segunda-feira, 4 de abril de 2022
Grammy 2022 - Os vencedores
Os vencedores da 64ª edição dos prêmios Grammy foram revelados no dia 3 de abril, em uma cerimônia na cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos.
O grande vencedor da noite foi o músico Jon Batiste (foto), que levou cinco prêmios (música americana tradicional, performance de música americana tradicional, trilha sonora original, melhor vídeo e disco do ano). O disco vitorioso do músico é We are, que mistura jazz, R&B, o soul e rap.
Em entrevistas para divulgar o álbum, Batiste disse que Duke Ellington, seu maior ídolo, certa vez falou que é preciso descategorizar os gêneros musicais. "Foi isso que decidi fazer”, afirmou o músico.
Além dos quatro prêmios por We Are, o músico conquistou o Grammy pela trilha sonora do filme Soul, que foi composta por Batiste, Trent Reznor e Atticus Ross. A trilha já tinha ganhado o Oscar e o Globo de Ouro algumas semanas antes.
O disco Love For Sale, parceria entre Tony Bennett & Lady Gaga, conquistou apenas um Grammy, na categoria melhor álbum tradicional pop vocal. O pianista Chick Corea ganhou um prêmio pôstumo na categoria improviso solo de jazz, pela faixa Humpty Dumpty (Set 2), do disco Akoustic Band Live (Chick Corea, John Patitucci & Dave Weckl).
Na categoria disco de jazz, o prêmio ficou com Skyline, trio formado pelo baixista Ron Carter, o baterista Jack DeJohnette e o pianista Gonzalo Rubalcaba. A cantora Esperanza Spalding ficou com o prêmio de disco vocal de jazz pelo álbum Songwrights Apothecary Lab. É a terceira vez que ela conquista o prêmio nessa categoria.
O melhor disco de big band ficou com For Jimmy, Wes And Oliver, do baixista Christian McBride. A categoria de jazz fecha com o melhor disco de jazz latino.
A brasileira Eliane Elias ficou com o prêmio pelo disco Mirror Mirror, no qual ela é acompanhada pelos pianistas Chick Corea e Chucho Valdés. Essa foi a quarta indicação da brasileira, que já tinha ganho um Grammy na mesma categoria em 2016 com o disco Made in Brazil.
Destaque também para o prêmio na categoria melhor composição instrumental, vencido pelo pianista Lyle Mays, que morreu em 2020, aos 66 anos. o tema vencedor foi "Eberhard", uma composição de 13 minutos em homenagem ao baixista alemão Eberhard Weber, um dos compositores favoritos do pianista.
domingo, 3 de abril de 2022
Wayne Shorter vira nome de rua em Newark
O saxofonista Wayne Shorter será homenageado no próximo dia 29 de abril por sua cidade natal Newark, que fica no Estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos. O nome do músico vai substituir a atual rua Park Place.
O local também é a casa da rádio WBGO, uma das estações de jazz mais importantes da costa leste dos EUA. Após a inauguração, a Wayne Shorter Way vai se encontrar com a Sarah Vaughan Way. A cantora é outra jazzista nascida na cidade.
Shorter, de 88 anos, mora na costa oeste dos EUA e participará do evento via satélite. Nos últimos anos, sua saúde piorou e o músico deixou de participar de festivais, após 50 anos rodando o mundo. A mulher do músico é a brasileira Carolina, com quem está casado há quase 30 anos.
Wayne Shorter tem um retrospecto de respeito no mundo do jazz. Ele despontou no Jazz Messengers, do baterista Art Blakey, no início dos anos 60, logo depois foi convidado por Miles Davis para fazer parte de seu quinteto, que contava ainda com Herbie Hancock, Ron Carter e Tony Williams, entre 64 e 70.
No início do jazz fusion, Shorter criou, ao lado de Joe Zawinul e Miroslav Vitous, o Weather Report, que mais tarde teria a participação do baixista Jaco Pastorius. Desde então, o saxofonista tem trabalhado em discos solos e participado de outros projetos.
Em 1975, Shorter lançou o disco Native Dancer ao lado do cantor Milton Nascimento. O álbum trazia várias composições de Milton, entre elas, "Ponta de Areia", "Tarde" e "Milagre dos Peixes". Participaram das gravações os brasileiros Wagner Tiso (teclados), Robertinho Silva (bateria) e Airto Moreira (percussão). O disco também conta com o pianista Herbie Hancock, velho conhecido do saxofonista.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o saxofonista disse que o disco "é importante porque mostra como aproximar duas visões da música sem que nenhuma delas seja submissa à outra. Nós não queríamos que Milton imitasse o jazz, e eu não conseguiria imitar o Milton. Conseguimos fazer algo muito complementar".
Durante a entrevista, o cantor falou de uma situação inusitada com o cantor do grupo Earth Wind and Fire, Maurice White. "Quase 10 anos depois do lançamento do disco, eu estava em Los Angeles e um cara na piscina me chamou. Fui ver o que era. Era o Maurice White, que disse que me chamou para me agradecer. Disse que a banda dele nasceu após ele ouvir as sessões de gravação do Native Dancer", lembrou Milton.
Em 2019, Shorter venceu seu último Grammy com o disco Emanon, álbum triplo no qual é acompanhado por Danilo Perez (piano), John Patitucci ( baixo) e Brian Blade (bateria). A Orpheus Chamber Orchestra também participa de algumas faixas. O saxofonista foi indicado 21 vezes e levou para casa 11 prêmios Grammy. O trio também acompanhou Shorter no disco Without a Net (2013). O tema "Orbits" ficou com o Grammy de melhor improvisão solo de jazz.
Antes de seu nome virar rua, o saxofonista recebeu outras três homenagens pelo conjunto da sua obra: NEA Jazz Masters Award (1998), the Grammy Lifetime achievement Award (2015) e o Polar Music Prize (2017).
quarta-feira, 30 de março de 2022
Flip Phillips - Swing Is The Thing
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados. Com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".
Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará neste blog algumas dicas de CDs publicadas no extinto Guia de Jazz.
Ao final de cada resenha você encontrará vídeos do YouTube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui
Muitas vezes a longevidade é considerada um fardo para carregar. Isso acontece quando a pessoa não tem mais alegria de viver ou está doente e o que mais deseja é partir desta para uma melhor. Felizmente, para os fãs de jazz, esse não foi o caso do saxofonista norte-americano Flip Phillips, que morreu aos 85 anos, em 2001.
Um pouco antes de sua morte, Phillips, que foi descoberto por Woody Herman, na década de 40, gravou seu primeiro disco por uma grande gravadora, a Verve. Mais uma vez, o saxofonista deixou claro porque foi convocado por Norman Granz para fazer parte da turnê itinerante Jazz at the Philharmonic, entre 46 e 57. Seu toque continua elegante e preciso.
Além disso, o CD traz participações especiais de outras duas feras do sax tenor, o “jovem” James Carter e o craque Joe Lovano, isto sem falar do baixista Christian McBride, do pianista Benny Green, do guitarrista Howard Alden e do baterista Keith Washington.
O disco abre com o trio Phillips, Lovano e Carter no hard bop “The Mask of Zorro”. Outras duas colaborações dos saxofonistas estão em “Where or When”, com Carter, e “Flip the Wrip”, com Lovano, ambas são de tirar o fôlego do ouvinte. Um verdadeiro encontro de gerações e um desfile de improvisos.
O clima fica mais tranquilo em “In a Mellow Tone”, de Duke Ellington, com destaque para o baixo de McBride, “For All We Know”, na qual a influência de Ben Webster está evidente, e em “This is All I Ask”, duetos entre o sax de Phillips e a guitarra de Alden.
O piano de Green aparece na singela “Susan’s Dream” e a guitarra de Alden brilha na suingada “Exactly Like Us”, composta por Alden e Phillips. Para fechar, a faixa-título dispensa explicações e convida o ouvinte para dançar.
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