A dobradinha sax e trompete já rendeu grandes encontros na história do jazz. Como não lembrar de Stan Getz e Chet Baker, de Lee Morgan e Joe Henderson, de Terence Blanchard e Donald Harrison, de Michael Brecker e Randy Brecker, de Charlie Parker e Dizzy Gillespie, de Miles Davis e John Coltrane, de Miles e Wayne Shorter?
A conversa clara e improvisada entre esses dois instrumentos dá liga e traz ao ouvinte uma experiência marcante e, muitas vezes, libertadora. Não é à toa que sax e trompete são lembrados por grande parte do público como os “sons do jazz”.
Pois bem, agora, temos um novo disco com a configuração sax e trompete, desta vez estrelado por Joe Lovano e Dave Douglas, que repetem a parceria com o álbum Other Worlds, sob o nome de Sound Prints. O quinteto conta ainda com Joey Baron (bateria), Linda May Han Oh (baixo) e Lawrence Fields (piano). Na foto acima estão Lovano, Baron, Oh, Fields e Douglas.
Assim como no primeiro disco (Scandal), a influência de Wayne Shorter é palpável. A formação do Sound Prints oferece ao ouvinte mais experiente a lembrança do quinteto de Miles Davis, com Shorter no sax, e os discos da carreira solo de Wayne, também da década de 1960, com Freddie Hubbard no trompete.
O quinteto reunido: Lovano, Baron, Oh, Fields e Douglas
O tema “The Flight", com quase 9 minutos de duração, é uma boa amostra da força do quinteto. O duelo dos metais de Lovano e Douglas está em temperatura máxima. Para ouvintes menos tarimbados, pode parecer um pouco confuso, é verdade, mas como acontece em uma boa “briga” de improviso, no fim todas as pontas se encontram e o som flui sem que você precise compreender exatamente o que acabou de ouvir.
E assim o disco caminha com outros temas encorpados como “Life on Earth”, “ Pythagoras”, “Space Exploration” e “ Antiquity to Outer Space”, todos temas com mais de 7 minutos de duração.
Destaque também para as belas e intimistas “The Transcendentalists”, com Douglas usando a surdina e soando explicitamente com Miles Davis, e “Sky Miles”, com espaço generoso para os solos de Fields e Oh.
Em tempo de incertezas e negacionismo, é sempre bom ouvir o jazz secular nos dedos de grandes músicos como Lovano e Douglas. Eles nos mostram que improvisar faz parte da essência do jazz, mas que em outras searas, é melhor ouvir o que a ciência tem a nos dizer, pois não devemos arriscar como o jazzista faz com autoridade.
Anualmente, a Jazz Journalists Association (Associação de Jornalistas de Jazz) faz uma votação para premiar os músicos que mais se destacaram no ano. Os vencedores da 25° edição foram anunciados no dia 6 de maio.
Entre os prêmios mais cobiçados estão o de Conjunto da Obra, que sempre destaca um músico com mais de 50 anos de carreira, Músico do ano e Disco do Ano.
A arranjadora, pianista e compositora Maria Schneider foi a grande vencedora, com quatro prêmios: melhor arranjadora, compositora, disco do ano (Data Lords) e orquestra. É a quarta vez que Maria fica com o prêmio de melhor disco de jazz, desde o nascimento do JJA Awards, em 1997.
Mas quem ficou com o prêmio de músico do ano foi a baterista Terri Lyne Carrington, que também levou o de melhor baterista. Foi o segundo ano consecutivo que a baterista vence na categoria músico do ano.
Carrington, que em 2021 recebeu o prêmio NEA Jazz Master, superou Maria Schneider, o saxofonista Charles Lloyd e o baixista William Parker, que também concorriam como músico do ano.
O percussionista Cyro Baptista, radicado nos Estados Unidos há três décadas, foi o único brasileiro indicado, na categoria melhor Percussionista. Mas quem levou foi o cubano Pedrito Martinez.
O prêmio pelo conjunto da obra ficou com o baixista Ron Carter, que completou 84 anos no dia 4 de maio. Ele superou os saxofonistas Roscoe Mitchell, Charles Lloyd e Pharoah Sanders. Em 2020, o vitorioso nesta categoria foi a pianista Carla Bley, que completou 85 anos em 2021.
Entre as vozes, mais uma vez, sem novidade. Kurt Elling e Cécile McLorin Salvant voltaram a vencer, respectivamnte, como melhor cantor e cantora. Na categoria grupo vocal, o prêmio ficou com o trio Duchess, composto por Amy Cervini, Hilary Gardner e Melissa Stylianou.
Na categoria disco histórico, o álbum do pianista Thelonious Monk, ao vivo em Palo Alto, em 1968. A gravação foi feita em uma escola de Palo Atto, nos Estados Unidos, e ficou guardada por 52 anos. Larry Gales (baixo), Charlie Rouse (sax) e Ben Riley (bateria) acompanham Monk. Nesta mesma categoria, também estavam os discos do saxofonista Paul Desmond, da cantora Ella Fitzgerald, do baterista Art Blakey, do baixista Charles Mingus e do saxofonista Sonny Rollins.
Gravação de 1968 ficou guardada por cinco decadas
Diferentemente de outras premiações, além dos músicos, também são premiados jornalistas e publicações relacionadas ao mundo do jazz. Entre os prêmios estão melhor revista, melhor blogue e o melhor livro. Você pode conhecer todos os vencedores no no site oficial.
Outro destaque são os Jazz Heroes, que premia pessoas que contribuiram para a divulgação do jazz. Neste ano, 22 pessoas de várias cidades dos Estados Unidos foram premiados. Conheça todos eles na página oficial.
Conheça os 24 vencedores na categoria melhor disco em todas as edições do JJA Jazz Awards clicando aqui.
Ouça, no final da matéria, algumas músicas dos discos que concorreram nas categorias disco do ano e disco histórico.
Conjunto da obra
Ron Carter
Músico
Terri Lyne Carrington
Revelação
Emmet Cohen
Compositor
Maria Schneider
Arranjador
Maria Schneider
Disco
Data Lords
Maria Schneider Orchestra (ArtistShare)
Anualmente, a Jazz Journalists Association (Associação de Jornalistas de Jazz) faz uma votação para premiar os músicos que mais se destacaram no ano. Os indicados para a 25° edição foram anunciados no mês de maio, e os vencedores serão conhecidos em junho.
Entre os prêmios mais cobiçados estão o de Conjunto da Obra, que sempre destaca um músico com mais de 50 anos de carreira, Músico do ano e disco do ano.
Os concorrentes na categoria músico do ano são a baterista Terri Lyne Carrington, que em 2021 recebeu o prêmio NEA Jazz Master, a arranjadora Maria Schneider, o saxofonista Charles Lloyd e o baixista William Parker.
Schneider e Lloyd também estão indicados na categoria disco. Além deles, também concorrem o trompetista Ambrose Akinmusire, o saxofonista Rudresh Mahanthappa e o veterano guitarrista John Scofield.
O percussionista Cyro Baptista, radicado nos Estados Unidos há três décadas, é o único brasileiro entre os indicados, na categoria melhor Percussionista.
Os veteranos que concorrem ao prêmio de Conjunto da Obra são os baixista Roscoe Mitchell, os saxofonistas Charles Lloyd e Pharoah Sanders e o baixista Ron Carter. Na última edição do prêmio, o vitorioso nesta categoria foi a pianista Carla Bley, que completou 85 anos em 2021.
Steve Swallow, John Scofield e Bill Stewart formam o trio do disco Swallow Tales
Diferentemente de outras premiações, além dos músicos, também são premiados jornalistas e publicações relacionadas ao mundo do jazz. Entre os prêmios estão melhor revista, melhor blogue e o melhor livro. Você pode conhecer todos os vencedores no no site oficial.
Outro destaque são os Jazz Heroes, que premia pessoas que contribuiram para a divulgação do jazz. Neste ano, 22 pessoas de várias cidades dos Estados Unidos foram premiados. Conheça todos eles na página oficial.
Conheça os 24 vencedores na categoria melhor disco em todas as edições do JJA Jazz Awards awards clicando aqui.
Ouça, no final da matéria, algumas músicas dos discos quem concorrem nas categorias disco e disco histórico.
Conjunto da obra
Roscoe Mitchell
Charles Lloyd
Pharoah Sanders
Ron Carter
Músico
Terri Lyne Carrington
Maria Schneider
Charles Lloyd
William Parker
Revelação
Emmet Cohen
Nubya Garcia
Immanuel Wilkins
Lakecia Benjamin
Compositor
Carla Bley
Ingrid Laubrock
Rob Mazurek
Ambrose Akinmusire
Maria Schneider
Arranjador
John Beasley
Maria Schneider
Jacob Garchik
Disco
Data Lords
Maria Schneider Orchestra (ArtistShare)
On the Tender Spot of Every Calloused Moment
Ambrose Akinmusire (Blue Note Records)
8: Kindred Spirits (Live From the Lobero)
Charles Lloyd (Blue Note Records)
Swallow Tales
John Scofield (ECM Records)
Disco histórico
Palo Alto
Thelonious Monk (Impulse! Records)
Rollins in Holland
Sonny Rollins (Resonance Records)
Just Coolin’
Art Blakey and the Jazz Messengers (Blue Note Records)
@ Bremen 1964 & 1975
Charles Mingus- (Sunnyside Records)
The Complete 1975 Toronto Recordings
Paul Desmond (Mosaic Records)
The Lost Berlin Tapes
Ella Fitzgerald (Verve Records)
Gravadora
Blue Note Records
Mack Avenue Records
Resonance Records
Pi Recordings
ECM Records
Sunnyside Records
Cantor
Kurt Elling
Dwight Trible
Theo Bleckmann
Gregory Porter
Cantora
Veronica Swift
Jazzmeia Horn
Cécile McLorin Salvant
Sara Serpa
Thana Alexa
Grupo vocal
The Royal Bopsters
Duchess
säje
Manhattan Transfer
New York Voices
Orquestra
Sun Ra Arkestra
Maria Schneider Orchestra
Rob Mazurek’s Exploding Star Orchestra
John Beasley MONK’estra
Orrin Evans and the Captain Black Big Band
Jazz at Lincoln Center Orchestra with Wynton Marsalis
Pequeno grupo
Artemis
Charles Lloyd & The Marvels
Mary Halvorson’s Code Girl
Shabaka and the Ancestors
Thumbscrew
Carla Bley Trio
Dueto
Angelica Sanchez & Marilyn Crispell
Brandee Younger & Dezron Douglas
Ingrid Laubrock & Tom Rainey
Bill Frisell & Thomas Morgan
Michael Musillami & Peter Madsen
Trompetista
Christian Scott aTundé Adjuah
Ambrose Akinmusire
Ron Miles
Jeremy Pelt
Trombonista
Michael Dease
Ryan Keberle
Wycliffe Gordon
Marshall Gilkes
Metais
Theon Cross
Bob Stewart
Howard Johnson
Steven Bernstein
Saxofonista alto
Rudresh Mahanthappa
Immanuel Wilkins
Lakecia Benjamin
Miguel Zenón
Gary Bartz
Tim Berne
Saxofonista tenor
Charles Lloyd
JD Allen
Joe Lovano
Joshua Redman
Saxofonista barítono
Brian Landrus
Lauren Sevian
Scott Robinson
Claire Daly
Gary Smulyan
Saxofonista soprano
Jane Ira Bloom
Branford Marsalis
Sam Newsome
Clarinetista
Evan Christopher
Anat Cohen
Ken Peplowski
Ben Goldberg
Instrumentos de sopro
Anna Webber
Ted Nash
Scott Robinson
Flautista
Jamie Baum
Charles Lloyd
Nicole Mitchell
Guitarrista
Bill Frisell
Mary Halvorson
Pat Metheny
Peter Bernstein
Jeff Parker
Baixista
Christian McBride
Linda May Han Oh
Dave Holland
William Parker
Eric Revis
Baixo elétrico
Steve Swallow
Derrick Hodge
John Patitucci
Thundercat
Trevor Dunn
Luke Stewart
Cordas
Brandee Younger
Tomeka Reid
Regina Carter
Mark Feldman
Pianista
Kris Davis
Brad Mehldau
Carla Bley
Matthew Shipp
Tecladista
Craig Taborn
Joey DeFrancesco
Chick Corea
Gary Versace
Dr. Lonnie Smith
Percussionista
Cyro Baptista
Zakir Hussain
Pedrito Martinez
Adam Rudolph
Roman Diáz
Vibrafonista
Joe Locke
Patricia Brennan
Warren Wolf
Joel Ross
Chris Dingman
Baterista
Brian Blade
Johnathan Blake
Eric Harland
Terri Lyne Carrington
Tyshawn Sorey
Outros instrumentos
Grégoire Maret (gaita)
Brandee Younger (harpa)
Susan Alcorn (pedal steel guitarra)
Som eletrônico
Ikue Mori
Rob Mazurek
Georgia Anne Muldrow
Kassa Overall
Jim Baker
Val Jeanty