sexta-feira, 14 de junho de 2019

Peter Frampton mergulha com sua guitarra no blues

Ele foi uma das figuras centrais do rock na década de 1970. Seu disco ao vivo, Comes Alive, foi por décadas o disco ao vivo mais vendido da história.

Sua figura sexy permeou o imaginário das mulheres no auge de sua carreira e sexy appeal. Ele era conhecido por sua bela voz e sua inconfundível guitarra.

Peter Frampton continua uma referência, independentemente de ter sua carreira prejudicada pelos excessos que a vida de um rockstar muitas vezes ocasionam.

Hoje, aos 69 anos, Frampton está volta à ativa, com o disco All Blues, no qual recria grandes temas da história do blues. Além de ser o primeiro disco do guitarrista dedicado totalmente ao blues, o álbum chega em um momento particularmente decisivo em sua carreira.

Em fevereiro, ele revelou ter sido diagnosticado com uma doença muscular degenerativa rara. Diante disso, ele anunciou que a turnê deste disco será despedida dos palcos.

A notícia de sua doença causa comoção, é claro, mas ao mesmo tempo a volta de Frampton ao disco é uma ótima maneira de encarar o momento delicado ao qual ele está passando. O novo álbum foi gravado ao vivo em estúdio com a banda afiada de Frampton: Adam Lester (guitarra), Rob Arthur (teclados) e Dan Wojciechowski (bateria).


Aos 69 anos, Frampton lança seu primeiro disco inteiramente dedicado ao blues

O disco traz clássicos como “The Thrill Is Gone” (composta originalmente em 1951 e imortalizada por B.B. King), com a participação do guitarrista Sonny Landreth, e “I Just Want to Make Love to You”, de Muddy Waters, com o cantor Kim Wilson, da banda Fabulous Thunderbirds, nos vocais.

Outros dois convidados de peso também participam do disco. O veterano guitarrista Larry Carlton dá seu toque pessoal no clássico do jazz “All Blues”, e o virtuoso Steve Morse, do Deep Purple, mostra o seu lado bluseiro em “Going Down Slow”, música originalmente gravada pelo cantor de Chicago St. Louis Jimmy Oden, em 1941.

A guitarra de Frampton brilha ainda na balada “Same Old Blues”, gravada pelo mestre Freddy King, em “Me And My Guitar” e “Yoy Can’t Judge A Book By The Cover”, com Frampton abusando da guitarra slide. Para completar, o guitarrista ainda faz uma versão instrumental da clássica “Georgia On My Mind”.

A turnê norte-americana do cantor começa no dia 18 em Tulsa, em Oklahoma, e termina no dia 12 de outubro em Concord, na Califórnia. Para quem tem grana sobrando, fica aqui um conselho, ver o mestre Frampton tocando blues em casa, ou seja, nos Estados Unidos, é um investimento que vale cada centavo que você economizou até hoje. O músico não informou se a turnê será estendida para outros países.

Georgia on My Mind



All Blues (Larry Carlton)



The Thrill Is Gone (Sonny Landreth)



Going Down Slow (Steve Morse)



Same Old Blues



You Can't Judge A Book By The Cover

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Beyond The Notes traz a história da Blue Note

Não é novidade a devoção que qualquer fã de jazz tem pela gravadora Blue Note. Também é óbvio que essa admiração é fruto de uma história de oito décadas dedicadas a mais norte-americana das artes.

Aqui, no lar criado por Alfred Lion e Francis Wolff, em 1939, passaram quase todos os gigantes do jazz, entre eles, John Coltrane, Dexter Gordon, Bud Powell, Joe Henderson, Wayne Shorter, Herbie Hancock, Art Blakey, Horace Silver e Clifford Brown.

Para comemorar o aniversário dessa octogenária, um novo documentário sobre a gravadora foi produzido pela diretora suíça Sophie Huber. Beyond The Notes conta de forma leva o desenvolvimento do selo comandado por décadas por Lion e Wolff.

Durante entrevistas para lançar o documentário, Sophie destacou a forma caseira e amadora como os dois imigrantes de origem alemã judeu administravam a gravadora.


Francis Wolf e Alfred Lion criaram em 1939 a gravadora Blue Note

"De certa forma, o que fez a Blue Note ser diferente é que Alfred Lion e Francis Wolff eram, acima de tudo, fãs de jazz que não tinham ideia de como o negócio da música funcionava. Então, basicamente, eles só gravavam músicas que queriam ouvir. Eles tinham tanto respeito e amor pelos músicos que os deixavam fazer o que quisessem. Foi essa abordagem que fez a gravadora lançar discos realmente revolucionários”.

Parte do documentário registra a gravação do disco Our Point Of View, o primeiro do Blue Note All-Stars, em 2017. O supergrupo é formado por estralas atuais da gravadora. São eles: Ambrose Akinmusire (trompete), Robert Glasper (teclados), Derrick Hodge (baixo), Lionel Loueke (guitarra), Kendrick Scott (bateria) e Marcus Strickland (sax).

Além dos músicos citados, o disco ainda traz a participação especial dos veteranos Wayner Shorter (sax) e Herbie Hancock (piano).

Os dois tocam na faixa "Masquelero", música composta por Shorter em 1967. O encontro desses dois gigantes do jazz com a "meninada" é registrado com muita destreza pela diretora.

No mesmo ambiente, após alguns takes, Hancock e Shorter falam sobre suas experiências na gravadora Blue Note e a presença de Alfred Lion e Francis Wolff durante as gravações nas décadas de 1950 e 1960.

Outra boa sacada do documentário são as entrevistas com os produtores Terrace Martin e Ali Shaheed Muhammed, do grupo A Tribe Called Quest. Ambos falam de como os samplers da gravadora Blue Note usados na cena hip hop ajudaram a mantê-la relevante ainda hoje.

Outro documentário que vale a pena ser procurado é It Must Schwing! The Blue Note Story, uma produção alemã dirigida por Eric Friedler, em parceria com o cineasta Wim Wenders.

O título é uma brincadeira com o sotaque alemão de Alfred Lion. Durante o documentário, os músicos brincam com a pronuncia de Lion ao falar a palavra swing, que acabava saindo Schwing.

Além de depoimentos de músicos como Herbie Hancock, Wayne Shorter, Sheila Jordan, Lou Donaldson e Benny Golson, o documentário reproduz, por meio de animações, as sessões de gravações da Blue Note, com destaque para a presença constante de Lion e de Wolf, que aproveitava o momento para tirar fotos dos músicos.

Abaixo você encontra os trailers dos dois documentários e um vídeo com o registro do grupo Blue Note All-Stars tocando a música "Cycling Through Reality". O último vídeo traz um pequeno documentário sobre a gravadora, produzido em 2014, com entrevistas com o pianista Jason Moran e os produtores Don Was (atual presidente da Blue Note) e Michael Cuscuna.









Veja abaixo um Top 20 com discos da gravadora Blue Note (em ordem alfabética)

Andrew Hill - Black Fire (1964)
Art Blakey & The Jazz Messengers - Free For All (1964)
Bobby Huttecherson - Oblique (1979)
Cannonball Adderley - Somethin' Else (1958)
Dexter Gordon - Go (1962)
Donald Byrd - A New Perspective (1964)
Eric Dolphy - Out to Lunch (1964)
Freddie Hubbard - Open Sesame (1960)
Grant Green - Grantstand (1962)
Herbie Hancock - Speak Like a Child (1968)
Horace Silver - Song For My Father (1965)
J.J. Johnson - Volume 1 (1953)
Joe henderson - Inner Urge (1966)
John Coltrane - Blue Train (1958)
Larry Young - Unity (1966)
Lee Morgan - Search For The New Land (1966)
McCoy Tyner - The Real McCoy (1967)
Norah Jones - Come Away With Me (2002)
US3 - Hand On The Touch (1993)
Wayne Shorter - Adam's Apple (1963)

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Guitarristas fazem tributos em seus novos discos

O veterano guitarrista George Benson está de volta ao trabalho. Em forma aos 76 anos, Benson retorna com um novo disco em tributo a dois "pais" do rock and roll: o guitarrista Chuck Berry e o pianista Fats Domino.

Em Walking to New Orleans, o Benson cantor aparece com mais eloquência, mas sua inconfundível guitarra está por toda parte e sempre precisa.

É sempre bom ver um gigante do jazz prestando reverência a dois gigantes do rock. Ao lado de Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Carl Perkins, Domino e Berry são responsáveis por tudo que viria a seguir e mudaria para sempre a história da música.

Diante de um legado desses, Benson não titubeou ao escolher clássicos de Berry como "Nadine (Is It You?)” “You Can’t Catch Me” “Havana Moon” “Memphis, Tennessee,” e “How You’ve Changed". Obviamente que outros temas, entre eles "Sweet Little Sixteen” e “Johnny B. Good", poderiam ter sido incluídos, mas Benson não quis ser tão óbvio assim.

A energia do disco continua com os temas de Fat Domino, entre eles “Rockin’ Chair,” “Ain’t That a Shame,” “I Hear You Knocking,”, “Blue Monday, além da faixa-título. Assim como os fãs de Berry, quem conhece a trajetória de Domino também sentirá falta de clássicos como "Blueberry Hill” e "“I’m Walkin". Mas a ausência não tira o mérito do disco.

O disco está muito bem servido com a guitarra de Benson, a bateria de Greg Morrow, o piano de Kevin McKendree e o baixo de Alison Prestwood. Além disso, um naipe de metais deixa tudo ainda mais rock and roll e faz o ouvinte ir direto para as décadas de 1950 e 1960. O disco pode ser ouvido na íntegra clicando aqui.

Outro guitarrista veterano que também presta tributo em seu novo álbum é Bobby Broom, Em Soul Fingers, Broom oferece um repertório mais eclético que Benson.

Ao lado de Kobie Watkins (bateria) e Ben Paterson (órgão), o músico traz seu dedilhado preciso e bem articulado em temas como “A Whiter Shade of Pale", do Procul Harum, "Do It Again,", do Steely Dan, "While My Guitar Gently Weeps", dos Beatles, entre outros.

Assim como outros guitarristas, Broom, de 58 anos, bebeu de várias fontes, entre elas Wes Montgomery e, é claro, do veterano George Benson. Seu fraseado limpo deixa temas como "I Can’t Help It”, de Stevie Wonder, e ""Summer Breeze", do Seals & Crofts, ainda mais interessantes e agradáveis de ouvir.

Mas isso para quem não tem preconceito com o jazz tocado com arranjos mais acessíveis. Além do trio, o disco também conta com o sax de Ron Blake e o trompete Chris Rogers.