sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Saudades de Noel Rosa

Para muitos, Noel Rosa está entre os cinco compositores mais importantes da história do Brasil.

A sua vida breve - morreu aos 26 anos - não foi empecilho para ele compor mais de 250 canções, entre elas clássicos como "Feitiço da Vila", "Palpite Infeliz", "Feitio de Oração", "Fita Amarela", "As Pastorinhas", "O X do Problema", Último Desejo", "Com quem Roupa" e "Conversa de Botequim".

Clique Aqui para ler a matéria sobre Noel Rosa publicada em 2010 na "Revista de História"

Clique Aqui e veja o release sobre o disco de Noel na coleção "Raízes da Música Popular Brasileira", do jornal Folha de S.Paulo

Clique Aqui e veja matéria do jornalista Pedro Alexandre Sanches sobre o centenário do músico

Abaixo você encontra cinco vídeos que ajudarão a conhecer um pouco sobre a vida e a obra de Noel Rosa.

O primeiro traz a coleção "Compositores", com vários intérpretes cantando músicas de Noel

O terceiro vídeo é a íntegra do filme "Noel - O Poeta da Vila", de 2006, estrelado por Rafael Raposo e Camila Pitanga.

O segundo é o documentário "Isto é Noel", dirigido por Rogério Sganzerla sobre a vida do compositor, lançado em 1990.

O quarto vídeo traz na íntegra o DVD "Noel Rosa 100 Anos", com o saxofonista Mauro Senise e o pianista Gilson Peranzzetta.

O último vídeo é a íntegra do CD "Raízes da Música Popular Brasileira", lançado pelo jornal Folha de S.Paulo, com canções interpretadas por Sílvio Caldas, Aracy de Almeida, João Nogueira, entre outros










quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Saudades de Tom Jobim

O dia 8 de dezembro será sempre lembrado como a data em que o Brasil perdeu um dos seus mais importantes músicos: Tom Jobim, que morreu aos 67 anos, em 1994, vítima de uma parada cardíaca causada por uma embolia pulmonar, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Seu corpo foi enterrado no cemitério São João Batista, na cidade do Rio de Janeiro. Ele nasceu em 25 de janeiro de 1927, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O compositor, maestro, pianista, cantor e arranjador é, sem dúvida, o músico brasileiro mais conhecido e respeitado fora do país. Ao lado de vários parceiros - Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Newton Mendonça, Aloysio de Oliveira etc-, Jobim escreveu clássicos da mpb como "Garota de Ipanema", "Desafinado", "Chega de Saudade", "Corcovado", "Insensatez", "Água de Beber", "Retrato em Branco e Preto", "Águas de Março", "Wave", "Só Danço Samba", "Sabiá", entre outros.

A jornada de Jobim começou "pra valer" 1956, quando escreveu, ao lado de Vinicius de Moraes, as músicas para a peça Orfeu da Conceição, de Moraes. O espetáculo, com cenário de Oscar Niemeyer, foi exibido em 1956, no teatro municipal do Rio de Janeiro, e alcançou grande sucesso. A peça também marcou o início da parceira com Vinicius de Moraes, apresentado ao maestro pelo poeta Lúcio Rangel.

O impacto da obra foi tamanho que a história de Orfeu e Eurídice foi parar no cinema pelas mãos do diretor Marcel Camus. A produção venceu a Palma de Ouro do festival de cinema de Cannes (França) e o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Em 1962, o famoso concerto no Carnegie Hall, na cidade de Nova York, levou a bossa nova para os Estados Unidos. Além de Jobim subiram ao palco João Gilberto, Luiz Bonfá, Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Chico Feitosa, Milton Banana, Sérgio Ricardo, Dom Um Romão, Agostinho dos Santos, entre outros.

A consolidação de Jobim e da bossa nova acontece em 1963, com o lançamento do disco Getz/Gilberto, liderado pelo saxofonista norte-americano Stan Getz e o baiano João Gilberto. O álbum traz sete composições de Jobim, além da participação do próprio maestro nos arranjos e piano.

Em 1965, a parceria levou o Grammy de álbum do ano. A genialidade de Jobim atraiu a atenção de Frank Sinatra (foto), que pediu para fazer um disco o brasileiro. Lançado em 1967, Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim trazia temas como "Dindi", O Amor em Paz, "The Girl From Ipanema" e "Corcovado".

Outro marco importante na carreira de Jobim foi o disco Elis & Tom, ao lado da cantora Elis Regina, em 1974. Já consagrada, Elis conseguiu carta branca para lançar o álbum que "tivesse vontade". A cantora não perdeu a oportunidade e disse que desejava fazer um disco inteiro com Jobim. O resultado é a versão definitiva da música "Águas de Março", em um dueto inesquecível.

JOBIM E O JAZZ

O flerte de Jobim com o jazz não aconteceu quando Stan Getz percebeu que a bossa nova faria sucesso no país do jazz. Em um ensaio para o livro Cancioneiro Jobim, lançado pela Casa da Palvra, em 2000, o crítico musical Lorenzo Mammì "explica" como as composições de Jobim encantaram os jazzistas.

"A principal diferença entre a escrita de Jobim e a dos jazzistas está justamente na primazia do canto e, por meio do canto, da fala. Vocação fundamental do jazz é a improvisação instrumental. Uma peça jazzística satisfatória é aquela que pode se tornar um standard, ou seja, servir de base para um número infinito de variações. Por isso o cerne da composição é o equilíbrio da progressão harmônica, que deve ser maleável, mas solidamente estruturada para que seja repetida sob outras linhas melódicas sem perder seus traços característicos". O crítico também aponta a influência da música erudita nas composições de Jobim, especialmente a obra de Heitor Villa-Lobos.

A música e Tom Jobim está fincada em todas as partes do mundo. "Garota de Ipanema" é a segunda canção mais executada no mundo, fica atrás apenas de "Yesterday", dos Beatles. Segundo levantamento divulgado em 2012, há mais de 1,5 mil produtos (CDs, LPs e DVDs) que incluem a composição de Jobim e Vinicius. A internacionalização da música de Jobim veio ainda com os álbuns produzidos por Creed Taylor e os arranjos do alemão Claus Orgerman, responsável, entre outros, pelo discos Matita Perê, Terra Brasilis e Urubu.

Nas últimas décadas, as canções de Jobim viraram o que os norte-americanos chamam de standards, que são músicas extremamente populares.

Ao lado de compositores como George Gershwin, Cole Porter, Irvin Berlin, Rodgers & Hart e Johnny Mercer, temas como "Insensatez", "O Amor em Paz", Águas de Março", "Só Danço Samba", "Desafinado", "Corcovado", "Dindi", "Triste", "Wave" e "Garota de Ipanema" são regravadas anualmente por artistas de diferentes vertentes musicais.

Em 1981, a cantora Ella Fitzgerald lança Ella Abraça Jobim, apenas com canções do maestro. Quem também dedicou um disco inteiro a Jobim foi o saxofonista Joe Henderson, com Double Rainbow, de 1995, com participações de Eliane Elias, Oscar Castro-Neves, Paulo Braga e Nico Assumpção.

Em 1997 saiu o projeto A Twist of Jobim (foto), com músicos do chamado smooth jazz tocando Jobim. Al Jarreau, Lee Ritenour, Dave Grusin, Ernie Watts e Yellowjackets interpretam temas como "Bonita", "Dindi", "Waters Of March" e "Stone Flower".

Quem também é devoto de Jobim é o pianista japonês Ryuichi Sakamoto, responsável por trilhas sonoras como Furyo: Em Nome da Hora, O Céu que nos Protege e O Último Imperador, Ele lançou em 2001 o disco Casa, acompanhado por Jaques Morelenbaum e Paula Morelenbaum, com participações especiais de Paulo Jobim, Marcos Suzano e Zeca Assumpção. O álbum foi gravado na casa de Tom Jobim, no piano do maestro. A atmosfera intimista do local deixou obras como "Bonita", "Fotografia", "Sabiá", "O Amor em Paz" e "Derradeira Primavera" ainda mais tocantes.

As composições de Jobim passaram pelos dedos de jazzistas renomados como Cannonball Adderley, Count Basie, John Pizzarelli, Diana Krall, Coleman Hawkins, Quncy Jones, Stan Getz, Oscar Peterson, Herbie Hancock, Karrin Allyson, Miles Davis, Sarah Vaughan, Wes Montgomery, Shirley Horny, Dizzy Gillespie, Toots Thielemans, Frank Sinatra, Stanley Turrentine, Dexter Gordon, Kenny Barron e Joe Pass.

NO BRASIL

Em sua terra natal, Jobim não é exatamente uma unanimidade. Mas boa parte dos brasileiros sabe quem ele é. Entre os músicos, obviamente, as composições de Jobim são uma fonte inesgotável de aprendizado e regravações. Em 2008, para comemorar os 50 anos da bossa nova, Roberto Carlos e Caetano Veloso se reuniram e lançaram o disco A Música de Tom Jobim.
Vinicius e Jobim. Parceira começou em 1956, até a morte do poeta, em 1980

Em 2005, Maria Bethânia faz uma homenagem ao poeta Vinicius de Moraes com o disco Que Falta Você Me Faz: músicas de Vinicius de Moraes. No repertório, estão algumas das parcerias entre Jobim e Vinicius, entre elas, "Modinha", "A Felicidade" e "Eu Não Existo sem Você". Em 1999, o Quarteto Jobim Morelenbaum uniu as duas famílias musicais em torno da obra de Jobim. Paula (voz) e Jaques Morelenbaum (cello), Daniel (piano) e Paulo Jobim (violão) interpretam temas como "Correnteza", "Meditação", "Ela é Carioca", "Corcovado" e "Falando de Amor".

Em 2021, Daniel Jobim e Seu Jorge fizeram uma apresentação online com o repertório exclusivamente de Jobim. Com o filho do maestro ao piano, o show traz temas como "Luiza", "Passarim", "Samba do Avião" e "Anos Dourados".

Outro registro que vale se procurado é a coleção Antonio Carlos Jobim Songbook (foto), lançada na década de 1990 pela gravadora Lumiar. São cinco volumes vendidos separadamente, com dezenas de músicos interpretando composições de Jobim, entre eles, estão Chico Buarque, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Nana Caymmi, Edu Lobo, Djavan, Lenine e João Bosco. A gravadora comandada pelo produtor musical Almir Chediak também lançou songbooks com partituras de 102 composições de Jobim, que calculava ter cerca de 400.

A caixa com três DVDs intitulada Maestro Soberano também é mais uma preciosidade disponível no mercado. Lançado pela gravadora Biscoito Fino, os documentários dirigidos por Roberto Oliveira e narrados por Chico Buarque e Edu Lobp trazem diferentes apresentações do maestro e shows com a Banda Nova, que o acompanhou a partir da década de 1980. Cada DVD destaca momentos diferentes da carreira de Jobim e abrange grande parte da sua discografia, com vídeos, entrevistas e depoimentos.

Na seara instrumental, destaque para o disco Todos os Tons, do violonista Raphael Rabello, e Jobim Jazz, do violonista e arranjador Mario Adnet. Você também pode ouvir outras versões instrumentais de composições de Jobim no programa especial produzido pela Cultura FM, em 2020.
Estátua de Jobim na Praia do Arpoador, inaugurada em 2014, na cidade do Rio


Em setembro de 2021, o veterano pianista e arranjador Antonio Adolfo dedicou um disco completo com a obra de maestro: Jobim Forever. Além do repertório focado na década de 1960, com "Água de Beber", "Inútil Paisagem" e "Estrada do Sol", o disco traz músicos do quilate de Jorge Helder (baixo), Paulo Braga (bateria) e Lula Galvão (guitarra).

AS ESCOLHIDAS

Em 2008, o jornal Folha de S.Paulo fez uma pesquisa com 20 críticos para saber quais eram as melhores músicas da bossa nova. Na ocasião, o movimento musical completava 50 anos. Entre os eleitores estavam nomes como Nelson Motta, Zuza Homem de Mello, Tárik de Souza, Ruy Castro, Sérgio Cabral, Irineu Franco Perpetuo e Carlos Calado. As escolhidas foram:



1° Desafinado (Tom Jobim/Newton Mendonça)
2° Chega de Saudade (Tom Jobim/Vinicius de Moraes)
3° Samba de uma Nota Só (Tom Jobim/Newton Mendonça)
4° Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá/Antônio Maria)
5° Águas de Março (Tom Jobim)
6° Garota de Ipanema (Tom Jobim/Vinicius de Moraes)
7° Primavera (Carlos Lyra/Vinicius de Moraes)
8° Eu Sei que Vou te Amar (Tom Jobim/Vinicius de Moraes)
9° Rapaz do Bem (Johnny Alf)
10° Samba do Avião (Tom Jobim)

VÍDEOS:

Abaixo você encontra alguns vídeos que retratam a vida e a obra de Jobim. São eles:

* Show no festival de jazz Montreal, no Canadá, em 1986;

* Tributo a Jobim realizado em São Paulo, em 1993, com a participação de Herbie Hancock, Shirley Horn, Gonzalo Rubalcaba, entre outros;

* Tributo realizado na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 1995, com participação de Gal Costa, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros;

* Íntegra da entrevista de Jobim no programa Roda Viva, em 1993;

* Documentário A Música Segundo Tom Jobim, com várias apresentações de Jobim e de outros artistas interpretando as composições do maestro, entre eles Oscar Peterson, Ella Fiztgerald e Elis Regina;

* Disco comandado pelo saxofonista Vicente Herring, com composições do maestro, ao lado de Romero Lubambo, Nilson Matta e Duduka Da Fonseca;

* Especial As Nascentes, exibido pela TV Cultura, que traz entrevista com Jobim;

* Íntegra da trilha sonora da peça Orfeu da Conceição, composta por Jobim e Vinicius de Moraes;

* Jobim toca no concerto em comemoração aos 50 anos da gravadora Verve, no Carnegie Hall, em Nova York, em 1994;

* Íntegra do disco Elis & Tom, de 1973;

* Íntegra do disco Interpreta Tom Jobim, do Zimbo Trio;

* Íntegra do documentário "A Luz do Tom", de 2013;

* Live de Jaques Morelenbaum (cello) & Paula Morelenbaum (voz), em 2021.

* Íntegra do documentário "A Casa do Tom", de 2008;

* Íntegra da entrevista de Jobim na rádio AM JB, em 1977, para comemorar seus 50 anos;

* Live de Jaques Morelenbaum (cello) & Caio Marcio (violão), em 2021;

* Tom Jobim canta no ginário do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, no seu aniversário de 63 anos;

* Íntegra do disco Jobim Forever, lançado pelo pianista e arranjador Antonio Adolfo, em 2021;

* Íntegra do disco A Twist of Jobim, coletânea com músicas de Jobim interpretados por músicos de smooth jazz

* Íntegra do disco Todos os Tons, lançado pelo violonista Raphael Rabello, em 1992;

* Íntegra do disco Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, lançado em 1967;

* Íntegra do disco Jobim Inédito, lançado em 1995, com gravações feitas por Jobim em 1987;

* Íntegra do disco Passarim, lançado por Tom Jobim em 1987;

* Íntegra do disco Soul of Brasil, lançado por Delgani String Quartet & Clarice Assad, em 2023;

* Íntegra do show de Caetano Veloso e Roverto Carlos interpretando canções de Jobim, em 2008;

* Íntegra do disco Matita Perê, lançado por Tom Jobim em 1973




terça-feira, 18 de agosto de 2015

Quarteto Metropole

O quarteto Metropole - formado por Zé Godoy (piano), Gabriel Santiago (violão e voz), Sidiel Vieira (baixo) e Thiago Rabello (bateria) - é mais um daqueles tesouros muito bem escondidos da música brasileira.

Sem espaço na grande mídia, a música instrumental brasileira continua restrita a um pequeno grupo de ouvintes. Felizmente, a internet tem ajudado a mudar esse cenário.

Hoje, a tecnologia tem feito a ponte entre músicos e ouvintes. O CD - que reinou durante a década de 1990 - perdeu seu lugar para as novas mídias. Sites como o Soundcloud, Bandcamp, Twitter, Facebook e Youtube são usados pelos músicos para divulgar suas composições e interagir com o público.

Ao ouvir o quarteto, você terá a certeza que a música instrumental brasileira não é consumida em grande escala simplesmente porque não é divulgada nos principais veículos de comunicação do país, em especial a TV aberta.

No player abaixo você encontrará cinco músicas do disco de estreia do quarteto. Boa audição.



Clique nos links abaixo para saber um pouco mais sobre cada um dos músicos.

Thiago Rabello

Zé Godoy

Gabriel Santiago

Sidiel Vieira