quinta-feira, 4 de julho de 2019

Jimmy Smith - Organ Grinder Swing

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui


Jimmy Smith - Organ Grinder Swing (1965)

Uma pesquisa realizada em uma loja de discos inglesa perguntou aos seus consumidores: qual imagem vem à cabeça quando você escute a palavra jazz? As respostas foram as mais variadas possíveis, mas as cinco primeiras foram essas: Miles Davis, saxofone, Louis Armstrong, trompete e Ella Fiztgerald.

O resultado não foi uma surpresa, mas deixou evidente que o saxofone e trompete são instrumentos fortemente associados ao jazz. Os principais responsáveis por isso, é claro, são músicos como Miles Davis, Dizzy Gillespie, Wynton Marsalis, John Coltrane, Charlie Parker e Louis Armstrong.

Quem tem mais intimidade com o jazz sabe que outros instrumentos, como gaita, guitarra, vibrafone, flauta, trombone e, obviamente, a bateria e o piano também são meios de expressar toda a sua beleza. Nos últimos anos, o órgão Hammond é outro instrumento que tem conquistado cada vez mais espaço no jazz. Entre seus principais expoentes estão John Medeski, Joey DeFrancesco, Larry Goldings e Sam Yahel.

Mas esses novatos sabem que a porta para o Hammond B-3 no jazz foi aberta há quase 50 anos, quando organistas como Dr. Lonnie Smith, Jimmy McGriff, Jack McDuff e Jimmy Smith tiraram o “velho” órgão das igrejas batistas e o trouxeram para o jazz.

Entre esses veteranos organistas, nenhum deles é mais cultuado e associado ao instrumento do que Jimmy Smith. Nascido em 1928, James Oscar Smith foi o responsável pela popularização do instrumento e gravou álbuns antológicos nas duas principais gravadoras de jazz do planeta: Blue Note e Verve.

Com cerca de 50 discos no currículo, é difícil indicar apenas um, mas vamos falar sobre um título que muitas vezes é esquecido: Organ Grinder Swing, de 1965, lançado pela Verve. Depois de quase uma década na Blue Note, onde gravou discos como Back At The Chiken Shack, Straight Life e Prayer Meetin, Smith começou a gravar pelo selo de Norman Granz.


Jimmy Smith grava ao lado do guitarrista Kenny Burrell


Organ Grinder Swing traz o organista em uma formação enxuta, acompanhado pelo baterista Grady Tate e o guitarrista Kenny Burrell. Em trio, Smith parece ainda melhor e deixa isso bem claro logo na faixa-título. No clássico “Greensleeves”, com um solo de quase 7 minutos, Smith deixa pouco espaço para as frases de Burrell. Mas o guitarrista “impõe” seu instrumento em “Oh No, Babe” e mostra ao lado de Smith com quantas notas se faz um blues de doer o coração.

A formação de trio tem seu ponto alto no fabuloso tema “Satin Doll”, composto por Duke Ellington. É neste momento que guitarra, bateria e órgão se completam e você até esquece que não está ouvindo instrumentos de sopro ou o piano. O único problema do disco é sua duração, apenas 35 minutos. Mas é claro que isso não será um empecilho para você ir correndo comprar o seu exemplar, não é??!!!.






segunda-feira, 1 de julho de 2019

2019: Críticos da DownBeat escolhem os melhores do ano

A mais esperada premiação do mundo do jazz tem finalmente seus vencedores divulgados. Como acontece todos os anos, a octogenária revista norte-americana Downbeat, em sua edição de agosto, publica a lista com os premiados no Annual DownBeat International Critics Poll, ou seja, a votação feita pelos críticos. A votação feita pelos leitores é publicada sempre na edição de dezembro.

Em 2019, em sua 67° edição, o prêmio mais cobiçado, o de artista do ano, ficou com a cantora Cécile McLorin Salvant (na capa da edição de agosto ao lado), que também ficou com o prêmio de melhor cantora de jazz.

Em 2018, Cécile também venceu em duas categorias: melhor cantora e melhor álbum (Dreams And Daggers). A cantora também faturou este ano o Grammy de melhor disco de jazz pelo álbum The Window.

Outro destaque é a gravadora alemã, ECM, que em 2019 completou 50 anos de vida. O idealizador do selo, Manfred Eicher, levou o prêmio de produtor do ano, pelo segundo ano consecutivo, e a ECM como gravadora do ano.

O disco do ano ficou para Wayne Shorter, com o álbum Emanon. Neste ano, o disco também faturou o Grammy na mesma categoria.

Na categoria melhor disco histórico, o disco perdido de John Coltrane chamado Both Directions At Once: The Lost Album foi o grande vencedor.

Anualmente, também são premiados nomes que fizeram a história do jazz. Os vencedores deste ano são o baixista Scott LaFaro, que tocou no trio do pianista Bill Evans na década de 1960, a cantora Nina Simone e o cantor Joe Williams, que marcou época como vocalista da orquestra de Count Basie.

A premiação também destaca as revelações no universo do jazz, que é chamado de Risng Star. Assim como nos prêmios principais, há vencedores em diversas categorias.

Entre os destaques deste ano está o pianista Sullivan Fortner, que venceu como artista e como pianista. Fortener é mais conhecido por sua parceria com a cantora Cécile McLorin Salvant no disco The Window.

No fim da matéria estão vídeos com temas dos discos vencedores de John Coltrane, Wayne Shorter e Van Morrison com Joey DeFrancesco, além de uma canção do último disco de cantora Cécile McLorin Salvant.

VEJA ABAIXO OS VENCEDORES

Hall of Fame

Scott LaFaro
Nina Simone
Joe Williams

Artista
Cécile McLorin Salvant

Álbum
Wayne Shorter, Emanon (Blue Note)

Álbum histórico
John Coltrane, Both Directions At Once: The Lost Album (Impulse!)

Grupo
Fred Hersch Trio

Orquestra
Maria Schneider Orchestra

Trompete
Ambrose Akinmusire

Trombone
Steve Turre

Sax soprano
Jane Ira Bloom

Sax alto
Miguel Zenón

Sax tenor
Joe Lovano

Sax baritono
Gary Smulyan

Clarinete
Anat Cohen

Flauta
Nicole Mitchell

Piano
Kenny Barron

Teclado
Robert Glasper

Orgão
Joey DeFrancesco

Guitarra
Mary Halvorson

Baixo
Christian McBride

Baixo Elétrico
Steve Swallow

Violino
Regina Carter

Bateria
Brian Blade

Percussão
Hamid Drake

Vibrafone
Stefon Harris

Outros instrumentos
Tomeka Reid (cello)

Cantora
Cécile McLorin Salvant

Cantor
Kurt Elling

Compositor
Maria Schneider

Arranjador
Maria Schneider

Gravadora
ECM

Produtor
Manfred Eicher

Blues
Buddy Guy

Álbum de blues
Buddy Guy, The Blues Is Alive And Well (RCA)

Artista que não toca jazz
Rhiannon Giddens

Álbum além do jazz
Van Morrison & Joey DeFrancesco, You’re Driving Me Crazy (Legacy)







quarta-feira, 26 de junho de 2019

NEA Jazz Masters

Anualmente, a entidade National Endowment for the Arts (NEA) premia pessoas que de alguma maneira contribuíram para o desenvolvimento do jazz.

Desde 1982, cerca de 100 personalidades, entre músicos, compositores, arranjadores, jornalistas, radialistas e escritores, receberam a honraria batizada de NEA Jazz Masters.

Nomes como Count Basie, Sonny Rollins, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Sarah Vaughan, Chick Corea, Ella Fitzgerald, Pat Metheny e Dan Morgenstern já foram premiados pela NEA.

Em 2019, os vencedores foram o cantor Bob Dorough, a arranjadora Maria Schneider, o pianista Abdullah Ibrahim e crítico Stanley Crouch. Saiba mais sobre a premiação na página oficial do NEA Jazz Masters.

No início de maio, foram divulgados os nomes dos novos membros deste seleto grupo em 2020. São eles: o cantor Bobby McFerrin, o saxofonista Roscoe Mitchell, o baixista Reggie Workman e a radialista Dorthaan Kirk. A festa de premiação acontecerá no dia 2 de abril, em São Francisco (EUA).

Com quase quatro décadas de carreira, McFerrin é um dos mais talentos vocalista de toda a história. Ele apareceu no meio da década de 1980 e estourou com a música "Don't Worry, Be Happy". Desde então, construiu uma carreira impecável dentro do jazz e da música erudita. O saxofonista Roscoe Mitchell, de 78 anos, é um dos fundadores do emblemático grupo Art Ensemble of Chicago e um dos pilares do movimento avant-garde.

Outro veterano é o baixista Reggie Workman, de 82 anos. No currículo, passagens pelos grupos do baterista Roy Haynes e do pianista Red Garland, além de ter tocado no quarteto do saxofonista John Coltrane. A radialista Dorthaan Kirk, única premiada que não é músico, é conhecida como "Fisrt Lady of Jazz". Ela trabalhou por décadas na rádio WBGO, de Nova Jersey (especializada em jazz), e, até hoje, está envolvida em projetos relacionados ao jazz. Dorthaan é viúva do saxofonista Rahsaan Roland Kirk,  


OS PREMIADOS EM 2020



VEJA ABAIXO TODOS OS VENCEDORES DO NEA JAZZ MASTERS


1982: Roy Eldridge, Dizzy Gillespie e Sun Ra
1983: Count Basie, Kenny Clarke e Sonny Rollins

1984: Ornette Coleman, Miles Davis e Max Roach
1985: Gil Evans, Ella Fitzgerald e Jonathan Jones

1986: Benny Carter, Dexter Gordon e Teddy Wilson
1987: Cleo Patra Brown, Melba Liston e Jay McShann

1988: Art Blakey, Lionel Hampton e Billy Taylor
1989: Barry Harris, Hank Jones e Sarah Vaughan

1990: George Russell, Cecil Taylor e Gerald Wilson<
1991: Danny Barker, Buck Clayton, Andy Kirk e Clark Terry

1994: Louie Bellson, Ahmad Jamal e Carmen McRae
1995: Ray Brown, Roy Haynes e Horace Silver

1996: Tommy Flanagan, Benny Golson e J.J. Johnson
1997: Billy Higgins, Milt Jackson e Anita O'Day

1998: Ron Carter, James Moody e Wayne Shorter
1999: Dave Brubeck, Art Farmer e Joe Henderson

2000: David Baker, Donald Byrd e Marian McPartland
2001: John Lewis, Jackie McLean e Randy Weston

2002: Frank Foster, Percy Heath e McCoy Tyner
2003: Jimmy Heath, Elvin Jones e Abbey Lincoln

2004: Jim Hall, Chico Hamilton, Herbie Hancock, Luther Henderson, Nat Hentoff e Nancy Wilson
2005: Kenny Burrell, Paquito D'Rivera, Slide Hampton, Shirley Horn, Artie Shaw, Jimmy Smith e George Wein

2006: Ray Barretto, Tony Bennett, Bob Brookmeyer, Chick Corea, Buddy DeFranco, Freddie Hubbard e John Levy
2007: Toshiko Akiyoshi, Curtis Fuller, Ramsey Lewis, Dan Morgenstern, Jimmy Scott, Frank Wess e Phil Woods

2008: Candido Camero, Andrew Hill, Quincy Jones, Tom McIntosh, Gunther Schuller, Joe Wilder
2009: George Benson, Jimmy Cobb, Lee Konitz, Toots Thielemans, Rudy Van Gelder e Snooky Young

2010: Muhal Richard Abrams, George Avakian, Kenny Barron, Bill Holman, Bobby Hutcherson, Yusef Lateef, Annie Ross e Cedar Walton
2011: Hubert Laws, David Liebman, Johnny Mandel, Orrin Keepnews e Marsalis Family (Ellis Marsalis, Jr., Branford Marsalis, Wynton Marsalis, Delfeayo Marsalis e Jason Marsalis

2012: Jack DeJohnette, Von Freeman, Charlie Haden, Sheila Jordan e Jimmy Owens
2013: Mose Allison, Lou Donaldson, Lorraine Gordon e Eddie Palmieri

2014: Jamey Aebersold, Anthony Braxton, Richard Davis e Keith Jarrett
2015: Carla Bley, George Coleman, Charles Lloyd e Joe Segal

2016: Gary Burton, Wendy Oxenhorn, Pharoah Sanders e Archie Shepp
2017: Dee Dee Bridgewater, Ira Gitler, Dave Holland, Dick Hyman e Lonnie Smith

2018: Pat Metheny, Dianne Reeves, Joanne Brackeen e Todd Barkan
2019: Bob Dorough, Abdullah Ibrahim, Maria Schneider e Stanley Crouch

2020: Bobby McFerrin, Roscoe Mitchell, Reggie Workman e Dorthaan Kirk
2021: Terri Lyne Carrington, Albert “Tootie” Heath, Henry Threadgill e Phil Schaap

2022: Stanley Clarke, Billy Hart, Cassandra Wilson e Donald Harrison, Jr
2023: Regina Carter, Kenny Garrett, Louis Hayes e Sue Mingus

2024: Gary Bartz, Terence Blanchard, Amina Claudine Myers e Willard Jenkins
2025: