Em 2020, o mundo do jazz reverencia o pianista norte-americano Dave Brubeck por seu centenário. Ele nasceu em 6 de dezembro de 1920 e morreu em 5 de dezembro de 2012. A primeira imagem que vem a nossa cabeça ao ouvir o nome do pianista é a música "Take Five" e o disco Time Out (1959).
A força da composição do saxofonista Paul Desmond, membro do quarteto de Brubeck entre as décadas de 1950 e 1970, e a ruptura musical proporcionado por Time Out são um legado histórico, não apenas para o jazz, mas para a produção musical no século XX.
Na contra-capa original de Time Out, o texto escrito por Steve Race tenta "explicar" o que o ouvinte vai encontrar ao colocar em sua vitrola o disco de Bruceck. De forma didática, Steve diz que "Brubeck mescla três culturas em seu novo disco: o formalismo da música clássica ocidental, a liberdade de improvisação jazzística e a pulsação, frequetemente complexa, da música folclórica africana".
A explicação deixará a ouvinte um tanto curioso, mas também fazer com que o consumidor prefira comprar um outro disco. Independentemente das "orientações" que vêm junto com o álbum, tudo fica muito claro ao ouvir "Take Five", que utiliza o compasso 5/4 ao invés do tradicional 4/4. Isso sem falar em "Blue Rondo a la Turk", que é interpretada no compasso 9/8. Mas o que faz esse disco um marco na história do jazz, além de tudo o que você acabou de ler, é a perfeita sintonia do quarteto comandado por Brubeck. Além de Desmond no sax, o grupo é formado por Joe Morello (bateria) e Eugene Wright (baixo).
É claro que resumir uma carreira de seis décadas a um único disco é muito pouco. Brubeck gravou com os grandes do jazz, entre eles, Gerry Mulligan, Louis Armstrong e Carmen McRae, foi um ativista dos direitos humanos e um dos primeiros músicos a se rebelar contra o racismo. Apesar da importância de seu legado, Brubeck foi visto como um improvisador "pouco talentoso" por alguns estudiosos. Mas isso nunca foi um problema para ele e, muito menos, para o seu público.
A longevidade de sua carreira o premitiu vivenciar diferentes momentos e movimentos do jazz. Mesmo assim, o toque de Brubeck se manteve fiel ao seu estilo e ao seu executor.
Além das homenagens por seu centenario, o fã do pianista também terá a oportunidade de colocar suas mãos no disco Time Outtakes, que traz versões não usadas durante as gravações do álbum Time Out, além das inéditas "I‘m in a Dancing Mood" e "Watusi Jam". Os temas "Pick Up Sticks" e "Everybody’s Jumpin", que estão em Time Out, não aparecem nesta nova versão por terem sido gravadas de primeira, ou seja, não há uma segunda versão executada durante as gravações do álbum.
Outro lançamento é Lullabies, gravado originalmente pelo pianista em 1990, com canções de ninar tocadas por Brubeck especialmente para os seus netos. O disco inédito foI um presente do músico aos netos. Por último, o livro do jornalsta britânico Philip Clark chamado Dave Brubeck: A Life In Time, uma biografia do pianista lançada em fevereiro de 2020. Clark manteve contato com Brubeck na última década de sua vida e teve acesso a arquivos pessoais do músico. Com isso, o livro traz deliciosas histórias sobre sua carreira e os bastidores de gravações e turnês.
Nos vídeos abaixo você tem uma pequena amostra do que foi e é a obra de Dave Brubeck. O último vídeo traz na íntegra o disco Park Avenue South, gravado ao vivo em 2003, em Nova York. Esse é o meu disco preferido do pianista. Confira.