segunda-feira, 10 de julho de 2017

Alberta Hunter - Amtrak Blues

Por 14 anos o Guia de Jazz esteve no ar com a missão de aproximar os internautas ao jazz. Um dos tópicos mais visitados era o de dicas de CDs, no qual dezenas de discos eram indicados e resenhados por mim. Infelizmente, com o fim do site em setembro de 2015, todo esse acervo foi "perdido".

Mas não totalmente perdido. Além do livro Jazz ao Seu Alcance - que traz todo o conteúdo do guia (dicas de CDs, DVDs, livros, entrevistas e muito mais) - você encontrará quinzenalmente neste blog algumas dicas de CDs publicadas anteriormente no site Guia de Jazz.

Sempre que possível, ao final de cada resenha você encontrará vídeos do Youtube com algumas faixas do disco indicado para escutar. Boa leitura e audição. Veja outras dicas de CDs aqui

Alberta Hunter - Amtrak Blues (1978)

Há cerca de cinco anos escrevi uma resenha sobre o saxofonista Flip Phillips, que morreu aos 85 anos. Na ocasião, falei sobre as pessoas que tinham a “sorte” de viver além dos 80 anos e a oportunidade “única” que este pequeno grupo de privilegiados tem de aproveitar esta longevidade. Este mesmo raciocínio se aplica a cantora norte-americana Alberta Hunter, que morreu em outubro de 1984, aos 89 anos.

A cantora de blues foi revelada no início da década de 20, quando deixou sua cidade natal, Chicago, e foi para Nova York. Além de cantar, Alberta começou a atuar em musicais locais. Na década de 30, mudou-se para a Europa e estrelou o musical Show Boat. De volta aos Estados Unidos, a cantora continuou gravando até o início dos anos 50, quando abriu mão de sua carreira para se tornar enfermeira e cuidar de sua mãe doente.

Por quase 30 anos, Alberta Hunter ficou afastada da música, mas uma aposentadoria forçada da função de enfermeira trouxe a cantora de volta ao seu lugar de direito. No fim dos anos 70, retoma sua carreira e lança um de seus discos mais importantes, Amtrak Blues, em 1978, aos 83 anos. Ao seu lado, além do quarteto do pianista Gerald Cook, o disco tem a presença de convidados ilustres como o trombonista Vic Dickenson, o trompetista Doc Cheatham e o saxofonista Frank Wess.



O disco abre com “The Darktown Strutters’ Ball”, que começa calminha e depois vira um mistura deliciosa entre jazz e blues. Destaque para o solo de Cheatham e, é claro, todo o suingue de Alberta. Outra música que vai eletrizar o ouvinte é a clássica “Sweet Georgia Brown”, com direito a solo do mestre Wess.

O blues aparece com mais força nas faixas “I’m Having A Good Time” e “Amtrak Blues”. As baladas também estão presentes por aqui. Entre elas, “Old Fashioned Love” e “Nobody Knows You When You’re Down & Out”. O CD ainda traz a versão inusitada de “My Handy Man Ain’t Handy No More” e “A Good Man Is Hard To Find”, com destaque para o trombone de Dickenson.

Antes de terminar de falar de Alberta Hunter, é importante dizer que ela é compositora da música “Downhearted Blues”, um dos maiores sucessos da carreira da cantora Bessie Smith, outra peça importante da história do blues e do nascimento do jazz.












segunda-feira, 26 de junho de 2017

Homenagem a Sonny Rollins

O octagenário saxofonista Sonny Rollins completa 87 anos no dia 7 de setembro. Afastado dos palcos há 4 anos, o músico será homenageado este ano no festival de jazz de Monterey. No palco estarão os saxofonistas Joe Lovano, Branford Marsalis e Joshua Redman.

Além disso, o Schomburg Center for Research in Black Culture, uma instituição de pesquisa no bairro do Harlem, na cidade de Nova York, adquiriu recentemente dezenas de gravações e anotações inéditas de Sonny Rollins para o seu acervo.

A última "empreitada" para imortalizar ainda mais o grande saxofonista é a tentativa de mudar o nome da ponte Williamsburg, que liga o baixo Manhattan com o bairro do Brooklyn.

Foi nessa ponte que Rollins praticou saxofone por três anos, no fim dos anos 50, durante um período sabático de sua vida. Assim que voltou à ativa, Rollins lançou o disco "The Bridge", em 1962, ao lado do trio liderado pelo guitarrista Jim Hall, o baterista Ben Hiley e o baixista Bob Cranshaw.

Vale lembrar que a cidade de Nova York já tem o Adam Yaunch Park, o Joey Ramone Place, a Miles Davis Way e o Bobby Short Place.

Escute abaixo a íntegra do disco "The Bridge".




No vídeo a seguir, em entrevista a Ben Sidran, em 1985, Rollins fala sobre a experiência em tocar com o pianista Thelonious Monk e também sobre o seu sumiço, em 1959, para praticar saxofone na ponte Williamsburg. Ele justifica essa atitude por ter se sentido muito exposto com o grande sucesso que fazia na época.


terça-feira, 20 de junho de 2017

Talking Jazz

O pianista Ben Sidran apresentou nos anos 80 o programa Sidran On Record, na rádio pública dos EUA. No programa, ele trazia entrevistas com grandes nomes do jazz, entre eles Miles Davis, Dizzy Gillespie e Herbie Hancock. Na foto ao lado, Sidran conversa com o pianista Chick Corea.

Em 2007, Sidran lançou uma caixa com 24 CDs, chamada Talking Jazz, contendo 60 históricas entrevistas, incluindo o produtor Max Gordon, fundador da casa de jazz Village Vanguard, em Nova York, e Rudy Van Gelder, engenheiro de som da gravador Blue Note. Você pode ter mais detalhes sobre essa caixa e comprá-la aqui

Na foto ao lado você encontra o nomes de todos os músicos que fazem parte da caixa de CDs com as entrevistas feitas pelo músico.

Neste link, você encontrará na íntegra oito dessas entrevistas para ouvir on line ou para fazer download.

Entre as entrevistas que você encontrará no site estão a íntegra de conversas com Miles Davis, Michael Brecker, Dizzy Gillespie, Don Cherry e Freddie Hubbard.

Para quem prefere ler, também é possível encontrar essas entrevistas no livro Talking Jazz. Assim como os áudios, as entrevistas do livro também estão em inglês. No livro, você encontra entrevistas com McCoy Tyner, Keith Jarrett, Sonny Rollins, Bob James, Wynton Marsalis, entre outros. Saiba mais sobre o livro aqui