sexta-feira, 19 de maio de 2023

Jazzificada, Rickie Lee Jones entrega tudo em novo álbum


E já se passaram quatro décadas desde que a cantora norte-americana Rickie Lee Jones ganhou seu primeiro Grammy na categoria revelação. De lá para cá, a vida da cantora foi uma verdadeira montanha russa, incluindo um tumultuado relacionamento com o cantor Tom Waits e um mergulho nas drogas que atrapalharam sua promissora carreira.

Mas, apesar de tudo, seu talento latente a manteve produzindo, compondo e lançando discos durante as três décadas após sua estreia, no fim dos anos 70. Em 2021, a trajetória da cantora foi esmiuçada na autobiografia Last Chance Texaco: Chronicles of an American Troubadour, com histórias cheias de personagens interessantes e um roteiro pronto para várias temporadas de uma série, que certamente se tornaria cult. Agora, aos 68 anos, a cantora lança um novo disco, desta vez, totalmente dedicado ao jazz chamado Pieces of Treasure, com a produção do veterano Russ Titelman, que trabalhou com pesos pesados da música, entre eles, Eric Clapton, Steve Winwood, Brian Wilson, Ry Cooder e Milton Nascimento.

As 10 músicas “empacotadas” em um disco de apenas 34 minutos é a trilha sonora perfeita para se ouvir em um daqueles clubes de jazz escuros, esfumaçados e pequeninos encontrados em metrópoles como Nova York, Tóquio, Pequim, São Paulo, Buenos Aires ou Paris. A voz quase infantil da cantora - fãs da Bjork irão adorar - continua fazendo toda a diferença, mas agora com um timbre mais melancólico. Temas como “All the Way”, “Nature Boy”, “One For My Baby” e “September Song” são interpretados com delicadeza e urgência quase palpáveis.

A formação de quarteto, com Rob Mounsey (piano), Russell Malone (guitarra), David Wong (baixo) e Mark McLean (bateria), traz o background ideal para as canções escolhidas, na sua maioria das décadas de 1930, 1940 e 1950.

Destaque para as versões de “There Will Never Be Another You” e “Here’s That Rainy Day”, imortalizadas nas vozes de Chet Baker e Nat King Cole, respectivamente, “Just in Time”, gravada pela cantora Nina Simone, em 1962, e aqui acompanhada pelo vibrafone de Mike Mainieri, e o dueto da cantora com a guitarra de Malone na deliciosa “On The Sunny Side Of The Street”.

Durante entrevista para divulgar o álbum, a cantora declarou que o intérprete pode se colocar no lugar de qualquer música, como um ator, e torná-la tão real quanto qualquer coisa que ele mesmo tenha escrito.

“Não estou aqui para honrar o legado da música. Estou aqui para torná-la minha. A música não é sacrossanta. É o cantor que lhe dá vida, e cada novo cantor que o faz tem o mesmo direito de cantar”, filosofou a cantora.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

JJA Jazz Awards 2023: os indicados


Anualmente, a Jazz Journalists Association (Associação de Jornalistas de Jazz) faz uma votação para premiar os músicos que mais se destacaram no ano. Em 2023, acontece a 27ª edição do JJA Jazz Awards, que tem entre os indicados nomes como Keith Jarrett, Miguel Zenón, Mary Halvorson e Cécile McLorin Salvant.

Os músicos com mais indicações nesse ano são a baterista Terri Lyne Carrington e os saxofonista Miguel Zenón (foto) e Charles Lloyd. Para ver todos os indicados nas 35 categorias, visite o site oficial da premiação.

Entre os prêmios mais cobiçados estão o de Conjunto da Obra, que sempre destaca um músico com mais de 50 anos de carreira. Os veterano sindicados neste ano nesta categoria são os saxofonistas Charles Lloyd, George Coleman e Wadada Leo Smith, e o pianista Keith Jarrett. Na última edição do prêmio, o vitorioso nesta categoria foi a cantora Sheila Jordan, que completará 95 anos no dia 18 de novembro.

Os concorrentes na categoria músico do ano são a baterista Terri Lyne Carrington, os saxofonistas Charles Lloyd e Miguel Zenón, e a guitarrista Mary Halvorson.

Na categoria de disco do ano, estão no páreo a cantora Cécile McLorin Salvant (Ghost Song), Miguel Zenón (Música De Las Américas), Terri Lyne Carrington (Tone Poem) e o multinstrumentista Tyshawn Sorey (Mesmerism). No ano passado, o prêmio de disco do ano ficou com o saxofonista Kenny Garrett, com o disco Sounds From The Ancestors.
A premiação também tem a categoria melhor disco histórico, que aponta lançamentos de álbuns e gravações "perdidos" de grandes nomes do jazz, nunca antes lançados.

Neste ano, os indicados são Charles Mingus (The Lost Album from Ronnie Scott’s) , Ahmad Jamal (merald City Nights: Live at the Penthouse) , Elvin Jones (Revival -Live At Pookie’s Pub) e Miles Davis (That’s What Happened (1982-1985): The Bootleg Series, Vol.7).
Terri Lyne Carrington concorre em cinco categorias


Diferentemente de outras premiações, além dos músicos, também são premiados jornalistas e publicações relacionadas ao mundo do jazz. Entre os prêmios estão melhor revista, melhor blogue e o melhor livro. Você pode conhecer todos os indicados no no site oficial.

Outro destaque são os Jazz Heroes, que premia pessoas que contribuiram para a divulgação do jazz. Neste ano, 36 pessoas de várias cidades dos Estados Unidos foram premiados. Conheça todos eles na página oficial.

Conheça os 25 vencedores na categoria melhor disco em todas as edições do JJA Jazz Awards awards clicando aqui.

CONJUNTO DA OBRA

George Coleman
Keith Jarrett
Charles Lloyd
Wadada Leo Smith

MÚSICO DO ANO

Terri Lyne Carrington
Mary Halvorson
Charles Lloyd
Miguel Zenón

REVELAÇÃO DO ANO

Zoh Amba
Isaiah Collier
Samara Joy
Immanuel Wilkins

COMPOSITOR DO ANO

Mary Halvorson
Wadada Leo Smith
Tyshawn Sorey
Miguel Zenón

ARRANJADOR DO ANO

John Beasley
Steven Bernstein
Terri Lyne Carrington
Jim McNeely
Maria Schneider
Miguel Zenón

DISCO

Ghost Song — Cécile McLorin Salvant (Nonesuch)
Música De Las Américas — Miguel Zenón (Miel Music)
New Standards Vol. 1 — Terri Lyne Carrington (Candid)
Mesmerism — Tyshawn Sorey Trio (Yeros7 Music)

DISCO HISTÓRICO

The Lost Album from Ronnie Scott’s — Charles Mingus (Resonance)
Emerald City Nights: Live at the Penthouse — Ahmad Jamal (Elemental Music)
Revival (Live At Pookie’s Pub) — Elvin Jones (Blue Note)
That’s What Happened (1982-1985): The Bootleg Series, Vol.7 — Miles Davis (Legacy Recordings)

GRAVADORA

Blue Note
ECM
Pi Recordings
Pyroclastic
Smoke Sessions

PRODUTOR

David Breskin
Terri Lyne Carrington
Zev Feldman
Matt Pierson

CANTOR

Kurt Elling
Giacomo Gates
José James
Gregory Porter

CANTORA

Samara Joy
Cécile McLorin Salvant
Catherine Russell
Veronica Swift

GRUPO VOCAL

Duchess
The Manhattan Transfer
The Royal Bopsters

ORQUESTRA

Arturo O’Farrill Afro Latin Jazz Orchestra
Maria Schneider Orchestra
Sun Ra Arkestra

CONJUNTO

Bill Frisell Four

Charles Lloyd Trio Christian McBride’s New Jawn
Redman Mehldau McBride Blade
Tyshawn Sorey Trio
Miguel Zenón Quartet

DUETO

Fred Hersch and Esperanza Spalding
Gonzalo Rubalcaba and Aymée Nuviola
Kaja Draksler and Susana Santos Silva
Natalie Cressman and Ian Faquini
Jane Ira Bloom and Mark Helias

TROMPETISTA

Ambrose Akinmusire
Tom Harrell
Wynton Marsalis
Jeremy Pelt
Wadada Leo Smith

TROMBONISTA

Michael Dease
Marshall Gilkes
Wycliffe Gordon
Ryan Keberle
Steve Turre

METAIS

Bob Stewart (tuba)
Marcus Rojas (tuba)
Theon Cross (tuba)
Steven Bernstein (slide trompete)

SOPROS

Scott Robinson
Roscoe Mitchell
Chris Potter

SAXOFONISTA ALTO
Kenny Garrett
Bobby Watson
Immanuel Wilkins
Miguel Zenón

SAXOFONISTA TENOR
Melissa Aldana
Charles Lloyd
Chris Potter

SAXOFONISTA BARÍTONO

James Carter
Brian Landrus
Scott Robinson
Lauren Sevian
Gary Smulyan

SAXOFONISTA SOPRANO
Jane Ira Bloom
Dave Liebman
Branford Marsalis
Sam Newsome

CLARINETISTA

Anat Cohen
Ben Goldberg
Todd Marcus
Ken Peplowski
Jason Stein

FLAUTISTA

Jamie Baum
Charles Lloyd
Nicole Mitchell

GUITARRISTA

Bill Frisell
Julian Lage
Mary Halvorson

BAIXISTA

Ron Carter
Linda May Han Oh
Christian McBride
William Parker

BAIXISTA ELÉTRICO

Stanley Clarke
Melvin Gibbs
John Patitucci
Esperanza Spalding
Steve Swallow
Victor Wooten

VIOLINISTA/HARPA/CELLO

Regina Carter
Sara Caswell
Mark Feldman
Tomeka Reid

PIANISTA

Kenny Barron
Emmet Cohen
Kris Davis
Brad Mehldau
Gonzala Rubalcaba

TECLADISTA

Brian Charette
James Francies
Robert Glasper
John Medeski
Craig Taborn

PERCUSSIONISTA

Rogerio Boccato
Kahil El’Zabar
Zakir Hussain
Pedrito Martinez

VIBRAFONISTA

Sasha Berliner
Patricia Brennan
Joe Locke
Joel Ross

BATERISTA

Brian Blade
Johnathan Blake
Terri Lyne Carrington
Rudy Royston
Tyshawn Sorey
Jeff “Tain” Watts















quinta-feira, 4 de maio de 2023

International Jazz Day 2023


No dia 30 de abril de 2023, aconteceu a 12ª edição do International Jazz Day, que tem o objetivo de celebrar o jazz e promover a união de músicos de diferentes nações. No ano passado, as apresentações aconteceram dentro do prédio das Nações Unidas (ONU), na cidade de Nova York, no local onde acontece a Assembleia Geral da ONU, mas sem presença de plateia.

Desta vez, não houve um concerto único ou um local específico para as apresentações, pelo contrário, elas aconteceram em 13 cidades diferentes (Rio de Janeiro, Casablanca, New York, Pequim, Johanesburgo, Paris, São Francisco, Viena, Washington, Beirute, Fairbanks, Honolulu e Marondera), espalhadas ao redor do globo.

Como de costume, além do tradicional mestre de cerimônia, o lendário pianista Herbie Hancock, que completou 83 anos em 12 de abril, participaram artistas de dezenas de nacionalidades, entre eles, Cyrille Aimée (França), Ambrose Akinmusire (EUA), Thana Alexa (Croácia), Tom Gansch (Áustria), Sérgio Mendes (Brasil), Thandi Ntuli (África do Sul), Antonio Sánchez (Mexico),Somi (Ruanda), Musekiwa Chingodza (Zimbábue) e Oran Etkin (Israel).

12ª edição trouxe apresentações realizadas em cidades de diferentes continentes

Os músicos norte-americanos foram a maioria. Entre eles, os pianistas John Beasley, Emmet Cohen, Bill Charlap, os baixistas Marcus Miller, Christian McBride e Ben Williams, as cantoras Dee Dee Bridgewater e Dianne Reeves, o guitarrista Mike Stern, o cantor Kurt Elling, os trompetistas Ambrose Akinmusire e Russell Gunn e os saxofonistas Donald Hayes e Lakecia Benjamin.

Entre os temas apresentados, destaque “I'm Beginning to See the Light”, dueto entre Dee Dee Bridgewater e Bill Charlap, “"Fascinating Rhythm", com a orquestra Blue Note China, “Almost Like Being In Love”, parceria de Emmet Cohen com a cantora Cyrille Aimée, e “Doyenne”, com o grupo do liderado pelo baterista Antonio Sánchez.

O Brasil foi representado pelo pianista Sergio Mendes, em uma apresentação no Blue Note de Honolulu, no Havaí (EUA), interpretando o tema "Magalenha", do premiado disco Brasileiro (1992). A outra apresentação aconteceu no famoso Beco das Garrafas, no bairro carioca de Copacabana, e considerado o berço da bossa nova. O pianista Marcos Ariel comandou o sexteto que acompanha a cantora sul-coreana Yumi Park no tema "Mais que Nada", composição icônica do cantor Jorge Ben Jor.

Abaixo você encontra a íntegra de algumas edições passadas, que aconteceram em Nova York (2022), Melbourne-Sydney (2019), São Petersburgo-Rússia (2018), Havana-Cuba (2017), Washington-EUA (2016), Paris-França (2015), Osaka-Japão (2014), Istambul-Turquia (2013) e Paris-França (2012). Também está disponível a edição de 2020, que foi inteiramente virtual.