segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Arturo Sandoval é homenageado no Kennedy Center Honors

O veterano trompetista cubano Arturo Sandoval foi um dos homenageados na 47ª edição do Kennedy Center Honors, realizada em dezembro de 2024. Os prêmios Kennedy Center destacam anualmente artistas de diferentes áreas que tiveram uma carreira vitoriosa e influente na sociedade e na cultura dos Estados Unidos. Além de Sandoval, também foram homenageados o diretor Francis Ford Coppola, a cantora Bonnie Raitt e o teatro The Apollo, que fica no bairro do Harlem, na cidade de Nova York.
Aos 75 anos, Arturo recebe a mais importante homenagem em 50 anos de carreira

O ator cubano Andy Garcia foi o responsável em apresentar a história de Sandoval para o público presente na cerimônia, que contou com a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a primeira-dama Jill Biden. Para homenagear a música de Sandoval, foram escalados o trompetista Chris Botti, o trombonista Trombone Shorty, do cantor Cimafunk, do baixista Ruben Rodriguez, do trompetista Randy Brecker e do veterano pianista Chucho Vadez, que fez parte do grupo Irakere, na década de 1970, ao lado de Sandoval e do saxofonista Paquito de Rivera.

Em 1990, Sandoval participou do Kennedy Center Honors durante a homenagem ao lendário trompetista Dizzy Gillespie, que foi o responsável por trazer Sadoval para os Estados Unidos. Em entrevista ao canal de TV CBS, Sandoval lembrou de sua saga para ficar definitavamente nos EUA. Durante 10 anos, o governo cubano permitiu que Sandoval fizesse uma turnê no exterior com Gillespie. Em 1990, eles abriram uma exceção única para que sua esposa e filho o encontrassem em Londres.

“No dia seguinte, fui com Gillespie à embaixada americana, pedindo asilo político. Mas o governo cubano descobriu. Então, Gillespie ligou para a Casa Branca e, poucos meses depois, estava no palco em Washington, D.C. no Kennedy Center Honors, prestando homenagem a Gillespie, o homem que não foi apenas um mentor, mas ajudou a salvar a minha vida", disse Sandoval.

sábado, 9 de novembro de 2024

Grammy 2025 - os indicados


A Academia do Grammy anunciou no dia 8 de novembro os indicados para a 67ª edição dos prêmios Grammy, que acontecerá no dia 2 de fevereiro de 2025. Ao todo, são 94 categorias dos mais diversos gêneros musicais, entre eles, rock, pop, blues, clássico, folk, R&B, rap, country, new age, gospel e jazz.


A categoria de jazz é dividida em seis sub-categorias: improviso, álbum, álbum vocal, orquestra, latino e alternativo. São cinco indicados em cada categoria. Os artistas de jazz também aparecem com frequência em outras categorias, entre elas, composição instrumental e arranjo.

Na "principal" categoria, de melhor disco de jazz, estão na disputa o veterano pianista Kenny Barron (Beyond This Place) e o dueto entre o saudoso pianista Chick Corea e o banjoísta Bela Fleck (Remembrance), o favorito.

Correndo "por fora" estão a jovem saxofonista Lakecia Benjamin (Phoenix Reimagined), o pianista Sullivan Fortner (Solo Game) e o trompetista Ambrose Akinmusire (Owl Song). Em 2024, quem ficou com o prêmio de melhor disco de jazz foi pianista Billy Childs (The Winds Of Change).
Trompetista Ambrose Akinmusire concorre na catergoria melhor disco de jazz

Entre os cantores, o melhor disco de jazz vocal será disputado entre Christie Dashiell (Journey In Black), Esperanza Spalding (parceria com Milton Nascimento), Samara Joy (A Joyful Holiday), Kurt Elling (Wildflowers Vol. 1) e Catherine Russell (My Ideal). Na edição do ano passado, o melhor disco de jazz vocal ficou com a cantora Nicole Zuraitis (How Love Begins).

Além da parceria entre a baixista Esperanza Spalding e o octogenário Milton Nascimento, outro destaque da categoria vocal é a jovem cantora Christie Dashiell, que tem se destacado em vários festival nos Estados Unidos e na Europa. Sua potência vocal se mistura com a suavidade do repertório do álbum, que traz 7 composições da cantora, e duas versões, entre elas, "Anyone Who Had a Heart", de 1963, composta por Burt Bacharach and Hal David.
Cantora Christie Dashiell é indicada pela 1ª vez na categoria melhor disco vocal

Na categoria melhor disco de jazz latino, mais uma vez, teremos um embate entre artistas brasileiros. Entre os indicados, estão a pianista Eliane Elias (Time And Again), e o disco de dueto entre o bandolista Hamilton de Holanda e o piabista cubano Gonzalo Rubalcaba (Collab). Também concorrem nesta categoria o veterano pianista cubano Chucho Valdés (Cuba And Beyond) e o dueto entre o pianista dominicano Michel Camilo e o baixista espanhol Tomatito (Spain Forever Again), que é um forte candidato a ficar com o Grammy.

No ano passado, o melhor disco de jazz latino ficou com o saxofonista porto riquenho Miguel Zenón e o pianista venezuelano Luis Perdomo (El Arte Del Bolero Vol. 2). O último brasileiro a ganhar o Grammy foi a pianista Eliane Elias, com o disco Mirror Mirror, em 2022, na categoria melhor disco de jazz latino. Essa é a sétimam indicação de Eliane.

EXECUÇÃO DE JAZZ


"Walk With Me, Lord (SOUND | SPIRIT)" — The Baylor Project
"Phoenix Reimagined (Live)" — Lakecia Benjamin (com Randy Brecker, Jeff "Tain" Watts & John Scofield)
"Juno" — Chick Corea & Béla Fleck
"Twinkle Twinkle Little Me" — Samara Joy & Sullivan Fortner
"Little Fears"— Dan Pugach Big Band Featuring Nicole Zuraitis & Troy Roberts

ÁLBUM VOCAL


Journey In Black — Christie Dashiell
Wildflowers Vol. 1 — Kurt Elling & Sullivan Fortner
A Joyful Holiday — Samara Joy
Milton + esperanza — Milton Nascimento & Esperanza Spalding
My Ideal — Catherine Russell & Sean Mason

ÁLBUM INSTRUMENTAL


Owl Song — Ambrose Akinmusire (com Bill Frisell & Herlin Riley)
Beyond This Place — Kenny Barron
Phoenix Reimagined (Live) — Lakecia Benjamin
Remembrance — Chick Corea & Béla Fleck
Solo Game — Sullivan Fortner

ÁLBUM DE ORQUESTRA


Returning To Forever — John Beasley & Frankfurt Radio Big Band
And So It Goes — The Clayton-Hamilton Jazz Orchestra
Walk A Mile In My Shoe — Orrin Evans & The Captain Black Big Band
Bianca Reimagined: Music for Paws and Persistence — Dan Pugach Big Band
Golden City — Miguel Zenón

ÁLBUM JAZZ LATINO


Spain Forever Again — Michel Camilo & Tomatito
Cubop Lives! — Zaccai Curtis
COLLAB — Hamilton de Holanda & Gonzalo Rubalcaba
Time And Again — Eliane Elias
El Trio: Live in Italy — Horacio 'El Negro' Hernández, John Beasley & José Gola
Cuba And Beyond — Chucho Valdés & Royal Quartet
As I Travel — Donald Vega Featuring Lewis Nash, John Patitucci & Luisito Quintero

ÁLBUM DE JAZZ ALTERNATIVO


Night Reign — Arooj Aftab
New Blue Sun — André 3000
Code Derivation — Robert Glasper
Foreverland — Keyon Harrold
No More Water: The Gospel Of James Baldwin — Meshell Ndegeocello

ÁLBUM DE POP TRADICIONAL


À Fleur De Peau — Cyrille Aimée
Visions — Norah Jones
Good Together — Lake Street Dive
Impossible Dream — Aaron Lazar
Christmas Wish — Gregory Porter

ÁLBUM INSTRUMENTAL CONTEMPORÂNEO


Plot Armor — Taylor Eigsti
Rhapsody In Blue — Béla Fleck
Orchestras (Live) — Bill Frisell
Mark — Mark Guiliana
Speak To Me — Julian Lage

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Arthur Nestrovski celebra a longa arte de Tom Jobim

A série A longa arte de Antonio Carlos Jobim, que celebra a obra do compositor Antonio Carlos Jobim, é composta por seis videoaulas musicais apresentadas pelo violonista e compositor Arthur Nestrovski, divulgadas mensalmente no site da revista Piauí e no canal da revista no YouTube.

A cada episódio, Nestrovski faz com que as músicas se revelem por inteiro, ampliando o imenso prazer que é ouvir Tom Jobim. A direção é de Renato Terra, responsável por documentários musicais como Uma noite em 67 e Narciso em férias, além das séries sobre Nara Leão e Tim Maia.

Com duração média de 15 minutos, as aulas analisam alguns verdadeiros clássicos do nosso cancioneiro, como "Águas de março", "Sabiá" e "Retrato em branco e preto". Nestrovski tem a parceria de Paula Morelenbaum, cantora que integrou a banda criada por Jobim entre 1980 e 1990 para acompanhá-lo em shows e gravações.
Arthur Nestrovski e Paula Morelenbaum falam sobre composições de Jobim


Na segunda videoaula da série, Nestrovski fala sobre a parceria entre Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que começou em "Orfeu da Conceição" e mudou o rumo da canção brasileira moderna. Orfeu da Conceição tem como inspiração o mito grego de Orfeu, um jovem tocador de lira que, diante do falecimento da amada Eurídice, decide buscá-la no reino dos mortos. Na versão brasileira, seu enredo teve como cenário os morros cariocas e os atores eram majoritariamente negros. A produção estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com cenografia de Oscar Niemeyer.

Mais uma vez acompanhado pela cantora Paula Morelenbaum, o violonista e compositor Arthur Nestrovski passeia pelo cancioneiro do espetáculo, esmiuçando canções como "Se todos fossem iguais a você", "A felicidade", "Lamento no morro" e "Modinha". São as primeiras colaborações de uma amizade que foi transformadora para a música popular brasileira.

Na terceira aula, o violonista analisa algumas das canções mais representativas da bossa nova. Ele pontua que músicas como "Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só", de Jobim e Newton Mendonça, e "Chega de Saudade" e "Garota de Ipanema", de Jobim e Vinicius de Moraes, têm em comum um elemento fundamental para entender o sucesso do gênero: a profícua relação entre poesia cantada e melodia.

Ele destaca ainda a influência do jazz no samba-canção do fim dos anos 1950 e o ineditismo de letras permeadas por “concisões, arrojos e rimas internas” que não eram comuns no ambiente musical brasileiro do período.