Aqui, no lar criado por Alfred Lion e Francis Wolff, em 1939, passaram quase todos os gigantes do jazz, entre eles, John Coltrane, Dexter Gordon, Bud Powell, Joe Henderson, Wayne Shorter, Herbie Hancock, Art Blakey, Horace Silver e Clifford Brown.
Para comemorar o aniversário dessa octogenária, um novo documentário sobre a gravadora foi produzido pela diretora suíça Sophie Huber. Beyond The Notes conta de forma leva o desenvolvimento do selo comandado por décadas por Lion e Wolff.
Durante entrevistas para lançar o documentário, Sophie destacou a forma caseira e amadora como os dois imigrantes de origem alemã judeu administravam a gravadora.
"De certa forma, o que fez a Blue Note ser diferente é que Alfred Lion e Francis Wolff eram, acima de tudo, fãs de jazz que não tinham ideia de como o negócio da música funcionava. Então, basicamente, eles só gravavam músicas que queriam ouvir. Eles tinham tanto respeito e amor pelos músicos que os deixavam fazer o que quisessem. Foi essa abordagem que fez a gravadora lançar discos realmente revolucionários”.
Parte do documentário registra a gravação do disco Our Point Of View, o primeiro do Blue Note All-Stars, em 2017. O supergrupo é formado por estralas atuais da gravadora. São eles: Ambrose Akinmusire (trompete), Robert Glasper (teclados), Derrick Hodge (baixo), Lionel Loueke (guitarra), Kendrick Scott (bateria) e Marcus Strickland (sax).
Além dos músicos citados, o disco ainda traz a participação especial dos veteranos Wayner Shorter (sax) e Herbie Hancock (piano).
Os dois tocam na faixa "Masquelero", música composta por Shorter em 1967. O encontro desses dois gigantes do jazz com a "meninada" é registrado com muita destreza pela diretora.
No mesmo ambiente, após alguns takes, Hancock e Shorter falam sobre suas experiências na gravadora Blue Note e a presença de Alfred Lion e Francis Wolff durante as gravações nas décadas de 1950 e 1960.
Outra boa sacada do documentário são as entrevistas com os produtores Terrace Martin e Ali Shaheed Muhammed, do grupo A Tribe Called Quest. Ambos falam de como os samplers da gravadora Blue Note usados na cena hip hop ajudaram a mantê-la relevante ainda hoje.
Outro documentário que vale a pena ser procurado é It Must Schwing! The Blue Note Story, uma produção alemã dirigida por Eric Friedler, em parceria com o cineasta Wim Wenders.
O título é uma brincadeira com o sotaque alemão de Alfred Lion. Durante o documentário, os músicos brincam com a pronuncia de Lion ao falar a palavra swing, que acabava saindo Schwing.
Além de depoimentos de músicos como Herbie Hancock, Wayne Shorter, Sheila Jordan, Lou Donaldson e Benny Golson, o documentário reproduz, por meio de animações, as sessões de gravações da Blue Note, com destaque para a presença constante de Lion e de Wolf, que aproveitava o momento para tirar fotos dos músicos.
Abaixo você encontra os trailers dos dois documentários e um vídeo com o registro do grupo Blue Note All-Stars tocando a música "Cycling Through Reality". O último vídeo traz um pequeno documentário sobre a gravadora, produzido em 2014, com entrevistas com o pianista Jason Moran e os produtores Don Was (atual presidente da Blue Note) e Michael Cuscuna.
Andrew Hill - Black Fire (1964)
Art Blakey & The Jazz Messengers - Free For All (1964)
Bobby Huttecherson - Oblique (1979)
Cannonball Adderley - Somethin' Else (1958)
Dexter Gordon - Go (1962)
Donald Byrd - A New Perspective (1964)
Eric Dolphy - Out to Lunch (1964)
Freddie Hubbard - Open Sesame (1960)
Grant Green - Grantstand (1962)
Herbie Hancock - Speak Like a Child (1968)
Horace Silver - Song For My Father (1965)
J.J. Johnson - Volume 1 (1953)
Joe henderson - Inner Urge (1966)
John Coltrane - Blue Train (1958)
Larry Young - Unity (1966)
Lee Morgan - Search For The New Land (1966)
McCoy Tyner - The Real McCoy (1967)
Norah Jones - Come Away With Me (2002)
US3 - Hand On The Touch (1993)
Wayne Shorter - Adam's Apple (1963)