domingo, 2 de fevereiro de 2025

Chick Corea, Norah Jones e Samara Joy vencem Grammy 2025


A Academia do Grammy anunciou no dia 2 de fevereiro os vencedores da 67ª edição dos prêmios Grammy. Ao todo, foram premiados artistas em 94 categorias dos mais diversos gêneros musicais, entre eles, rock, pop, blues, clássico, folk, R&B, rap, country, new age, gospel e jazz. A categoria de jazz é dividida em seis sub-categorias: improviso, álbum, álbum vocal, orquestra, latino e alternativo. São cinco indicados em cada categoria. Os artistas de jazz também aparecem com frequência em outras categorias, entre elas, composição instrumental e arranjo.

Na "principal" categoria, de melhor disco de jazz, o Grammy ficou com o dueto entre o saudoso pianista Chick Corea e o banjoísta Bela Fleck (foto), com o álbum Remembrance. O disco é o ultimo registro do Corea, que faleceu em 2021, de câncer, aos 79 anos. A dupla já tinha levado um Grarmmy na categoria melhor disco de jazz latino, em 2007, pelo álbum The Enchantment.

Entre os cantores, o melhor disco de jazz vocal ficou com Samara Joy, pelo álbum A Joyful Holiday. Ela também ficou com o prêmio na categoria melhor execução de jazz, pela faixa "Twinkle Twinkle Little Me". Com os dois Grammys deste ano, a cantora soma agora cinco prêmios. Em 2023, ela ganhou nas categorias melhor disco de jazz vocal e artista revelação.

Na categoria melhor disco de jazz latino, o prêmio ficou com o pianista Zaccai Curtis, pelo álbum Cubop Lives!. No material promocional do disco, Curtis mencionou sua admiração pelo trompetista Dizzy Gillespie e percussionista cubano Chano Pozo, que foram um dos primeiros músicos a misturar os ritmos afro-cubanos e afro-americanos, lá na década de 1950.

Já o Brasil não foi premiado neste ano. O cantor Milton Nascimento concorria pela parceria com a baixista e cantora Esperanza Spalding na categoria melhor disco de jazz vocal. Quem tambem não levou foi a pianista Eliane Elias e o bandolista Hamilton de Holanda. Ambos concorriam na categoria melhor disco de jazz latino. O último brasileiro a ganhar o Grammy foi a pianista Eliane Elias, com o disco Mirror Mirror, em 2022, na categoria melhor disco de jazz latino.
Norah Jones conquistou seu 10° Grammy pelo disco Visions


Outro destaque foi o 10° prêmio conquistado pela cantora Norah Jones, na categoria melhor álbum de pop tradicional, pelo disco Visons. O primeiro Grammy da cantora aconteceu em 2002, quando ele levou para casa cinco prêmios, incluindo os dois principais da noite, álbum do ano (Come Away With Me) e gravação do ano ("Don't Know Why"). Ao todo, Norah tem no currículo 20 indicações ao Grammy.

Na categoria melhor disco de orquestra, o prêmio ficou com o disco do baterista Dan Pugach, pelo álbum Bianca Reimagined: Music for Paws and Persistence. Além da big band comandada por Pugach, o álbum também traz a cantora Nicole Zuraitis, mulher do baterista, em várias das faixas do disco. Nicole levou o Grammy de melhor disco de jazz em 2024.

EXECUÇÃO DE JAZZ

"Twinkle Twinkle Little Me" — Samara Joy & Sullivan Fortner

ÁLBUM VOCAL

A Joyful Holiday — Samara Joy

ÁLBUM INSTRUMENTAL

Remembrance — Chick Corea & Béla Fleck

ÁLBUM DE ORQUESTRA

Bianca Reimagined: Music for Paws and Persistence — Dan Pugach Big Band

ÁLBUM JAZZ LATINO

Cubop Lives! — Zaccai Curtis

ÁLBUM DE JAZZ ALTERNATIVO

No More Water: The Gospel Of James Baldwin — Meshell Ndegeocello

ÁLBUM DE POP TRADICIONAL

Visions — Norah Jones

ÁLBUM INSTRUMENTAL CONTEMPORÂNEO

Plot Armor — Taylor Eigsti

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

DownBeat aponta os melhores álbuns de 2024


A revista DownBeat publica anualmente, em janeiro, um apanhado sobre os CDs mais bem cotados de todas as edições do ano anterior. É uma ótima oportunidade para encontrar grandes discos que, por vários motivos, passaram desapercebidos.

Em 2024, no topo da lista, com a cotação de cinco estrelas, 15 discos conquistaram plenamente os críticos da revista, entre centenas de discos resenhados nas 12 edições do ano passado. Há também outros três discos com cotação máxima, mas que foram resenhados apenas no site da revista, ficando de fora da edição impressa.

São eles: Dan Tepper & Miguel Zenón (Internal Melodies), Mark Turner Quartet (Live At The Village Vanguard), Geri Allen & Kurt Rosenwinkel (A Lovesome Thing), Christie Dashiell (Journey in Black), Miguel Atwood Ferguson (Les Jardins Mystiques, Volume 1), Christian McBride & Edgar Meyer (But Who’s Gonna Play The Melody?), Jamie Baum Septet (What Times Are These), Bria Skonberg (What It Means), Sarah Hanahan (Among Giants), Brian Landrus (Plays Ellington & Strayhorn), Enrico Pieranunzi, Marc Johnson & Joey Baron (Hindsight), Patricia Brennan (Breaking Stretch), Tyshawn Sorey (The Susceptible Now), Milton Suggs (Pure Intention) e Geoffrey Keezer (Live At Birdland).

Entre os mais bem cotados, destaque para a parceria entre a pianista Geri Allen e o guitarrista Kurt Rosenwinkel, gravado ao vivo na França em 2012. Allen morreu em 2017, aos 60 anos de idade. Outro álbum impressionante é do trio liderado pelo baterista Tyshawn Sore, ao lado de Aaron Diehl (piano) e Harish Raghavan (baixo). Os críticos também se renderam ao talento da jovem saxofonista Sarah Hanahan (foto), que lançou seu disco de estreia no ano passado. Também não poderia faltar uma das sensações do ano passado, a cantora e pianista Christie Dashiell, com o seu festejado disco Journey in Black.

Além dos lançamentos, a revista também concedeu cinco estrelas para oito álbuns denominados históricos, ou seja, são discos com gravações inéditas, mas que não foram registradas em 2023. São eles: A Night At The Village Vanguard: The Complete Masters (Sonny Rollins), Copenhagen 1958 (Duke Ellington), For Peace And Liberty: In Paris, Dec. 1972 (Black Artists Group - BAG), Centennial (King Oliver's Creola Jazz Band), The Love Suite: In Mahogany (Roy Hargrove), Complete Maiden Voyage Recordings (Art Pepper), Classic Don Byas Sessions 1944–1946 (Don Byas), Tales—Live In Copenhagen 1964 (Bill Evans)

A edição traz outras dezenas de títulos divididos em duas outras cotações: quatro estrelas e meia e quatro estrelas. Entre eles estão os guitarristas Peter Bernstein (Better Angels) e Julian Lage (Speak To Me), os saxoxonistas Jim Snidero (For All We Know) e Linda Sikhakhane (Iladi), o pianista Emmet Cohen (Vibe Provider) e o trumpetista Davida Weiss (Auteur), todos com quatro estrelas e meia.

Entre os que ficaram com quatro estrelas estão Ethan Iverson (Technically Acceptable), Mary Halvorson (Cloudward), Charles Chen (Charles, Play!), Dave Douglas (Gifts), Melissa Aldana (Echoes Of The Inner Prophet), Chris Potter (Eagle’s Point), Milton Nascimento & Esperanza Spalding (Milton+esperanza), Wayne Shorter (Celebration Volume 1), Matthew Shipp (New Concepts In Piano Trio Jazz), Steve Turre (Sanyas) e Avishai Cohen (Ashes To Gold).

A revista também selecionou outras duas dezenas de discos que passaram exclusivamente pelo site da publicação, mas não foram resenhados na seção Review da edição impressa. Entre eles, estão, com cinco estrelas, Alina Bzhezhinska & Tony Kofi (Altera Vita), Cannonball Adderley (Burnin’ In Bordeaux: Live In France 1969) e Immaniel Wilkins (Blues Blood). Também foram bem recebidos os albuns de Bill Charlapp Trio (And Then Again), Jacky Terrasson (Moving On) e o pianista brasileiro Amaro Freitas (Y’Y), os três com cotação 4 estrelas e meia.

A revista britânica Jazzwise também publicou uma relação com os seus preferidos de 2024. Veja abaixo os escolhidos:

Samara Joy - Portrait
Charles Lloyd - The Sky Will Still Be There Tomorrow
Milton Nascimento and Esperanza Spalding - Milton + esperanza
Mary Halvorson - Cloudward
James Brandon Lewis Quartet- Transfiguration
David Murray Quartet - Francesca
Pat Metheny - Moondial
(ahmed) - Giant Beauty
Wadada Leo Smith/Amina Claudine Myers - Central Park’s Mosaics of Reservoir, Lake, Paths and Gardens
John Surman - Words Unspoken
Empirical - Wonder Is The Beginning
Aaron Parks - Little Big III
Ruth Goller - Skyllumina
Claire Martin - Almost In Your Arms
Alina Bzhezhinska and Tony Kofi - Altera Vita
Immanuel Wilkins - Blues Blood
Melissa Aldana - Echoes of The Inner Prophet
Nubya Garcia - Odyssey
Zara McFarlane - Sweet Whispers: Celebrating Sarah Vaughan
Bill Frisell - Orchestras

A revista online The New York City Jazz Record também publicou sua seleção com os melhores discos de jazz de 2024, de acordo com o editor Laurence Donohue-Green. Veja abaixo os escolhidos:

Goldberg, Todd Sickafoose, and Scott Amendola- Here to There (Secret Hatch)
Borderlands Trio - Rewilder (Intakt)
Darius Jones - Legend of e’Boi (The Hypervigilant Eye) (AUM Fidelity)
JD Allen - The Dark, The Light, The Grey and the Colorful (Savant)
Myra Melford & Allison Miller Lux Quartet — Tomorrowland (Enja-Yellowbird)
Nacka Forum - Peaceful Piano (Moserobie)
Patricia Brennan - Breaking Stretch (Pyroclastic)
Peter Evans — Extra (We Jazz)
Stephan Crump — Slow Water (Papillon Sounds)
Tomeka Reid Quartet — 3+3 (Cuneiform)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Arturo Sandoval é homenageado no Kennedy Center Honors

O veterano trompetista cubano Arturo Sandoval foi um dos homenageados na 47ª edição do Kennedy Center Honors, realizada em dezembro de 2024. Os prêmios Kennedy Center destacam anualmente artistas de diferentes áreas que tiveram uma carreira vitoriosa e influente na sociedade e na cultura dos Estados Unidos. Além de Sandoval, também foram homenageados o diretor Francis Ford Coppola, a cantora Bonnie Raitt e o teatro The Apollo, que fica no bairro do Harlem, na cidade de Nova York.
Aos 75 anos, Arturo recebe a mais importante homenagem em 50 anos de carreira

O ator cubano Andy Garcia foi o responsável em apresentar a história de Sandoval para o público presente na cerimônia, que contou com a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a primeira-dama Jill Biden. Para homenagear a música de Sandoval, foram escalados o trompetista Chris Botti, o trombonista Trombone Shorty, do cantor Cimafunk, do baixista Ruben Rodriguez, do trompetista Randy Brecker e do veterano pianista Chucho Vadez, que fez parte do grupo Irakere, na década de 1970, ao lado de Sandoval e do saxofonista Paquito de Rivera.

Em 1990, Sandoval participou do Kennedy Center Honors durante a homenagem ao lendário trompetista Dizzy Gillespie, que foi o responsável por trazer Sadoval para os Estados Unidos. Em entrevista ao canal de TV CBS, Sandoval lembrou de sua saga para ficar definitavamente nos EUA. Durante 10 anos, o governo cubano permitiu que Sandoval fizesse uma turnê no exterior com Gillespie. Em 1990, eles abriram uma exceção única para que sua esposa e filho o encontrassem em Londres.

“No dia seguinte, fui com Gillespie à embaixada americana, pedindo asilo político. Mas o governo cubano descobriu. Então, Gillespie ligou para a Casa Branca e, poucos meses depois, estava no palco em Washington, D.C. no Kennedy Center Honors, prestando homenagem a Gillespie, o homem que não foi apenas um mentor, mas ajudou a salvar a minha vida", disse Sandoval.