quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Jon Batiste e Tony Bennett lideram corrida pelo Grammy


Os indicados para a edição número 64 dos prêmios Grammy foram divulgados no dia 23 de novembro.

Ao todo, são 88 categorias dos mais diversos gêneros musicais. Na última década, a importância da premiação tem sido questionada por quase todos os envolvidos, entre eles, os artistas, a crítica e o público.

Apesar da mudança na indústria fonográfica e a gritante diferença na maneira do público consumir música, as premiações continuam sendo uma vitrine importante para os artistas, em especial o Grammy, notoriamente a mais importante do gênero, mas com muito menos impacto nas carreiras de seus vencedores e indicados.

Como sempre acontece, o Grammy privilegia os artistas da música pop nas indicações principais e na festa de premiação, que nesta edição acontecerá em 3 de abril. Neste ano, as estrelas pop em destaque são Justin Bieber, Billie Eilish, Lil Nas X, Olivia Rodrigo e H.E.R. Mas há dois forasteiro entre os mais indicados: Jon Batiste e Tony Bennett, acompanhado de Lady Gaga.

Pianista, compositor, cantor e arranjador, Batiste foi indicado em 11 categorias, quase todas pelo disco We Are (foto), lançado pela gravadora Verve. As principais categorias são Gravação, Música e Disco do Ano. Ele também concorre pela trilha do filme Soul, animação da Pixar, que tem o personagem principal inspirado no cantor. Batiste ganhou o Globo de Ouro e o Oscar com essa trilha.

Quem também chegou com força ao Grammy é o disco Love for Sale, dos cantores Tony Bennett e Lady Gaga. Essa é a segunda parceria da dupla, que lançou em 2014 a primeira colaboração juntos.

Desta vez, o repertório traz apenas composições do genial Cole Porter, um dos compositores mais regravados entre os jazzistas. O disco recebeu seis indicações, incluindo Gravação, pela música "I Get A Kick Out Of You", e Disco do Ano.

BRAZUCAS NA DISPUTA


O Brasil está concorrendo em quatro categorias, uma com a pianista Eliane Elias, e três com Sergio e Clarice Assad e o Third Coast Percussion. Eliane concorre como melhor disco de jazz latino pelo álbum Mirror Mirror, no qual faz duetos com os pianistas Chick Corea e Chucho Valdés. Corea morreu em fevereiro de 2021, na véspera do Grammy 2021.

O violonista brasileiro Sergio Assad e a filha Clarice (voz e piano) concorrem pelo disco Archetypes, uma parceria com o Third Coast Percussion, grupo de percussão do estado americano de Illinois. As categorias são: Composição Clássica Contemporânea, Engenharia de Álbum Clássico e Performance de Música de Câmara. Sérgio também é conhecido por seu trabalho no Duo Assad, ao lado do irmão Odair, com quem divide os violões e uma carreira internacional de sucesso há três décadas.

CATEGORIAS DE JAZZ


Por falar em Chick Corea, ele concorre em outras três categorias. O disco Plays, com composições clássicas e de jazz, é um dos indicados em Clássico Compêndio. As outras duas são pelo álbum Akoustic Band LIVE, ao lado de John Patitucci e Dave Weckl. Na mesma categoria de disco de jazz, estão na briga o guitarrista Pat Metheny (Side-Eye NYC), o baixista Ron Carter (Skyline), o cantor Jon Batiste (Jazz Selections: Music From And Inspired By Soul) e o trompetista Terence Blanchard (Absence).
Chick Corea, John Patitucci e Dave Weckl concorrem com álbum duplo ao vivo


Blanchard também disputa na categoria Gravação de Jazz, com o tema "Absence". Ele concorre contra o trompetista Christian Scott aTunde Adjuah (Sackodougou), o pianista Kenny Barron (Kick Those Feet), o cantor Jon Batiste (Bigger Than Us) e o pianista Chick Corea (Humpty Dumpty (Set 2)).

Na categoria Disco Cantado, concorrem o atual vencedor, Kurt Elling (SuperBlue), em parceria com o guitarrista Charlie Hunter, a dupla The Baylor Project (Generations), e as cantoras Nnenna Freelon (Time Traveler), Gretchen Parlato (Flor) e Esperanza Spalding (Songwrights Apothecary Lab). O disco de Gretchen tem duas canções interpretadas em português, além das participações dos músicos brasileiros Airo Moreira (percussão), Marcel Camargo (guitarra) e Léo Costa (bateria)

A cantora Jazzmeia Horn volta a disputar um Grammy, mas desta vez na categoria Disco de Orquestra, com o aclamado Dear Love, seu terceiro álbum e sua terceira indicação. Ela terá no páreo os discos de The Count Basie Orchestra (Live At Birdland!), Christian McBride Big Band (For Jimmy, Wes And Oliver), Sun Ra Arkestra (Swirling) e Yellowjackets + WDR Big Band (Jackets XL).

JAZZ, MAS SEM SER JAZZ


Os músicos de jazz também conquistam indicações em outras categorias que não são propriamente de jazz. Neste ano, por exemplo, a cantora Norah Jones concorre com o seu disco Til We Meet Again na categoria Disco Tradicional Pop Cantado. O disco de Bennett e Lady Gaga também está disputando nessa categoria.

Na categoria Álbum Contemporâneo Instrumental, todos os cinco indicados são músicos de jazz. São eles: Randy Brecker & Eric Marienthal (Double Dealin'), Rachel Eckroth (The Garden), Taylor Eigsti (Tree Falls), Steve Gadd Band (At Blue Note Tokyo) e Mark Lettieri (Deep: The Baritone Sessions, Vol. 2).

Quem acabou perdido neste monte de categorias foi o pianista Lyle Mays, que morreu em fevereiro de 2020, aos 66 anos de idade. O disco póstumo Eberhard, com apenas uma música de 13 minutos de duração (escute nos vídeos abaixo), foi indicado como composição instrumental. A faixa é uma despedida à altura da grandeza de Mays, que tocou por décadas ao lado do guitarrista Pat Metheny.

VEJA ABAIXO TODOS OS INDICADOS NAS CATEGORIAS DO JAZZ

GRAVAÇÃO DE JAZZ

Sackodougou
Christian Scott aTunde Adjuah
Disco: The Hands Of Time (Weedie Braimah)

Kick Those Feet
Kenny Barron
Disco: Songs From My Father (Gerry Gibbs Thrasher Dream Trios)

Bigger Than Us
Jon Batiste
Disco: Soul (Original Motion Picture Soundtrack) (Various Artists)

Absence
Terence Blanchard
Disco: Absence (Terence Blanchard Featuring The E Collective And The Turtle Island Quartet)

Humpty Dumpty (Set 2)
Chick Corea
Disco: Akoustic Band Live (Chick Corea, John Patitucci & Dave Weckl)

DISCO CANTADO

Generations
The Baylor Project

SuperBlue
Kurt Elling & Charlie Hunter

Time Traveler
Nnenna Freelon

Flor
Gretchen Parlato

Songwrights Apothecary Lab
Esperanza Spalding

DISCO DE JAZZ

Jazz Selections: Music From And Inspired By Soul
Jon Batiste

Absence
Terence Blanchard Featuring The E Collective And The Turtle Island Quartet

Skyline
Ron Carter, Jack DeJohnette & Gonzalo Rubalcaba

Akoustic Band LIVE
Chick Corea, John Patitucci & Dave Weckl

Side-Eye NYC (V1.IV)
Pat Metheny

ÁLBUM DE ORQUESTRA

Live At Birdland!
The Count Basie Orchestra Directed By Scotty Barnhart

Dear Love
Jazzmeia Horn And Her Noble Force

For Jimmy, Wes And Oliver
Christian McBride Big Band

Swirling
Sun Ra Arkestra

Jackets XL
Yellowjackets + WDR Big Band

ÁLBUM DE JAZZ LATINO

Mirror Mirror
Eliane Elias With Chick Corea and Chucho Valdés

The South Bronx Story
Carlos Henriquez

Virtual Birdland
Arturo O'Farrill & The Afro Latin Jazz Orchestra

Transparency
Dafnis Prieto Sextet

El Arte Del Bolero
Miguel Zenón & Luis Perdomo

























terça-feira, 12 de outubro de 2021

Diversidade e longevidade marcam história do Montreux Jazz Festival


Ao lado dos festivais de Newport e Nova Orleans, nenhum outro evento musical é tão pulsante quanto o Montreux Jazz Festival, que acontece anualmente na cidade suíça, às margens do Lago Léman, em Montreux.

O responsável por essa história que começou em 1967 é o produtor Claude Nobs, que esteve à frente do festival até sua morte, em janeiro de 2013, aos 76 anos de idade.

Seu amor pela música e seu espírito libertador e sem preconceito fizeram o festival se tornar uma colcha de retalhos que recebe com o mesmo entusiasmo artistas tão diferentes como Miles Davis, Simply Red, Paralamas do Sucesso e John Lee Hooker.

Foi também graças ao festival que a música "Smoke on the Water", do grupo Deep Purple, foi composta. A letra "narra" o incêndio da antiga sala do festival, o Casino, em 1971, durante um concerto de Frank Zappa. Uma tragédia não aconteceu graças ao empenho de Nobs para retirar as pessoas do local.

A paixão de Nobs pelo Brasil foi essencial para que os artistas brasileiros tivessem espaço no palco principal em Montreux. O flerte do produtor com o Brasil aconteceu no final da década de 1970, quando ele foi convidado a organizar duas edições do Festival de Jazz de São Paulo, em 1977 e 1978. Essa aproximação só deixou Nobs ainda mais fascinado pela música brasileira.

Claude Nobs esteve à frente do festival por cinco décadas


O primeiro a pisar no palco do Montreux foi o cantor Gilberto Gil, em 1978. Desde então, grandes nomes da MPB passaram por lá, entre eles, Elis Regina, João Gilberto, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Jorge Ben e Beth Carvalho. O rock brasileiro também fez história ao tocar no festival em 1987, com os Paralamas do Sucesso. E no ano seguinte foi a vez dos Titãs e Lulu Santos.

Montreux também foi palco de um dos últimos concertos de Miles Davis, em 1991, menos de três meses antes de sua morte, aos 65 anos. O histórico show foi comandado pelo produtor Quincy Jones e uma grande orquestra interpretando canções da frutifera parceria entre Miles e o arranjador Gil Evans, na década de 1960. Outros shows que marcaram a rica história do festival são as apresentações de Aretha Franklin, Nina Simone, David Bowie, Stevie Ray Vaughan, Elis Regina, Gil & Caetano, Prince e o tributo a Quincy Jones.

ACERVO

As gravações de meio século de festival estão preservadas e imortalizadas no "Montreux Sounds Digital Project", lançado com a Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL). Ao todo, 5 mil horas de gravações de vídeo e áudio feitas a partir de 4 mil shows são mantidas no arquivo em 10 mil fitas originais, de diferentes formatos.

Desde 2016, parte desse acervo pode ser conferido em um jukebox audiovisual de última geração instalado no Montreux Jazz Café do novo prédio ArtLab de 250 metros de comprimento do campus da EPFL.
Romero Brito foi responsável pelo cartaz do festival em 1999


A cabine de visualização foi especialmente concebida e construída durante dois anos por uma equipe de 15 pesquisadores da EPFL e da escola de design ECAL, também de Lausanne. Possui uma tela acolchoada curvada feita de painéis em forma de diamante para dar uma impressão de profundidade. Espelhos de cada lado reforçam a experiência visual imersiva.

Além disso, um som 3D composto de 32 alto-falantes podem reproduzir a acústica das diferentes salas de concerto em Montreux, como o enorme Auditório Stravinski, que reúne 4 mil espectadores, ou o antigo Casino.

Você também pode acessar o site oficial do festival para saber todos os artistas que tocaram por lá, e seus respectivos anos, e visitar uma galeria com os pôster de todas as edições. A cada ano, um novo artista plástico é convidado a soltar a imaginação e dar uma identidade ao festival. Entre os artistas estão Romero Britto, Buron Morris, Andy Warhol, Robert Combas, Keith Haring, Hamish Grimes e Francis Baudevin.

MONTREUX NO RIO

O festival ganhou sua versão brasileira em 2019, com uma edição carioca. Entre os músicos que participarão estavam Amaro Freitas, Diogo Figueiredo, Quarteto Jobim e Maria Rita, Al Di Meola Opus 2019 e Steve Vai. A segunda edição aconteceu de forma virtual. Com a pandemia, os shows foram exibidos pelas canal oficial do festival no YouTube, diretamente do RIo de Janeiro, Los Angeles e Nova York.

Subiram "ao palco" nomes como Milton Nascimento, Toquinho, João Donato, Yamandu Costa, Sergio Dias, Hamilton de Holanda, Amaro Freitas, Pepeu Gomes, Roberto Menescal, Macy Gray e Anat Cohen. Veja abaixo alguns shows na íntegra de diferentes edições do festival, e uma entrevista com o produtor Marco Mazzola contanto histórias sobre o festival.


































quinta-feira, 7 de outubro de 2021

70 discos mais populares das últimas sete décadas


O site Discogs fez um pente fino em seus arquivos e compilou 70 discos mais populares entre os internautas que usam a plataforma para catalogar seus discos. A lista está dividida por década, que começa em 1950, um título por ano.

Os artistas que mais aparecem entre os 70 discos são os Beatles, que dominam a década de 1960, o Nirvana, que tem quatro discos, incluindo Nevermind, entre os dez discos da década de 1990, e os ingleses do Pink Floyd, com três discos na década de 1970 (The Wall, The Dark Side of the Moon e Wish You Were Here).

O jazz é protagonista apenas na década de 1950, com discos de Duke Ellington, Chet Baker, Miles Davis, Thelonious Monk, Benny Goodman, John Coltrane (foto) e Cannonball Adderley. Dos dez discos incluidos nesta década, apenas um não é de jazz. O intruso é simplesmente Elvis Presley, que ficou com o disco mais popular de 1956, segundo os usuários do Discogs.

Além de Kind of Blue, que ficou com o pódio no ano de 1959, Miles Davis aparece novamente com o álbum Sketches of Spain, gravado em 1959, mas lançado em 1960. A parceria entre Davis e Gil Evans rendeu belos discos na década de 1960 entre esses dois gênios. Sketches é um dos mais interessantes, com a fusão do jazz e o famoso Concierto de Aranjuez. Veja abaixo a ranking da década de 1950. Voce pode ver a relação completa no site do Discogs.


1950 - BENNY GOODMAN – THE FAMOUS 1938 CARNEGIE HALL JAZZ CONCERT
1951 - THELONIOUS MONK – GENIUS OF MODERN MUSIC
1952 - NAT “KING” COLE – UNFORGETTABLE
1953 - DUKE ELLINGTON AND HIS ORCHESTRA – ELLINGTON UPTOWN
1954 - CHET BAKER – CHET BAKER SINGS
1955 - BING CROSBY – MERRY CHRISTMAS
1956 - ELVIS PRESLEY – ELVIS PRESLEY
1957 - JOHN COLTRANE - BLUE TRAIN
1958 - CANNONBALL ADDERLEY – SOMETHIN’ ELSE
1959 - MILES DAVIS - KIND OF BLUE