sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Grammy 2019: os indicados

No dia 7 de dezembro foram divulgados os indicados ao prêmio Grammy, que em 2019 chega a sua 61ª edição. Os vencedores serão conhecidos no dia 10 de fevereiro.

Ao todo são 84 categorias. O jazz tem cinco categorias, entre elas melhor disco de jazz vocal e melhor disco de jazz instrumental.

Entre os vocalistas, Cécile McLorin Salvant e Kurt Elling (foto ao lado) são os favoritos.

Depois do furação Diana Krall, na década de 1990, Cécile é, sem dúvida, a grande cantora de jazz dos últimos anos. Em 2016, ela levou o Grammy pelo disco For One To Love, e repetiu a dose em 2018, com o disco Dreams and Daggers. O veterano Elling também já faturou o seu Grammy, em 2010, com o álbum Dedicated to You.

A lista ainda traz o veterano Freddy Cole, o cantor Raul Midón e a cantora Kate McGarry, acompanhada do guitarrista Keith Ganz e do pianista Gary Versace.

Já entre os indicados a melhor disco, a disputa deve ficar entre o pianista Fred Hersch e o saxofonista Joshua Redman (foto abaixo). Ambos tiveram várias indicações, mas nenhum deles levou o prêmio. Completam as indicações a saxofonista Tia Fuller, o pianista Brad Mehldau e o veterano saxofonista Wayne Shorter, com o CD triplo Emanon.

O cantor Gregory Porter, vencedor de dois Grammy na categoria melhor disco de jazz vocal, desta vez concorre na categoria melhor disco vocal pop tradicional, com o álbum em tributo a Nat King Cole.

Nesta mesma categoria está a parceria entre Tony Bennett & Diana Krall, que lançaram um álbum com canções de Gershwin, o inglês Seal, com standards de jazz, o veterano cantor country Willie Nelson e a eterna Barbra Streisand.

Outra categoria que também traz músicos de jazz é a de melhor disco instrumental contemporâneo. Entre os cinco indicados, o baixista Marcus Miller e o guitarrista Julian Lage são os favoritos. Miller já conquistou dois Grammy. Destaque também para os bateristas Simon Phillips e o veterano Steve Gadd.


Cécile recebe seu primeiro Grammy, pelo disco For One To Love, em 2016

Neste ano não há músicos brasileiros indicados. O Brasil aparece apenas no disco Heart Of Brazil, do clarinetista e saxofonista Eddie Daniels, que concorre na categoria melhor disco de jazz latino. No álbum, o veterano músico faz um tributo ao multi-instrumentista Egberto Gismonti.

OS INDICADOS:

Improvised Jazz Solo

• "Some Of That Sunshine"
Regina Carter, soloist
Some Of That Sunshine (Karrin Allyson)

• "Don't Fence Me In"
John Daversa, soloist
American Dreamers: Voices Of Hope, Music Of Freedom (John Daversa Big Band Featuring DACA Artists)

• "We See"
Fred Hersch, soloists
Live In Europe (Fred Hersch Trio)

• "De-Dah"
Brad Mehldau, soloist
Seymour Reads The Constitution! (Brad Mehldau Trio)

• "Cadenas"
Miguel Zenón, soloist
Yo Soy La Tradición (Miguel Zenón Featuring Spektral Quartet)

Best Jazz Vocal Album

• My Mood Is You
Freddy Cole

• The Questions
Kurt Elling

• The Subject Tonight Is Love
Kate McGarry With Keith Ganz & Gary Versace

• If You Really Want
Raul Midón With The Metropole Orkest Conducted By Vince Mendoza

• The Window
Cécile McLorin Salvant

Best Jazz Instrumental Album

• Diamond Cut
Tia Fuller

• Live In Europe
Fred Hersch Trio

• Seymour Reads The Constitution!
Brad Mehldau Trio

• Still Dreaming
Joshua Redman, Ron Miles, Scott Colley & Brian Blade

• Emanon
The Wayne Shorter Quartet

Best Large Jazz Ensemble Album

• All About That Basie
The Count Basie Orchestra Directed By Scotty Barnhart

• American Dreamers: Voices Of Hope, Music Of Freedom
John Daversa Big Band Featuring DACA Artists

• Presence
Orrin Evans And The Captain Black Big Band

• All Can Work
John Hollenbeck Large Ensemble

• Barefoot Dances And Other Visions
Jim McNeely & The Frankfurt Radio Big Band

Best Latin Jazz Album

• Heart Of Brazil
Eddie Daniels

• Back To The Sunset
Dafnis Prieto Big Band

• West Side Story Reimagined
Bobby Sanabria Multiverse Big Band

• Cinque
Elio Villafranca

• Yo Soy La Tradición
Miguel Zenón Featuring Spektral Quartet

Traditional Pop Vocal Album

• Love Is Here To Stay
Tony Bennett & Diana Krall

• My Way
Willie Nelson

• Nat "King" Cole & Me
Gregory Porter

• Standards (Deluxe)
Seal

• The Music...The Mem'ries...The Magic!
Barbra Streisand

Contemporary Instrumental Album

• The Emancipation Procrastination
Christian Scott aTunde Adjuah

• Steve Gadd Band
Steve Gadd Band

• Modern Lore
Julian Lage

• Laid Black
Marcus Miller

• Protocol 4
Simon Phillips













terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Wayne Shorter é homenageado no Kennedy Center Honors

Anualmente, o governo dos Estados Unidos homenageia   personalidades do mundo artístico (músicos, atores, escritores, cineastas....) com o prêmio John F. Kennedy, o maior reconhecimento cultural dos EUA.

Durante a cerimônia, os homenageados são ciceroneados pelo presidente norte-americano e pela primeira-dama. Pelo segundo ano consecutivo, o presidente Donald Trump e sua mulher, Melania, não compareceram à cerimônia. É a primeira vez, em 40 anos da premiação, que um presidente norte-americano não comparece por dois anos seguidos ao evento.

Como de costume, um orador é escalado para falar algumas palavras sobre o premiado. Coube ao pianista Jason Moran esta honra. Moran elevou a música de Shorter a algo celestial e afirmou que sua música tem um lugar especial na galáxia.

"Eu posso dizer com certeza que neste momento, em algum lugar da galáxia, alguém está tocando uma de suas composições", completou Moran.

Um grupo de músicos liderado pela baterista Terri Lyne Carrington tocou um medley com composições de Shorter, incluindo “Footprints,” “Elegant People,” “Joy Ryder,” “Over Shadow Hill Way” e “Endangered Species”, esta último cantada pela baixista Esperanza Spalding.

Além de Esperanza e Terri, participaram do tributo os pianistas Herbie Hancock e Danilo Pérez, os saxofonistas Joe Lovano e Tineke Postma, os baixistas John Patitucci e Alphonso Johnson, o baterista Brian Blade e o percussionista Alex Acuña.


Wayne Shorter participa da 41ª edição do Kennedy Center Honors (Greg Allen/AP)

Wayne, de 85 anos, é um dos maiores músicos de jazz em atividade. Em seis décadas de carreira, ele tocou ao lado de gigantes do jazz como Art Blakey, Herbie Hancock e Miles Davis e foi um dos membros fundadores do grupo Weather Report, na década de 1970. Ele também recebeu 10 prêmios Grammy e o prêmio de Música Polar da Suécia, conhecido como o "Nobel" da música, em 2017.

Em 2018, o saxofonista lançou pela gravadora Blue Note o CD triplo Emanon. O disco traz Shorter acompanhado pelo trio formado por Perez, Patitucci e Blade e pela Orpheus Chamber Orchestra.

Das dez músicas, seis foram gravadas ao vivo com formação de quarteto, em 2015, e o restante acompanhado pela orquestra, gravado em 2013. Escute nos players abaixo os temas "Prometheus Unbound" e "The Three Marias".

A primeira edição do prêmio Kennedy aconteceu em 1978. Em quatro décadas, vários jazzistas foram homenageados. Veja abaixo a relação. O ano da premiação está entre parênteses.

Ella Fitzgerald (1979)
Count Basie (1981)
Benny Goodman (1982)
Frank Sinatra (1983)
Lena Horne (1984)
Ray Charles (1986)
Dizzy Gillespie (1990)
Lionel Hampton (1992)
Benny Carter (1996)
Quincy Jones (2001)
Tonny Bennet (2005)
Dave Bruceck (2009)
Sonny Rollins (2011)
Herbie Hancock (2013)
Wayne Shorter (2018)





sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Gary Burton - Like Minds

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz.

Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim.

Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Gary Burton - Like Minds (1998)

O jazz é uma das mais libertárias expressões culturais inventadas no século XX. O encontro de músicos de jazz é sempre um momento de criatividade, altivez e aprendizado. Mas quando isso acontece entre cinco jazzistas com carreiras de sucesso consolidadas tudo fica ainda mais saboroso.

O disco Like Minds tem uma das mais impressionantes formações das últimas duas décadas. Comandado pelo veterano vibrafonista norte-americano Gary Burton, o álbum conta com a guitarra de Pat Metheny, o piano de Chick Corea, o baixo de Dave Holland e a bateria de Roy Haynes, todos com mais de 50 anos, com exceção de Metheny, que tinha 44 anos em 1998.

O professor Burton - que lecionava na famosa escola Berklee de música, nos EUA - descobriu o jovem Metheny no início da década de 1970, e gravou os discos Crystal Silence, em 1973, e Hot House, em 2012, com Corea.

O pianista tocou no grupo de Miles Davis ao lado de Holland, que gravou o disco Question and Answer, em 1990, em formação de trio, ao lado de Metheny e Haynes, que também flertou no decorrer de sua longa carreira com Corea e Burton. Outra curiosidade é que antes de Like Minds, Corea e Metheny - que em 1998 já eram músicos do primeiro escalão do jazz - nunca tinham se encontrado em estúdio.


Burton, Corea, Metheny, Holland e Haynes durante a gravação do disco.

O disco abre com “Question and Answers”, composta por Metheny, com destaque para a parceria guitarra-vibrafone. Mas o bicho pega mesmo em “Elucidation”, uma porrada sonora com solos de Corea e Metheny, e em “Windows”, composta por Corea. O clima volta a ficar introspectivo na balada “F utures”, com 10 minutos de duração.

A única música não autoral do disco é “Soon”, de George e Ira Gershwin, na qual a sempre precisa bateria de Haynes está mais evidente. O disco fecha com “Straight Up and Down, uma viagem sonora de nove minutos.

Um último detalhes sobre este disco foi a conquista do Grammy de melhor disco de jazz em 2000. Nada mal para um quinteto que tem entre seus membros dois dos maiores recordistas de Grammy na história do jazz, Chick Corea e Pat Metheny.