terça-feira, 28 de novembro de 2017

Grammy 2018 - Os indicados

Como acontece sempre, no fim de ano, os indicados ao Grammy são divulgados. A edição de número 60 acontecerá no Madison Square Garden, em Nova York, no dia 28 de janeiro.

Os grandes destaques são o pianista Fred Hersch (foto abaixo), com o disco Open Book e o saxofonista Chris Potter (foto ao lado), com o disco The Dreamer Is The Dream.

Ambos concorrem em duas categorias, melhor tema de jazz e melhor disco de jazz.

O Brasil também está na disputa. Na categoria melhor disco de jazz latino, o veterano pianista Antonio Adolfo concorre com o disco Hybrido – From Rio To Wayne Shorter.

Na mesma categoria, a saxofonista Anat Cohen e o violonista brasileiro Marcello Gonçalves disputam o prêmio pelo disco Outra Coisa – The Music Of Moacir Santos. Na categoria melhor disco de world music, Anat também concorre ao lado do Trio Brasileiro, com o disco Rosa Dos Ventos. Abaixo você encontrará dois vídeos de Anat Cohen, um com Golçalves e o outro com o Trio Brasileiro.


OS INDICADOS:

Best Improvised Jazz Solo

“Can’t Remember Why” — Sara Caswell, soloist
“Dance Of Shiva” — Billy Childs, soloist
“Whisper Not” — Fred Hersch, soloist
“Miles Beyond” — John McLaughlin, soloist
“Ilimba” — Chris Potter, soloist

Best Jazz Vocal Album

The Journey — The Baylor Project
A Social Call — Jazzmeia Horn
Bad Ass And Blind — Raul Midón
Porter Plays Porter — Randy Porter Trio With Nancy King
Dreams And Daggers — Cécile McLorin Salvant

Best Jazz Instrumental Album

Uptown, Downtown — Bill Charlap Trio
Rebirth — Billy Childs
Project Freedom –Joey DeFrancesco & The People
Open Book — Fred Hersch
The Dreamer Is The Dream — Chris Potter

Best Large Jazz Ensemble Album

MONK’estra Vol. 2 — John Beasley
Jigsaw — Alan Ferber Big Band
Bringin’ It — Christian McBride Big Band
Homecoming — Vince Mendoza & WDR Big Band Cologne
Whispers On The Wind — Chuck Owen And The Jazz Surge

Best Latin Jazz Album

Hybrido – From Rio To Wayne Shorter — Antonio Adolfo
Oddara — Jane Bunnett & Maqueque
Outra Coisa – The Music Of Moacir Santos — Anat Cohen & Marcello Gonçalves
Típico — Miguel Zenón
Jazz Tango — Pablo Ziegler Trio











domingo, 29 de outubro de 2017

Wynton Marsalis é imortalizado no Hall of Fame

O inevitável finalmente aconteceu. Na edição de dezembro deste ano (2017), o trompetista norte-americano Wynton Marsalis entrou para o Hall Of Fame da revista DownBeat.

Pelo menos essa é a opinião dos leitores da octogenário revista. Anualmente, duas votações acontecem, uma feita pelos críticos e outra pelos leitores.

Aos 56 anos, Marsalis é um dos mais jovens músicos de jazz a entrar nesse seleto grupo, que nos últimos anos recebeu nomes como Phil Woods (2016), Tony Bennett (2015), B.B. King (2014) e Pat Metheny (2013). Na votação deste ano feita pelos críticos, o saudoso trompetista Don Cherry foi o escolhido para entrar no Hall of Fame.

Apesar da precocidade de entrar para esse grupo, ninguém que acompanha o jazz duvidava que Marsalis em breve seria lembrado por leitores ou críticos da revista. Com 30 anos de carreira, o trompetista é um dos mais respeitados músicos de sua geração, intitulado de young lions, que trouxe o jazz de volta às manchetes, no início da década de 1980.

Filho do pianista Elis Marsalis, irmão do saxofonista Branford Marsalis e nascido no berço do jazz, Nova Orleans, Marsalis parecia fadado a se tornar um músico de jazz. Mas seu perfeccionismo e sua paixão pelo música o tornaram quase que um embaixador do jazz.

Sua atuação à frente do Jazz at the Lincoln Center, como diretor artístico, é reconhecida como um das mais importantes e eficazes programas educacionais para multiplicar o número de músicos e ouvinte de jazz pelos Estados Unidos. Com sede na cidade de Nova York, a casa da Jazz at Lincoln Center Orchestra (foto abaixo) se tornou visita obrigatória para todo fã de jazz que visita a cidade. Saiba mais sobre a programação aqui.


Isso sem falar nos mais de 60 discos lançados - entre CDs de jazz e clássicos -, nove Grammys, sendo que continua até hoje, 30 anos depois, a ser o único músico a receber um Grammy no mesmo ano em duas categorias diferentes, e o primeiro jazzista a ganhar o prestigiado prêmio Pulitzer.

Abaixo você escuta na íntegra os discos J Mood (1986) , que levou o Grammy de melhor disco de jazz, e Black Codes ( From The Underground) (1985), que repetiu o premiação no ano seguinte.

O legado que Wynton Marsalis deixará para o jazz já está escrito. Os críticos podem continuar a dizer que ele parou no tempo, que sua obsessão pelo jazz tradicional é um erro para que o jazz continue a se desenvolver e um atraso para as novas gerações. Wynton sempre acreditou em suas convicções e assim continuará trilhando seu caminho.











terça-feira, 24 de outubro de 2017

Hugh Masekela - The Lasting Impressions of Ooga Booga

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Hugh Masekela - The Lasting Impressions of Ooga Booga (1996)

Para quem ainda acha que Peter Gabriel (ex-Genesis), David Byrne (ex-Talking Heads) e Paul Simon (lançou o disco Graceland, com músicos africanos, em 1986) são os únicos responsáveis pela mistura de ritmos que foi rotulada de world music, fica aqui um aviso: eles chegaram tarde. Isso não quer dizer que não há mérito na preocupação desses três senhores em divulgar e usar a música africana, latina e oriental nos mais diferentes ritmos norte-americanos como o pop, o rock e o jazz.

Muito antes de Gabriel, Byrne e Simon, os Estados Unidos já tinham experimentado a fusão de sua música com ritmos de outras partes do mundo. Entre os músicos que iniciaram este casamento estão Dizzy Gillespie e Harry Belafonte. O primeiro mesclou o jazz com a música latina e o segundo introduziu a música africana e caribenha entre os ouvintes americanos. Filho de imigrantes caribenhos, Belafonte foi um dos mais influentes artistas negros dos anos 60 e foi o responsável pela vinda do trompetista sul-africano Hugh Masekela aos Estados Unidos.

Assim como a cantora Mirian Makeba e o saxofonista Fela Kuti, Masekela não renegou suas origens e conciliou como poucos a música africana com o jazz. O trompetista chegou a América aos 21 anos de idade, mas só faria sucesso em 1968, com a música “Grazing In the Grass”. Antes disso, o músico tocou em vários clubes de Nova York e casou-se com Makeba (a união durou apenas dois anos).



O disco The Lasting Impressions of Ooga Booga traz o registro do show realizado no Village Gate, em 1965. Originalmente, essas gravações foram lançadas em dois discos distintos, mas aqui estão juntas em um único CD. Para acompanhar seu trompete, ele escalou o habilidoso pianista Larry Willis, o baterista Henry Jenkins e o baixista Harold Dotson.

Logo de saída, Masekela abre espaço para três composições de Makeba, entre elas “Dzinorabiro”. Na sequência, Willis toca os primeiros acordes de “Cantaloupe Island”, de Herbie Hancock, e o jazz mostra-se por inteiro. O compositor Masekela aparece em “U-Dwi” e em “Mixolydia”, tema dedicado a Miles Davis e John Coltrane.

A música latina também tem espaço no repertório com “Con Mucho Carino” e “Mas Que Nada”, clássica melodia composta pelo brasileiro Jorge Ben Jor. O jazz volta a tomar conta na introspectiva “Where Are You Going?” e em “Bo Masekela”. Para fechar, Masekela toca “Unohilo”, composta pelo sul-africano Alan Salenga.

Em tempos de mundo globalizado e sem fronteiras e de um presidente norte-americano negro, a música de Hugh Masekela não poderia estar em um ambiente mais apropriado e atual. Parafraseando os estudiosos no assunto, a música é uma linguagem universal e deve ser usada para aproximar os povos e diminuir as diferenças culturais entre eles. Que assim seja.