segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

A arte do jazz nas lentes de Jean Pierre Leloir

A arte de fotografar músicos de jazz tem três representantes indiscutíveis: William Gottlieb. Herman Leonard e Francis Wolff.

Eles personificaram toda a mística que existe em torno de um músico de jazz. Durante as décadas de 1940 e 1960, suas fotos "tocavam" a alma dos fãs dos maiores nomes da história do jazz.

Do outro lado do Atlântico, mais especificamente em Paris, na França, um outro mestre das lentes imortalizou nomes como Miles Davis, Quincy Jones, Sarah Vaughan, Billie Holiday, John Coltrane, Duke Ellington, Chet Baker, Thelonious Monk, Nina Simone, Louis Armstrong e Dexter Gordon.

Jean Pierre Leloir aproveitou o constante intercâmbio de músicos americanos na Europa durante as décadas de 1950 e 1970 para registrar no palco e na intimidade esses e outros ícones do jazz.

Parte deste acervo foi selecionado e lançado no livro Jazz Images (foto acima), lançado apenas no mercado europeu, em 2017. As fotos foram selecionadas pelo espanhol Gerardo Cañellas e pelo fotógrafo argentino Jordi Soley, que tiveram acesso aos arquivos de Leloir em Paris.

Segundo os curadores do livro, a escolha das fotos foi um grande desafio diante do número incontável de fotos e registros históricos. Para conseguir selecionar as fotos para o livro, cerca de 150, eles deram preferência para registros mais íntimos e menos de shows ou gravações.

Com isso, é possível ver Quincy Jones e Sarah Vaughan (foto ao lado), em 1958, no apartamento de Jones, em Paris, ouvindo música em um rádio da época, ou ver Miles Davis descansando na piscina de um hotel, sem camisa e completamente relaxado, ou encontrar Count Basie desembarcando no aeroporto de Nice para participar do festival de jazz de Antibes, em 1961.

Após ver o livro, Quincy Jones explicou como Leloir conquistou o respeito, a admiração e a amizade de vários músicos de jazz. "Leloir tinha um talento único para preservar toda a atmosfera e emoções do momento. Ele nunca se comportava como um paparazzi, mas como um amigo".

Outro destaque do livro é uma fotografia do saxofonista John Coltrane sorrindo. Segundo, Soley é raro encontrar uma foto de Coltrane descontraído desta maneira.


Da esq. para a dir, e de cima para baixo: Louis Armstrong, Don Cherry, Billie Holiday, Dexter Gordon, Ray Charles, Chet Baker e Dick Twardzik, Herbie Hancock, John Coltrane, Nina Simone e sua filha Lisa, Sarah Vaughan, Roland Kirk e Ornett Coleman.

As fotos de Jean Pierre Leloir também foram usadas na Europa para estampar reedições de discos clássicos de jazz, entre eles Kind OF Blue, de Miles Davis, Moanin, de Art Blakey, Lady In Satin, de Billie Holiday, Giant Steps, de John Coltrane, Portrait In Jazz, de Bill Evans, e Affinity, de Oscar Peterson. Veja o vídeo abaixo com as capas desta coleção assinada por Leloir. Para saber mais detalhes dos discos e do livro entre no site oficial



terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Leny Andrade é a tradução da musicalidade

No tributo a Leny Andrade no Blue Note Rio, em janeiro de 2019, o pianista Gilson Peranzzetta contou uma história que sintetiza bem a importância da cantora.

Peranzzetta disse que um jornalista foi até a sua casa para fazer uma entrevista e perguntou o que a cantora representava na sua música, na sua vida.

O músico no mesmo instante respondeu que "Leny era a nota que faltava no meu acorde". Logo em seguida, o repórter perguntou a Peranzzetta se ele tinha café. O músico, então, quis saber sobre a entrevista. Mas a resposta de Peranzzetta foi o suficiente para o jornalista.

Apesar do caso contado por Peranzzetta (foto abaixo), com quem Leny tem várias parcerias no decorrer de meio século de carreira, o legado da cantora nunca foi ovacionado como acontece com as carreiras de Angela Maria, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Dolores Duran, Maria Bethânia, entre outras.

E olha que o repertório de Leny é extremamente acessível, uma mistura deliciosa de samba, jazz e bossa nova.

Ela tem discos em tributo a Tom Jobim, Nelson Cavaquinho, Cartola, Ivan Lins & Vitor Martins, isso sem falar nas canções que gravou de compositores como Luiz Bonfá, Vinicius de Moraes, Durval Ferreira, Roberto Menescal, Marcos Valle, Paulo Sergio Valle, Carlos Lyra, Ary Barroso e Dorival Caymmi.

Talvez o perfil mais jazzístico tenha "afastado" o público desta que é, sem dúvida, uma das mais completas cantoras do país. Seu domínio do scat (vocalização das notas) e sua precisão ao cantar são atributos que poucas cantoras no mundo têm.

O próprio Tony Bennett chama Leny de a "Ella Fitzgerald Brasileira". Além da apurada técnica vocal, Leny tem formação clássica de piano, o que deixa sua percepção musical ainda mais latente.

Durante sua rica carreira, Leny cantou ao lado de feras como Pery Ribeiro, Dick Farney, Johnny Alf, João Donato, Eumir Deodato, César Camargo Mariano (foto abaixo), Tamba Trio, Romero Lubambo, Sergio Mendes, Cristóvão Bastos e Gilson Peranzzetta. Em 1994, lançou o disco Maiden Voyage, ao lado do pianista de jazz Fred Hersch, com standards da música norte-americana.

Também lançado apenas no mercado internacional, o disco Alegria De Viver traz Leny acompanhada do violonista israelense Roni Ben-Hur. No repertório, temas de Tito Madi, Pixinguinha, Baden Powell, Tom Jobim e Luiz Eça.

Outro disco que merece destaque é Alma Mía (Fina Flor), de 2010, com Leny cantando em espanhol boleros clássicos como "El Dia Que Me Quiera", "Llévatela" e "Te Me Olvidas". A incursão pelo bolero acontece novamente no disco As Canções Do Rei, com músicas de Roberto e Erasmo Carlos, mas cantadas em espanhol.

Em 2018, Leny completou 75 anos. Apesar de estar com a saúde em dia, mesmo depois de sofrer algumas quedas em sua casa, no Rio de Janeiro, a cantora continua na ativa.

Desde a inauguração do Blue Note Rio, no fim de 2017, Leny já fez várias apresentações na casa. Em 2019, com a chegada do Blue Note em São Paulo, será a vez dos paulistanos terem a oportunidade de vê-la com mais frequência nos palcos.

No início de 2019, a cantora se mudou para o Retiro dos Artistas, instituição centenária localizada em Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro. O local é conhecido por abrigar artistas em dificuldade financeira.

Mas Leny garante que não é o seu caso. Apesar disso, o dinheiro arrecadado com o tributo realizado no Blue Note foi revertido para a cantora.









quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Blue Note Rio - Vídeos

Inaugurado em agosto de 2017, o Blue Note Rio tem feito aquilo que prometeu, ou seja, ser um espaço para a música instrumental brasileira e para novos talentos do país.

Grandes nomes já passaram pelo pequeno e aconchegante palco localizado Lagoa, uma das mais belas paisagens da cidade do Rio de Janeiro.

Nomes como Sergio Mendes, Roberto Menescal, João Donato, Ed Motta, Hamilton de Holanda, Eumir Deodato, Marcos Valle, Carlos Lyra, Ivan Lins, Leny Andrade, Joyce Moreno, Wagner Tiso, além dos internacionais Chick Corea, Rudresh Mahanthappa, Chris Botti, Richard Bona e Incognito. Abaixo você assiste na íntegra dezenas de shows que aconteceram no Blue Note Rio. Bom divertimento.


ROMERO LUBAMBO & DIANNE REEVES



JOÃO DONATO



TRIBUTO A LENY ANDRADE


TRIBUTO A MARCIO MONTARROYOS


BRUCE HENRI TRIO


WAGNER TISO & MÁRCIO MALLARD


QUARTETO DO RIO - TRIBUTO A MENESCAL


RUDRESH MAHANTHAPPA


RICARDO SILVEIRA & VINICIUS CANTUÁRIA


ADAURY MOTHÉ TRIO - TRIBUTO A DOM SALVADOR


JOÃO DONATO, ROBERTO MENESCAL, MARCOS VALLE & CARLOS LYRA


MELISSA ALDANA


AZYMUTH


GABRIEL GROSSI


DAVID FELDMAN TRIO - TRIBUTO A LUIS EÇA


RAUL DE SOUZA


JOÃO DONATO


CAMA DE GATO % ARTHUR MAIA


GILSON PERANZZETTA


MARCOS SUZANO TRIO


HAMILTON DE HOLANDA


QUARTEO EM CY & DANILO CAYMMI


GUINGA & JEAN CHARNAUX


LÉO GANDELMAN & JÚLIO BITTENCOUR


YAMANDU COSTA


JOYCE MORENO


LENY ANDRADE


NELSON FARIA & MAURICIO EINHORN


AIRTO MOREIRA


ED MOTTA


KENNY GARRET