quarta-feira, 31 de maio de 2023

JJA Jazz Awards 2023: os vencedores


Anualmente, a Jazz Journalists Association (Associação de Jornalistas de Jazz) faz uma votação para premiar os músicos que mais se destacaram no ano. Em 2023, a 27ª edição do JJA Jazz Awards premiou a baterista Terri Lyne Carrington nas categorias melhor jazzista e melhor álbum (New Standards Vol. 1).

O disco da baterista superou os álbuns da cantora Cécile McLorin Salvant (Ghost Song), do saxofonista Miguel Zenón (Música De Las Américas), e do multinstrumentista Tyshawn Sorey (Mesmerism). No ano passado, o prêmio de disco do ano ficou com o saxofonista Kenny Garrett, com o álbum Sounds From The Ancestors. O mesmo disco de Carrington, que traz apenas composições criadas por mulheres, já tinha conquistado o Grammy deste ano na mesma categoria.

Além do quarteto formado por Kris Davis (piano), Linda May Han Oh (baixo), Nicholas Payton (trompete) e Matthew Stevens (guitarra), Carrington convidou vários convidados para acompanhá-la, entre eles, Ambrose Akinmusire, Melanie Charles, Ravi Coltrane, Val Jeanty, Samara Joy, Julian Lage, Michael Mayo, Elena Pinderhughes, Dianne Reeves, Somi e a percussionista brasileira Negah Santos.

Na categoria Conjunto da Obra, que sempre destaca um músico com mais de 40 anos de carreira, o vencedor foi o saxofonista Charles Lloyd, que superou o pianista Keith Jarrett e os saxofonistas George Coleman e Wadada Leo Smith. Em 2022, o vitorioso nesta categoria foi a cantora Sheila Jordan. Lloyd completou 85 anos em março.

O pianista Ahmad Jamal, que morreu no último dia 16 de abril, aos 92 anos, levou o prêmio na categoria melhor disco histórico, que aponta lançamentos de álbuns e gravações "perdidos" de grandes nomes do jazz, nunca antes lançados. O disco Emerald City Nights: Live at the Penthouse traz gravações inéditas do pianista gravadas ao vivo no clube de jazz Penthouse, em Seattle, Washington (EUA), entre 1963 e 1968, com diferentes formações de trios com os baixistas Richard Evans e Jamil Nasser e os bateristas Chuck Lampkin, Vernel Fournier e Frank Gant.
Terri Lyne Carrington ficou com os prêmios de artista do ano e melhor álbum


Diferentemente de outras premiações, além dos músicos, também são premiados jornalistas e publicações relacionadas ao mundo do jazz. Entre os prêmios estão melhor revista, melhor blogue e o melhor livro. Você pode conhecer todos os indicados no no site oficial.

Outro destaque são os Jazz Heroes, que premia pessoas que contribuiram para a divulgação do jazz. Neste ano, 36 pessoas de várias cidades dos Estados Unidos foram premiados. Conheça todos eles na página oficial.

Conheça os 25 vencedores na categoria melhor disco em todas as edições do JJA Jazz Awards awards clicando aqui.

CONJUNTO DA OBRA
Charles Lloyd

MÚSICO
Terri Lyne Carrington

REVELAÇÃO
Samara Joy

COMPOSITOR
Miguel Zenón

ARRANJADOR
Maria Schneider

DISCO
New Standards Vol. 1 — Terri Lyne Carrington (Candid)

DISCO HISTÓRICO
Emerald City Nights: Live at the Penthouse — Ahmad Jamal (Elemental Music)

GRAVADORA
Smoke Sessions

PRODUTOR
Zev Feldman

CANTOR
Kurt Elling

CANTORA
Samara Joy

GRUPO VOCAL
The Manhattan Transfer

ORQUESTRA
Arturo O’Farrill Afro Latin Jazz Orchestra

CONJUNTO
Christian McBride’s New Jawn

DUETO
Fred Hersch and Esperanza Spalding

TROMPETISTA
Jeremy Pelt

TROMBONISTA
Steve Turre

METAIS
Steven Bernstein (slide trompete)

SOPROS
Roscoe Mitchell

SAXOFONISTA ALTO
Immanuel Wilkins

SAXOFONISTA TENOR
Charles Lloyd

SAXOFONISTA BARÍTONO

James Carter

SAXOFONISTA SOPRANO
Dave Liebman

CLARINETISTA
Anat Cohen

FLAUTISTA
Nicole Mitchell

GUITARRISTA
Bill Frisell

BAIXISTA
Linda May Han Oh

BAIXISTA ELÉTRICO

John Patitucci

VIOLINISTA/HARPA/CELLO
Tomeka Reid

PIANISTA
Emmet Cohen

TECLADISTA
Robert Glasper

PERCUSSIONISTA
Zakir Hussain

VIBRAFONISTA
Joel Ross

BATERISTA
Brian Blade





sexta-feira, 26 de maio de 2023

Após seis décadas, sax de George Coleman ainda emociona


A ficha corrida deste senhor de 87 anos inclui parcerias com Ray Charles, B.B. King, Max Roach, Charles Mingus, Herbie Hancock e Miles Davis.

Após seis décadas de carreira, o saxofonista George Coleman continua na ativa, mostrando aos mais jovens que a arte do jazz não tem tempo nem espaço pré-estabelecidos. Ela apenas flui entre os dedos, bocas e mentes e mantém vivo veteranos músicos.

Para entender um pouco mais a verdadeira essência do jazz, nada melhor do que ouvir um dos craques do time, o senhor Coleman comandando o quarteto composto por Spike Wilner (piano), Peter Washington (baixo) e Joe Farnsworth (bateria), gravado ao vivo (sem plateia) em março do ano passado, dentro do aconchegante clube de jazz nova-iorquino Smalls.

O álbum Live at Smalls Jazz Club traz oito temas, quase todos com mais de 8 minutos de duração cada um, que mostram como o improviso e a conexão entre os músicos são a perfeita tradução do jazz.

Temas como “Four”, de Miles Davis, “My Funny Valentine”, de Rodgers & Hart, e “Nearness of You”, de Hoagy Carmichael, são interpretados com maestria pelo quarteto. O sax tenor de Coleman é encorpado, preciso e naturalmente solto, mesmo não sendo uma apresentação “100% ao vivo”.

O disco ainda guarda outras preciosidades como, “New York, New York”, imortalizada na voz de Frank Sinatra, “Meditation”, composta por Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça, e regravada dezenas de vezes, incluindo Sinatra, e “At Last”, tema mundialmente conhecido com a cantora Etta James.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Jazzificada, Rickie Lee Jones entrega tudo em novo álbum


E já se passaram quatro décadas desde que a cantora norte-americana Rickie Lee Jones ganhou seu primeiro Grammy na categoria revelação. De lá para cá, a vida da cantora foi uma verdadeira montanha russa, incluindo um tumultuado relacionamento com o cantor Tom Waits e um mergulho nas drogas que atrapalharam sua promissora carreira.

Mas, apesar de tudo, seu talento latente a manteve produzindo, compondo e lançando discos durante as três décadas após sua estreia, no fim dos anos 70. Em 2021, a trajetória da cantora foi esmiuçada na autobiografia Last Chance Texaco: Chronicles of an American Troubadour, com histórias cheias de personagens interessantes e um roteiro pronto para várias temporadas de uma série, que certamente se tornaria cult. Agora, aos 68 anos, a cantora lança um novo disco, desta vez, totalmente dedicado ao jazz chamado Pieces of Treasure, com a produção do veterano Russ Titelman, que trabalhou com pesos pesados da música, entre eles, Eric Clapton, Steve Winwood, Brian Wilson, Ry Cooder e Milton Nascimento.

As 10 músicas “empacotadas” em um disco de apenas 34 minutos é a trilha sonora perfeita para se ouvir em um daqueles clubes de jazz escuros, esfumaçados e pequeninos encontrados em metrópoles como Nova York, Tóquio, Pequim, São Paulo, Buenos Aires ou Paris. A voz quase infantil da cantora - fãs da Bjork irão adorar - continua fazendo toda a diferença, mas agora com um timbre mais melancólico. Temas como “All the Way”, “Nature Boy”, “One For My Baby” e “September Song” são interpretados com delicadeza e urgência quase palpáveis.

A formação de quarteto, com Rob Mounsey (piano), Russell Malone (guitarra), David Wong (baixo) e Mark McLean (bateria), traz o background ideal para as canções escolhidas, na sua maioria das décadas de 1930, 1940 e 1950.

Destaque para as versões de “There Will Never Be Another You” e “Here’s That Rainy Day”, imortalizadas nas vozes de Chet Baker e Nat King Cole, respectivamente, “Just in Time”, gravada pela cantora Nina Simone, em 1962, e aqui acompanhada pelo vibrafone de Mike Mainieri, e o dueto da cantora com a guitarra de Malone na deliciosa “On The Sunny Side Of The Street”.

Durante entrevista para divulgar o álbum, a cantora declarou que o intérprete pode se colocar no lugar de qualquer música, como um ator, e torná-la tão real quanto qualquer coisa que ele mesmo tenha escrito.

“Não estou aqui para honrar o legado da música. Estou aqui para torná-la minha. A música não é sacrossanta. É o cantor que lhe dá vida, e cada novo cantor que o faz tem o mesmo direito de cantar”, filosofou a cantora.