Mostrando postagens com marcador orlando. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador orlando. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Jornal do Brasil - Resenha - Livro de jazz

Em janeiro de 2010, o jornalista Luiz Orlando Carneiro publicou em sua coluna semanal do Jornal do Brasil uma matéria sobre o livro "Jazz ao seu alcance", do jornalista Emerson Lopes.

Carneiro é um dos 10 entrevistados pelo jornalista no livro, publicado originalmente em 2009, pela editoria carioca Multifoco. Leia abaixo a íntegra da resenha.

PARA LEIGOS E PURISTAS

JAZZ AO SEU ALCANCE’ (Ed. Multifoco, 604 páginas), de Emerson Lopes, criador do Guia de Jazz na internet (www.sobresites.com/jazz), não é apenas, como sugere o título e como diz o autor, um livro destinado a “desmistificar o jazz e mostrar que uma pessoa ’normal’ pode ter o prazer de ouvir Miles Davis, Dizzy Gillespie, Duke Ellington e tantos outros mestres”.

Sem entrar no mérito dos conceitos do autor sobre os “preconceitos” dos puristas – o que o leva, por exemplo, a oferecer “dicas” bem “democráticas” de 130 CDs para os “leigos” (páginas 285-445), mas indicando, pelo menos, uns 40 álbuns indispensáveis nas melhores discotecas de real jazz– vale dizer que a obra reúne alentado material de consulta muito útil não só para os newcomers mas também para os jazzófilos. Sobretudo os mais idosos e ranhetas, que não têm intimidade com o teclado de um notebook nem orientação para garimpar, na internet, discos, DVDs, livros e informações sobre clubes, festivais e a cena jazzística de um modo geral.

Emerson Lopes apregoa o seu produto de modo bem pragmático: “Antes deste livro chegar em suas mãos, ele já existia virtualmente na internet. Isto não quer dizer que você não precisacomprá-lo. Aqui estão três bons argumentos para você não achar que gastou dinheiro à toa. Para esta publicação, todas as 600 páginas indicadas no site foram revisadas e ampliadas. Além disso, há dois tópicos – DVDs e livros – que não estão no site e que foram aglutinados no capítulo Ler e ver.

Para terminar, o capítulo Entrevistas traz um bate-papo com 17 pessoas ligadas ao mundo do jazz (...)”. Esta parte do livro, que começa sempre com a pergunta “Como nasceu o seu interesse pelo jazz?”, consome quase um quarto das páginas. Com a palavra, experts, diletantes e músicos mais ou menos famosos, entre os quais Luiz Fernando Veríssimo, José Domingos Raffaelli, Luiz Carlos Antunes, Carlos Calado, Ivan Monteiro, Roberto Muggiati, Zuza Homem de Mello, Mário Jorge Jacques, o português João Moreira dos Santos e o inesquecível trompetista Marcio Montarroyos (1949-2007).

O capítulo Rápido e rasteiro (pp.159 a 224) é a consolidação de listas de CDs criadas pelo autor, a partir da ferramenta encontrada no site da loja virtual Amazon. As listas (Top 20) são divididas por instrumentos (inclusive a voz) e tópicos como jazz no cinema, bossa nova jazzística, e registros fundamentais do selo Blue Note (Andrew Hill, Joe Henderson, Dexter Gordon, Wayne Shorter, Herbie Hancock & Cia., na gloriosa década de 60, são os destaques).

Numa dessas listas, Lopes assume o risco de relacionar 20 álbuns essenciais, preparado para “ouvir críticas e elogios”, mas tendo em mente uma causa nobre: ajudar “quem quer conhecer um determinado ritmo e não sabe por onde começar”.

Tirando o fato de que o jazz não é “um determinado ritmo”, mas um modo de expressão musical, a grande maioria dos Top 20 se lecionados pelo autor está de acordo com o seu objetivo de abrir a cortina do amplo palco do jazz para os leigos. Se Louis Armstrong entra na relação apenas com Ella & Louis(Verve, 1956), em compensação, nela estão 10 discos de essencialidade indiscutível: Bill Evans (Sunday at the Village Vaguard, 1961); Duke Ellington (At Newport, 1956); John Coltrane (A love supreme, 1964); Miles Davis (Kind of blue, 1959); Keith Jarrett (Köln concert, 1975); Charlie Parker-Dizzy Gillespie (At Massey Hall, 1953); Sonny Rollins (A night at the Village Vanguard, 1957); Ornette Coleman (Free jazz, 1960); Thelonious Monk-Coltrane (At Carnegie Hall, 1957); Dave Brubeck (Time out, 1959).