sábado, 22 de abril de 2023

C6 Fest traz Kraftwerk, Jon Batiste e Samara Joy


Entre os dias 19, 20 e 21 de maio, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e nos dias 18 e 20 de maio, no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, acontecerá a primeira ediçao do C6 Fest, festival produzido pela Dueto Produções, produtora que foi responsável pela curadoria dos extintos festivais Free Jazz e TIM Festival.


Entre as atrações mais aguardadas estão os alemães do Kraftwerk, a cantora Samara Joy, vencedora do Grammy de artista revelação em 2023, o pianista, cantor e arranjador Jon Batiste, que faturou cinco Grammy em 2022, incluíndo disco do ano, e o trio The Comet Is Coming. Outros destaques são o guitarrista norte-americano Julian Lage e a saxofonista britânica Nubya Garcia.
Aos 23 anos, Samara Joy levou 2 Grammy em 2023, entre eles, de revelação


Além dos artitas citados, o C6 Fest terá a presença de Underworld, Christine and the Queens, Arlo Parks, Weyes Blood e Dry Cleaning. O festival também escalou os brasileiro Caetano Veloso, Terno Rei, Xênia França e Tim Bernardes. Para saber mais sobre o festival, visite o site oficial. Confira abaixo a programação completa do C6 Fest:













segunda-feira, 3 de abril de 2023

NEA Jazz Masters ganha quatro novos membros em 2023


A National Endowment for the Arts (NEA) comemorou no último dia 1 de abril a entrada de quatro novos membros no NEA Jazz Masters. São eles: Regina Carter (violino), Kenny Garrett (saxofone), Louis Hayes (baterista) e Sue Mingus (produtora). A cerimônia aconteceu no Kennedy Center, na capital norte-americana Washington.

Desde 1982, cerca de 100 personalidades, entre músicos, compositores, arranjadores, jornalistas, radialistas e escritores, receberam a honraria batizada de NEA Jazz Masters. Nomes como Count Basie, Sonny Rollins, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Sarah Vaughan, Chick Corea, Ella Fitzgerald, Pat Metheny e Dan Morgenstern já foram premiados pela NEA.

O mais veterano ao entrar para esse seleto grupo em 2023 é o baterista Louis Hayes, de 85 anos. O músico tem no currículo dezenas de gravações ao lado de feras como o saxofonista Cannonball Adderley, os pianistas Horace Silver, McCoy Tyner e Oscar Peterson. Ele também tocou com John Coltrane, Thelonious Monk, J J Johnson, Sonny Rollins, Jackie McLean, Wes Montgomery, Joe Henderson, Cedar Walton, George Benson e tantos outros.

Já a violinista Regina Carter é uma referência no instrumento desde a década de 1990, e hoje, aos 56 anos, continua envolvida em diversos projetos e parcerias. Ela esteve no Brasil no extinto Chivas Jazz Festival, em 2000, e tocou com feras como Aretha Franklin, Lauryn Hill e Kenny Barron.

Quem também está na lista deste ano é o saxofonista Kenny Garret, que tem uma longa carreira, com destaque para as décadas de 1990 e 2000. Para muitos, esse sessentão nascido em Detroit (EUA) é o mais importante saxofonista alto das últimas décadas. Entre 1987 e 1991, ele tocou com o trompetista Miles Davis, que morreu em 28 de setembro de 1991.

No ano passado, o disco Sounds From The Ancestors ganhou o prêmio de melhor disco de jazz no JJA Awards, da Associação de Jornalistas de Jazz. O álbum também conquistou cinco estrelas na crítica da revista Downbeat, que concedeu esse status a apenas sete discos durante todo o ano de 2021.

Por fim o NEA ofereceu um prêmio póstumo para Sue Mingus, que faleceu em 2022, ao 92 anos de idade. Ela foi casada com o baixista Charles Mingus e continuou gerenciando a obra do músico depois de sua morte, em 1979, aos 56 anos de idade. O prêmio foi recebido por Roberto e Emma Ungaro, respectivamente, filho e neta de Sue.

Em 2022, os vencedores foram Cassandra Wilson, o saxofonista Donald Harrison, Jr, o baixista Stanley Clarke e o baterista Billy Hart (bateria). Na página oficial da entidade, você encontra mais detalhes sobre os vencedores deste ano.

Veja abaixo a íntegra da entrega NEA Jazz Masters de 2023, e vídeos destacando cada um dos quatro premiado:











Veja abaixo, na íntegra, outras cerimônias do NEA Jazz Masters:



VEJA ABAIXO TODOS OS VENCEDORES DO NEA JAZZ MASTERS


1982: Roy Eldridge, Dizzy Gillespie e Sun Ra
1983: Count Basie, Kenny Clarke e Sonny Rollins

1984: Ornette Coleman, Miles Davis e Max Roach
1985: Gil Evans, Ella Fitzgerald e Jonathan Jones

1986: Benny Carter, Dexter Gordon e Teddy Wilson
1987: Cleo Patra Brown, Melba Liston e Jay McShann

1988: Art Blakey, Lionel Hampton e Billy Taylor
1989: Barry Harris, Hank Jones e Sarah Vaughan

1990: George Russell, Cecil Taylor e Gerald Wilson<
1991: Danny Barker, Buck Clayton, Andy Kirk e Clark Terry

1994: Louie Bellson, Ahmad Jamal e Carmen McRae
1995: Ray Brown, Roy Haynes e Horace Silver

1996: Tommy Flanagan, Benny Golson e J.J. Johnson
1997: Billy Higgins, Milt Jackson e Anita O'Day

1998: Ron Carter, James Moody e Wayne Shorter
1999: Dave Brubeck, Art Farmer e Joe Henderson

2000: David Baker, Donald Byrd e Marian McPartland
2001: John Lewis, Jackie McLean e Randy Weston

2002: Frank Foster, Percy Heath e McCoy Tyner
2003: Jimmy Heath, Elvin Jones e Abbey Lincoln

2004: Jim Hall, Chico Hamilton, Herbie Hancock, Luther Henderson, Nat Hentoff e Nancy Wilson
2005: Kenny Burrell, Paquito D'Rivera, Slide Hampton, Shirley Horn, Artie Shaw, Jimmy Smith e George Wein

2006: Ray Barretto, Tony Bennett, Bob Brookmeyer, Chick Corea, Buddy DeFranco, Freddie Hubbard e John Levy
2007: Toshiko Akiyoshi, Curtis Fuller, Ramsey Lewis, Dan Morgenstern, Jimmy Scott, Frank Wess e Phil Woods

2008: Candido Camero, Andrew Hill, Quincy Jones, Tom McIntosh, Gunther Schuller, Joe Wilder
2009: George Benson, Jimmy Cobb, Lee Konitz, Toots Thielemans, Rudy Van Gelder e Snooky Young

2010: Muhal Richard Abrams, George Avakian, Kenny Barron, Bill Holman, Bobby Hutcherson, Yusef Lateef, Annie Ross e Cedar Walton
2011: Hubert Laws, David Liebman, Johnny Mandel, Orrin Keepnews e Marsalis Family (Ellis Marsalis, Jr., Branford Marsalis, Wynton Marsalis, Delfeayo Marsalis e Jason Marsalis

2012: Jack DeJohnette, Von Freeman, Charlie Haden, Sheila Jordan e Jimmy Owens
2013: Mose Allison, Lou Donaldson, Lorraine Gordon e Eddie Palmieri

2014: Jamey Aebersold, Anthony Braxton, Richard Davis e Keith Jarrett
2015: Carla Bley, George Coleman, Charles Lloyd e Joe Segal

2016: Gary Burton, Wendy Oxenhorn, Pharoah Sanders e Archie Shepp
2017: Dee Dee Bridgewater, Ira Gitler, Dave Holland, Dick Hyman e Lonnie Smith

2018: Pat Metheny, Dianne Reeves, Joanne Brackeen e Todd Barkan
2019: Bob Dorough, Abdullah Ibrahim, Maria Schneider e Stanley Crouch

2020: Bobby McFerrin, Roscoe Mitchell, Reggie Workman e Dorthaan Kirk
2021: Terri Lyne Carrington, Albert “Tootie” Heath, Henry Threadgill e Phil Schaap

2022: Stanley Clarke, Billy Hart, Cassandra Wilson e Donald Harrison, Jr
2023: Regina Carter, Kenny Garrett, Louis Hayes e Sue Mingus

2024: Gary Bartz, Terence Blanchard, Amina Claudine Myers e Willard Jenkins
2025:

sexta-feira, 17 de março de 2023

Kenny Garrett - Songbook

Kenny Garrett jazz
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados. Com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará neste blog algumas dicas de CDs publicadas no extinto Guia de Jazz.

Ao final de cada resenha você encontrará vídeos do YouTube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui


Kenny Garrett - Songbook (1997)

Não sou músico e também não tenho mais a pretensão de ser. A vontade de ser um grande guitarrista ficou lá na década de 1980, quando eu tentava tirar alguma melodia da minha surrada guitarra Dolphin. Mas volta e meia me dá uma vontade de conhecer um pouco de teoria musical para tentar entender como os músicos de jazz conseguem certas proezas.

Este sentimento aparece com frequência quando escuto o disco Songbook, do saxofonista norte-americano Kenny Garrett. Sua apurada técnica, muitas vezes, lembra a genialidade de John Coltrane. Em comum, além da inquietude diante dos desafios que o jazz proporciona, Coltrane e Garrett passaram uma temporada ao lado de Miles Davis.

Desde o início de sua carreira, lá na década de 1980, o sax alto de Garrett tem se mostrado inovador e pulsante. O CD Songbook é um registro importante na extensa discografia do músico. O principal motivo, além do trio que o acompanha, é o repertório, todo ele composto pelo saxofonista. Ao seu lado, Garret escalou o genial pianista Kenny Kirkland, o baterista Jeff ‘Tain’ Watts e o baixista Nat Reeves.

Garrett não dá moleza ao ouvinte. Logo de saída, ele destila seu sax no tema “2 Down & 1 Across”. Felizmente, após 5 minutos do primeiro tema, o quarteto nos oferece “November 15”, que faz você voltar ao mundo dos não músicos. Em “Wooden Steps”, quem brilha é o saudoso Kirkland, que mostra toda sua vitalidade ao piano.

O disco fica mais acessível com “Brother Hubbard”, tributo ao trompetista Freddie Hubbard, a quase bossa nova “Ms. Baja”, na delicada “Before It’s Time To Say Goodbye” e em “House That Nat Built”, que poderia ter sido gravada facilmente pelo saxofonista David Sanborn.

Mas o grande tema do álbum é obviamente “Sing A Song Of Song”. A frase principal da melodia fica o tempo todo permeando a música enquanto Garrett e Kirkland vão desbravando o tema com notas inspiradas. Após os 7 minutos de duração o ouvinte terá as mais distintas sensações.

Após quatro décadas de carreira, o sessentão Kenny Garrett passou por vários estágios na vida pessoal e profissional. Tudo isso reflete em sua forma de tocar e o faz a cada disco procurar por uma resposta que talvez nunca seja respondida. Para a nossa sorte, a busca de Garrett tem nos proporcionado discos inspiradores.