Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados. Com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".
Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará neste blog algumas dicas de CDs publicadas no extinto Guia de Jazz.
Ao final de cada resenha você encontrará vídeos do YouTube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui
Certa vez li uma frase do cantor Marcelo Nova que me marcou profundamente e ao mesmo tempo me proporcionou um grande alívio, já que penso exatamente como o ex-vocalista do grupo Camisa de Vênus. “A vida é boa, mas não é justa”. Está introdução vem a calhar quando lembramos da cantora norte-americana Irene Kral.
O raciocínio é simples. A vida tem coisas maravilhosas, como por exemplos uma cantora do porte de Irene Kral. Por outro lado, a vida é injusta, já que Irene é completamente desconhecida e porque não dizer injustiçada pelo consumidor de jazz.
Ela começou a cantar no meio da década de 50, em pequenas orquestras, entre elas a do trompetista Maynard Ferguson. Com uma voz suave e forte ao mesmo tempo, a cantora conquistou um pequeno público e o respeito da crítica. Suas principais gravações aconteceram no fim de sua curta carreira, em meados dos anos 70.
Entre os discos mais importantes está Kral Space, de 1977. Aqui, ela é acompanhada de Emil Richards (vibrafone), Fred Atwood (baixo), Nick Ceroli (bateria) e Alan Broabent (piano). O CD traz Irene em seu principal habitat, as baladas. Entre elas, “Star Eyes”, “Some Time Ago” e “Once Upon Another Time”. O ouvinte também encontrará jazz suingado como “The Song Is You“, “Experiment” e “Wheelers and Dealers”.
Para terminar dois grandes momentos. O primeiro é a versão do clássico de Cole Porter, “Everytime We Say Goodbye” e em seguida a deliciosa “Small Day Tomorrow”, que para os ouvintes mais novos lembrará a canadense Diana Krall, ou seria melhor dizer que Diana Krall parece Irene Kral?
O anonimato de Irene Kral, que morreu em 1978, aos 46 anos, vítima de câncer, diminuiu um pouco em 1995, quando o ator e diretor Clint Eastwood colocou na trilha sonora do filme As Pontes de Madison duas músicas com Irene e o trio de Junior Mance. Saudações a Eastwood, que, mais uma vez, prestou um importante serviço ao jazz e a todos nós.