segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

DownBeat aponta os melhores álbuns de 2022


A revista DownBeat publica anualmente, em janeiro, um apanhado sobre os CDs mais bem cotados de todas as edições do ano anterior.

É uma ótima oportunidade para encontrar grandes discos que, por vários motivos, passaram desapercebidos.

No topo da lista, com a cotação de cinco estrelas, apenas oito discos conquistaram plenamente os críticos da revista, entre centenas de discos resenhados nas 12 edições de 2022.


São eles: Tomaz Dabrowski (The Individual Beings), Camille Bertault & David Helbock (Playground), Nate Wooley & Columbia Icefield (Ancient Songs of Burlap Heroes), Marshall Gilkes (Cyclic Journey), Mary Halvorson (Amaryllis/Balladonna), Melissa Stylianou (Dream Dancing), Frank Kimbrough (2003-2006), e Jim McNeeley & Chris Potter (Rituals).

A revista também deu cinco estrelas para o disco Mingus Presents Mingus, de 1961, do baixista Charles Mingus ao lado do trio formado por bass Eric Dolphy (clarinete), Ted Curson (trompete) e Dannie Richmond (baterista). Também estão na lista na categoria histórico, ou seja, é recém-lançamento, mas não é "novo", Otis Spann (Otis Spann Is the Blues), Max Roach (We Insist! Max Roach's Freedom Now Suite), Little Feat (Waiting For Columbus Super Deluxe Edition) e Hassan Ibn Ali (Retrospect In Retirement of Daley: The Solo Recordings).

A edição traz outras dezenas de títulos divididos em duas cotações: quatro estrelas e meia e quatro estrelas. O Brasil aparece apenas com a cantora Flora Purim, com o disco If You Will. O álbum concorre ao prêmio de melhor disco de jazz latino no Grammy. Outro destaque é o disco do pianista nova-iorquino Cliff Korman (Brasilified), acompanhado de Augusto Mattoso (baixo) e Rafael Barata (bateria). No repertório, composições de Tom Jobim (Triste), Milton Nascimento (Viola Violar), Paulo Moura (Guadaloupe) e Cartola (As Rosas não Falam).

A relação também destaca, entre outros, discos de Carol Sloane, John Scofield, Diego Rivera, Samara Joy, Keith Jarrett, T.S. Monk, John McLaughlin, Enrico Rava, Charnett Moffett, Bill Charlap, Esperanza Spalding e Davis Specter.

Entre os oito músicos que receberam nota máxima, está o trompetista polonês Tomasz Dabrowski, considerado um pupilo do inesquecível trompetista polonês Tomasz Stanko. Além de homenagear o mestre, o Dabrowski comanda o sexteto com o trompete que foi de Stanko.

O trombonista Marshall Gilkes traz o belo Cyclic Journey acompanhado, entre outros, por Aaron Parks (piano), Linda May Han Oh (bass) e Johnathan Blake (drums).
Outro destaque é o disco de voz e piano do duo europeu Camille Bertault & David Helbock. A cantora francesa tem um jeito muito próprio de cantar, e ao lado do pianista austríaco tudo fica ainda mais contemporâneo e surpreendente. No repertório, a tema "Frevo", de Egberto Gismonti, e uma homenagem a Hermeto Pascoal.
Marshall Gilkes coloca o trombone no centro de sua jornada cíclica


Ainda na seara vocal, a cantora canadense Melissa Stylianou convidou o duo Gene Bertoncini (violão) e Ike Sturm (baixo) para acompanhá-la no álbum Dream Dancing, que tem uma atmosfera intimista e delicada. No repertório, temas de Tom Jobim, como "Inútil Paisagem" e "Corcovado", e a clássica "Perdido".

Por fim, o pianista Frank Kimbrough, que morreu em 2020, aos 64 anos. O disco aclamado pela Downbeat é uma fusão de dois álbuns previamente lançados pelo músico. No formato de trio, Kimbrough mostra seu talento de improvisação que tanto encantou seus alunos na prestigiada escola de música Juliard School, de Nova York.

Por fim, fica aqui um pequena provocação. Como entender os critérios para apontar que este ou aquele disco é brilhante ou não? A dúvida acontece ao percebemos que nenhum dos oito discos que receberam cinco estrelas da revista Downbeat foi indicado para o Grammy, que divulgou a lista completa dos indicados em dezembro de 2022. Será que foi por falta de espaço, já que o Grammy aponta apenas cinco indicados em cada categoria?



















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