sánchez (Mexico),Somi (Ruanda), Musekiwa Chingodza (Zimbábue) e Oran Etkin (Israel).

12ª edição trouxe apresentações realizadas em cidades de diferentes continentes

Os músicos norte-americanos foram a maioria. Entre eles, os pianistas John Beasley, Emmet Cohen, Bill Charlap, os baixistas Marcus Miller, Christian McBride e Ben Williams, as cantoras Dee Dee Bridgewater e Dianne Reeves, o guitarrista Mike Stern, o cantor Kurt Elling, os trompetistas Ambrose Akinmusire e Russell Gunn e os saxofonistas Donald Hayes e Lakecia Benjamin.

Entre os temas apresentados, destaque “I'm Beginning to See the Light”, dueto entre Dee Dee Bridgewater e Bill Charlap, “"Fascinating Rhythm", com a orquestra Blue Note China, “Almost Like Being In Love”, parceria de Emmet Cohen com a cantora Cyrille Aimée, e “Doyenne”, com o grupo do liderado pelo baterista Antonio Sánchez.

O Brasil foi representado pelo pianista Sergio Mendes, em uma apresentação no Blue Note de Honolulu, no Havaí (EUA), interpretando o tema "Magalenha", do premiado disco Brasileiro (1992). A outra apresentação aconteceu no famoso Beco das Garrafas, no bairro carioca de Copacabana, e considerado o berço da bossa nova. O pianista Marcos Ariel comandou o sexteto que acompanha a cantora sul-coreana Yumi Park no tema "Mais que Nada", composição icônica do cantor Jorge Ben Jor.

Abaixo você encontra a íntegra de algumas edições passadas, que aconteceram em Nova York (2022), Melbourne-Sydney (2019), São Petersburgo-Rússia (2018), Havana-Cuba (2017), Washington-EUA (2016), Paris-França (2015), Osaka-Japão (2014), Istambul-Turquia (2013) e Paris-França (2012). Também está disponível a edição de 2020, que foi inteiramente virtual.















sábado, 22 de abril de 2023

C6 Fest traz Kraftwerk, Jon Batiste e Samara Joy


Entre os dias 19, 20 e 21 de maio, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e nos dias 18 e 20 de maio, no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, acontecerá a primeira ediçao do C6 Fest, festival produzido pela Dueto Produções, produtora que foi responsável pela curadoria dos extintos festivais Free Jazz e TIM Festival.


Entre as atrações mais aguardadas estão os alemães do Kraftwerk, a cantora Samara Joy, vencedora do Grammy de artista revelação em 2023, o pianista, cantor e arranjador Jon Batiste, que faturou cinco Grammy em 2022, incluíndo disco do ano, e o trio The Comet Is Coming. Outros destaques são o guitarrista norte-americano Julian Lage e a saxofonista britânica Nubya Garcia.
Aos 23 anos, Samara Joy levou 2 Grammy em 2023, entre eles, de revelação


Além dos artitas citados, o C6 Fest terá a presença de Underworld, Christine and the Queens, Arlo Parks, Weyes Blood e Dry Cleaning. O festival também escalou os brasileiro Caetano Veloso, Terno Rei, Xênia França e Tim Bernardes. Para saber mais sobre o festival, visite o site oficial. Confira abaixo a programação completa do C6 Fest:













segunda-feira, 3 de abril de 2023

NEA Jazz Masters ganha quatro novos membros em 2023


A National Endowment for the Arts (NEA) comemorou no último dia 1 de abril a entrada de quatro novos membros no NEA Jazz Masters. São eles: Regina Carter (violino), Kenny Garrett (saxofone), Louis Hayes (baterista) e Sue Mingus (produtora). A cerimônia aconteceu no Kennedy Center, na capital norte-americana Washington.

Desde 1982, cerca de 100 personalidades, entre músicos, compositores, arranjadores, jornalistas, radialistas e escritores, receberam a honraria batizada de NEA Jazz Masters. Nomes como Count Basie, Sonny Rollins, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Sarah Vaughan, Chick Corea, Ella Fitzgerald, Pat Metheny e Dan Morgenstern já foram premiados pela NEA.

O mais veterano ao entrar para esse seleto grupo em 2023 é o baterista Louis Hayes, de 85 anos. O músico tem no currículo dezenas de gravações ao lado de feras como o saxofonista Cannonball Adderley, os pianistas Horace Silver, McCoy Tyner e Oscar Peterson. Ele também tocou com John Coltrane, Thelonious Monk, J J Johnson, Sonny Rollins, Jackie McLean, Wes Montgomery, Joe Henderson, Cedar Walton, George Benson e tantos outros.

Já a violinista Regina Carter é uma referência no instrumento desde a década de 1990, e hoje, aos 56 anos, continua envolvida em diversos projetos e parcerias. Ela esteve no Brasil no extinto Chivas Jazz Festival, em 2000, e tocou com feras como Aretha Franklin, Lauryn Hill e Kenny Barron.

Quem também está na lista deste ano é o saxofonista Kenny Garret, que tem uma longa carreira, com destaque para as décadas de 1990 e 2000. Para muitos, esse sessentão nascido em Detroit (EUA) é o mais importante saxofonista alto das últimas décadas. Entre 1987 e 1991, ele tocou com o trompetista Miles Davis, que morreu em 28 de setembro de 1991.

No ano passado, o disco Sounds From The Ancestors ganhou o prêmio de melhor disco de jazz no JJA Awards, da Associação de Jornalistas de Jazz. O álbum também conquistou cinco estrelas na crítica da revista Downbeat, que concedeu esse status a apenas sete discos durante todo o ano de 2021.

Por fim o NEA ofereceu um prêmio póstumo para Sue Mingus, que faleceu em 2022, ao 92 anos de idade. Ela foi casada com o baixista Charles Mingus e continuou gerenciando a obra do músico depois de sua morte, em 1979, aos 56 anos de idade. O prêmio foi recebido por Roberto e Emma Ungaro, respectivamente, filho e neta de Sue.

Em 2022, os vencedores foram Cassandra Wilson, o saxofonista Donald Harrison, Jr, o baixista Stanley Clarke e o baterista Billy Hart (bateria). Na página oficial da entidade, você encontra mais detalhes sobre os vencedores deste ano.

Veja abaixo a íntegra da entrega NEA Jazz Masters de 2023, e vídeos destacando cada um dos quatro premiado:











Veja abaixo, na íntegra, outras cerimônias do NEA Jazz Masters:



VEJA ABAIXO TODOS OS VENCEDORES DO NEA JAZZ MASTERS


1982: Roy Eldridge, Dizzy Gillespie e Sun Ra
1983: Count Basie, Kenny Clarke e Sonny Rollins

1984: Ornette Coleman, Miles Davis e Max Roach
1985: Gil Evans, Ella Fitzgerald e Jonathan Jones

1986: Benny Carter, Dexter Gordon e Teddy Wilson
1987: Cleo Patra Brown, Melba Liston e Jay McShann

1988: Art Blakey, Lionel Hampton e Billy Taylor
1989: Barry Harris, Hank Jones e Sarah Vaughan

1990: George Russell, Cecil Taylor e Gerald Wilson<
1991: Danny Barker, Buck Clayton, Andy Kirk e Clark Terry

1994: Louie Bellson, Ahmad Jamal e Carmen McRae
1995: Ray Brown, Roy Haynes e Horace Silver

1996: Tommy Flanagan, Benny Golson e J.J. Johnson
1997: Billy Higgins, Milt Jackson e Anita O'Day

1998: Ron Carter, James Moody e Wayne Shorter
1999: Dave Brubeck, Art Farmer e Joe Henderson

2000: David Baker, Donald Byrd e Marian McPartland
2001: John Lewis, Jackie McLean e Randy Weston

2002: Frank Foster, Percy Heath e McCoy Tyner
2003: Jimmy Heath, Elvin Jones e Abbey Lincoln

2004: Jim Hall, Chico Hamilton, Herbie Hancock, Luther Henderson, Nat Hentoff e Nancy Wilson
2005: Kenny Burrell, Paquito D'Rivera, Slide Hampton, Shirley Horn, Artie Shaw, Jimmy Smith e George Wein

2006: Ray Barretto, Tony Bennett, Bob Brookmeyer, Chick Corea, Buddy DeFranco, Freddie Hubbard e John Levy
2007: Toshiko Akiyoshi, Curtis Fuller, Ramsey Lewis, Dan Morgenstern, Jimmy Scott, Frank Wess e Phil Woods

2008: Candido Camero, Andrew Hill, Quincy Jones, Tom McIntosh, Gunther Schuller, Joe Wilder
2009: George Benson, Jimmy Cobb, Lee Konitz, Toots Thielemans, Rudy Van Gelder e Snooky Young

2010: Muhal Richard Abrams, George Avakian, Kenny Barron, Bill Holman, Bobby Hutcherson, Yusef Lateef, Annie Ross e Cedar Walton
2011: Hubert Laws, David Liebman, Johnny Mandel, Orrin Keepnews e Marsalis Family (Ellis Marsalis, Jr., Branford Marsalis, Wynton Marsalis, Delfeayo Marsalis e Jason Marsalis

2012: Jack DeJohnette, Von Freeman, Charlie Haden, Sheila Jordan e Jimmy Owens
2013: Mose Allison, Lou Donaldson, Lorraine Gordon e Eddie Palmieri

2014: Jamey Aebersold, Anthony Braxton, Richard Davis e Keith Jarrett
2015: Carla Bley, George Coleman, Charles Lloyd e Joe Segal

2016: Gary Burton, Wendy Oxenhorn, Pharoah Sanders e Archie Shepp
2017: Dee Dee Bridgewater, Ira Gitler, Dave Holland, Dick Hyman e Lonnie Smith

2018: Pat Metheny, Dianne Reeves, Joanne Brackeen e Todd Barkan
2019: Bob Dorough, Abdullah Ibrahim, Maria Schneider e Stanley Crouch

2020: Bobby McFerrin, Roscoe Mitchell, Reggie Workman e Dorthaan Kirk
2021: Terri Lyne Carrington, Albert “Tootie” Heath, Henry Threadgill e Phil Schaap

2022: Stanley Clarke, Billy Hart, Cassandra Wilson e Donald Harrison, Jr
2023: Regina Carter, Kenny Garrett, Louis Hayes e Sue Mingus

2024: Gary Bartz, Terence Blanchard, Amina Claudine Myers e Willard Jenkins
2025:

sexta-feira, 17 de março de 2023

Kenny Garrett - Songbook

Kenny Garrett jazz
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados. Com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará neste blog algumas dicas de CDs publicadas no extinto Guia de Jazz.

Ao final de cada resenha você encontrará vídeos do YouTube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui


Kenny Garrett - Songbook (1997)

Não sou músico e também não tenho mais a pretensão de ser. A vontade de ser um grande guitarrista ficou lá na década de 1980, quando eu tentava tirar alguma melodia da minha surrada guitarra Dolphin. Mas volta e meia me dá uma vontade de conhecer um pouco de teoria musical para tentar entender como os músicos de jazz conseguem certas proezas.

Este sentimento aparece com frequência quando escuto o disco Songbook, do saxofonista norte-americano Kenny Garrett. Sua apurada técnica, muitas vezes, lembra a genialidade de John Coltrane. Em comum, além da inquietude diante dos desafios que o jazz proporciona, Coltrane e Garrett passaram uma temporada ao lado de Miles Davis.

Desde o início de sua carreira, lá na década de 1980, o sax alto de Garrett tem se mostrado inovador e pulsante. O CD Songbook é um registro importante na extensa discografia do músico. O principal motivo, além do trio que o acompanha, é o repertório, todo ele composto pelo saxofonista. Ao seu lado, Garret escalou o genial pianista Kenny Kirkland, o baterista Jeff ‘Tain’ Watts e o baixista Nat Reeves.

Garrett não dá moleza ao ouvinte. Logo de saída, ele destila seu sax no tema “2 Down & 1 Across”. Felizmente, após 5 minutos do primeiro tema, o quarteto nos oferece “November 15”, que faz você voltar ao mundo dos não músicos. Em “Wooden Steps”, quem brilha é o saudoso Kirkland, que mostra toda sua vitalidade ao piano.

O disco fica mais acessível com “Brother Hubbard”, tributo ao trompetista Freddie Hubbard, a quase bossa nova “Ms. Baja”, na delicada “Before It’s Time To Say Goodbye” e em “House That Nat Built”, que poderia ter sido gravada facilmente pelo saxofonista David Sanborn.

Mas o grande tema do álbum é obviamente “Sing A Song Of Song”. A frase principal da melodia fica o tempo todo permeando a música enquanto Garrett e Kirkland vão desbravando o tema com notas inspiradas. Após os 7 minutos de duração o ouvinte terá as mais distintas sensações.

Após quatro décadas de carreira, o sessentão Kenny Garrett passou por vários estágios na vida pessoal e profissional. Tudo isso reflete em sua forma de tocar e o faz a cada disco procurar por uma resposta que talvez nunca seja respondida. Para a nossa sorte, a busca de Garrett tem nos proporcionado discos inspiradores.