sexta-feira, 29 de julho de 2016

Billy Strayhorn: Lush Life

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Vários - Billy Strayhorn: Lush Life (2007)

Para quem ainda não sabe, o pianista, compositor e arranjador Billy Strayhorn foi o maior colaborador do genial Duke Ellington durante as décadas de 40 e 60. Esta longa parceria foi fundamental para a fama e a qualidade reconhecida da orquestra de Ellington. Por outro lado, o talento de Strayhorn ficou ofuscado por décadas até ser reconhecido como um dos maiores compositores que a América já teve.

Em 2007, o mundo relembrou os 50 anos da morte do compositor, vítima de câncer aos 51 anos de idade. Entre as homenagens dedicadas a Strayhorn está Billy Strayhorn: Lush Life, um documentário produzido para a TV que conta sua trajetória. Para a trilha sonora do filme, o diretor preferiu regravar clássicos de Strayhorn ao invés de utilizar gravações originais. O resultado é, no mínimo, excelente em todos os sentidos. Do repertório aos arranjos, o disco traz feras como Joe Lovano, Bill Charlap, Hank Jones, Elvis Costello e Dianne Reeves esbanjando talento e paixão ao interpretarem obras-primas de Strayhorn.



A parte instrumental do álbum tem como principais destaques o sax de Lovano e o piano do lendário Jones. Escute “Johnny Come Lately”, “Rain Check” e “Lotus Blossom”, com participação do baixista George Mraz e do baterista Paul Mation, e comprove do que a dupla é capaz. Hank também brilha solo em “Tonk” e “Satin Doll”, em co-autoria com Ellington. O pianista Bill Charlap é responsável por outras duas faixas de piano solo, “Fantastic Rhythm” e “Valse”.

Na parte cantada, quem manda é Dianne Reeves. Como acontece sempre, Reeves parece estar tomada pelo espírito de Sarah Vaughan e solta a voz em “My Little Brown Book”, “Day Dream”, “So This Is Love” e “Something to Live For”. Outro momento marcante é a versão de “Lush Life”, com Reeves acompanhada apenas da guitarra de Russell Malone.

Para completar, o ex-roqueiro Elvis Costello, acompanhado de Charlap e Lovano, interpreta a singela “My Flame Burns Blue”, que é um misto da composição “Blood Count”, última música escrita por Strayhorn, com letra de Costello.



sexta-feira, 22 de julho de 2016

Jazz Na Fábrica 2016

Em agosto, o projeto Jazz na Fábrica retorna ao SESC Pompeia entre os dias 11 e 28, mantendo sua temática jazzística e destacando todo o panorama da diversidade de estilos que compõem o gênero, desde sua fase de vanguarda até suas novas formações.

Na sexta edição, o projeto conta com vinte diferentes atrações de nove nacionalidades, além de nomes de destaque no Brasil. Mais detalhes você encontra na página oficial do festival. Clique aqui



PROGRAMAÇÃO:

11/08 | 21h30 - Wallace Roney (EUA) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
12/08 | 21h00 - Jakob Bro e Daniel Jobim (DIN/BRA) + Phronesis (DIN/GBR) - R$40 inteira | R$20 meia | R$12 comerciário
12/08 | 21h30 - Wallace Roney (EUA) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
13/08 | 21h00 - Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz (BRA) - R$40 inteira | R$20 meia | R$12 comerciário
13/08 | 21h30 - Wallace Roney (EUA) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
14/08 | 17h00 - The Lonesome Duo + Tigres Tristes - GRÁTIS
14/08 | 19h00 - Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz (BRA) - R$40 inteira | R$20 meia | R$12 comerciário
18/08 | 21h00 - Donny McCaslin Group (EUA) - R$50 inteira | R$25 meia | R$15 comerciário
18/08 | 21h00 - Ester Rada (ISR/ETI) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
19/08 | 21h00 - Donny McCaslin Group (EUA) - R$50 inteira | R$25 meia | R$15 comerciário
19/08 | 21h00 - Matthew Shipp (EUA) - R$50 inteira | R$25 meia | R$15 comerciário
20/08 | 21h00 - Michael Blake (CAN) - R$50 inteira | R$25 meia | R$15 comerciário
20/08 | 21h30 - Robert Glasper (EUA) + Tássia Reis e Mental Abstrato (BRA) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
21/08 | 17h00 - Kubata + Wis - GRÁTIS
21/08 | 19h00 - Michael Blake (CAN) - R$50 inteira | R$25 meia | R$15 comerciário
21/08 | 19h30 - Robert Glasper (EUA) + Tássia Reis e Mental Abstrato (BRA) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
25/08 | 21h00 - Omer Avital (ISR) - R$50 inteira | R$25 meia | R$15 comerciário
25/08 | 21h30 - Pájaro de Fuego (ARG) - R$40 inteira | R$20 meia | R$12 comerciário
26/08 | 21h00 - Lina Nyberg (SUE) - R$50 inteira | R$25 meia | R$15 comerciário
26/08 | 21h30 - Cheick Tidiane Seck (MLI) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
27/08 | 21h00 - Nik Bärtsch's Ronin (SUI) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
27/08 | 21h30 - Cheick Tidiane Seck (MLI) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário
28/08 | 17h00 - Cadillacs Jazz Band + Zarabanda Jazz - GRÁTIS
28/08 | 19h00 - Nik Bärtsch's Ronin (SUI) - R$60 inteira | R$30 meia | R$18 comerciário

FONTE: Azoofa







sexta-feira, 17 de junho de 2016

Makoto Ozone - Nature Boys

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Makoto Ozone - Nature Boys (1992)

À primeira vista pode parece estranho comprar um disco de jazz de um pianista chamado Makoto Ozone, mas o ouvinte deve ter a mente aberta para novidades e deixar de lado velhos preconceitos. O mundo da música está repleto de grandes instrumentistas espalhados nos quatro cantos do planeta. Infelizmente, não será possível ouvir tudo que gostaríamos, mas o ser humano tem uma inquietação natural de sua espécie e com certeza tentará absorver o maior número possível de referência para o seu repertório. Dito isto, voltemos ao nosso “desconhecido” músico.

Nascido no Japão, em 1961, o pianista Makoto Ozone sabe que o melhor idioma para enfrentar as barreiras culturais e geográficas é a música. Não importa de onde você é ou qual formação cultural teve, a música está acima disso e consegue falar direito ao inconsciente das pessoas. Apesar de vir do outro lado do mundo, pelo menos para quem mora no ocidente, Ozone foi picado pelo jazz ainda na infância. A predileção pelo piano aconteceu aos 12 anos de idade após assistir a um concerto do pianista Oscar Peterson. Desde então, Ozone não parou mais até se tornar um dos mais inventivos e inteligentes pianistas da atualidade.

Ele começou a chamar a atenção do público norte-americano ao participar do quarteto do vibrafonista Gary Burton, em 1984. De lá para cá, Ozone participou dos principais festivais de jazz na Europa e nos Estados Unidos e lançou quase uma dezena de CDs, alguns deles pela tradicional gravadora Verve. Pois bem, é exatamente sobre um disco desta fase que trata este texto.

Ozone estreou na Verve com o disco solo Breakout, de 94. Apesar das críticas positivas, o impacto entre o público não foi grande. Um ano mais tarde, com o lançamento de Nature Boy, Ozone finalmente conseguiu chamar a atenção. Ao lado dos experientes John Patitucci (baixo) e Peter Erskine (bateria), Ozone escolheu composições marcantes da música norte-americana e rearranjou cada uma delas a sua maneira. O resultado foi sublime.

Entre os grandes clássicos estão a versão irresistível de obra-prima de Charlie Parker, “Ornithology”, com destaque para o solo de Patitucci, e “Lover Come Back To Me”, de Oscar Hammerstein, com uma interpretação impressionante de Ozone. O mesmo acontece em “All Of You”, obra-prima do repertório de Cole Porter.



O repertório tranquilo do CD abre com “But Beautiful”, passa por “The Christmas Song” e termina com “Gorgeous”. O álbum traz outras duas surpresas, o arranjo jazzístico para a composição “Laughter In The Rain”, de Paul Anka, e a faixa-título, música que foi sucesso na voz de Nat King Cole nos anos 50 e que aqui aparece ainda mais delicada com a interpretação solo de Ozone. Diferentemente do disco Breakout, no qual assinava todas as faixas, em Natural Boy apenas a música “Before I Was Born” foi composta pelo pianista.

Outra observação importante, mas pouco animadora, é que o disco só é encontrado atualmente no mercado japonês. Por outro lado, com o advento da internet, não será difícil encontrá-lo perdido em alguma loja virtual. O preço não será dos mais baratos, mas a satisfação de escutar e conhecer o toque de Makoto Ozone é garantido e valerá cada centavo gasto.