domingo, 18 de abril de 2021

Norah Jones lança primeiro disco ao vivo gravado em diferentes palcos


E lá se vão quase duas décadas desde que a música "Don't Know Why" apresentou a cantora Norah Jones para o mundo. Na época, com apenas 23 anos, ela surpreendeu ao conquistar cinco Grammy de uma vez só.

Com vários discos no currículo e uma carreira que caminha pelo pop, folk e jazz, Norah Jones lança agora seu primeiro disco ao vivo: Til We Meet Again, com gravações registradas entre 2017 e 2019, nos EUA, Brasil, França e Itália.

Das 14 músicas, seis foram gravadas no Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo), e a maioria com o formato de trio, com Norah (piano), Brian Blade (bateria) e Christopher Thomas (baixo). O percussionista brasileiro Marcelo Costa toca na faixa "Those Sweet Words", gravada em 13 de dezembro de 2019, no Vivo Rio, e o flautista carioca Jorge Continentino participa da faixa "Just a Little Bit", também registrada no Rio.

O álbum também traz três músicas do seu disco de estreia Come Away with Me, são elas: "Cold, Cold Heart", "Don't Know Why" e "I’ve Got To See You Again", esta última gravada na França. A formação de trio é deixada de lado na ótima "It Was You", que originalmente foi lançada no EP Begin Again, de 2019. Aqui, ela aparece com a participação do órgão de Pete Remm, que também está na faixa "Begin Again".



Em trio, é possível ouvir melhor os acordes do piano de Norah. Eles são essenciais em faixas como "After the Fall", "Flipside" e "Tragedy". A cantora também incluiu no repertória a música “Falling”, parceria de Norah com o brasileiro Rodrigo Amarante, do grupo Los Hermanos.

O disco fecha com uma versão solo da música "Black Hole Sun", originalmente gravada pelo grupo Soundgarden. Foi a primeira vez que a cantora interpretou essa música, uma homenagem ao cantor Chris Cornell, que se suicidou em 18 de maio de 2017, aos 52 anos, em um quarto de hotel, horas depois de ter se apresentado no Fox Theatre, em Detroit, mesmo local escolhido pela cantora para lembrar Cornell, apenas cinco dias após a última apresentação de Cornell no comando do Soundgarden.









terça-feira, 13 de abril de 2021

Coleções e fascículos de discos ainda estão entre nós

Sim, todos nós sabemos que as novas gerações (leia-se abaixo de 30 anos) não têm o costume de comprar música no formato físico. Esta opção é naturalmente compreensível diante da falta de interesse das próprias gravadoras em lançar CDs de seus artistas e divulgá-los.

Soma-se a isso a evolução da tecnologia e a popularização das plataformas de streaming, entre elas, Deezer e Spotify, além do YouTube. Todas elas com milhões de músicas para ouvir de graça ou a preço de banana.

É claro que alguém vai falar sobre a retomada do LP, que em setembro de 2020 fatural mais do que o CD, após anos de hegemonia do disquinho digital a laser. Não podemos negar que o vinil se tornou um objeto de colecionador e que atrai a curiosidade de uma pequena parcela de jovens, que um dia já tinha ouvido falar deste tal de "bolachão".

Mas antes da derrocada final dos CDs, que são comercializados até hoje, um fenômeno tentou capilizar o formato digital com uma estratégia aparentemente simples: reedições. Não que tenha sido totalmente uma novidade, mas, desta vez, o caminho encontrato foi fazer uma parceria com grandes veículos da imprensa escrita e agregar valor à música com edições ricas em informação e com uma embalagem mais sofisticada.

Há vários exemplos, entre eles, as coleções lançadas pela Folha de S. Paulo, com destaque para Clássicos do Jazz, Lendas do Jazz, Soul & Blues, Vozes, 50 Anos da Bossa Nova e Raízes da Música Popular Brasileira. Todas foram lançadas no formato livro-CD, ou seja, além de uma seleção com os principais temas dos artistas em destaque, o consumidor também leva um pequeno livro com fotos e textos muito bem escritos e informativos.

Com a mesma proposta, também lançado pela Folha, foram publicadas coleções exclusivas de Tom Jobim e Elis Regina, abrangendo quase integralmente a discografia de cada um deles no formato livro-CD.

Quem também se lançou neste mercado foi a editora Abril, que na época tinha uma tradição de décadas comercializando coleções dos mais diversos assuntos. Diferentemente das coleções da Folha, que eram vendidas em um primeiro momento, semanalmente, com o jornal, as edições da Abril podiam ser compradas em livrarias.

No formato livro-CD, foram lançados edições de Milton Nascimento, Tim Maia, Legião Urbana e Chico Buarque. Em 2001, a Abril também editou a coleção Mitos do Jazz, com 20 livros-CD, entre eles, Miles Davis, Dizzy Gillespie e Dave Brubeck.

Vale lembrar que, em 1970, a editora Abril lançou a série História da Música Popular Brasileira, que trazia fascículos sobre os mais importantes nomes da nossa música, entre eles, Noel Rosa, Pixinguinha, Lupicinio Rogrigues e Gilberto Gil, acompanhado de um LP de 7 polegadas. Essa mesma coleção foi relançada mais duas vezes, em 1977 e 1982, mas com algumas mudanças nos artistas escolhidos. Em 1980, a Abril também foi responsável pelo lançamento da coleção de LPS Os Gigantes do Jazz, vendida em fascículos.

Uma das últimas iniciativas de vender fascículos de música, neste caso já na era do CD, na década de 1990, foram a coleção Os Grandes do Jazz, da editora Del Prado, Jazz Masters, da Folio Collection, e Mestres do Blues, da editora Altaya.

50 anos da Bossa Nova: coleção traz 20 nomes fundamentais do movimento


Um último destaque é a coleção Grande Discoteca Brasileira, que foi lançada pelos jornais O Estado de S.Paulo e Zero Hora (RS), em 2010. No formato livro-CD, a série destacava 25 títulos dos mais distintos gêneros musicais e épocas. Entre os discos estão Cazuza - Ideologia (1988), Luiz Melodia - Pérola Negra (1973), Alceu Valença - Cavalo de Pau (1982), Titãs - Cabeça Dinossauro (1986), Secos & Molhados - Secos & Molhados (1973) e Tropicália ou Panis et Circenses (1968). Uma década já se passou. Já é hora de lançar uma nova leva com disco lançados entre 1990 e 2010, não é mesmo?

Para quem ainda gosta de "tocar" na música enquanto está ouvindo um som, as coleções citadas acima terão efeito imediato. Apesar de 90% delas não serem mais vendidas "oficialmente" pelas editoras as quais foram lançadas, é muito fácil encontrá-las na internet ou nos principais sebos das grandes cidades brasileiras. Então, mãos à obra e bom garimpo.
Série Gigantes do Jazz traz fascículos com LPs de 7 polegas

quarta-feira, 31 de março de 2021

Donald Harrison – Nouveau Swing

Donald Harrison jazz
Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia e muito mais - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Donald Harrison – Nouveau Swing (1997)

Poucos são os jovens músicos de jazz que se arriscam a encarar o sax alto, um instrumento imortalizado pelas performances inimagináveis de Charlie “Bird” Parker. Mas, também por causa de Parker, o norte-americano Donald Harrison resolveu aceitar o desafio e se tornar um dos mais importantes saxofonistas alto do jazz.

Nascido em Nova Orleans, Harrison faz parte da geração que deu ao mundo feras como Wynton Marsalis e Branford Marsalis, ambos de Nova Orleans e colegas de Harrison durante sua formação musical. Logo depois, o músico tocou dois anos com o baterista Roy Haynes e, durante os anos de 1982 e 86, com o lendário Art Blakey.

Foi nesta época que Harrison conheceu o trompetista Terence Blanchard, com quem gravou alguns CDs após deixar o grupo de Blakey. Com essa bagagem, Harrison resolveu caminhar sozinho, lançando alguns bons trabalhos, entre eles Nouveau Swing, lançado pelo selo Impulse, em 1997. Neste CD, é possível ouvir toda a personalidade e a influência do soul e funk nas composições de Harrison. Ao seu lado, o músico tem feras como o baterista Carl Allen, o pianista Anthony Wonsey e o baixista Christian McBride.

O swing começa na faixa-título, com destaque para o piano de Wonsey, e nas funkeadas “Come Back Jack” e “Dance Hall”. O jazz mais tradicional acontece em “One Of A Kind”, “Little Flowers” e na versão da música de Miles Davis, “Eighty-One”. Harrison mostra ainda que em melodias mais calmas é possível colocar belas frases, como em “Sincerely Yours” e “New Hope”.

Como acontece com a maioria dos músicos de jazz, a música brasileira é uma forte influência, em especial Ivan Lins. Aqui, Harrison interpreta “Setembro”, composta por Lins e o arranjador Gilson Peranzzetta. Para terminar, “Christopher Jr.”, uma homenagem a Charlie Parker, com destaque para os solos de McBride.