Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".
Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.
Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui
Jimmy Cobb - The Original Mob (2014)
Parece que foi ontem, mas seis décadas se passaram desde que o jovem baterista Jimmy Cobb começou sua jornada dentro do jazz. Antes de tocar no quinteto de Miles Davis, no fim dos anos 60, Cobb já tinha tocado com Dinah Washington, Billie Holiday, Dizzy Gillespie, entre outros. Mas é claro que a parceria com Miles e depois com o pianista Wynton Kelly são as fases mais festejadas de sua carreira.
Toda a experiência de Cobb continua a serviço do jazz. Prova disso é o disco The Original Mob, de 2014, com o baterista empunhando suas baquetas aos 85 anos. Ao seu lado, dois velhos conhecidos, o guitarrista Peter Bernstein e o baixista John Webber.
Ambos tinham gravado com o baterista os discos Only for The Pure at Heart, de 1998, e Cobb’s Groove, de 2003. O pianista Brad Mehldau completa o quarteto, que gravou o disco ao vivo no clube nova-iorquino Smoke.
Apesar de ter sido gravado ao vivo, o álbum não tem plateia, ou seja, apenas o quarteto tocando na casa vazia . Segundo o próprio Cobb, a gravação lembrou as sessões que ele fez na década de 1950 na casa de Rudy Van Gelder, famoso engenheiro de som da gravadora Blue Note, que usava a sala de estar de sua casa como estúdio de gravação.
O disco abre com a clássica “Old Devil Moon”, na qual a guitarra de Bernstein e o piano de Mehldau brilham absolutos. O mesmo acontece com o tema “Amsterdam After Dark”. Cobb começa sua aula de bateria no tema “Sunday In New York”.
Mas o disco pega fogo mesmo em “Stranger In Paradise”, com Cobb batendo forte em sua bateria. Em “Unrequited”, composta por Mehldau, a guitarra de Bernstein não participa e, assim, Cobb e Webber viram coadjuvante para as sempre inspiradas frases de Mehldau.
O quarteto volta mas comedido na deliciosa “Composition 101”, na balada “Remembering U”, ambas compostas pelo baterista, e na versão do standard “Nobody Else But Me”, de Jerome Kern e Oscar Hammerstein II.
Além do disco de Cobb, o clube Smoke tem lançado desde o início de 2014 vários discos gravados na casa. Entre eles estão álbuns do pianista Eric Reed, do saxofonista Vincent Herring, do baterista Louis Hayes e do pianista Cyrus Chestnut.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
E lá se vai 2017
E lá se vai mais um ano. E que ano difícil foi esse. O jazz perdeu figuras importantes em 2017. Como não sentir a falta do cantor Al Jarreau, que faleceu em fevereiro, aos 76 anos?
Outro mestre da voz que morreu foi Jon Hendricks, que na década de 1950 fez parte do trio Lambert, Hendricks & Ross. Hendricks faleceu aos 96 anos, em novembro.
Outra perda foi o guitarrista John Abercrombie, em agosto, aos 72 anos, Abercrombie foi um dos mais inventivos músicos do século XX. Sua trajetória mostra o quanto ele pregava a liberdade artística e a ousadia na hora de compor e de mostrar sua arte.
Mas a grande surpresa foi a morte prematura da pianista Geri Allen (foto ao lado), aos 60 anos, vítima de câncer, em junho.
Pianista, compositora e educadora, Geri era uma artista discreta, é verdade, mas muito respeitada entre jazzistas, críticos e na área acadêmica. Um dos últimos discos da pianista foi ao lado do saxofonista David Murray e da batersta Terri Lyne Carrington.
Outras duas perdas também deixaram os fãs de jazz surpresos. O cantor Kevin Mahogany e o guitarrista Chuck Loeb. Mohagany morreu aos 59 anos, em dezembro. Na década de 1990, Mahogany lançou ótimos álbuns pela gravadora Warner, entre eles Another Time, Another Place e My Romance.
Loeb morreu aos 61 anos, em agosto, de câncer. Por três décadas, o músico gravou vários discos solos e participações em álbuns de Stan Getz e Step Ahead.
Atualmente, além da carreira solo, ele era integrante do grupo Fourplay. Ele entrou no lugar do guitarrista Larry Carlton.
2017 também foi o ano em que comemoramos o centenário de três ícones do jazz: Thelonious Monk, Dizzy Gillespie e Ella Fitzgerald.
Um dos presentes mais festejado pelos fãs de Ella foi o lançamento do disco Ella At Zardi's, gravado ao vivo em 2 de fevereiro de 1956.
Essa preciosidade ficou guardada por mais de 60 anos, e traz Ella acompanhada do trio formado pelo pianista Don Abney, o baixista Vernon Alley e o baterista Frank Capp.
No repertório estão clássicos como "In A Mellow Tone", "My Heart Belongs To Daddy", "S'Wonderful", "I've Got a Crush On You" e "A Fine Romance". É imperdível poder ouvir esse registro histórico.
Quem também ganhou um lançamento do mesmo porte foi Monk, com o CD duplo Thelonious Monk: Les Liaisons Dangereuses 1960. A gravação perdida, feita em 1959, é a trilha sonora do filme dirigido por Roger Vadim.
E foi em 2017 que também foi comemorado o centenário do jazz. Segundo os historiadores, a primeira gravação de jazz aconteceu em 26 de fevereiro de 1917. O responsável foi o Original Dixieland Jazz Band, grupo formado por músicos brancos de Chicago.
Em 2018, vamos comemorar outros quatro centenários. O produtor Norman Granz (foto ao lado com Ella) foi um dos principais responsáveis por alavancar a carreira de Ella Fitzgerald.
Criador da gravadora Verve, Granz foi o criador do projeto Jazz at the Philharmonic, uma caravana que contava com grandes nomes do jazz.
O cantor Joe Williams, que fez história nas orquestra de Count Basie Orchestra e Lionel Hampton; o pianista Hank Jones, que tocou na década de 1940 com Ella; e por último o pianista Bebo Valdés, que foi um dos mais influentes músicos cubanos do século XX, e pai do também pianista Chucho Valdés.
Para terminar, em 2017, foi comemorado os 90 anos do nascimento de Tom Jobim, talvez o músico mais importante de toda história da música popular Brasileira. Entre os projetos dedicados ao maestro, estão o disco Paulo Jobim e Mario Adnet – Jobim, Orquestra e Convidados, da Biscoito Fino, e o disco Sinatra & Jobim @ 50, do guitarrista John Pizzarelli, que comemora os 50 anos do encontro histórico entre Tom Jobim e Frank Sinatra.
Outro mestre da voz que morreu foi Jon Hendricks, que na década de 1950 fez parte do trio Lambert, Hendricks & Ross. Hendricks faleceu aos 96 anos, em novembro.
Outra perda foi o guitarrista John Abercrombie, em agosto, aos 72 anos, Abercrombie foi um dos mais inventivos músicos do século XX. Sua trajetória mostra o quanto ele pregava a liberdade artística e a ousadia na hora de compor e de mostrar sua arte.
Mas a grande surpresa foi a morte prematura da pianista Geri Allen (foto ao lado), aos 60 anos, vítima de câncer, em junho.
Pianista, compositora e educadora, Geri era uma artista discreta, é verdade, mas muito respeitada entre jazzistas, críticos e na área acadêmica. Um dos últimos discos da pianista foi ao lado do saxofonista David Murray e da batersta Terri Lyne Carrington.
Outras duas perdas também deixaram os fãs de jazz surpresos. O cantor Kevin Mahogany e o guitarrista Chuck Loeb. Mohagany morreu aos 59 anos, em dezembro. Na década de 1990, Mahogany lançou ótimos álbuns pela gravadora Warner, entre eles Another Time, Another Place e My Romance.
Loeb morreu aos 61 anos, em agosto, de câncer. Por três décadas, o músico gravou vários discos solos e participações em álbuns de Stan Getz e Step Ahead.
Atualmente, além da carreira solo, ele era integrante do grupo Fourplay. Ele entrou no lugar do guitarrista Larry Carlton.
2017 também foi o ano em que comemoramos o centenário de três ícones do jazz: Thelonious Monk, Dizzy Gillespie e Ella Fitzgerald.
Um dos presentes mais festejado pelos fãs de Ella foi o lançamento do disco Ella At Zardi's, gravado ao vivo em 2 de fevereiro de 1956.
Essa preciosidade ficou guardada por mais de 60 anos, e traz Ella acompanhada do trio formado pelo pianista Don Abney, o baixista Vernon Alley e o baterista Frank Capp.
No repertório estão clássicos como "In A Mellow Tone", "My Heart Belongs To Daddy", "S'Wonderful", "I've Got a Crush On You" e "A Fine Romance". É imperdível poder ouvir esse registro histórico.
Quem também ganhou um lançamento do mesmo porte foi Monk, com o CD duplo Thelonious Monk: Les Liaisons Dangereuses 1960. A gravação perdida, feita em 1959, é a trilha sonora do filme dirigido por Roger Vadim.
E foi em 2017 que também foi comemorado o centenário do jazz. Segundo os historiadores, a primeira gravação de jazz aconteceu em 26 de fevereiro de 1917. O responsável foi o Original Dixieland Jazz Band, grupo formado por músicos brancos de Chicago.
Em 2018, vamos comemorar outros quatro centenários. O produtor Norman Granz (foto ao lado com Ella) foi um dos principais responsáveis por alavancar a carreira de Ella Fitzgerald.
Criador da gravadora Verve, Granz foi o criador do projeto Jazz at the Philharmonic, uma caravana que contava com grandes nomes do jazz.
O cantor Joe Williams, que fez história nas orquestra de Count Basie Orchestra e Lionel Hampton; o pianista Hank Jones, que tocou na década de 1940 com Ella; e por último o pianista Bebo Valdés, que foi um dos mais influentes músicos cubanos do século XX, e pai do também pianista Chucho Valdés.
Para terminar, em 2017, foi comemorado os 90 anos do nascimento de Tom Jobim, talvez o músico mais importante de toda história da música popular Brasileira. Entre os projetos dedicados ao maestro, estão o disco Paulo Jobim e Mario Adnet – Jobim, Orquestra e Convidados, da Biscoito Fino, e o disco Sinatra & Jobim @ 50, do guitarrista John Pizzarelli, que comemora os 50 anos do encontro histórico entre Tom Jobim e Frank Sinatra.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Nina Simone entra no Rock and Roll Hall of Fame
A cantora Nina Simone foi indicada para o Rock and Roll Hall of Fame. Além dela, Dire Straits, Moody Blues, The Cars e Bon Jovi também farão parte deste seleto grupo no dia 14 de abril de 2018, quando acontecerá a tradicional cerimônia do Rock and Roll Hall of Fame, em Cleveland, Ohio, nos Estados Unidos.
Pianista, cantora e compositora, Nina Simone foi também uma ativista dos direitos civis dos negros e das mulheres. A cantora morreu aos 70 anos, em 2003, de câncer.
Apesar de ser uma das vozes lendárias do jazz e dos blues e da sua importância na música do século XX, a artista nascida em 1933, em Tyron, na Carolina do Norte, com o nome Eunice Waymon, nunca tinha sido indicada ao Rock and Roll of Fame. Seu nome artístico foi uma homenagem à atriz francesa Simone Signoret.
Entre os grandes temas imortalizados na sua voz estão "Mississipi Goddam", "Feeling Good", "I Put a Spell On You", "Ain’t Got No, I Got Life", "Ne Me Quitte Pas", "My Baby Just Cares For Me" e "Don't Let Me Be Misunderstood".
Para conhecer mais sobre a trajetória da cantora, assista ao documentário What Happened, Miss Simone?, de 2015, dirigido por Liz Garbus. Outra opção é o filme 'Nina, de 2016, estrelado por Zoe Saldana. Na época do lançamento do filme, Zoe foi criticada por ter sido escolhida para viver Nina Simone nas telas por ter a pele clara demais. Abaixo você encontra os trailers.
Veja abaixo, na íntegra, o DVD Live At Ronnie Scott Club, gravado no lendário clube de jazz londrino, em 1984.
Pianista, cantora e compositora, Nina Simone foi também uma ativista dos direitos civis dos negros e das mulheres. A cantora morreu aos 70 anos, em 2003, de câncer.
Apesar de ser uma das vozes lendárias do jazz e dos blues e da sua importância na música do século XX, a artista nascida em 1933, em Tyron, na Carolina do Norte, com o nome Eunice Waymon, nunca tinha sido indicada ao Rock and Roll of Fame. Seu nome artístico foi uma homenagem à atriz francesa Simone Signoret.
Entre os grandes temas imortalizados na sua voz estão "Mississipi Goddam", "Feeling Good", "I Put a Spell On You", "Ain’t Got No, I Got Life", "Ne Me Quitte Pas", "My Baby Just Cares For Me" e "Don't Let Me Be Misunderstood".
Para conhecer mais sobre a trajetória da cantora, assista ao documentário What Happened, Miss Simone?, de 2015, dirigido por Liz Garbus. Outra opção é o filme 'Nina, de 2016, estrelado por Zoe Saldana. Na época do lançamento do filme, Zoe foi criticada por ter sido escolhida para viver Nina Simone nas telas por ter a pele clara demais. Abaixo você encontra os trailers.
Veja abaixo, na íntegra, o DVD Live At Ronnie Scott Club, gravado no lendário clube de jazz londrino, em 1984.
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