quarta-feira, 16 de junho de 2021

Cinco décadas de Ivan Lins


Patrimônio da música popular brasileira. Essa é uma bela alcunha para o compositor, arranjador, pianista e cantor Ivan Lins. O veterano música carioca completou 76 anos em junho de 2021. São cinco décadas de carreira e uma coleção de canções inesqucíveis, entre elas, "Madalena", "Começar de Novo", Dinorah, Dinorah", "Vitoriosa", "Depende de Nós" e "Abre Alas".

A parceira com o letrista Vitor Martins é responsável pela grandiosidade e genialidade da obra universal de Ivan Lins. Ao lado de Tom Jobim, o cantor é um dos brasileiros mais gravados no exterior. Sua canções, em especial "Começar de Novo", que lá fora ganhou o nome de "The Island", foram gravadas por dezenas de artistas, em especial do jazz.


Nomes como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Diana Krall, Barbra Streisand, Quincy Jones, George Benson, Lee Ritenour e Terence Blanchard levaram as composições de Ivan Lins para os quatro cantos do planeta.

Em 2000, o disco Love Affair: Music of Ivan Lins trazia músicos como Dianne Reeves, Sting, Chaka Khan, Groover Washington Jr e Freddy Cole interpretando composições de Ivan. A internacionalização de sua música o levou aos principais festivais de jazz na Europa e nos Estados Unidos. A parceria com o produtor Quincy Jones rendeu dois Grammys, um com a versão de "Dinorah Dinorah", interpretada pelo cantor e guitarrista George Benson, e outra com o gaitista Toots Thielemans, com a música "Velas", versão instrumental da canção "Velas Içadas". Jones venceu na categoria melhor arranjo em 1981 e 1982.

No Brasil, a carreira de Ivan "começou" com um empurrãozinho da cantora Elis Regina, que em 1970 grava "Madalena". Daí em diante, a obra de Ivan Lins foi crescendo e ganhando vida própria. A popularidade do músico cresce ainda mais com a gravação de "Começar de Novo" na voz da cantora Simone. A música foi escrita especialmente para o seriado Malu Mulher, da TV Globo, estrelado por Regina Duarte e Denis Carvalho, em 1979.

Em 2004, Simone lançou o disco Baiana da Gema, todo dedicado à obra do cantor. Ivan também teve canções incluídas em várias trilhas sonoras de novelas, entre elas, Roque Santeiro, Mulheres de Areia, História de Amor", Éramos Seis, Sol de Verão e Pantanal. Quem também lançou discos exclusivamente com canções de Ivan Lins foram o trompetista Terence Blanchard (The Heart Speaks) e o duo formado pelo baixista Arismar do Espírito Santo e o guitarrista Leonardo Amuedo (Essa Maré).

Outro projeto importante do cantor é "Viva Noel", caixa com 3 CDs destacando a obra do sambista Noel Rosa, lançada em 1997, para lembrar, na época, os 60 anos da morte do compositor, que morreu aos 26 anos, de tuberculose, em 1937. Noel deixou cerca de 250 composições.

Na última década, Ivan Lins diminuiu bastante sua produção musical, mas isso não foi o suficiente para sua obra ser esquecida.

Em 2018, ao lado do parceiro de quatro décadas, o arranjador Gilson Peranzzetta, lançou o disco Cumplicidade, que traz grandes sucessos do cantor no formato de duo, com teclados (Lins) e piano acústico (Perranzeta). No cardápio estão "Ai, Ai, Ai, Ai", "Love Dance", "Setembro", "Madalena", "Lembra de Mim", "Temporal", entre outras.

Você pode saber mais sobre o cantor ouvindo o programa Olhar Brasileiro, da Rádio USP, de 2020.

Acervo


Em 2017, o cantor doou para o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP parte do seu acervo pessoal, que inclui músicas que não chegaram a ser gravadas, fotos, desenhos, cartas, reportagens, documentos pessoais, cadernos de estudo, partituras, cassetes e vídeos em VHS. Ivan também prepara uma autobiografia. O cantor é um dos poucos músicos brasileiros com mais de 70 anos que ainda não tem uma biografia ou autobiografia sobre sua vida e carreira.

Entrevistas na rede

Não deixe de assitir a entrevista do cantor ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, em maio de 2021. Durante o papo com o jornalista Pedro Bial, Ivan conta a divertida história sobre a quase inclusão da música "Começar de Novo" no disco Thriller, do cantor Michael Jackson em 1982, álbum produzido por Quincy Jones e o segundo disco mais vendido na história da música. Veja também as entrevistas do cantor para os canais Alta Fidelidade e "Um Café Lá em Casa".