sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Obrigado, Burt


O compositor, pianista e arranjador Burt Bacharah morreu aos 94 anos, no dia 9 de fevereiro. A longevidade do músico o ajudou a perpetuar sua obra e encantar diferentes gerações.

Sua música atemporal ficará mais marcada, é claro, em pessoas que viveram intensamente as décadas de 1960 e 1970, época em que sucessos como "Raindrops Keep Fallin on My Head", "I Say a Little Prayer", "The Look of Love", "Walk on By", "Alfie", "What the World Needs Now is Love" e "(They Long to Be) Close to You" invadiram as paradas de sucesso em várias partes do mundo.

A parceria com o letrista Hal David, que morreu em 2012, aos 91 anos, rendeu três estatuetas no Oscar: melhor trilha sonora e música original, em 1982 (Arthur, o Milionário Sedutor); e trilha sonora em 1970 (Butch Cassidy And The Sundance Kid).

Além disso, foram 21 indicações ao Grammy, e seis prêmios conquistados, entre eles, melhor trilha sonora, pelo filme Butch Cassidy And The Sundance Kid, e música do ano, com "That's What Friends Are For", interpretada por Dione Warwick, Stevie Wonder, Gladys Knight e Elton John, em 1987.

Nos últimos anos, Bacharah fez uma parceria com o cantor inglês Elvis Cotello, com quem gravou o disco Painted from Memory, em 1998. Recentemente, foi lançada a caixa The Songs of Bacharach & Costello, com 4 CDs, incluindo a versão remasterizada do álbum Painted, gravações ao vivo e músicas inéditas compostas pela dupla.
Burt ao lado da cantora Dionne Warwick


Na seara do jazz, há inúmeras gravações e tributos. Abaixo você pode ouvir na íntegra uma compilação de regravações de jazzistas da Blue Note no disco Blue Note Plays Burt Bacharach. Confira também a cantora sueca Rigmor Gustafsson, acompanhada do pianista Jacky Terrasson, interpretando canções gravada pela cantora Dionne Warwick.

Dionne retorna ao Brasil em maio de 2023 para quatro apresentações: 19 de maio, no Teatro Guaíra, em Curitiba (PR); dia 20 de maio, no Teatro Municipal, no Rio de Janeiro (RJ); dia 23 de maio, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF); e dia 25 de maio, no Espaço Unimed, em São Paulo (SP).

Outros registros que você pode ouvir na íntegra são os shows de Burt Bacharah ao lado de Dionne, gravado no Rainbow Room, em Nova York, em 1996.e a apresentação gravada na Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, em 2012, com a presença de Bacharah e dos músicos Stevie Wonder, Diana Krall, Sheryl Crow, Lyle Lovett, Arturo Sandoval e Michael Feinstein.

Por fim, escute a íntegra do EP de seis músicas, Blue Umbrella, lançado por Bacharach em parceria com o cantor, produtor e compositor Daniel Tashian, último registro lançado por Burt, em 2021, e a trilha do musical da Broadway Some Lovers, composta com o compositor e premiado músico Steven Sater.





























segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Terri Lyne Carrington e Samara Joy vencem Grammy


A Academia do Grammy anunciou no dia 5 de fevereiro de 2023 os vencedores da 65ª edição dos prêmios Grammy. Ao todo, são 91 categorias dos mais diversos gêneros musicais, entre eles, rock, pop, blues, clássico, folk, R&B, rap, country, new age, gospel e jazz.

A categoria de jazz é dividida em cinco sub-categorias: improviso, álbum, álbum vocal, orquestra e latino. São cinco indicados em cada uma dessas categorias. Os artistas de jazz também aparecem com frequência em outras caterorias, entre elas, composição instrumental e arranjo.

O prêmio na categoria melhor disco de jazz ficou com a baterista Terri Lyne Carrington (foto), pelo álbum New Standards Vol. 1. Ela superou o baterista Peter Erskine, o saxofonista Wayne Shorter, o grupo Yellowjackets e o quarto formado Joshua Redman (sax), Brad Mehldau (piano), Christian McBride (baixo) e Brian Blade (bateria).

O álbum de Carrington, que conquistou seu quarto Grammy, é recheado de grandes nomes do jazz, entre eles, os trompetistas Ambrose Akinmusire e Nicholas Payton, o saxofonista Ravi Coltrane, a cantoras Samara Joy, Dianne Reeves e Somi, os guitarristas Julian Lage e Matthew Stevens, o pianista Kris Davis e a baixista Linda May Han Oh.

Em abril de 2022, na 64ª edição do Grammy, o prêmio de melhor disco de jazz foi para Skyline, do trio formado pelo baixista Ron Carter, o baterista Jack DeJohnette e o pianista Gonzalo Rubalcaba.

Na categoria melhor disco de jazz latino, a cantora brasileira Flora Purim foi superada pelo pianista Arturo O'Farrill, que levou pelo álbum Fandango At The Wall In New York. Também concorriam Danilo Pérez, Arturo Sandoval e Miguel Zénon.

Na edição do ano passado, o prêmio de melhor disco de jazz latino ficou com a pianista brasileira Eliane Elias, pelo disco Mirror Mirror, no qual é acompanhada pelos pianistas Chick Corea e Chucho Valdés.

Entre os álbuns vocais, a vencedora foi a jovem cantora Samara Joy, com o disco Linger Awhile. Samara ficou à frente de Carmen Lundy, Cécile McLorin Salvant, além do grupo vocal The Manhattan Transfer e da dupla The Baylor Project. No ano passado, quem ficou com o prêmio foi a cantora Esperanza Spalding, com o disco Songwrights Apothecary.

Samara levou ainda o Grammy de Artista Revelação, superando nomes populares como Måneskin, Wet Leg, Tobe Nwigwe, Molly Tuttle e a cantora brasileira Anitta. Durante a cerimônia, fãs brasileiros da cantora Anitta entraram no Twitter oficial da cantora norte-americana e escreveram frases ofensivas contra ela.
Aos 23 anos, a cantora Samara Joy leva dois Grammy, incluíndo artista revelação do ano


Em 2021, Esperanza Spalding venceu na categoria artista revelação e tambéem foi ostilizada por fãs do cantor canadense Justin Beiber, que na época estava estourado com a música "Baby" e era o preferido da audiência. Mas os membros da academia pensaram de maneira diferente e ajudaram a impusionar a carreira de Esperanza, que hoje tem cinco prêmios Grammy espalhados em sua casa.

Na categoria melhor solo de jazz, o prêmio ficou com o veterano saxofonista Wayne Shorter, com o tema "Endangered Species". A faix conta ainda com o pianista Leo Genovese, a cantora Esperanza Spalding e a baterista Terri Lyne Carrington. Também estavam no páreo a saxofonista Melissa Aldana, o pianista John Beasley, o saxfonista Gerald Albright, o trompestista Ambrose Akinmusire e o baterista Marcus Baylor.

O jazz também foi premiado na categoria filme musical, com o documentário Jazz Fest: A New Orleans Story, que conta a história dos 50 anos do festival nascido na cidade conhecida como o berço do jazz.

O melhor disco de orquestra ficou com o projeto capitaneado pelo pianista Steven Feifke e o trompetista Bijon Watson, pelo álbum Generation Gap Jazz Orchestra. A dupla venceu nomes de peso como John Beasley, Ron Carter e Steve Gadd.

Destaque também para o grupo Ranky Tanky, que ficou com o prêmio de melhor disco regional raiz, com o álbum Live At The 2022 New Orleans Jazz & Heritage Festival. O grupo se destaca pela repertório baseado em canções da região da Carolina do Sul, nos EUA, originadas da Gullah Geechee, uma comunidade de descendentes de escravos. A banda tem entre seus membros o trompetista Charleton Singleton e a cantora Quiana Parler.


IMPROVISAÇÃO DE SOLISTA

"Endangered Species"
Wayne Shorter & Leo Genovese






DISCO DE JAZZ VOCAL

Linger Awhile
Samara Joy



DISCO DE JAZZ

New Standards Vol. 1
Terri Lyne Carrington, Kris Davis, Linda May Han Oh, Nicholas Payton & Matthew Stevens





DISCO DE ORQUESTRA

Generation Gap Jazz Orchestra
Steven Feifke, Bijon Watson, Generation Gap Jazz Orchestra




DISCO DE JAZZ LATINO

Fandango At The Wall In New York
Arturo O'Farrill & The Afro Latin Jazz Orchestra Featuring The Congra Patria Son Jarocho Collective




DISCO REGIONAL RAÍZ

Live At The 2022 New Orleans Jazz & Heritage Festival
Ranky Tanky

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

DownBeat aponta os melhores álbuns de 2022


A revista DownBeat publica anualmente, em janeiro, um apanhado sobre os CDs mais bem cotados de todas as edições do ano anterior.

É uma ótima oportunidade para encontrar grandes discos que, por vários motivos, passaram desapercebidos.

No topo da lista, com a cotação de cinco estrelas, apenas oito discos conquistaram plenamente os críticos da revista, entre centenas de discos resenhados nas 12 edições de 2022.


São eles: Tomaz Dabrowski (The Individual Beings), Camille Bertault & David Helbock (Playground), Nate Wooley & Columbia Icefield (Ancient Songs of Burlap Heroes), Marshall Gilkes (Cyclic Journey), Mary Halvorson (Amaryllis/Balladonna), Melissa Stylianou (Dream Dancing), Frank Kimbrough (2003-2006), e Jim McNeeley & Chris Potter (Rituals).

A revista também deu cinco estrelas para o disco Mingus Presents Mingus, de 1961, do baixista Charles Mingus ao lado do trio formado por bass Eric Dolphy (clarinete), Ted Curson (trompete) e Dannie Richmond (baterista). Também estão na lista na categoria histórico, ou seja, é recém-lançamento, mas não é "novo", Otis Spann (Otis Spann Is the Blues), Max Roach (We Insist! Max Roach's Freedom Now Suite), Little Feat (Waiting For Columbus Super Deluxe Edition) e Hassan Ibn Ali (Retrospect In Retirement of Daley: The Solo Recordings).

A edição traz outras dezenas de títulos divididos em duas cotações: quatro estrelas e meia e quatro estrelas. O Brasil aparece apenas com a cantora Flora Purim, com o disco If You Will. O álbum concorre ao prêmio de melhor disco de jazz latino no Grammy. Outro destaque é o disco do pianista nova-iorquino Cliff Korman (Brasilified), acompanhado de Augusto Mattoso (baixo) e Rafael Barata (bateria). No repertório, composições de Tom Jobim (Triste), Milton Nascimento (Viola Violar), Paulo Moura (Guadaloupe) e Cartola (As Rosas não Falam).

A relação também destaca, entre outros, discos de Carol Sloane, John Scofield, Diego Rivera, Samara Joy, Keith Jarrett, T.S. Monk, John McLaughlin, Enrico Rava, Charnett Moffett, Bill Charlap, Esperanza Spalding e Davis Specter.

Entre os oito músicos que receberam nota máxima, está o trompetista polonês Tomasz Dabrowski, considerado um pupilo do inesquecível trompetista polonês Tomasz Stanko. Além de homenagear o mestre, o Dabrowski comanda o sexteto com o trompete que foi de Stanko.

O trombonista Marshall Gilkes traz o belo Cyclic Journey acompanhado, entre outros, por Aaron Parks (piano), Linda May Han Oh (bass) e Johnathan Blake (drums).
Outro destaque é o disco de voz e piano do duo europeu Camille Bertault & David Helbock. A cantora francesa tem um jeito muito próprio de cantar, e ao lado do pianista austríaco tudo fica ainda mais contemporâneo e surpreendente. No repertório, a tema "Frevo", de Egberto Gismonti, e uma homenagem a Hermeto Pascoal.
Marshall Gilkes coloca o trombone no centro de sua jornada cíclica


Ainda na seara vocal, a cantora canadense Melissa Stylianou convidou o duo Gene Bertoncini (violão) e Ike Sturm (baixo) para acompanhá-la no álbum Dream Dancing, que tem uma atmosfera intimista e delicada. No repertório, temas de Tom Jobim, como "Inútil Paisagem" e "Corcovado", e a clássica "Perdido".

Por fim, o pianista Frank Kimbrough, que morreu em 2020, aos 64 anos. O disco aclamado pela Downbeat é uma fusão de dois álbuns previamente lançados pelo músico. No formato de trio, Kimbrough mostra seu talento de improvisação que tanto encantou seus alunos na prestigiada escola de música Juliard School, de Nova York.

Por fim, fica aqui um pequena provocação. Como entender os critérios para apontar que este ou aquele disco é brilhante ou não? A dúvida acontece ao percebemos que nenhum dos oito discos que receberam cinco estrelas da revista Downbeat foi indicado para o Grammy, que divulgou a lista completa dos indicados em dezembro de 2022. Será que foi por falta de espaço, já que o Grammy aponta apenas cinco indicados em cada categoria?