Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".
Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.
Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui
Hugh Masekela - The Lasting Impressions of Ooga Booga (1996)
Para quem ainda acha que Peter Gabriel (ex-Genesis), David Byrne (ex-Talking Heads) e Paul Simon (lançou o disco Graceland, com músicos africanos, em 1986) são os únicos responsáveis pela mistura de ritmos que foi rotulada de world music, fica aqui um aviso: eles chegaram tarde. Isso não quer dizer que não há mérito na preocupação desses três senhores em divulgar e usar a música africana, latina e oriental nos mais diferentes ritmos norte-americanos como o pop, o rock e o jazz.
Muito antes de Gabriel, Byrne e Simon, os Estados Unidos já tinham experimentado a fusão de sua música com ritmos de outras partes do mundo. Entre os músicos que iniciaram este casamento estão Dizzy Gillespie e Harry Belafonte. O primeiro mesclou o jazz com a música latina e o segundo introduziu a música africana e caribenha entre os ouvintes americanos. Filho de imigrantes caribenhos, Belafonte foi um dos mais influentes artistas negros dos anos 60 e foi o responsável pela vinda do trompetista sul-africano Hugh Masekela aos Estados Unidos.
Assim como a cantora Mirian Makeba e o saxofonista Fela Kuti, Masekela não renegou suas origens e conciliou como poucos a música africana com o jazz. O trompetista chegou a América aos 21 anos de idade, mas só faria sucesso em 1968, com a música “Grazing In the Grass”. Antes disso, o músico tocou em vários clubes de Nova York e casou-se com Makeba (a união durou apenas dois anos).
O disco The Lasting Impressions of Ooga Booga traz o registro do show realizado no Village Gate, em 1965. Originalmente, essas gravações foram lançadas em dois discos distintos, mas aqui estão juntas em um único CD. Para acompanhar seu trompete, ele escalou o habilidoso pianista Larry Willis, o baterista Henry Jenkins e o baixista Harold Dotson.
Logo de saída, Masekela abre espaço para três composições de Makeba, entre elas “Dzinorabiro”. Na sequência, Willis toca os primeiros acordes de “Cantaloupe Island”, de Herbie Hancock, e o jazz mostra-se por inteiro. O compositor Masekela aparece em “U-Dwi” e em “Mixolydia”, tema dedicado a Miles Davis e John Coltrane.
A música latina também tem espaço no repertório com “Con Mucho Carino” e “Mas Que Nada”, clássica melodia composta pelo brasileiro Jorge Ben Jor. O jazz volta a tomar conta na introspectiva “Where Are You Going?” e em “Bo Masekela”. Para fechar, Masekela toca “Unohilo”, composta pelo sul-africano Alan Salenga.
Em tempos de mundo globalizado e sem fronteiras e de um presidente norte-americano negro, a música de Hugh Masekela não poderia estar em um ambiente mais apropriado e atual. Parafraseando os estudiosos no assunto, a música é uma linguagem universal e deve ser usada para aproximar os povos e diminuir as diferenças culturais entre eles. Que assim seja.
terça-feira, 24 de outubro de 2017
terça-feira, 10 de outubro de 2017
Thelonious Monk chega aos 100
O jazz nunca mais foi o mesmo após o aparecimento do pianista norte-americano Thelonious Monk. No início da década de 1940, Monk mostrou ao mundo uma maneira única de tocar e ajudou Dizzy Gillespie e Charlie Parker a criar o bebop. o resto é história.
Em 2017, o mundo do jazz festeja o centenário do músico, nascido em 10 de outubro de 1917. Ele morreu aos 64 anos, em 17 de fevereiro de 1982.
A excentricidade do toque de Monk, sua inquietação ao se apresentar ao vivo e, é claro, seus inseparáveis chapéus chamativos acabaram criando uma figura, muitas vezes, não compreendida pelos críticos. Mas Monk era Monk. Ela tocava o que sentia e da maneira que queria.
Sua genialidade ficou marcada em hinos do jazz como "Round Midnight", "Epistrophy" e "Blue Monk". Em 2005, uma gravação perdida ao lado do saxofonista John Coltrane, gravada no Carnegie Hall, em 1957, trouxe para as novas gerações todo o espírito inovador de dois gênios do jazz. Ouça abaixo o disco na íntegra.
A discografia de Monk tem momentos marcantes. Além do citado disco com Coltrane, preciosidades como Live At The It Club, de 1964, Monk's Blues, de 1968, ao lado da orquestra comandada por Oliver Nelson, e Brilliant Corners, de 1956, com Sonny Rollins no sax, são gravações fundamentais para se "entender" a obra, a complexidade e a forma única de Monk se expressar.
Em 1988, o filme A Vida e a Música de Thelonious Monk, que em inglês se chama Monk: Straight, No Chaser, mostra cenas inéditas do pianista nos bastidores, no palco e em seu cotidiano. As imagens filmadas por Michael e Christian Blackwood ficaram "hibernando" por anos até que o cineasta Bruce Ricker colocou suas mãos nelas.
Em 2016, o pianista e arranjador John Beasley lançou o projeto MONKestra, que traz a obra de Monk arranjada para uma big bang. Os dois volumes comandados por Beasley foram lançados pela gravadora Mack Avenue. Veja a seguir uma faixa deste CD.
Em 2017, o mundo do jazz festeja o centenário do músico, nascido em 10 de outubro de 1917. Ele morreu aos 64 anos, em 17 de fevereiro de 1982.
A excentricidade do toque de Monk, sua inquietação ao se apresentar ao vivo e, é claro, seus inseparáveis chapéus chamativos acabaram criando uma figura, muitas vezes, não compreendida pelos críticos. Mas Monk era Monk. Ela tocava o que sentia e da maneira que queria.
Sua genialidade ficou marcada em hinos do jazz como "Round Midnight", "Epistrophy" e "Blue Monk". Em 2005, uma gravação perdida ao lado do saxofonista John Coltrane, gravada no Carnegie Hall, em 1957, trouxe para as novas gerações todo o espírito inovador de dois gênios do jazz. Ouça abaixo o disco na íntegra.
A discografia de Monk tem momentos marcantes. Além do citado disco com Coltrane, preciosidades como Live At The It Club, de 1964, Monk's Blues, de 1968, ao lado da orquestra comandada por Oliver Nelson, e Brilliant Corners, de 1956, com Sonny Rollins no sax, são gravações fundamentais para se "entender" a obra, a complexidade e a forma única de Monk se expressar.
Em 1988, o filme A Vida e a Música de Thelonious Monk, que em inglês se chama Monk: Straight, No Chaser, mostra cenas inéditas do pianista nos bastidores, no palco e em seu cotidiano. As imagens filmadas por Michael e Christian Blackwood ficaram "hibernando" por anos até que o cineasta Bruce Ricker colocou suas mãos nelas.
Em 2016, o pianista e arranjador John Beasley lançou o projeto MONKestra, que traz a obra de Monk arranjada para uma big bang. Os dois volumes comandados por Beasley foram lançados pela gravadora Mack Avenue. Veja a seguir uma faixa deste CD.
terça-feira, 26 de setembro de 2017
Jazz na Espanha deve muito a Cifu
Por quatro décadas o jornalista francês, radicado na Espanha, Juan Claudio Cifuentes dedicou sua vida ao ofício de divulgar e propagar o jazz.
Sua missão foi mais que bem sucedida. Cifu, como era conhecido, se tornou referência sobre o assunto e usou todo o seu conhecimento e didatismo para levar o jazz para as massas.
Cifu comandou os programas de rádio Jazz Porque Sí e A todo jazz por 40 anos, além de Jazz Entre Amigos, programa de TV que foi ao ar na Espanha, entre 1984 e 1991.
Morto em 2015, aos 74 anos, Cifu foi homenageado em 2017 com o livro Juan Claudio Cifuentes, una vida de jazz, una vida con swing, escrito por Antoni Juan Pastor. Na foto abaixo, Cifuentes está ao lado do pianista norte-americano McCoy Tyner.
O legado deixado por Cifu está ao alcance de todos na internet. Você encontra aqui dezenas de edições do programa Jazz Entre Amigos.
A cada programa, Cifu retrata um músico de jazz, conta deliciosas histórias sobre sua trajetória e apresenta shows na íntegra. Entre os músicos retratos estão nomes como Oscar Peterson, Charlie Parker, Ben Webster e Pat Metheny.
Também estão disponíveis dezenas de programa A Todo Jazz. Você pode ouvi-los aqui. Entre as edições estão especiais com Bill Evans, Stan Getz, Dave Brubeck, entre outros. Saiba mais sobre Cifuentes no site oficial do jornalista. Clique aqui
Abaixo você encontra uma edição na íntegra do programa Jazz Entre Amigos
Sua missão foi mais que bem sucedida. Cifu, como era conhecido, se tornou referência sobre o assunto e usou todo o seu conhecimento e didatismo para levar o jazz para as massas.
Cifu comandou os programas de rádio Jazz Porque Sí e A todo jazz por 40 anos, além de Jazz Entre Amigos, programa de TV que foi ao ar na Espanha, entre 1984 e 1991.
Morto em 2015, aos 74 anos, Cifu foi homenageado em 2017 com o livro Juan Claudio Cifuentes, una vida de jazz, una vida con swing, escrito por Antoni Juan Pastor. Na foto abaixo, Cifuentes está ao lado do pianista norte-americano McCoy Tyner.
O legado deixado por Cifu está ao alcance de todos na internet. Você encontra aqui dezenas de edições do programa Jazz Entre Amigos.
A cada programa, Cifu retrata um músico de jazz, conta deliciosas histórias sobre sua trajetória e apresenta shows na íntegra. Entre os músicos retratos estão nomes como Oscar Peterson, Charlie Parker, Ben Webster e Pat Metheny.
Também estão disponíveis dezenas de programa A Todo Jazz. Você pode ouvi-los aqui. Entre as edições estão especiais com Bill Evans, Stan Getz, Dave Brubeck, entre outros. Saiba mais sobre Cifuentes no site oficial do jornalista. Clique aqui
Abaixo você encontra uma edição na íntegra do programa Jazz Entre Amigos
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