A tradição do violão brasileiro vem lá dos tempos do Garoto, Luiz Bonfá, Laurindo Almeida, Baden Powell e Paulinho Nogueira, nas décadas de 1950 e 1960, e continuou no decorrer das décadas seguintes (Sebastião Tapajós, Turíbio Santos, Paulo Bellinati, Egberto Gismonti, Raphael Rabello, Yamandu Costa, Duo Assad e Ulisses Rocha), e manteve o ritmo após a mudança de século (Diego Figueiredo e Marcel Powell).
E aqui estamos nós, mais uma vez, festejando um daqueles encontros musicais necessários, de dois violonistas 100% brasileiros, um carioca (Romero Lubambo) e outro paulistano (Chico Pinheiro).
A admiração mútua foi o estopim para o disco Two Brothers, lançado pela gravadora norte-americana Sunnyside. O duo de violões, sem acompanhamentos, deixou o álbum ainda mais virtuoso, mas sem ser chato ou rebuscado.
Outro ingrediente é o repertório eclético escolhido por eles, que vai de Henry Mancini (“Sally’s Tomato”) a Billie Eilish (“My Future”). Mas um disco com músicos brasileiros, é claro, não deixaria de fora nomes tupiniquins de peso, entre eles, Tom Jobim (“Red Blouse” e “Wave”), Djavan ("Aquele Um") e Chico Buarque (Morro Dois Irmão e “Samba e Amor”).
O dedilhado elegante aparece tanto no violão como na guitarra, e pode ser apreciado com mais detalhes se escutado em fones de ouvido, com o violão de Lubambo do lado esquerdo e a guitarra/violão de Pinheiro à direita.
Além dos compositores citados, o álbum também traz a parceria de Lennon e McCartney (“For No One”), a preciosa composição do pianista Bill Evans (“Waltz for Debby”), o mestre “das trilhas sonoras”, Michel Legrand (“Windmills of Your Mind), do filme Crown, o Magnífico (1968), a negritude de Stevie Wonder ("Send One Your Love”) e o não menos talentoso cantor Sting (“Until”), da trilha sonora do filme Kate & Leopold (2001).
A notícia ruim deixamos para o fim do texto, é claro. Os dois músicos têm carreiras internacionais sempre em alta e muito concorridas, ou seja, estão normalmente ocupados para dar uma escapada para esta parte do globo.
Mas não pense que é por falta de vontade, pelo contrário, Lubambo e Pinheiro sabem muito bem de onde vieram e não renegam suas origens, por ouro lado, também sabem que a música instrumental brasileira continuará a ser pouco reconhecida no país onde foram paridos.
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