terça-feira, 2 de outubro de 2018

Quincy Jones, o Midas da música

Gênio, talentoso, visionário, multifacetado.....o número de adjetivos que Quincy Jones poderia receber ocuparia uma boa parte deste texto.

Aos 85 anos, completados no dia 14 de março de 2018, Q, como também é chamado, tem um currículo tão rico e tão diversificado que o fez ser uma unanimidade dentro da indústria da música.

Arranjador, produtor musical, compositor e empresário. Essas são algumas de suas facetas. Após seis décadas de carreira, Quincy tem momentos marcantes, como no início de sua jornada, aos 18 anos, na orquestra do vibrafonista Lionel Hampton, na década de 1950, a parceria com Frank Sinatra e Count Basie, na década de 1960, a produção dos discos Off The Wall, Thriller e Bad, de Michael Jackson, na década de 1980, e o papel central na produção da música "We Are The World", em 1985.

Quincy trabalhou com Ella Fitzgerald, Duke Ellington, Ray Charles, Count Basie, Dinah Washington, Dizzy Gillespie, Frank Sinatra e Michael Jackson. Foi responsável pela ascensão da apresentadora Oprah Winter - escalada por ele para trabalhar no filme A Cor Púrpura - e Will Smith, também recrutado por ele para o seriado Um Maluco no Pedaço, produzido por Quincy.


Jackson e Quincy na cerimônia do Grammy, em 1984, quando ganharam 8 prêmios

Em 1963, com a invasão da Bossa Nova nos Estados Unidos, Quincy entrou na onda e lançou um disco (Big Band Bossa nova) inspirado nas composições de Tom Jobim, Newton Mendonça, Carlos Lyra e Vicinicus de Moraes. No repertório, temas como “Desafinado”, “Manhã de Carnaval”, “Samba de Uma Nota Só” e “Desafinado”.

Em 1998, a música “Soul Bossa Nova” virou a trilha sonora da Copa do Mundo de 1998, com o tema de Jones utilizado em uma propaganda da marca esportiva Nike. No mesmo ano, o tema também fez parte da trilha do filme Austin Powers, Um Agente Nada Discreto, estrelado pelo ator Mike Myers e a atriz Elizabeth Hurley. Veja o vídeo abaixo.

Ao todo, ele foi indicado 79 vezes ao Grammy, e levou 27, entre eles três como produtor do ano. Em 1991, apenas com o disco Back on the Block , que trazia uma fusão entre novos artistas de r&b (Siedah Garrett, Kool Moe Dee, Tevin Campbell e Take 6) e ícones do jazz (Ella Fitzgrald, Sarah Vaughan, Dizzy Gillespie, George Benson, herbie Hancock e Ray Charles), levou 7 gramofones dourados. A mesma fórmula foi usada no disco Q's Jook Joint, de 1995.

Quincy também ganhou dois Grammy com canções de Ivan Lins. Em 1982, como melhor arranjo instrumental para a música "Velas", do disco Dude, e em 1982, na mesma categoria, com o tema Dinorah, Dinorah, do disco Give Me The Night, do guitarrista George Benson. Nesse mesmo disco também está a balada “Just Once”, interpretado pelo cantor James Ingram, um dos pupilos do produtor.

A empresa de Quincy é a representante de Ivan Lins nos Estados Unidos, e um dos principais responsáveis de levar a música do brasileiro para o exterior. Graças a essa parceria, Lins é o segundo artista brasileiro mais gravador fora do país, atrás apenas de Tom Jobim. Além dos temas citados, Quincy também gravou a música “Setembro”, parceria de Lins com Gilson Peranzzetta e Vitor Martins, que foi indicada ao Grammy. A música faz parte do disco Back on the Block.

Em 1991, o palco do famoso festival de jazz de Montreux foi testemunha de um encontro de gigantes. Quincy e o trompetista Miles Davis se juntaram para tocar temas arranjados por Gil Evans, com quem Miles gravou vários discos entre as décadas de 1950 e 1960. Acompanhado de uma grande orquestra, Quincy e Miles fizeram história ao tocarem juntos no palco sagrado de Montreux. Dois meses após essa apresentação, Miles morreria, aos 65 anos.

Em 1993, Quincy lançou a revista Vibe. A publicação foi o principal veículo para os artistas negros da década de 1990, em especial os rappers. Jay-Z, Tupac, Lauryn Hill, LL Cool J, Alicia Keys e Snoop Dogg foram alguns dos artistas que estamparam a capa da revista.


Quincy ao lado dos mais importantes prêmios que recebeu em sua carreira

Em 2001, Quincy foi homenageado com o The Kennedy Center Honors, prêmio oferecido pelo governo dos Estados Unidos a artistas com uma longa carreira. Na ocasião, Ray Charles e Stevie Wonder se encontraram no palco para cantar "Let The Good Times Roll". Charles também interpretou "My Buddy", levando Quincy às lágrimas. Veja vídeo abaixo.

Após um longo hiato, Quincy volta à cena em 2018 - ano em que completou 85 anos - com o documentário Quincy, dirigido pela filha do músico, Rashida Jones, em parceria com a Netflix. O filme passa a limpo a vida do produtor - incluindo seus casamentos, sua grave doença e suas parcerias com Sinatra e Jackson -, e ainda traz belos momentos de sua intimidade em família. Veja o trailer abaixo.

Ele também foi homenageado pelo canal de TV BET, em dezembro de 2018. O especial teve a participação de nomes como Stevie Wonder, Jennifer Hudson, John Legend e Gloria Estefan.













sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Emilio Santiago, um ilustre desconhecido

A morte de Emilio Santiago, aos 66 anos, em 2013, deixou um grande hiato no universo dos crooners. O Brasil tem grande tradição de cantoras, mas sempre foi desprovido de bons cantores, exceções foram Dick Farney, Nelson Gonçalves, Lucio ALves, Orlando Silva, Silvio Cesar, Mario Reis e Cauby Peixoto.

Atualmente, talvez, apenas Ney Matogrosso e Elymar Santos tenham essa característica de intérprete, ou seja, um cantor que tem como principal característica a interpretação e não a composição.

No decorrer de quatro décadas, Emilio Santiago emprestou sua voz para os grandes temas da música popular brasileira. Seu domínio total na arte de cantar foi usado em composições como "Ronda", "Eu Sei que Vou Te Amar", "Retalhos de Cetim", "Pérola Negra", "Universo Do Teu Corpo", "Detalhes", "Carinhoso" e "Chega de Saudade". Todas essas músicas foram lançadas por Emilio na série de sete discos chamada Aquarela Brasileira. Veja no final deste post a íntegra do DVD O Melhor das Aquarelas.

Destaque também para os discos Perdido de Amor, de 1995, um tributo ao cantor Dick Farney, e Só Danço Samba, de 2010, no qual faz homenagem ao "Rei dos Bailes", Ed Lincoln, que brilhou na década de 1960. O show deste disco virou um DVD homônimo, que está disponível na íntegra no final deste post.

Por fim, em 2007, Emilio retorna com o belíssimo De Um Jeito Diferente,, com participação de grandes instrumentistas, entre eles Ricardo Silveira (guitarra), Jorge Helder (baixo) e Paulo Braga (bateria). No repertório, temas de Marcos Valle, Joyce, Carlos Lyra, Tom Jobim e Johnny Alf.

Um DVD, gravado em estúdio, com o mesmo nome, registrou esse mesmo repertório. Emilio canta ao lado de Nana Caymmi "Olhos" Negros", de Johnny Alf e Ronaldo Bastos.

Quem também aparece, desta vez onipresente, é Marcos Valle, que toca "Até o Fim", "Disfarça e Vem", "Água de Coco" e "Valeu", todas compostas por Valle. Outra participação especial é de João Donato, que toca piano no tema Um Dia Desses . Veja alguns trechos deste DVD abaixo. Donato e Emilio já tinham flertado antes. Ambos gravaram o disco Emilio Santiago Encontra João Donato, em 2003. O disco - ouça a íntegra abaixo - foi produzido pelo saudoso Almir Chediak, idealizador da gravadora Lumiar.

Em 2009, após assistir Emilio em Nova York (EUA), o crítico de música do jornal The New York Times, Stephen Holden disse que a voz de Emílio Santiago era mais suave que a de Nat King Cole, um dos maiores cantores da história da música norte-americana. Neste DVD, Emilio mostra no tema "My Foolish Heart" que Holden estava coberto de razão.

Aqui vai uma nota pessoal. Ouvi Emilio Santiago pela primeira vez em 1985, durante o Festival dos Festivais, produzido pela TV Globo. Na ocasião, Tetê Espíndola venceu o festival, mas Emilio ficou com o prêmio de melhor intérprete com a música "Elis", um tributo a cantora Elis Regina. Desde então acompanho sua carreira à distância, mas sempre com curiosidade e admiração. Quem sabe um dia Emilio consiga receber uma justa homenagem. Fica aqui o meu protesto não silencioso.











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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Jazzahead globaliza músicos de jazz

O Jazzahead! é um dos mais importantes eventos dirigido para os profissionais do jazz.

Anualmente, na cidade Brenen, na Alemanha, músicos, gravadoras, agentes, produtores e imprensa especializada se reúnem para conhecer novos nomes da cena jazzística, de diferentes partes do globo. A próxima edição será em 2019, entre os dias 25 e 28 de abril.

Em 2018, durante os quatro dias, o evento reuniu participantes de 60 países e teve um público de cerca de 17 mil pessoas, entre profissionais e o público que tem a oportunidade de assistir músicos da Europa, Estados Unidos, África, América do Sul, entre outros.

De olho da diversidade musical, os curadores do Jazzahead! criaram módulos temáticos para facilitar a "compreensão" do público. Há o espaço “German Jazz Expo”, com foco para o jazz feito na Alemanha, o "European Jazz Meeting”, que destaca músicos da Europa, e o “Overseas Night”, que recebe músicos de países mais distantes, entre eles o Brasil.

Todos os artistas que participam do festival são previamente selecionados pela organização. Em 2015, o cantor Ed Motta representou o Brasil e fez um belíssimo show. Quem também levou a música brasileira ao palco alemão foi o gaitista Gabriel Rossi (foto), em 2018, o violinista Ricardo Herz, em 2013. Veja os shows abaixo.


O cantor Ed Motta participa do Jazzahead, em Bremen, na Alemanha, em 2015

Desde 2011, um país é escolhido pela produção do evento e ganha destaque especial durante a programação. Em 2019, a Noruega será o foco do Jazzahead. Espanha, Israel, Dinamarca, França, Suíça, Finlândia e Polônia já ganharam esse "presente". O país selecionado tem uma noite temática e o público a oportunidade de fazer uma verdadeira imersão no universo jazzístico do país escolhido.

Entre os músicos que participaram do Jazzahead estão o pianista israelense Omer Klein, a pianista canadense Marianne Trudel, o guitarrista norte-americano Julian Lage, o pianista argentino Leo Genovese, a pianista cubana Marialy Pacheco, o pianista suíço Colin Vallon, o trio dinamarquês Phronesis, o baixista norte-americano Charnett Moffett e o pianista polonês Marcin Wasilewski.