sexta-feira, 17 de março de 2023

Kenny Garrett - Songbook

Kenny Garrett jazz
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados. Com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará neste blog algumas dicas de CDs publicadas no extinto Guia de Jazz.

Ao final de cada resenha você encontrará vídeos do YouTube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui


Kenny Garrett - Songbook (1997)

Não sou músico e também não tenho mais a pretensão de ser. A vontade de ser um grande guitarrista ficou lá na década de 1980, quando eu tentava tirar alguma melodia da minha surrada guitarra Dolphin. Mas volta e meia me dá uma vontade de conhecer um pouco de teoria musical para tentar entender como os músicos de jazz conseguem certas proezas.

Este sentimento aparece com frequência quando escuto o disco Songbook, do saxofonista norte-americano Kenny Garrett. Sua apurada técnica, muitas vezes, lembra a genialidade de John Coltrane. Em comum, além da inquietude diante dos desafios que o jazz proporciona, Coltrane e Garrett passaram uma temporada ao lado de Miles Davis.

Desde o início de sua carreira, lá na década de 1980, o sax alto de Garrett tem se mostrado inovador e pulsante. O CD Songbook é um registro importante na extensa discografia do músico. O principal motivo, além do trio que o acompanha, é o repertório, todo ele composto pelo saxofonista. Ao seu lado, Garret escalou o genial pianista Kenny Kirkland, o baterista Jeff ‘Tain’ Watts e o baixista Nat Reeves.

Garrett não dá moleza ao ouvinte. Logo de saída, ele destila seu sax no tema “2 Down & 1 Across”. Felizmente, após 5 minutos do primeiro tema, o quarteto nos oferece “November 15”, que faz você voltar ao mundo dos não músicos. Em “Wooden Steps”, quem brilha é o saudoso Kirkland, que mostra toda sua vitalidade ao piano.

O disco fica mais acessível com “Brother Hubbard”, tributo ao trompetista Freddie Hubbard, a quase bossa nova “Ms. Baja”, na delicada “Before It’s Time To Say Goodbye” e em “House That Nat Built”, que poderia ter sido gravada facilmente pelo saxofonista David Sanborn.

Mas o grande tema do álbum é obviamente “Sing A Song Of Song”. A frase principal da melodia fica o tempo todo permeando a música enquanto Garrett e Kirkland vão desbravando o tema com notas inspiradas. Após os 7 minutos de duração o ouvinte terá as mais distintas sensações.

Após quatro décadas de carreira, o sessentão Kenny Garrett passou por vários estágios na vida pessoal e profissional. Tudo isso reflete em sua forma de tocar e o faz a cada disco procurar por uma resposta que talvez nunca seja respondida. Para a nossa sorte, a busca de Garrett tem nos proporcionado discos inspiradores.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Obrigado, Burt


O compositor, pianista e arranjador Burt Bacharah morreu aos 94 anos, no dia 9 de fevereiro. A longevidade do músico o ajudou a perpetuar sua obra e encantar diferentes gerações.

Sua música atemporal ficará mais marcada, é claro, em pessoas que viveram intensamente as décadas de 1960 e 1970, época em que sucessos como "Raindrops Keep Fallin on My Head", "I Say a Little Prayer", "The Look of Love", "Walk on By", "Alfie", "What the World Needs Now is Love" e "(They Long to Be) Close to You" invadiram as paradas de sucesso em várias partes do mundo.

A parceria com o letrista Hal David, que morreu em 2012, aos 91 anos, rendeu três estatuetas no Oscar: melhor trilha sonora e música original, em 1982 (Arthur, o Milionário Sedutor); e trilha sonora em 1970 (Butch Cassidy And The Sundance Kid).

Além disso, foram 21 indicações ao Grammy, e seis prêmios conquistados, entre eles, melhor trilha sonora, pelo filme Butch Cassidy And The Sundance Kid, e música do ano, com "That's What Friends Are For", interpretada por Dione Warwick, Stevie Wonder, Gladys Knight e Elton John, em 1987.

Nos últimos anos, Bacharah fez uma parceria com o cantor inglês Elvis Cotello, com quem gravou o disco Painted from Memory, em 1998. Recentemente, foi lançada a caixa The Songs of Bacharach & Costello, com 4 CDs, incluindo a versão remasterizada do álbum Painted, gravações ao vivo e músicas inéditas compostas pela dupla.
Burt ao lado da cantora Dionne Warwick


Na seara do jazz, há inúmeras gravações e tributos. Abaixo você pode ouvir na íntegra uma compilação de regravações de jazzistas da Blue Note no disco Blue Note Plays Burt Bacharach. Confira também a cantora sueca Rigmor Gustafsson, acompanhada do pianista Jacky Terrasson, interpretando canções gravada pela cantora Dionne Warwick.

Dionne retorna ao Brasil em maio de 2023 para quatro apresentações: 19 de maio, no Teatro Guaíra, em Curitiba (PR); dia 20 de maio, no Teatro Municipal, no Rio de Janeiro (RJ); dia 23 de maio, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF); e dia 25 de maio, no Espaço Unimed, em São Paulo (SP).

Outros registros que você pode ouvir na íntegra são os shows de Burt Bacharah ao lado de Dionne, gravado no Rainbow Room, em Nova York, em 1996.e a apresentação gravada na Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, em 2012, com a presença de Bacharah e dos músicos Stevie Wonder, Diana Krall, Sheryl Crow, Lyle Lovett, Arturo Sandoval e Michael Feinstein.

Por fim, escute a íntegra do EP de seis músicas, Blue Umbrella, lançado por Bacharach em parceria com o cantor, produtor e compositor Daniel Tashian, último registro lançado por Burt, em 2021, e a trilha do musical da Broadway Some Lovers, composta com o compositor e premiado músico Steven Sater.





























segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Terri Lyne Carrington e Samara Joy vencem Grammy


A Academia do Grammy anunciou no dia 5 de fevereiro de 2023 os vencedores da 65ª edição dos prêmios Grammy. Ao todo, são 91 categorias dos mais diversos gêneros musicais, entre eles, rock, pop, blues, clássico, folk, R&B, rap, country, new age, gospel e jazz.

A categoria de jazz é dividida em cinco sub-categorias: improviso, álbum, álbum vocal, orquestra e latino. São cinco indicados em cada uma dessas categorias. Os artistas de jazz também aparecem com frequência em outras caterorias, entre elas, composição instrumental e arranjo.

O prêmio na categoria melhor disco de jazz ficou com a baterista Terri Lyne Carrington (foto), pelo álbum New Standards Vol. 1. Ela superou o baterista Peter Erskine, o saxofonista Wayne Shorter, o grupo Yellowjackets e o quarto formado Joshua Redman (sax), Brad Mehldau (piano), Christian McBride (baixo) e Brian Blade (bateria).

O álbum de Carrington, que conquistou seu quarto Grammy, é recheado de grandes nomes do jazz, entre eles, os trompetistas Ambrose Akinmusire e Nicholas Payton, o saxofonista Ravi Coltrane, a cantoras Samara Joy, Dianne Reeves e Somi, os guitarristas Julian Lage e Matthew Stevens, o pianista Kris Davis e a baixista Linda May Han Oh.

Em abril de 2022, na 64ª edição do Grammy, o prêmio de melhor disco de jazz foi para Skyline, do trio formado pelo baixista Ron Carter, o baterista Jack DeJohnette e o pianista Gonzalo Rubalcaba.

Na categoria melhor disco de jazz latino, a cantora brasileira Flora Purim foi superada pelo pianista Arturo O'Farrill, que levou pelo álbum Fandango At The Wall In New York. Também concorriam Danilo Pérez, Arturo Sandoval e Miguel Zénon.

Na edição do ano passado, o prêmio de melhor disco de jazz latino ficou com a pianista brasileira Eliane Elias, pelo disco Mirror Mirror, no qual é acompanhada pelos pianistas Chick Corea e Chucho Valdés.

Entre os álbuns vocais, a vencedora foi a jovem cantora Samara Joy, com o disco Linger Awhile. Samara ficou à frente de Carmen Lundy, Cécile McLorin Salvant, além do grupo vocal The Manhattan Transfer e da dupla The Baylor Project. No ano passado, quem ficou com o prêmio foi a cantora Esperanza Spalding, com o disco Songwrights Apothecary.

Samara levou ainda o Grammy de Artista Revelação, superando nomes populares como Måneskin, Wet Leg, Tobe Nwigwe, Molly Tuttle e a cantora brasileira Anitta. Durante a cerimônia, fãs brasileiros da cantora Anitta entraram no Twitter oficial da cantora norte-americana e escreveram frases ofensivas contra ela.
Aos 23 anos, a cantora Samara Joy leva dois Grammy, incluíndo artista revelação do ano


Em 2021, Esperanza Spalding venceu na categoria artista revelação e tambéem foi ostilizada por fãs do cantor canadense Justin Beiber, que na época estava estourado com a música "Baby" e era o preferido da audiência. Mas os membros da academia pensaram de maneira diferente e ajudaram a impusionar a carreira de Esperanza, que hoje tem cinco prêmios Grammy espalhados em sua casa.

Na categoria melhor solo de jazz, o prêmio ficou com o veterano saxofonista Wayne Shorter, com o tema "Endangered Species". A faix conta ainda com o pianista Leo Genovese, a cantora Esperanza Spalding e a baterista Terri Lyne Carrington. Também estavam no páreo a saxofonista Melissa Aldana, o pianista John Beasley, o saxfonista Gerald Albright, o trompestista Ambrose Akinmusire e o baterista Marcus Baylor.

O jazz também foi premiado na categoria filme musical, com o documentário Jazz Fest: A New Orleans Story, que conta a história dos 50 anos do festival nascido na cidade conhecida como o berço do jazz.

O melhor disco de orquestra ficou com o projeto capitaneado pelo pianista Steven Feifke e o trompetista Bijon Watson, pelo álbum Generation Gap Jazz Orchestra. A dupla venceu nomes de peso como John Beasley, Ron Carter e Steve Gadd.

Destaque também para o grupo Ranky Tanky, que ficou com o prêmio de melhor disco regional raiz, com o álbum Live At The 2022 New Orleans Jazz & Heritage Festival. O grupo se destaca pela repertório baseado em canções da região da Carolina do Sul, nos EUA, originadas da Gullah Geechee, uma comunidade de descendentes de escravos. A banda tem entre seus membros o trompetista Charleton Singleton e a cantora Quiana Parler.


IMPROVISAÇÃO DE SOLISTA

"Endangered Species"
Wayne Shorter & Leo Genovese






DISCO DE JAZZ VOCAL

Linger Awhile
Samara Joy



DISCO DE JAZZ

New Standards Vol. 1
Terri Lyne Carrington, Kris Davis, Linda May Han Oh, Nicholas Payton & Matthew Stevens





DISCO DE ORQUESTRA

Generation Gap Jazz Orchestra
Steven Feifke, Bijon Watson, Generation Gap Jazz Orchestra




DISCO DE JAZZ LATINO

Fandango At The Wall In New York
Arturo O'Farrill & The Afro Latin Jazz Orchestra Featuring The Congra Patria Son Jarocho Collective




DISCO REGIONAL RAÍZ

Live At The 2022 New Orleans Jazz & Heritage Festival
Ranky Tanky