segunda-feira, 11 de abril de 2022

Documentário traz o mitológico clube londrino Ronnie Scott


Todos os caminhos levam ao Ronnie Scott's, em Londres. O número 47 da Frith Street, no Soho, é o local preferido de jazzistas e fãs de jazz desde 1965.

A casa leva o nome do seu dono, o saxofonista britânico Ronnie Scott, que idealizou o local com o também saxofonista Pete King. Os dois abriram a casa em 30 de outubro de 1959, na 39 Gerrard Street, no Soho, onde ficou até 1965, quanto mudou para a Frith Street.

Desde então, a meca do jazz na capital britânica continua de pé oferecendo shows de qualidade e uma atmosfera que envolve o público e torna a experiência de ver uma apresentação ao vivo ainda mais marcante.

Por aqui passaram todos os gigantes do jazz, entre eles, Miles Davis, Chet Baker, Nina Simone, Count Basie, Ella Fitzgerald, Thelonious Monk, Oscar Peterson, Ben Webster e Dizzy Gillespie. Algumas dessas apresentações foram registradas pelo fotógrafo Freddy Warren.

Parte do seu acervo pode ser visto no livro Ronnie Scott's 1959-69, que traz fotos de Miles Davis, Art Blakey, Stan Getz, Zoot Sims, Duke Ellington, Nina Simone, entre outros.

A casa também ficou marcada por ser o último local onde o guitarrista Jimi Hendrix tocou, em 16 de setembro de 1970. Dois dias depois de subir, de surpresa, no palco do Ronnie Scott's para fazer uma pequena jam com Eric Burdon and War, o guitarrista morreu aos 27 anos.

Em 2005 a casa foi vendida para os empresários Sally Greene e Michael Watt por 4 milhões de libras. Após uma ampla reforma, o Ronnie Scott reabriu mais moderno e "menos" charmoso aos olhos dos antigos frequentadores. Mas, até hoje, mantém uma programação pujante. Em abril de 2022, entre as atrações, estão Melisa Aldana, Dee Dee Bridgewaters e Yellowjackets.

O Ronnie Scott's também foi palco de um show fechado dos Rolling Stones, em dezembro de 2021. Mick Jagger, Ron Wood e Keith Richards se reuniram para homenagear o baterista Charlie Watts, que morreu em agosto de 2021, aos 80 anos. Watts era um fã de jazz e gravou alguns álbuns exclusivamente tocando jazz. Na plateia estavam apenas familiares dos músicos, além da presença do ex-baixista Bill Wayman.

Outro momento marcante aconteceu em fevereiro de 2014, com a apresentação do cantor Prince. O show foi acompanhado por uma plateia de estrelas, entre elas, a ex-modelo Kate Moss, o músico Noel Gallagher e a cantora Adele
Scott e seu saxofone fazem posse em frente ao mitológico clube de jazz


No início de 2022, foi lançado o documentário Ronnie's. Dirigido pelo documentarista britânico Oliver Murray, o filme mostra o nascimento da casa, conta histórias curiosas e traça um perfil do saxofonista Ronnie Scott, que morreu em 1996, aos 69 anos.

O corpo do músico foi encontrado em seu apartamento, em Londres, com um copo de álcool e comprimidos ao lado. Desde um operação no dente mal sucedido, o músico não conseguiu mais tocar direito seu saxofone e a depressão que já fazia parte de sua vida ficou ainda mais aguda.

Além de dezenas de trechos de apresentações de músicos do quilate de Oscar Peterson, Sonny Rollins, Buddy Rich, Ella Fitzgerald, Miles Davis Sarah Vaughan, Chet Baker entre outros, o documentário traz depoimentos de quem vivenciou a história da casa de jazz londrina, entre eles, o produtor Quincy Jones, o saxofonista Sonny Rollins, o crítico de jazz John Fordham e familiares do Scott. Esse não é o primeiro documentário sobre o Ronnie Scott. Em 1989, Fordham escreveu e narrou um documentário em parceria com o canal BBC. Você pode vê-lo abaixo, na íntegra, sem legendas.

























segunda-feira, 4 de abril de 2022

Grammy 2022 - Os vencedores


Os vencedores da 64ª edição dos prêmios Grammy foram revelados no dia 3 de abril, em uma cerimônia na cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos.

O grande vencedor da noite foi o músico Jon Batiste (foto), que levou cinco prêmios (música americana tradicional, performance de música americana tradicional, trilha sonora original, melhor vídeo e disco do ano). O disco vitorioso do músico é We are, que mistura jazz, R&B, o soul e rap.

Em entrevistas para divulgar o álbum, Batiste disse que Duke Ellington, seu maior ídolo, certa vez falou que é preciso descategorizar os gêneros musicais. "Foi isso que decidi fazer”, afirmou o músico.

Além dos quatro prêmios por We Are, o músico conquistou o Grammy pela trilha sonora do filme Soul, que foi composta por Batiste, Trent Reznor e Atticus Ross. A trilha já tinha ganhado o Oscar e o Globo de Ouro algumas semanas antes.



O disco Love For Sale, parceria entre Tony Bennett & Lady Gaga, conquistou apenas um Grammy, na categoria melhor álbum tradicional pop vocal. O pianista Chick Corea ganhou um prêmio pôstumo na categoria improviso solo de jazz, pela faixa Humpty Dumpty (Set 2), do disco Akoustic Band Live (Chick Corea, John Patitucci & Dave Weckl).

Na categoria disco de jazz, o prêmio ficou com Skyline, trio formado pelo baixista Ron Carter, o baterista Jack DeJohnette e o pianista Gonzalo Rubalcaba. A cantora Esperanza Spalding ficou com o prêmio de disco vocal de jazz pelo álbum Songwrights Apothecary Lab. É a terceira vez que ela conquista o prêmio nessa categoria.

O melhor disco de big band ficou com For Jimmy, Wes And Oliver, do baixista Christian McBride. A categoria de jazz fecha com o melhor disco de jazz latino.

A brasileira Eliane Elias ficou com o prêmio pelo disco Mirror Mirror, no qual ela é acompanhada pelos pianistas Chick Corea e Chucho Valdés. Essa foi a quarta indicação da brasileira, que já tinha ganho um Grammy na mesma categoria em 2016 com o disco Made in Brazil.

Destaque também para o prêmio na categoria melhor composição instrumental, vencido pelo pianista Lyle Mays, que morreu em 2020, aos 66 anos. o tema vencedor foi "Eberhard", uma composição de 13 minutos em homenagem ao baixista alemão Eberhard Weber, um dos compositores favoritos do pianista.















domingo, 3 de abril de 2022

Wayne Shorter vira nome de rua em Newark


O saxofonista Wayne Shorter será homenageado no próximo dia 29 de abril por sua cidade natal Newark, que fica no Estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos. O nome do músico vai substituir a atual rua Park Place.

O local também é a casa da rádio WBGO, uma das estações de jazz mais importantes da costa leste dos EUA. Após a inauguração, a Wayne Shorter Way vai se encontrar com a Sarah Vaughan Way. A cantora é outra jazzista nascida na cidade.


Shorter, de 88 anos, mora na costa oeste dos EUA e participará do evento via satélite. Nos últimos anos, sua saúde piorou e o músico deixou de participar de festivais, após 50 anos rodando o mundo. A mulher do músico é a brasileira Carolina, com quem está casado há quase 30 anos.

Wayne Shorter tem um retrospecto de respeito no mundo do jazz. Ele despontou no Jazz Messengers, do baterista Art Blakey, no início dos anos 60, logo depois foi convidado por Miles Davis para fazer parte de seu quinteto, que contava ainda com Herbie Hancock, Ron Carter e Tony Williams, entre 64 e 70.

No início do jazz fusion, Shorter criou, ao lado de Joe Zawinul e Miroslav Vitous, o Weather Report, que mais tarde teria a participação do baixista Jaco Pastorius. Desde então, o saxofonista tem trabalhado em discos solos e participado de outros projetos.
Shorter e o trio formado por Brian Blade, Danilo Perez e John Patitucci


Em 1975, Shorter lançou o disco Native Dancer ao lado do cantor Milton Nascimento. O álbum trazia várias composições de Milton, entre elas, "Ponta de Areia", "Tarde" e "Milagre dos Peixes". Participaram das gravações os brasileiros Wagner Tiso (teclados), Robertinho Silva (bateria) e Airto Moreira (percussão). O disco também conta com o pianista Herbie Hancock, velho conhecido do saxofonista.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o saxofonista disse que o disco "é importante porque mostra como aproximar duas visões da música sem que nenhuma delas seja submissa à outra. Nós não queríamos que Milton imitasse o jazz, e eu não conseguiria imitar o Milton. Conseguimos fazer algo muito complementar".

Durante a entrevista, o cantor falou de uma situação inusitada com o cantor do grupo Earth Wind and Fire, Maurice White. "Quase 10 anos depois do lançamento do disco, eu estava em Los Angeles e um cara na piscina me chamou. Fui ver o que era. Era o Maurice White, que disse que me chamou para me agradecer. Disse que a banda dele nasceu após ele ouvir as sessões de gravação do Native Dancer", lembrou Milton.
Placa com o nome do saxofonista é inaugurada em Nova Jersey


Em 2019, Shorter venceu seu último Grammy com o disco Emanon, álbum triplo no qual é acompanhado por Danilo Perez (piano), John Patitucci ( baixo) e Brian Blade (bateria). A Orpheus Chamber Orchestra também participa de algumas faixas. O saxofonista foi indicado 21 vezes e levou para casa 11 prêmios Grammy. O trio também acompanhou Shorter no disco Without a Net (2013). O tema "Orbits" ficou com o Grammy de melhor improvisão solo de jazz.

Antes de seu nome virar rua, o saxofonista recebeu outras três homenagens pelo conjunto da sua obra: NEA Jazz Masters Award (1998), the Grammy Lifetime achievement Award (2015) e o Polar Music Prize (2017).