sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

100 vezes Dave Brubeck


Em 2020, o mundo do jazz reverencia o pianista norte-americano Dave Brubeck por seu centenário. Ele nasceu em 6 de dezembro de 1920 e morreu em 5 de dezembro de 2012. A primeira imagem que vem a nossa cabeça ao ouvir o nome do pianista é a música "Take Five" e o disco Time Out (1959).

A força da composição do saxofonista Paul Desmond, membro do quarteto de Brubeck entre as décadas de 1950 e 1970, e a ruptura musical proporcionado por Time Out são um legado histórico, não apenas para o jazz, mas para a produção musical no século XX.

Na contra-capa original de Time Out, o texto escrito por Steve Race tenta "explicar" o que o ouvinte vai encontrar ao colocar em sua vitrola o disco de Bruceck. De forma didática, Steve diz que "Brubeck mescla três culturas em seu novo disco: o formalismo da música clássica ocidental, a liberdade de improvisação jazzística e a pulsação, frequetemente complexa, da música folclórica africana".

A explicação deixará a ouvinte um tanto curioso, mas também fazer com que o consumidor prefira comprar um outro disco. Independentemente das "orientações" que vêm junto com o álbum, tudo fica muito claro ao ouvir "Take Five", que utiliza o compasso 5/4 ao invés do tradicional 4/4. Isso sem falar em "Blue Rondo a la Turk", que é interpretada no compasso 9/8. Mas o que faz esse disco um marco na história do jazz, além de tudo o que você acabou de ler, é a perfeita sintonia do quarteto comandado por Brubeck. Além de Desmond no sax, o grupo é formado por Joe Morello (bateria) e Eugene Wright (baixo).

É claro que resumir uma carreira de seis décadas a um único disco é muito pouco. Brubeck gravou com os grandes do jazz, entre eles, Gerry Mulligan, Louis Armstrong e Carmen McRae, foi um ativista dos direitos humanos e um dos primeiros músicos a se rebelar contra o racismo. Apesar da importância de seu legado, Brubeck foi visto como um improvisador "pouco talentoso" por alguns estudiosos. Mas isso nunca foi um problema para ele e, muito menos, para o seu público.

A longevidade de sua carreira o premitiu vivenciar diferentes momentos e movimentos do jazz. Mesmo assim, o toque de Brubeck se manteve fiel ao seu estilo e ao seu executor.


Além das homenagens por seu centenario, o fã do pianista também terá a oportunidade de colocar suas mãos no disco Time Outtakes, que traz versões não usadas durante as gravações do álbum Time Out, além das inéditas "I‘m in a Dancing Mood" e "Watusi Jam". Os temas "Pick Up Sticks" e "Everybody’s Jumpin", que estão em Time Out, não aparecem nesta nova versão por terem sido gravadas de primeira, ou seja, não há uma segunda versão executada durante as gravações do álbum.

Outro lançamento é Lullabies, gravado originalmente pelo pianista em 1990, com canções de ninar tocadas por Brubeck especialmente para os seus netos. O disco inédito foI um presente do músico aos netos. Por último, o livro do jornalsta britânico Philip Clark chamado Dave Brubeck: A Life In Time, uma biografia do pianista lançada em fevereiro de 2020. Clark manteve contato com Brubeck na última década de sua vida e teve acesso a arquivos pessoais do músico. Com isso, o livro traz deliciosas histórias sobre sua carreira e os bastidores de gravações e turnês.

Nos vídeos abaixo você tem uma pequena amostra do que foi e é a obra de Dave Brubeck. O último vídeo traz na íntegra o disco Park Avenue South, gravado ao vivo em 2003, em Nova York. Esse é o meu disco preferido do pianista. Confira.















terça-feira, 24 de novembro de 2020

Grammy 2021: os indicados

Os indicados para a 63ª edição do Grammy foram divulgados no dia 24 de novembro. São mais de 100 categorias e os artistas de r&b, rap e soul dominam as catergorias principais, entre eles, Beyonce, Jhene Aiko, Drake, Black Pumas, Roddy Ricch, H.E.R. e Doja Cat. A cerimônia de premiação acontece no dia 31 de janeiro.

Nas categorias de jazz, o veterano Chick Corea está no páreo novamente com duas indicações. Na categoria melhor gravação, ele concorre pela música "All Blues".

A música faz parte do disco Trilogy 2, no qual o pianista é acompanhado por Christian McBride (baixo) e Brian Blade (bateria). A segunda indicação é de melhor álbum de jazz, por esse mesmo disco.


Na categoria melhor disco de jazz vocal, os destaques são a parceria do cantor Kurt Elling e o pianista Danilo Pérez, com o disco Secrets Are the Best Stories, e a jovem cantora Thana Alexa, com o disco Ona. Na categoria melhor disco vocal pop tradicional, estão o cantor Harry Connick Jr, com seu tributo a Cole Porter (True Love: A Clebration of Cole Porter), e o cantor Daniel Tashian em parceria com o compositor Burt Bacharach (Blue Umbrella).

Na categoria melhor disco de jazz, além do trio de Chick Corea, estão na corrida pelo Grammy o pianista Gerald Clayton, a baretista Terri Lyne Carrington, o trompetista Ambrose Akinmusire e o disco do "super quarteto" formado por Joshua Redman, Brad Mehldau Christian McBride e Brian Blade, com o álbum RoundAgain.

O violonista brasileiro Chico Pinheiro foi indicado na categoria melhor disco de jazz latino, com o álbum City of Dreams.

Pinheiro vai concorrer com nomes de peso do jazz latino, entre eles, o percussionista Poncho Sanchez e os pianistas Gonzalo Rubalcaba e Arturo O'Farrill.




O Brasil também está na disputa com a cantora Bebel Gilberto, na categoria melhor disco de música global, que antigamente era chamado de world music, com o álbum Agora. Entra as concorrentes de Bebel está a citarista Anoushka Shankar, que nasceu nos Estados Unidos, mas é de origem indiana. Anoushka é filha do músico Ravi Shankar, um dos mais famosos músicos indianos da história e também citarista.

OS INDICADOS:


Improviso jazz solo (gravação)


GUINEVERE
Christian Scott Atunde Adjuah, solista
Disco: Axiom

PACHAMAMA
Regina Carter, solista
Disco: Ona (Thana Alexa)

TOMORROW IS THE QUESTION
Julian Lage, solista
Disco: Love Hurts

CELIA
Gerald Clayton, solista
Disco: Happening: Live at the Village Vanguard

ALL BLUES
Chick Corea, solista
Disco: Trilogy 2 (Chick Corea, Christian McBride & Brian Blade)

MOE HONK
Joshua Redman, solista
Disco: RoundAgain (Redman Mehldau McBride Blade)

Disco de jazz vocal


ONA
Thana Alexa

SECRETS ARE THE BEST STORIES
Kurt Elling Featuring Danilo Pérez

MODERN ANCESTORS
Carmen Lundy

HOLY ROOM: LIVE AT ALTE OPER
Somi With Frankfurt Radio Big Band

WHAT'S THE HURRY
Kenny Washington

Disco de jazz instrumental


ON THE TENDER SPOT OF EVERY CALLOUSED MOMENT
Ambrose Akinmusire

WAITING GAME
Terri Lyne Carrington And Social Science

HAPPENING: LIVE AT THE VILLAGE VANGUARD
Gerald Clayton

TRILOGY 2
Chick Corea, Christian McBride & Brian Blade

ROUNDAGAIN
Redman Mehldau McBride Blade

Disco de jazz com orquestra


DIALOGUES ON RACE
Gregg August

MONK'ESTRA PLAYS JOHN BEASLEY
John Beasley

THE INTANGIBLE BETWEEN
Orrin Evans And The Captain Black Big Band

SONGS YOU LIKE A LOT
John Hollenbeck With Theo Bleckmann, Kate McGarry, Gary Versace And The Frankfurt Radio Big Band

DATA LORDS
Maria Schneider Orchestra

Disco de jazz latino


TRADICIONES
Afro-Peruvian Jazz Orchestra

FOUR QUESTIONS
Arturo O'Farrill & The Afro Latin Jazz Orchestra

CITY OF DREAMS
Chico Pinheiro

VIENTO Y TIEMPO - LIVE AT BLUE NOTE TOKYO
Gonzalo Rubalcaba & Aymée Nuviola

TRANE'S DELIGHT
Poncho Sanchez





















segunda-feira, 12 de outubro de 2020

DownBeat profetiza a nova década do jazz

Em julho de 2016 a revista DownBeat, publicação mais tradicional sobre jazz, estampou em sua capa o saxofonista Kamasi Washington. O motivo da escolha de Washington foi uma matéria chamada "25 for the Future", que trazia o nome de 25 novos jazzistas que a revista apostava como as principais promessas do jazz para os próximos anos.

É claro que em um exercício de futurologia, sempre pode acontecer alguns erros. Afinal, tudo não passa de uma aposta. Por outro lado, as apostas de uma revista com 80 anos de tradição devem ser, pelo menos, respeitadas. Além do saxofonista, nomes como Gerald Clayton (pianista) e Cyrille Aimée (cantora) também apareceram na lista. Saiba mais clicando aqui.

Agora, quatro anos depois, mais uma vez, a revista volta ao tema e "arrisca" o nome de 25 novas promessas do jazz.


Como aconteceu anteriormente, a DownBeat aponta os jazzistas que já estão de algum modo se destacando e garantindo espaço em um mercado cada vez mais pulverizado e democrático. Com a entrada das redes sociais e o enfraquecimento da indústria fonográfica, a chance de se tornar um músico de sucesso está praticamente igual para todos.

Não fica claro o motivo da escolha da cantora Veronica Swift na capa da edição de novembro de 2020, mas é sabido que ela está entre os indicados pela revista como músicos inventivos, ávidos por criar boa música e, acima de tudo, jovens talentosos que desejam disseminar sua arte nos quatro cantos do planeta. Se isso vai acontecer, saberemos em breve. Mas eles saem na frente com esse "empurrãozinho", não é mesmo? Você pode ler aqui a íntegra da revista com essa reportagem.

Abaixo estão os nomes dos 25 jazzistas apontados pela revista. Para saber mais sobre cada um deles, basta clicar em seus nomes. Todos eles estão com links para os sites oficiais ou de seus redes sociais. No final da lista há vídeos de shows na íntegra da saxofonista Camille Thurman, da cantora Veronica Swift, do trompetista Theo Crokerr, entre outros.

Veronica Swift (cantora)

Shabaka Hutchings (saxofonista)

Jazzmeia Horn (cantora)

Christian Sands (pianista)

Camila Meza (cantora-guitarrista)

Nduduzo Makhathini (pianista)

Nubya Garcia (saxofonista)

Makaya McCraven (baterista)

Lakecia Benjamin (saxofonista)

Morgan Guerin (saxofonista)

Junius Paul (baixista)

Yazz Ahmed (trompetista)

James Francies (pianista)

Kuba Więcek (saxofonista)

Fabian Almazan (pianista)

Theo Croker (trompetista)

Jimmy Macbride (baterista)

Camille Thurman (saxofonista)

Alfredo Rodríguez (pianista)

Hedvig Mollestad (guitarrista)

Adam O’Farrill (trompetista)

Tomeka Reid (violoncelista)

Luke Stewart (baixista)

Yussef Daye (baterista)

Joel Ross (vibrafonista)