quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Documentário mostra Ron Carter 'em busca das notas certas'


O nome do baixista Ron Carter é ouvido desde a década de 1960, quando foi convidado pelo trompetista Miles Davis para fazer parte de seu quinteto, ao lado de Wayne Shorter (sax), Herbie Hancock (piano) e Tony Williams (bateria). Desde então, foram mais de 2 mil gravações e o reconhecimento do Guinness Book como o baixista que mais fez gravações na história da música.

Hoje, aos 85 anos, ele continua na ativa, tocando nos principais festivais dos Estados Unidos e Europa, além de manter sua verve de educador sempre altiva e pronta para disseminar conhecimento e inspirar novas gerações de músicos.

Em abril deste ano, Ron Carter venceu o Grammy na categoria melhor disco de jazz com o álbum Skyline, ao lado do baixista Jack DeJohnette e do pianista Gonzalo Rubalcaba. Um mês depois, em comemoração ao seu 85° aniversário, o baixista fez uma apresentação especial no Carnegie Hall, na cidade de Nova York (EUA). Ele tocou com o Golden Striker Trio, formado por Carter, Donald Vega (piano) e Russell Malone (guitarra), e também se apresentou no formato quarteto e octeto.

Para conhecer um pouco mais a trajetória do músico, foi ao ar nesta semana, no canal norte-americano PBS, o documentário Ron Carter: Finding The Right Notes. O nome do documentário é o mesmo da autobiogragfia escrita em parceria com o escritor Dan Ouellette, lançada em 2014.

No documentário, o baixista fala sobre o difícil início de carreira, quando sentiu o racismo ao tocar música erudita, e sua migração para os clubes de jazz. A passagem pelo quinteto de Miles Davis e as parcerias ao logo da carreira também são lembrados por Carter. Além do depoimento do músico e de um bate papo com o músico Jon Batiste, o documentário traz entrevistas com vários jazzistas, entre eles, Herbie Hancock e Sonny Rollins. Entre as músicas que são apresentadas parcialmente no documentário, estão "My Funny Valentine", “Impressions”, “Manhã de Carnaval”, “Sweet Lorraine” e “Autumn Leaves”.
Carter e o músico Jon Batiste se encontram no estúdio

Junto com o documentário, foi lançado um CD duplo com o mesmo título trazendo várias registros ao vivo nunca antes lançados. O ouvinte terá a oportunidade de ouvir o Carter tocando com o baixista Christian McBride, no National Jazz Museum, no bairro do Harlem, em Nova York, além de duetos com o guitarrista Bill Frisell, o baixista Stanley Clarke e a orquestra WDR Big Band. Ouça abaixo o disco na íntegra.

O baixista também tocou com vários músicos brasileiros, entre eles, Tom Jobim e Milton Nascimento. Com Jobim, ele gravou os discos Wave (1968) e Stone Flower (1970) e participou do tributo realizado no Free Jazz Festival, em 1993. Na ocasião, Carter estava acompanhado de Herbie Hancock, Shirley Horn, Joe Henderson, Gonzalo Rubalcaba, Harvey Mason, Gal Costa e Oscar Castro-Neves.

O músico também lançou o disco Entre Amigos (2003) com a cantora e violonista Rosa Passos. No repertório, temas da bossa nova imortalizados por João Gilberto e Tom Jobim, entre eles, "Bahia com H", "Insensatez", "Desafinado", "Caminhos Cruzados" e "Garota de Ipanema".























segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Gato Tom faz versão de tema composto por Louis Jordan


Os desenhos animados entre as décadas de 1930 e 1960 traziam, muitas vezes, o jazz em sua trilha sonora. Betty Boop, A Pantera Cor de Rosa, Perna Longa, Tom & Jerry, entre outros.

Quem também foi destaque é a filha do meio dos Simpsons, Lisa, que toca saxofone e tem como ídolo máximo o saudoso saxofonista Gengivas Sangrentas. Mas isso é uma outra história que será detalhada em breve.

Nesta postagem, os holofotes vão para o gato Tom e sua versão de "Is You Is or Is You Ain't My Baby", no episódio Solid Serenade, de 1946. A música ficou imortalizada na voz do cantor e pianista Louis Jordan, que compôs o tema ao lado de Billy Austin, em 1943. Ao longo das últimas décadas, o tema foi regravado por dezenas de músicos, entre eles, B.B. King, Diana Krall, Joe Jackson e DinaH Washington.

Abaixo você vê o episódio de Tom & Jerry e algumas versões do tema de Louis Jordan. Boa Diversão.









sexta-feira, 2 de setembro de 2022

80 primaveras de Flora Purim


A cantora brasileira Flora Purim foi uma das responsáveis por levar a nossa música para fora do país. Suas participações em álbuns de Gil Evans, Stan Getz, George Duke, Chick Corea, Miles Davis, Duke Pearson, Dizzy Gillespie, entre outros, fizeram de Flora uma embaixatriz brasileira em solo norte-americano.

Com cinco décadas de carreira, quase toda fora do Brasil, Flora tem seu nome diretamente ligado ao percussionista Airto Morreira, com quem foi casado e dividiu o palco centenas de vezes, além de participações marcantes em trabalhos de Carlos Santana e Hermeto Pascoal.

Hoje, aos 80 anos de idade, a cantora resolveu deixar a aposentadoria de lado para lançar o disco If You Will, o primeiro em 15 anos, com participações de de Airto Moreira, o guitarrista José Neto, sua filha Diana Purim nos vocais e o percussionista Celso Alberti.

O disco, gravado em São Paulo e Curitiba, durante a pandemia, traz canções inéditas e algumas regravações de músicas já lançadas pela cantora ou por Moreira, entre elas, a faixa-título, gravada em parceria com o músico George Duke, e "500 Miles High", gravada originalmente pelo grupo Return to Forever, no disco Light As A Feather (1976).

Para coroar o retorno da cantora, a revista norte-americana Jazz Times estampou na capa de sua edição de setembro a veterano brasileira, com o título Contos de uma vocalista icônica. Parabéns à Jazz Times e a Flora Purim, um patrimônio da música brasileira esquecida em seu próprio país.

Além do disco If You Will, Flora também produziu durante a pandemia o álbum da cantora Cristina El Tarran, que regravou temas da carreira de Flora. Recentemente, Cristina se apresentou ao lado do músico e compositor João Donato, em Curitiba (PR).

A última vez que Flora e Airto se apresentaram no Brasil foi em janeiro de 2022. Na época, a saúde do percussionista já era frágil, mas se agravou em maio depois que pegou uma peneumonia. O músico agora se recupera, mas ainda inspira cuidados. Diante da idade avançada de Flora, que completou 80 anos este ano, ainda não há previsão para o retorno da cantora em palcos brasileiros.