Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido". Mas não totalmente perdido.
Além do livro Jazz ao Seu Alcance, que traz todo o conteúdo do guia, com dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais, você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.
Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui
O mercado de música é um mistério. Às vezes nos perguntamos por que este ou aquele cantor não é conhecido, já que há tanto talento. Mas sabemos que a vida não é racional ou lógica, muito menos o show business. Esta introdução é a ideal para falar sobre a cantora norte-americana Rachelle Ferrell.
Formada pela renomada escola Berklee College of Music, de Boston, ela gravou seu primeiro disco em 89. Na época, apenas a crítica prestou alguma atenção. Felizmente, Rachelle teve dois padrinhos de peso, o trompetista Dizzy Gillespie e o produtor e arranjador George Duke. Com isso, ela conseguiu seu espaço e um pequeno, mas fiel, fã-clube.
Para conhecer um pouco seu universo, um bom começo é o disco Live At Montreux 1991-97, lançado em 2002. Aqui, você encontra uma compilação das três apresentações da cantora, em diferentes anos, no mais charmoso festival de jazz do planeta, o Montreux, da Suíça.
O disco abre com uma versão de “You Send Me”, do cantor soul Sam Cooke. Acompanhada de um trio afiado, o pianista Eddie Green, o baixista Tyrone Brown e o baterista John Roberts, Rachelle cria um arranjo jazzístico da pesada e mostra seus dotes musicais. A mesma atmosfera com o trio de jazz acontece em “You Don’t Know What Love Is” e “Don’t Waste My Time”, de autoria da própria cantora. Para completar a primeira parte do disco, a intimista “My Funny Valentine”, com destaque para o baixo acústico de Brown.
Na parte mais pop do álbum, a voz de Rachelle lembra muito a da cantora inglesa de rhythm and blues, Des’ree. Aqui, a presença de George Duke é vital nas canções autorais de Rachelle, “I Can Explain” e “I’m Special”. O jazz volta a reinar em “Bye Bye Blackbird”. Para agraciar o público suíço, a ela interpreta duas canções na língua local, o francês. São elas “Me Voila Sol” e “On Se Reveillera”.
Após ouvir este disco, o leitor entenderá bem o significado da introdução deste texto. Rachelle domina sua voz com muita competência. Ela se dá bem no jazz, no pop e no soul. Com suas peripécias vocais, que caminham entre Betty Carter, Sarah Vaughan, Diane Schuur e Dianne Reeves, esta norte-americana nascida na Pensilvânia ainda será descoberta para o bem do jazz e para a alegria do público.