terça-feira, 4 de março de 2025

Kurt Rosenwinkel - Live at the Village Vanguard


Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui.

Kurt Rosenwinkel - The Remedy - Live at the Village Vanguard (2008)


A liberdade é a principal ferramenta do jazz. No jargão musical, isso quer dizer improvisar, ou seja, deixar a música fluir, sem fronteiras. Nas últimas duas décadas, uma infinidades de novos músicos tem provado que não há limites para o jazz e para a inquietação natural presente na maioria dos jazzistas. É neste universo que vive o guitarrista norte-americano Kurt Rosenwinkel.

O talento do músico é comparado a guitarristas como Pat Metheny, John Scofield e Bill Frisell. Mas Rosenwinkel já declarou que seu toque é como se fosse a união entre Allan Holdsworth e Grant Green, dois guitarristas de épocas e toques distintos.

A inquietação do guitarrista está totalmente explícita no disco duplo ao vivo The Remedy: Live at the Village Vanguard, gravado ao vivo na tradicional casa de jazz de Nova Iorque, em 2006. Ao seu lado estão Mark Turner (sax), Aaron Goldberg (piano), Joe Martin (baixo) e Eric Harland (bateria). A apresentação no mitológico Village marca a maturidade artística do guitarrista, autor de sete das oito músicas apresentadas aqui.

A média de duração de cada música é de 13 minutos. Com isso, cada músico tem seu momento solo na maioria das músicas, com destaque para o sax de Turner, a guitarra de Rosenwinkel e o piano de Goldberg. Logo de saída, o ouvinte é nocauteado com “Chords”, de 16 minutos, na qual o guitarrista sola de forma enérgica e eloquente, seguido depois pelo solo de sax e no sequência o piano.

O ouvinte é brindado em seguida com “The Remedy”, um tema mais introspectivo, mas não menos hipnotizante e criativo. Em “Flute”, o piano de Goldberg é o destaque. A catarse acontece em “A Life Unfolds”, com quase 18 minutos de duração. Assim como no primeiro disco, o CD 2 também começa em ritmo acelerado com “View From Moscow” e depois com a delicada “Terra Nova”.

Kurt Rosenwinkel tem mais uma dezena de CDs para ser degustado. Em todos eles, o ouvinte encontrará um músico ciente de seu papel dentro do jazz atual e um guitarrista maduro o suficiente para continuar sua obra nas próximas três décadas.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Borandá lança série documental Harmonias Paulistas


A Borandá Produções lançou no início de fevereiro a série documental Harmonias Paulistas, com seis episódios, apresentando alguns dos mais importantes instrumentistas do estado de São Paulo como protagonistas, revelando histórias guardadas, alguns momentos-chave que, embora desconhecidos do público, foram absolutamente transformadores, determinantes ou muito marcantes em suas carreiras.


Sob a condução do jornalista e crítico musical Carlos Calado, e com direção artística de Gisella Gonçalves, idealizadora do projeto, cada episódio tem duração entre 16 e 20 minutos, sempre com artistas que são referência em seus respectivos instrumentos: Paulo Bellinati (violão), Roberta Valente (pandeiro), Adriana Holtz (violoncelo), Alexandre Ribeiro (clarinete), Heloísa Fernandes (piano) e Toninho Ferragutti (acordeom).

A série retrata a versatilidade da música paulista da atualidade, através destes músicos que transitam por diversos gêneros, do choro tradicional à música erudita, passando pelo jazz, o forró e a música caipira de raiz. Em uma homenagem especial ao nosso eterno "maestro soberano", cada episódio se encerra com uma performance exclusiva em estúdio, onde o protagonista do episódio interpreta uma obra de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994).

"A proposta da série é ser algo mais do que uma série documental de entrevistas. A atuação do jornalista e crítico musical Carlos Calado é fundamental, sempre no sentido de levar os protagonistas a falarem de si, da música que fazem e de suas carreiras de uma maneira, a um só tempo, espontânea e profunda, sentida. Em entrevistas prévias às gravações, o jornalista identificou histórias peculiares na vida de cada um deles e apontou locais relevantes em suas trajetórias de vida para as gravações. Assim, a Sala do Conservatório foi o cenário das gravações de Paulo Bellinati e Heloísa Fernandes, já que ambos estudaram, em épocas distintas, no hoje extinto Conservatório Dramático e Musical de São Paulo", destacou o comunicado da Borandá.

O primeiro episódio, com o violonista Paulo Bellinati, você pode conferir na íntegra logo abaixo. O próximo será com a panderista Roberta Valente, que entrará no site oficial da Borandá no dia 20 de fevereiro, às 20h. E os outros quatro episódios restantes vão ao ar sempre as quartas.



domingo, 2 de fevereiro de 2025

Chick Corea, Norah Jones e Samara Joy vencem Grammy 2025


A Academia do Grammy anunciou no dia 2 de fevereiro os vencedores da 67ª edição dos prêmios Grammy. Ao todo, foram premiados artistas em 94 categorias dos mais diversos gêneros musicais, entre eles, rock, pop, blues, clássico, folk, R&B, rap, country, new age, gospel e jazz. A categoria de jazz é dividida em seis sub-categorias: improviso, álbum, álbum vocal, orquestra, latino e alternativo. São cinco indicados em cada categoria. Os artistas de jazz também aparecem com frequência em outras categorias, entre elas, composição instrumental e arranjo.

Na "principal" categoria, de melhor disco de jazz, o Grammy ficou com o dueto entre o saudoso pianista Chick Corea e o banjoísta Bela Fleck (foto), com o álbum Remembrance. O disco é o ultimo registro do Corea, que faleceu em 2021, de câncer, aos 79 anos. A dupla já tinha levado um Grarmmy na categoria melhor disco de jazz latino, em 2007, pelo álbum The Enchantment.

Entre os cantores, o melhor disco de jazz vocal ficou com Samara Joy, pelo álbum A Joyful Holiday. Ela também ficou com o prêmio na categoria melhor execução de jazz, pela faixa "Twinkle Twinkle Little Me". Com os dois Grammys deste ano, a cantora soma agora cinco prêmios. Em 2023, ela ganhou nas categorias melhor disco de jazz vocal e artista revelação.

Na categoria melhor disco de jazz latino, o prêmio ficou com o pianista Zaccai Curtis, pelo álbum Cubop Lives!. No material promocional do disco, Curtis mencionou sua admiração pelo trompetista Dizzy Gillespie e percussionista cubano Chano Pozo, que foram um dos primeiros músicos a misturar os ritmos afro-cubanos e afro-americanos, lá na década de 1950.

Já o Brasil não foi premiado neste ano. O cantor Milton Nascimento concorria pela parceria com a baixista e cantora Esperanza Spalding na categoria melhor disco de jazz vocal. Quem tambem não levou foi a pianista Eliane Elias e o bandolista Hamilton de Holanda. Ambos concorriam na categoria melhor disco de jazz latino. O último brasileiro a ganhar o Grammy foi a pianista Eliane Elias, com o disco Mirror Mirror, em 2022, na categoria melhor disco de jazz latino.
Norah Jones conquistou seu 10° Grammy pelo disco Visions


Outro destaque foi o 10° prêmio conquistado pela cantora Norah Jones, na categoria melhor álbum de pop tradicional, pelo disco Visons. O primeiro Grammy da cantora aconteceu em 2002, quando ele levou para casa cinco prêmios, incluindo os dois principais da noite, álbum do ano (Come Away With Me) e gravação do ano ("Don't Know Why"). Ao todo, Norah tem no currículo 20 indicações ao Grammy.

Na categoria melhor disco de orquestra, o prêmio ficou com o disco do baterista Dan Pugach, pelo álbum Bianca Reimagined: Music for Paws and Persistence. Além da big band comandada por Pugach, o álbum também traz a cantora Nicole Zuraitis, mulher do baterista, em várias das faixas do disco. Nicole levou o Grammy de melhor disco de jazz em 2024.

EXECUÇÃO DE JAZZ

"Twinkle Twinkle Little Me" — Samara Joy & Sullivan Fortner

ÁLBUM VOCAL

A Joyful Holiday — Samara Joy

ÁLBUM INSTRUMENTAL

Remembrance — Chick Corea & Béla Fleck

ÁLBUM DE ORQUESTRA

Bianca Reimagined: Music for Paws and Persistence — Dan Pugach Big Band

ÁLBUM JAZZ LATINO

Cubop Lives! — Zaccai Curtis

ÁLBUM DE JAZZ ALTERNATIVO

No More Water: The Gospel Of James Baldwin — Meshell Ndegeocello

ÁLBUM DE POP TRADICIONAL

Visions — Norah Jones

ÁLBUM INSTRUMENTAL CONTEMPORÂNEO

Plot Armor — Taylor Eigsti