Jerry Bergonzi jazz Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".
Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.
Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui
Jerry Bergonzi - Tenorist (2007)
Um bom começo para falar do trabalho do saxofonista norte-americano Jerry Bergonzi é citar uma resposta dada pelo saudoso Michael Brecker. Perguntado sobre como se sentia sendo o rei dos saxofonistas tenores, Brecker não hesitou e soltou a seguinte resposta:
“Eu não sei. Você tem que perguntar isto a Jerry Bergonzi”. Diante de um fato desses, você deve estar pensando que o tal Bergonzi deve saber, pelo menos, tirar algumas notas do sax.
Mais do que isto, o saxofonista tenor radicado em Boston, além de ser um músico excepcional, escolheu priorizar sua carreira de professor a conquistar uma legião de fãs. Apesar da escolha, nos últimos anos, Bergonzi tem conseguido chamar a atenção de um público maior.
No disco Tenorist, seu segundo trabalho pela gravadora Savant, o saxofonista tem ao seu lado um convidado mais que especial, o guitarrista John Abercrombie, além do baixista Dave Santoro e do baterista Adam Nussbaum.
A eloquência do sax de Bergonzi pode ser ouvida em temas como “Table Steaks”, “Simultaneous Looks” e “Czarology”, esta com uma pitada de música latina. Para quem ainda não se convenceu do que o músico é capaz, basta prestar atenção nos arranjos criados pelo saxofonista para as baladas “Mesha”, de Kenny Dorham e “Pannonica”, de Thelonious Monk, com destaque para a guitarra de Abercrombie.
O guitarrista norte-americano também divide as atenções do ouvinte em “Creature Feature”. Outro destaque é “With Reference”, na qual Bergonzi utiliza o overdubbed, duplicando assim o som de seu sax e remetendo os iniciados no jazz à inesquecível parceria entre os saxofonistas Lee Konitz e Warne Marsh, nos anos 50.
Para terminar, mais uma saborosa história com Michael Brecker. Perguntado se o saxofonista praticava diariamente o seu sax, Brecker
soltou a seguinte frase: “Enquanto Jerry Bergonzi estiver por aí, nenhum saxofonista tenor pode deixar de treinar”. Alguém quer mais
algum bom motivo para conhecer a música do senhor Bergonzi?
A National Endowment for the Arts (NEA) divulgou os nomes dos escolhidos para a 40ª edição do NEA Jazz Masters. São eles: Stanley Clarke (baixo), Billy Hart (bateria), Donald Harrison, Jr (saxofone). e Cassandra Wilson (cantora). A cerimônia acontecerá em 31 de março de 2022, no SFJAZZ, em São Francisco (EUA).
Desde 1982, cerca de 100 personalidades, entre músicos, compositores, arranjadores, jornalistas, radialistas e escritores, receberam a honraria batizada de NEA Jazz Masters. Nomes como Count Basie, Sonny Rollins, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Sarah Vaughan, Chick Corea, Ella Fitzgerald, Pat Metheny e Dan Morgenstern já foram premiados pela NEA.
O mais veterano ao entrar para esse seleto grupo em 2022 é o baterista Billy Hart, de 80 anos. O músico tem no currículo centenas de gravações em discos de outros jazzistas, além de ser membro do super grupo the Cookers. Outro gigante é o baixista Stanley Clarke, de 70 anos. Em cinco décadas de carreira, Clarke se tornou uma referência no instrumento e tem discos fundamentais com Return to Forever, um dos mais importantes grupos de fusion jazz da história.
Os "novatos" da turma são a cantora Cassandra Wilson, de 65 anos, e o saxofonista Donald Harrison, Jr, de 61 anos. Nas últimas três décadas, Cassandra trouxe sua personalidade musical ao jazz e conquistou centenas de admiradores. A mistura de ritmos e sua interpretação única são características que fazem a cantora ser diferentes de todas as outras. Já Harrison, nascido no berço do jazz (Nova Orleans), desenvolve um trabalho educacional para divulgar e ensinar as raízes da jazz, além de tocar sua carreira, que começou lá no fim da década de 1980 ao lado do trompetista Terence Blanchard.
Em 2021, os vencedores foram a baterista Terri Lyne Carrington, o percussionista Albert “Tootie” Heath, o flautista e saxofonista Henry Threagill e o historiador e radialista Phil Schaap. Na página oficial da entidade, você encontra mais detalhes sobre os indicados deste ano e entrevistas com cada um deles.
O ciclo de debates Música para Ler, exibido pelo YouTube oficial do Sesc, em julho de 2021, conversou com autores que se arriscaram a escrever sobre a história de formação de alguns dos gêneros musicais criados ou assimilados pelos compositores, produtores e músicos brasileiros, dando ênfase à escrita de textos da rica bibliografia musical brasileira.
Os autores escolhidos foram Ruy Castro, Carlos Calado, Luiz Tatit, Carlos Rennó e Lira Neto.
A cada encontro, o bate-papo descontraído comandado pelos jornalistas Patrícia Palumbo, Roberta Martinelli e Júlio Maria trouxe curiosidades e a discussão sobre o ofício do autor em escrever sobre um assunto tão rico em informações e ainda tão pouco explorado pelo mercado editorial brasileiro.
Veja a seguir um pequeno histórico sobre os entrevistados e os entrevistadores, e no final do texto você pode ver na íntegra todos os vídeos dos encontros promovidos pelo Centro de Música Sesc.
Ruy Castro é jornalista, escritor, tradutor e biógrafo. Já participou das redações de Pasquim, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Veja São Paulo, IstoÉ, Playboy, Status e Manchete, principalmente nas colunas de cultura. Escreveu obras como ¿Chega de Saudade – A História e as Histórias da Bossa Nova’, de 1990, no qual narra as aventuras e desventuras das figuras que marcaram este movimento musical e ¿Carmen: uma biografia’, que enfoca a vida e a carreira da grande cantora e atriz luso-brasileira, livro vencedor do prêmio Jabuti, em 2006.
Carlos Calado é jornalista, editor e crítico musical, escreve sobre festivais, shows e discos. Desde meados dos anos 1980 acompanha profissionalmente a produção fonográfica brasileira e eventos musicais em diversos países. Autor dos livros “Tropicália: a História de Uma Revolução Musical”, “A Divina Comédia dos Mutantes”, “O Jazz como Espetáculo” e “Jazz ao Vivo”, entre outros. Colabora eventualmente para os jornais Folha de S. Paulo e Valor.
Luiz Tatit é músico e professor Titular do Departamento de Linguística da F.F.L.C.H. da U.S.P. e autor dos livros Semiótica da Canção: Melodia e Letra (Escuta, 1994), O Cancionista: Composição de Canções no Brasil (Edusp, 1996), Musicando a Semiótica: Ensaios (AnnaBlume 1997), Análise Semiótica Através das Letras (Ateliê, 2001), O Século da Canção (Ateliê, 2004), Elos de Melodia e Letra (Ateliê, 2008), este em colaboração com Ivã Carlos Lopes, Semiótica à Luz de Guimarães Rosa (Ateliê, 2010), Todos Entoam: Ensaios, Conversas e Lembranças (Ateliê, 2014), Estimar Canções: Estimativas Íntimas na Formação do Sentido (Ateliê, 2016) e Passos da Semiótica Tensiva (Ateliê, 2019)
Carlos Rennó é letrista de música. Seus primeiros parceiros mais importantes foram Tetê Espíndola e Arrigo Barnabé, na fase da vanguarda paulistana, no início dos anos 80. Na voz de Tetê, a sua “Escrito Nas Estrelas”, composta com Arnaldo Black, venceu o Festival dos Festivais, da Rede Globo, em 1985. Desde o fim da década de 90, seu parceiro mais regular tem sido Lenine, com quem criou “Todas Elas Juntas Num Só Ser”, prêmio da Música Brasileira de “Canção do Ano” em 2005. CR também tem músicas com Pedro Luís, Lokua Kanza, Chico César, Paulinho Moska, Zé Miguel Wisnik, João Bosco, Gilberto Gil, Rita Lee, Tom Zé e Moraes Moreira, entre diversos outros compositores. CR também é organizador do livro “Gilberto Gil – Todas as Letras” (1996; 2003) e autor de “Cole Porter – Canções, Versões” (1991) entre outros.
Lira Neto é escritor e jornalista, recebeu o Prêmio Jabuti de Literatura em quatro ocasiões (2007, 2010, 2013 e 2014) e uma vez o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA (2014). Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Doutorando em História pela Universidade Nova de Lisboa. É autor dos três volumes de `Getúlio`, e `Uma História do Samba: As Origens`.
Patrícia Palumbo foi três vezes premiada por seu trabalho em rádio pela APCA, apresenta desde 1998 o programa Vozes do Brasil no ar em 11 emissoras do país. Apresenta o Instrumental Sesc Brasil há 20 anos. Faz curadoria e consultoria musical para a TV Cultura, a Casa Brasileira e o Itaú Cultural. E agora comanda seu podcast Peixe Voador. Lançou três livros de entrevistas, Vozes do Brasil vol.1 e 2, pela DBA. E o volume 3 foi lançado em 2019 pela Edições Sesc com 33 artistas da música brasileira. Adora as ligações entre a música e a filosofia, o barco no mar e o zen budismo, o hai cai e os mutantes, Mia Couto e Hermínio Bello de Carvalho. Patricia conversa com Carlos Calado e Luiz Tatit.
Julio Maria é repórter e crítico de música do jornal O Estado de S. Paulo há 15 anos. Foi repórter da área musical e editor do Caderno de Variedades do Jornal da Tarde por dez anos, colaborou como colunista e comentarista da Rádio Eldorado, editou o Caderno 2 Mais Música entre 2010 e 2013. É autor do livro Nada será como antes, biografia de Elis Regina que venceu, em 2015, o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), e, em 2021, lançou Ney Matogrosso, a Biografia, pela Companhia das Letras,
Roberta Martinelli é apresentadora, criadora e curadora do programa Cultura Livre, na TV Cultura. É também apresentadora do programa Prelúdio, único concurso de música clássica na TV Cultura ao lado do Maestro Júlio Medaglia.