A morte de Emilio Santiago, aos 66 anos, em 2013, deixou um grande hiato no universo dos crooners. O Brasil tem grande tradição de cantoras, mas sempre foi desprovido de bons cantores, exceções foram Dick Farney, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Silvio Cesar, Mario Reis e Cauby Peixoto.
Atualmente, talvez, apenas Ney Matogrosso e Elymar Santos tenham essa característica de intérprete, ou seja, um cantor que tem como principal característica a interpretação e não a composição.
No decorrer de quatro décadas, Emilio Santiago emprestou sua voz para os grandes temas da música popular brasileira. Seu domínio total na arte de cantar foi usado em composições como "Ronda", "Eu Sei que Vou Te Amar", "Retalhos de Cetim", "Pérola Negra", "Universo Do Teu Corpo", "Detalhes", "Carinhoso" e "Chega de Saudade".
Todas essas músicas foram lançadas por Emilio na série de sete discos chamada Aquarela Brasileira. Veja no final deste post a íntegra do DVD O Melhor das Aquarelas.
Destaque também para os discos Perdido de Amor, de 1995, um tributo ao cantor Dick Farney, e Só Danço Samba, de 2010, no qual faz homenagem ao "Rei dos Bailes", Ed Lincoln, que brilhou na década de 1960. O show deste disco virou um DVD homônimo, que está disponível na íntegra no final deste post.
Por fim, em 2007, Emilio retorna com o belíssimo De Um Jeito Diferente,, com participação de grandes instrumentistas, entre eles Ricardo Silveira (guitarra), Jorge Helder (baixo) e Paulo Braga (bateria). No repertório, temas de Marcos Valle, Joyce, Carlos Lyra, Tom Jobim e Johnny Alf.
Um DVD, gravado em estúdio, com o mesmo nome, registrou esse mesmo repertório. Emilio canta ao lado de Nana Caymmi "Olhos" Negros", de Johnny Alf e Ronaldo Bastos.
Quem também aparece, desta vez onipresente, é Marcos Valle, que toca "Até o Fim", "Disfarça e Vem", "Água de Coco" e "Valeu", todas compostas por Valle. Outra participação especial é de João Donato, que toca piano no tema Um Dia Desses . Veja alguns trechos deste DVD abaixo. Donato e Emilio já tinham flertado antes. Ambos gravaram o disco Emilio Santiago Encontra João Donato, em 2003. O disco - ouça a íntegra abaixo - foi produzido pelo saudoso Almir Chediak, idealizador da gravadora Lumiar.
Em 2009, após assistir Emilio em Nova York (EUA), o crítico de música do jornal The New York Times, Stephen Holden disse que a voz de Emílio Santiago era mais suave que a de Nat King Cole, um dos maiores cantores da história da música norte-americana. Neste DVD, Emilio mostra no tema "My Foolish Heart" que Holden estava coberto de razão.
Aqui vai uma nota pessoal. Ouvi Emilio Santiago pela primeira vez em 1985, durante o Festival dos Festivais, produzido pela TV Globo. Na ocasião, Tetê Espíndola venceu o festival, mas Emilio ficou com o prêmio de melhor intérprete com a música "Elis", um tributo a cantora Elis Regina. Desde então acompanho sua carreira à distância, mas sempre com curiosidade e admiração. Quem sabe um dia Emilio consiga receber uma justa homenagem. Fica aqui o meu protesto não silencioso.
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sexta-feira, 28 de setembro de 2018
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
Jazzahead globaliza músicos de jazz
O Jazzahead! é um dos mais importantes eventos dirigido para os profissionais do jazz.
Anualmente, na cidade Brenen, na Alemanha, músicos, gravadoras, agentes, produtores e imprensa especializada se reúnem para conhecer novos nomes da cena jazzística, de diferentes partes do globo. A próxima edição será em 2019, entre os dias 25 e 28 de abril.
Em 2018, durante os quatro dias, o evento reuniu participantes de 60 países e teve um público de cerca de 17 mil pessoas, entre profissionais e o público que tem a oportunidade de assistir músicos da Europa, Estados Unidos, África, América do Sul, entre outros.
De olho da diversidade musical, os curadores do Jazzahead! criaram módulos temáticos para facilitar a "compreensão" do público. Há o espaço “German Jazz Expo”, com foco para o jazz feito na Alemanha, o "European Jazz Meeting”, que destaca músicos da Europa, e o “Overseas Night”, que recebe músicos de países mais distantes, entre eles o Brasil.
Todos os artistas que participam do festival são previamente selecionados pela organização. Em 2015, o cantor Ed Motta representou o Brasil e fez um belíssimo show. Quem também levou a música brasileira ao palco alemão foi o gaitista Gabriel Rossi (foto), em 2018, o violinista Ricardo Herz, em 2013. Veja os shows abaixo.
O cantor Ed Motta participa do Jazzahead, em Bremen, na Alemanha, em 2015
Desde 2011, um país é escolhido pela produção do evento e ganha destaque especial durante a programação. Em 2019, a Noruega será o foco do Jazzahead. Espanha, Israel, Dinamarca, França, Suíça, Finlândia e Polônia já ganharam esse "presente". O país selecionado tem uma noite temática e o público a oportunidade de fazer uma verdadeira imersão no universo jazzístico do país escolhido.
Entre os músicos que participaram do Jazzahead estão o pianista israelense Omer Klein, a pianista canadense Marianne Trudel, o guitarrista norte-americano Julian Lage, o pianista argentino Leo Genovese, a pianista cubana Marialy Pacheco, o pianista suíço Colin Vallon, o trio dinamarquês Phronesis, o baixista norte-americano Charnett Moffett e o pianista polonês Marcin Wasilewski.
Anualmente, na cidade Brenen, na Alemanha, músicos, gravadoras, agentes, produtores e imprensa especializada se reúnem para conhecer novos nomes da cena jazzística, de diferentes partes do globo. A próxima edição será em 2019, entre os dias 25 e 28 de abril.
Em 2018, durante os quatro dias, o evento reuniu participantes de 60 países e teve um público de cerca de 17 mil pessoas, entre profissionais e o público que tem a oportunidade de assistir músicos da Europa, Estados Unidos, África, América do Sul, entre outros.
De olho da diversidade musical, os curadores do Jazzahead! criaram módulos temáticos para facilitar a "compreensão" do público. Há o espaço “German Jazz Expo”, com foco para o jazz feito na Alemanha, o "European Jazz Meeting”, que destaca músicos da Europa, e o “Overseas Night”, que recebe músicos de países mais distantes, entre eles o Brasil.
Todos os artistas que participam do festival são previamente selecionados pela organização. Em 2015, o cantor Ed Motta representou o Brasil e fez um belíssimo show. Quem também levou a música brasileira ao palco alemão foi o gaitista Gabriel Rossi (foto), em 2018, o violinista Ricardo Herz, em 2013. Veja os shows abaixo.
O cantor Ed Motta participa do Jazzahead, em Bremen, na Alemanha, em 2015
Desde 2011, um país é escolhido pela produção do evento e ganha destaque especial durante a programação. Em 2019, a Noruega será o foco do Jazzahead. Espanha, Israel, Dinamarca, França, Suíça, Finlândia e Polônia já ganharam esse "presente". O país selecionado tem uma noite temática e o público a oportunidade de fazer uma verdadeira imersão no universo jazzístico do país escolhido.
Entre os músicos que participaram do Jazzahead estão o pianista israelense Omer Klein, a pianista canadense Marianne Trudel, o guitarrista norte-americano Julian Lage, o pianista argentino Leo Genovese, a pianista cubana Marialy Pacheco, o pianista suíço Colin Vallon, o trio dinamarquês Phronesis, o baixista norte-americano Charnett Moffett e o pianista polonês Marcin Wasilewski.
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
Luciana Souza dá voz ao Yellowjackets
O tradicional quarteto Yellowjackets volta com mais um disco à sua altura. Raising Our Voice, lançado pela gravadora Mack Avenue, tem tudo aquilo que o fã do fusion jazz espera.
Bons arranjos, som consistente, técnica apurada e a liberdade que só o jazz pode proporcionar.
A presença dos veteranos Russell Ferrante (teclado e piano) e Bob Mintzer (saxofone) já seria o suficiente para uma cuidadosa e criativa seleção musical.
Mas desta vez o ouvinte terá um bônus, a presença da cantora brasileira Luciana Souza. Pela primeira vez, o Yellowjackets escala uma voz para acompanhá-los.
Luciana Souza tem uma longa carreira de sucesso no exterior, mas sempre com uma "postura" outsider. Isso nunca foi problema, pelo contrário, fez sua reputação aumentar ainda mais. A peculiar voz de Luciana aparece em sete das 13 faixas do disco.
Destaques para "Timeline" e "Man Facing North", com a cantora praticando o scat, e a introspectiva "Solitude", música originalmente lançada no disco Like a River, e que aqui ganha letra escrita e interpretada em português.
"Man Facing North" é outra regravação que recebe novo arranjo e a vocalização de Luciana. "Quiet", como o próprio título sugere, é uma delicada composição de Luciana em parceria com Ferrante, que traz belas frases musicais do sax de Mintzer.
O quarteto mostra sua conhecida habilidade nos temas instrumentais "Ecuador", com destaque para o baixista Dane Anderson e o baterista Will Kennedy, "Everyone Else is Taken", música que traz a belíssima sintonia entre Ferrante e Mintzer, e a jazzística "Strange Time".
Com dois Grammys na bagagem, 17 indicações e 30 discos lançados, o Yellowjackets mostra que ainda tem muito a oferecer e caminha a passos largos para conquistar novas plateias e ouvintes. Sorte a nossa.
Bons arranjos, som consistente, técnica apurada e a liberdade que só o jazz pode proporcionar.
A presença dos veteranos Russell Ferrante (teclado e piano) e Bob Mintzer (saxofone) já seria o suficiente para uma cuidadosa e criativa seleção musical.
Mas desta vez o ouvinte terá um bônus, a presença da cantora brasileira Luciana Souza. Pela primeira vez, o Yellowjackets escala uma voz para acompanhá-los.
Luciana Souza tem uma longa carreira de sucesso no exterior, mas sempre com uma "postura" outsider. Isso nunca foi problema, pelo contrário, fez sua reputação aumentar ainda mais. A peculiar voz de Luciana aparece em sete das 13 faixas do disco.
Destaques para "Timeline" e "Man Facing North", com a cantora praticando o scat, e a introspectiva "Solitude", música originalmente lançada no disco Like a River, e que aqui ganha letra escrita e interpretada em português.
"Man Facing North" é outra regravação que recebe novo arranjo e a vocalização de Luciana. "Quiet", como o próprio título sugere, é uma delicada composição de Luciana em parceria com Ferrante, que traz belas frases musicais do sax de Mintzer.
O quarteto mostra sua conhecida habilidade nos temas instrumentais "Ecuador", com destaque para o baixista Dane Anderson e o baterista Will Kennedy, "Everyone Else is Taken", música que traz a belíssima sintonia entre Ferrante e Mintzer, e a jazzística "Strange Time".
Com dois Grammys na bagagem, 17 indicações e 30 discos lançados, o Yellowjackets mostra que ainda tem muito a oferecer e caminha a passos largos para conquistar novas plateias e ouvintes. Sorte a nossa.
sexta-feira, 14 de setembro de 2018
Ilhabela in Jazz - 6ª edição
O litoral norte de São Paulo será mais uma vez palco do festival Ilhabela in Jazz. Nomes como Ambrose Akinmusire (foto),
Hermeto Pascoal, Airto Moreira, Paolo Fresu e Bixiga 70 estarão na 6ª edição do evento, que acontece nos dias 28 e 29 de setembro e 5 e 6 de outubro.
Gratuito, o evento será pela primeira vez dividido em dois finais de semana. Os artistas ocuparão a Vila, no centro histórico da cidade.
Hermeto Pascoal encerra o festival no dia 6, às 22h30. Entre as atrações internacionais estão os trompetistas Ambrose Akinmusire (EUA) e Paolo Fresu (Itália), que será acompanhado do pianista espanhol Chano Domínguez.
O percussionista brasileiro radicado nos Estados Unidos Airto Moreira, o grupo Bixiga 70 e Nelson Aires, que vai homenagear o saxofonista Victor Assis Brasil, completam a programação.
Veja programação completa:
Dia 28 - sexta-feira
18h30: Banda local
19h30: Cleber Almeira e Septeto
21h: Paolo Fresu & Chano Dominguez
22h30: Vintena Brasileira
Dia 29 - sábado
>
18h30: Banda local
19h30: Renato Borghetti & Quarteto
21h: Ambrose Akinmusire Quartet
22h30: Bixiga 70
Dia 5 de outubro - sexta
18h30: Banda local
19h30: Tributo a Victor Assis Brasil
21h: Fabio Gouvea Quinteto
22h30: Airto Moreira & Grupo
Dia 6 de outubro - sábado
18h30: Banda local
19h30: Fábio Peron Trio
21h: Gabriel Grossi Quinteto
22h30: Hermeto Pascoal Big Band
Fonte: Adriana de Barros, do portal BOL
Gratuito, o evento será pela primeira vez dividido em dois finais de semana. Os artistas ocuparão a Vila, no centro histórico da cidade.
Hermeto Pascoal encerra o festival no dia 6, às 22h30. Entre as atrações internacionais estão os trompetistas Ambrose Akinmusire (EUA) e Paolo Fresu (Itália), que será acompanhado do pianista espanhol Chano Domínguez.
O percussionista brasileiro radicado nos Estados Unidos Airto Moreira, o grupo Bixiga 70 e Nelson Aires, que vai homenagear o saxofonista Victor Assis Brasil, completam a programação.
Veja programação completa:
Dia 28 - sexta-feira
18h30: Banda local
19h30: Cleber Almeira e Septeto
21h: Paolo Fresu & Chano Dominguez
22h30: Vintena Brasileira
Dia 29 - sábado
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18h30: Banda local
19h30: Renato Borghetti & Quarteto
21h: Ambrose Akinmusire Quartet
22h30: Bixiga 70
Dia 5 de outubro - sexta
18h30: Banda local
19h30: Tributo a Victor Assis Brasil
21h: Fabio Gouvea Quinteto
22h30: Airto Moreira & Grupo
Dia 6 de outubro - sábado
18h30: Banda local
19h30: Fábio Peron Trio
21h: Gabriel Grossi Quinteto
22h30: Hermeto Pascoal Big Band
Fonte: Adriana de Barros, do portal BOL
terça-feira, 11 de setembro de 2018
Tony Bennett Highlander
O que dizer de uma lenda viva da música mundial, com uma carreira de seis décadas, que ainda não foi dito?
Tony Bennett atravessou gerações, teve altos e baixos, mas sempre se dedicou ao máximo ao seu ofício de cantar e levar a música norte-americana aos quatro cantos do planeta.
Hoje, aos 96 anos, Bennett superou seu pares - entre eles Frank Sinatra, Sammy Davis Jr, Johnny Mathis, Ray Charles, Mel Tormé, Bobby Darin e Andy Williams.
A longevidade e mudança de rumo de sua carreira na década de 1980, o levaram a um patamar além do tradicional crooner.
Do sucesso com a música "I Left My Heart in San Francisco", em 1962, até o surpreendente disco ao lado de Lady Gaga, em 2014, ele enfrentou a inevitável comparação a Frank SInatra e conquistou seu próprio público.
No meio da década de 1980, após ter rompido com o pianista pianista Ralph Sharon, seu fiel escudeiro nas décadas de 1950 e 1960, e ter praticamente falido, seu filho, D'Andrea Bennett, resolveu assumir a carreira do pai e "relança-lo" no mercado.
Antes desta retomada, Bennett fez dois álbuns em parceria com o pianista Bill Evans. Os dois discos lançados por eles, o primeiro em 1975 e o segundo em 1977, não causaram impacto na época, mas hoje são referências quando se fala em álbum de duetos.
O primeiro passo foi deixar Los Angeles e ir morar na cidade de Nova York. Depois foi a vez de retomar as parcerias com a gravadora Columbia e o pianista Ralph Sharon. O toque final foi o lançamento do disco The Art of Excellence, de 1986.
Mas a consagração veio mesmo com o lançamento de MTV Unplugged, de 1994, que lhe deu o Grammy de disco do ano. Nada mal para quem ganhou nessa mesma categoria 32 anos antes, com o disco I Left My Heart in San Francisco.
A partir desse momento, Tony Bennett tinha novamente os holofotes em sua direção. A morte de Sinatra, em maio de 1998, fez Bennett se tornar o mais importante cantor norte-americano vivo. Bennett é o último de uma geração de cantores que fez das melodias de Irving Berlin, George e Ira Gershwin, Cole Porter, Jerome Kern, Oscar Hammerstein II, Richards Rodgers, Lorenz Hart e Johnny Mercer a identidade musical dos Estados Unidos.
Seus discos em duetos, assim como fez Sinatra uma década antes, serviram para aproximar Bennett ainda mais das novas gerações. O primeiro disco, de 2006, trazia o cantor ao lado de Celine Dion, Juanes, John Legend, Diana Krall, Bono, entre outros.
Em 2011, um segundo volume repete a mesma fórmula, desta vez com John Mayer, Sheryl Crow, Norah Jones, Mariah Carey e Amy Winehouse, com quem Bennett teve uma conexão imediata. O vídeo dos dois interpretando "Body & Soul" é um daqueles momentos que fica perpetuado na história musica.
A fórmula de duetos foi mais uma vez sacada em 2012, com o disco Viva Duets, com Bennett cantando com artistas latinos. Entre os escolhidos estão Thalia, Marc Anthony, Gloria Estefan e as brasileiras Ana Carolina e Maria Gadú.
Antes do sucesso desses discos, Bennett já tinha arriscado a fórmula de duetos em 2001, com o álbum Playin' with My Friends: Bennett Sings the Blues, no qual canta ao lado de B.B.King, Billy Joel, Bonnie Raitt e Ray Charles.
Além dos discos temáticos, Bennet também gravou em parceria com k.d Lang e Lady Gaga. Com Gaga, em 2015, ficou com o Grammy de melhor disco de pop tradicional pelo álbum Cheek to Cheek. Em 2018, ele volta a dividir um álbum, desta vez com a cantora e pianista canadense Diana Krall.
Acompanhado pelo trio do pianista Bill Charlap, o repertório é todo dedicado aos irmãos George e Ira Gershwin. Love Is Here To Stay não traz novidades, mas oferece ao ouvinte a oportunidade de testemunhar duas referências musicais importantes em diferentes momentos de suas carreiras, ambos de talento incontestáveis.
Tony Bennett atravessou gerações, teve altos e baixos, mas sempre se dedicou ao máximo ao seu ofício de cantar e levar a música norte-americana aos quatro cantos do planeta.
Hoje, aos 96 anos, Bennett superou seu pares - entre eles Frank Sinatra, Sammy Davis Jr, Johnny Mathis, Ray Charles, Mel Tormé, Bobby Darin e Andy Williams.
A longevidade e mudança de rumo de sua carreira na década de 1980, o levaram a um patamar além do tradicional crooner.
Do sucesso com a música "I Left My Heart in San Francisco", em 1962, até o surpreendente disco ao lado de Lady Gaga, em 2014, ele enfrentou a inevitável comparação a Frank SInatra e conquistou seu próprio público.
No meio da década de 1980, após ter rompido com o pianista pianista Ralph Sharon, seu fiel escudeiro nas décadas de 1950 e 1960, e ter praticamente falido, seu filho, D'Andrea Bennett, resolveu assumir a carreira do pai e "relança-lo" no mercado.
Antes desta retomada, Bennett fez dois álbuns em parceria com o pianista Bill Evans. Os dois discos lançados por eles, o primeiro em 1975 e o segundo em 1977, não causaram impacto na época, mas hoje são referências quando se fala em álbum de duetos.
O primeiro passo foi deixar Los Angeles e ir morar na cidade de Nova York. Depois foi a vez de retomar as parcerias com a gravadora Columbia e o pianista Ralph Sharon. O toque final foi o lançamento do disco The Art of Excellence, de 1986.
Mas a consagração veio mesmo com o lançamento de MTV Unplugged, de 1994, que lhe deu o Grammy de disco do ano. Nada mal para quem ganhou nessa mesma categoria 32 anos antes, com o disco I Left My Heart in San Francisco.
A partir desse momento, Tony Bennett tinha novamente os holofotes em sua direção. A morte de Sinatra, em maio de 1998, fez Bennett se tornar o mais importante cantor norte-americano vivo. Bennett é o último de uma geração de cantores que fez das melodias de Irving Berlin, George e Ira Gershwin, Cole Porter, Jerome Kern, Oscar Hammerstein II, Richards Rodgers, Lorenz Hart e Johnny Mercer a identidade musical dos Estados Unidos.
Seus discos em duetos, assim como fez Sinatra uma década antes, serviram para aproximar Bennett ainda mais das novas gerações. O primeiro disco, de 2006, trazia o cantor ao lado de Celine Dion, Juanes, John Legend, Diana Krall, Bono, entre outros.
Em 2011, um segundo volume repete a mesma fórmula, desta vez com John Mayer, Sheryl Crow, Norah Jones, Mariah Carey e Amy Winehouse, com quem Bennett teve uma conexão imediata. O vídeo dos dois interpretando "Body & Soul" é um daqueles momentos que fica perpetuado na história musica.
A fórmula de duetos foi mais uma vez sacada em 2012, com o disco Viva Duets, com Bennett cantando com artistas latinos. Entre os escolhidos estão Thalia, Marc Anthony, Gloria Estefan e as brasileiras Ana Carolina e Maria Gadú.
Antes do sucesso desses discos, Bennett já tinha arriscado a fórmula de duetos em 2001, com o álbum Playin' with My Friends: Bennett Sings the Blues, no qual canta ao lado de B.B.King, Billy Joel, Bonnie Raitt e Ray Charles.
Além dos discos temáticos, Bennet também gravou em parceria com k.d Lang e Lady Gaga. Com Gaga, em 2015, ficou com o Grammy de melhor disco de pop tradicional pelo álbum Cheek to Cheek. Em 2018, ele volta a dividir um álbum, desta vez com a cantora e pianista canadense Diana Krall.
Acompanhado pelo trio do pianista Bill Charlap, o repertório é todo dedicado aos irmãos George e Ira Gershwin. Love Is Here To Stay não traz novidades, mas oferece ao ouvinte a oportunidade de testemunhar duas referências musicais importantes em diferentes momentos de suas carreiras, ambos de talento incontestáveis.
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
Maratona de Standards
Os denominados "standards" são, na verdade, temas que deixaram de ser apenas mais uma música qualquer para entrar na sua cabeça e nunca mais sair. Os mais "estudados" chamam isso de inconsciente coletivo.
É claro que nessa categoria, na maioria da vezes, estão canções com pelo menos uma década de vida. Quanto mais antiga a música, mais chance de se tornar um standard. As canções com letras levam vantagem nessa história de inconsciente coletivo. Além da melodia, as letras são outro fator que ajuda um ouvinte a lembra de uma canção.
O inquieto pesquisador norte-americano Ted Gioia resolveu meter a mão nessa cumbuca e deu á luz The Jazz Standards: A Guide to the Repertoire , livro com 550 páginas. Em espanhol, o livro foi batizado de El canon del jazz. Los 250 temas imprescindibles. Ele não foi o primeiro e muito menos será o último a eleger os melhores standards. E assim como todas as listas, essa também é questionável.
O livro é um guia sobre 250 temas que, na opinião do autor, são os temas "chicletes" mais importantes do jazz do século XX. É claro que aqui figuram todos os grandes compositores regravados à exaustão. Entre eles estão George e Ira Gershwin, Cole Porter, Irvin Berlim, Duke Ellington, Rodgers and Hart, Johnny Mercer, Burt Bacharach, e Harold Arlen. E também estão os standards escritos por músicos de jazz como Miles Davis, John Coltrane, Horace Silver, Dizzy Gillespie, Thelonious Monk, Charlie Parker, Herbie Hancock, Dave Brubeck e Milt Jackson.
No player acima você pode ouvir 100 standards sugeridos pelo pesquisador Ted Gioia
A cada nova canção destacada, o autor dá detalhes sobre a composição e conta curiosidades sobre cada uma delas. Outro atrativo é a variedade de dicas de gravações de cada tema, cerca de 20. Ao todo, são mais de 2 mil gravações indicadas. O autor toma o cuidado de indicar tanto gravações tocadas quanto cantadas. Não há preocupação de apontar apenas gravações antigas. Gioia é um ouvinte apurado e curioso, o que faz dele um cara antenado aos novos músicos e suas interpretações de temas próprio e, é claro, de standards.
A música brasileira tem nove representantes nesta seleta lista: "Corcovado", "Desafinado", "Garota de Ipanema", "How Insensitive" "Manhã de Carnaval", "Meditação", "One Note Samba", "O Amor em Paz (Once I Loved)" e "Wave". Não é surpresa que Tom Jobim é o compositor brasileiro mais onipresente no exterior. A invasão da bossa nova nos anos 60 rende frutos até hoje. Das nove canções, oito têm autoria de Jobim. Apenas "Manhã de Carnaval" foi composta por Luiz Bonfá e Antônio Maria, em 1959. A internacionalização deste tema aconteceu por causa do filme Orfeu Negro, que ficou com Oscar de filme estrangeiro.
Abaixo você tem a relação em ordem alfabética dos 250 standards escolhidos pelo autor.
You’d Be So Nice to Come Home To
É claro que nessa categoria, na maioria da vezes, estão canções com pelo menos uma década de vida. Quanto mais antiga a música, mais chance de se tornar um standard. As canções com letras levam vantagem nessa história de inconsciente coletivo. Além da melodia, as letras são outro fator que ajuda um ouvinte a lembra de uma canção.
O inquieto pesquisador norte-americano Ted Gioia resolveu meter a mão nessa cumbuca e deu á luz The Jazz Standards: A Guide to the Repertoire , livro com 550 páginas. Em espanhol, o livro foi batizado de El canon del jazz. Los 250 temas imprescindibles. Ele não foi o primeiro e muito menos será o último a eleger os melhores standards. E assim como todas as listas, essa também é questionável.
O livro é um guia sobre 250 temas que, na opinião do autor, são os temas "chicletes" mais importantes do jazz do século XX. É claro que aqui figuram todos os grandes compositores regravados à exaustão. Entre eles estão George e Ira Gershwin, Cole Porter, Irvin Berlim, Duke Ellington, Rodgers and Hart, Johnny Mercer, Burt Bacharach, e Harold Arlen. E também estão os standards escritos por músicos de jazz como Miles Davis, John Coltrane, Horace Silver, Dizzy Gillespie, Thelonious Monk, Charlie Parker, Herbie Hancock, Dave Brubeck e Milt Jackson.
No player acima você pode ouvir 100 standards sugeridos pelo pesquisador Ted Gioia
A cada nova canção destacada, o autor dá detalhes sobre a composição e conta curiosidades sobre cada uma delas. Outro atrativo é a variedade de dicas de gravações de cada tema, cerca de 20. Ao todo, são mais de 2 mil gravações indicadas. O autor toma o cuidado de indicar tanto gravações tocadas quanto cantadas. Não há preocupação de apontar apenas gravações antigas. Gioia é um ouvinte apurado e curioso, o que faz dele um cara antenado aos novos músicos e suas interpretações de temas próprio e, é claro, de standards.
A música brasileira tem nove representantes nesta seleta lista: "Corcovado", "Desafinado", "Garota de Ipanema", "How Insensitive" "Manhã de Carnaval", "Meditação", "One Note Samba", "O Amor em Paz (Once I Loved)" e "Wave". Não é surpresa que Tom Jobim é o compositor brasileiro mais onipresente no exterior. A invasão da bossa nova nos anos 60 rende frutos até hoje. Das nove canções, oito têm autoria de Jobim. Apenas "Manhã de Carnaval" foi composta por Luiz Bonfá e Antônio Maria, em 1959. A internacionalização deste tema aconteceu por causa do filme Orfeu Negro, que ficou com Oscar de filme estrangeiro.
Abaixo você tem a relação em ordem alfabética dos 250 standards escolhidos pelo autor.
After You’ve Gone
Ain’t Misbehavin’
Airegin
Alfie
All Blues
All of Me
All of You
All the Things You Aree
Alone Together
Angel Eyes
April in Paris
Autumn in New York
Autumn Leaves
Bags’ Groove
Basin Street Blues
Beale Street Blues
Bemsha Swing
Billie’s Bounce
Blue Bossa
Blue in Green
Blue Monk
Blue Moon
Blue Skies
Bluesette
Body and Soul
But Beautiful
But Not for Me
Bye Bye Blackbird
C Jam Blues
Cantaloupe Island
Caravan
Chelsea Bridge
Cherokee
A Child Is Born
Come Rain or Come ShineApril in Paris
Come Sunday
Con Alma
Confirmation
Corcovado
Cotton Tail
Darn That Dream
Days of Wine and Roses
Desafinado
Dinah
Django
Do Nothin’ Till You Hear from Me
Do You Know What It Means to Miss New Orleans?
Donna Lee
Don’t Blame Me
Don’t Get Around Much Any More
East of the Sun (and West of the Moon)
Easy Living
Easy to Love
Embraceable You
Emily>
Epistrophy
Everything Happens to Me
Evidenceh
Ev’ry Time We Say Goodbye
Exactly Like You
Falling in Love with Love
Fascinating Rhythm
Fly Me to the Moon
A Foggy Day
Footprints
Gee, Baby, Ain’t I Good to You?
Georgia on My Mind
Ghost of a Chance
Giant Steps
Garota de Ipanema
God Bless the Child
Gone with the Wind
Good Morning Heartache
Goodbye Pork Pie Hat
Groovin’ High
Have You Met Miss Jones?
Here’s That Rainy Day
Honeysuckle Rose
Hot House
How Deep Is the Ocean?
How High the Moon
How Insensitive
How Long Has This Been Going On?
I Can’t Get Started
I Can’t Give You Anything but Love
I Cover the Waterfront
I Didn’t Know What Time It Was
I Fall in Love Too Easily
I Got It Bad (and That Ain’t Good)
I Got Rhythm
I Hear a Rhapsody
I Let a Song Go Out of My Heart
I Love You
I Mean You
I Only Have Eyes for You
I Remember Clifford
I Should Care
I Surrender, Dear
I Thought about You
I Want to Be Happy
If You Could See Me Now
I’ll Remember April
I’m in the Mood for Love
Impressions
In a Mellow Tone
In a Sentimental Mood
In Your Own Sweet Way
Indiana
Invitation
It Could Happen to You
It Don’t Mean a Thing (If It Ain’t Got That Swing)
It Might as Well Be Spring
I’ve Found a New Baby
The Jitterbug Waltz
Joy Spring
Just Friends
Just One of Those Things
Just You, Just Me
King Porter Stomp
Lady Bird
The Lady is a Tramp
Lament
Laura
Lester Leaps In
Like Someone in Love
Limehouse Blues
Liza
Lonely Woman
Love for Sale
Lover
Lover, Come Back to Me
Lover Man
Lullaby of Birdland
Lush Life
Mack the Knife
Maiden Voyage
The Man I Love
Manhã de Carnaval
Mean to Me
Meditação
Memories of You
Milestones
Misterioso
Misty
Moment’s Notice
Mood Indigo
More Than You Know
Muskrat Ramble
My Favorite Things
My Foolish Heart
My Funny Valentine
My Old Flame
My One and Only Love
My Romance
Naima
Nardis
Nature Boy
The Nearness of You
Nice Work If You Can Get It
Night and Day
Night in Tunisia
Night Train
Now’s the Time
Nuages
O Amor em Paz (Once I Loved)
Oh, Lady Be Good!
Old Folks
Oleo
On a Clear Day
On Green Dolphin Street
On the Sunny Side of the Street
One Note Samba
One o’Clock Jump
Ornithology
Our Love Is Here to Stay
Out of Nowhere
Over the Rainbow
Peace
The Peacocks
Pennies from Heaven
Perdido
Poinciana
Polka Dots and Moonbeams
Prelude to a Kiss
Rhythm-a-ning
’Round Midnight
Royal Garden Blues
Ruby, My Dear
St. James Infirmary
St. Louis Blues
St. Thomas
Satin Doll
Scrapple from the Apple
Secret Love
The Shadow of Your Smile
Shine
Skylark
Smile
Smoke Gets in Your Eyes
So What
Softly, as in a Morning Sunrise
Solar
Solitude
Someday My Prince Will Come
Someone to Watch over Me
Song for My Father
The Song Is You
Sophisticated Lady
Soul Eyes
Speak Low
Spring Can Really Hang You Up the Most
Spring Is Here
Star Dust
Star Eyes
Stolen Moments
Stompin’ at the Savoy
Stormy Weather
Straight, No Chaser
Struttin’ with Some Barbecue
Summertime
Sweet Georgia Brown
’S Wonderful
Take Five
Take the a Train
Tea for Two
Tenderly
There Is No Greater Love
There Will Never Be Another You
These Foolish Things
They Can’t Take That Away from Me
Things Ain’t What They Used to Be
Tiger Rag
Time after Time
Tin Roof Blues
The Very Thought of You
Waltz for Debby
Watermelon Man
Wave
The Way You Look Tonight
Well, You Needn’t
What Is This Thing Called Love?
What’s New?
When the Saints Go Marching In
Whisper Not
Willow Weep for Me
Yardbird Suite
Yesterdays
You Don’t Know What Love Is
You Go to My Head
You Stepped Out of a Dream
You’d Be So Nice to Come Home To
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