A arte é imortal. Tal afirmação vale para qualquer tipo de arte (música, cinema, teatro, literatura, artes plásticas). Quando um artista desaparece fisicamente, sua obra fica para sempre entre nós. A vida continua e o legado de quem produz arte passa de geração para geração. Quando essa arte reaparece sem pedir licença e inédita, sentimos seu poder ainda mais forte e toda a grandeza do seu legado.
De olho neste filão, a gravadora norte-americana Resonance Records tem oferecido na última década gravações inéditas e históricas de jazzistas. Em seu catálogo, é possível encontrar Bill Evans, Wes Montgomery, Sarah Vaughan, Sonny Rollins, Stan Getz, João Gilberto, entre outros. Seu mais novo tesouro é In Harmony, encontro entre o pianista Mulgrew Miller e o trompetista Roy Hargrove.
A morte prematura de ambos, Hargrove aos 49 e Miller aos 57, torna esse registro ainda mais especial. O ineditismo da formação também é outro ponto alto. Sem baixo e sem bateria, os dois solistas têm espaço de sobra para improvisar e conversarem entre si em 13 temas, com média de 8 minutos cada um.
No cardápio, temas imortais como "What is this thing called love", de Cole Porter, "Con Alma", do trompetista Dizzy Gillespie, "Triste", de Tom Jobim, "Monk's Dream", de Thelonious Monk, e "I Remember Clifford", obra prima do saxofonista Benny Golson. Além da balada de Golson, outros temas que deixam qualquer ouvinte pisando em nuvens são "Never let me go", "Ruby, My Dear" e "This is Always".
As gravações foram registradas em dois momentos: no Merkin Hall, na cidade de Nova York, em 2006, e no Lafayette College, na Pensilvânia, em 2007. O disco duplo ainda tem um livreto com depoimentos de diversos músicos falando sobre seus encontros com Muller e Hargrove. Sonny Rollins, Christian McBride, Ron Carter, Jon Batiste, Chris Botti, Robert Glasper, entre outros, proporcionam ao ouvinte uma visão mais pessoal da personalidade de ambos, enriquecendo ainda mais esse belo registro.
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